Em 1944, um economista sueco (e portanto supostamente neutro) foi convidado para estudar o problema racial na América. O resultado foi o livro "
Um Dilema Americano", que colocou a culpa na opressão e na injustiça e na herança maldita da escravidão e abriu caminho para os direitos civis, a ação afirmativa, e Obama na presidência.
Mais de 65 anos depois, as coisas melhoraram de um lado e pioraram de outro. A classe média negra está melhor. Há até negros milionários como Oprah, Denzel Washington ou os vários atletas de sucesso. Há vários políticos negros, alguns muito bons como o
Allen West, e o próprio Obama que, apesar das minhas discordâncias com sua ideologia, é inegavelmente um habilíssimo político, que provavelmente será reeleito.
Porém, para os negros do "gueto", isto é a classe mais baixa, as coisas pioraram. Alguns colocam a culpa no
welfare, outros no liberalismo progressista, outros na desestruturação da família, outros em características hereditárias e raciais. O fato é que o número de mães solteiras nessa classe é de 75%, a dependência da ajuda estatal é onipresente, metade não termina o segundo grau, a gravidez adolescente é sabe-se lá de quanto e grande parte de seus jovens vive uma vida regada a drogas e crime violento.
O que se nota nos EUA também é um ressentimento enorme dos negros contra os brancos, que não vi ainda em nenhum outro país, o que me faz pensar que seja, ao menos em parte, cultural. Muitos afro-americanos são rudes com os brancos, e em alguns casos chega-se à violência de caráter claramente racial, como quando hordas de negros atacam
brancos (ou
asiáticos) pelo único fato de serem brancos (ou asiáticos). Esse esporte praticado por gangues tem até nome: "caça ao urso polar"...
Embora existam sim diferenças raciais, até onde sei não existe um "gene da violência". Há países africanos que tem um nível de violência muito baixo, similar ao da Suiça. Por exemplo, o
Madagascar, que é pobre mas não é violento. Então parece que o ressentimento dos negros americanos contra os brancos teria outras razões. Seria herança da escravidão?
Mas o fato é que a escravidão acabou há um século e meio. A discriminação legal contra os negros no Sul acabou há décadas. Os jovens de hoje mal conhecem essa história e, se existiu algum crime, os brancos que nasceram depois de 1964 nada tem a ver com isso.
Não se pode alegar tampouco que exista discriminação contra os negros hoje em dia nos EUA. Ao contrário: se há discriminação, é a favor deles. Os vários programas de ação afirmativa facilitam sua entrada em universidades e empregos. Há até em alguns casos uma superproteção a eles. Por exemplo, recentemente, afro-americanos ganharam alguns milhões de dólares depois de um processo contra a cidade de Chicago, por
não terem sido selecionados para um emprego de bombeiros. O que aconteceu?
Quem fizesse mais de 64 pontos passaria no teste para bombeiro, mas seriam contratados apenas aqueles que fizessem mais de 89 pontos. Como apenas 11% dos negros obtiveram tal pontuação, alegaram "discriminação".
Ora, mas espera aí. Fora o fato de que um teste deveria escolher os melhores não importando se são brancos, negros, pardos ou azuis, 11% de negros é uma percentagem bem próxima à da população geral afro-americana nos EUA, que é de 13%. Ou seja, eles processaram por não terem uma representação MAIOR do que a esperada para a sua população! Discriminação? Discriminados hoje são os brancos, que por exemplo são
proibidos de participar da bolsa de estudos do Bill Gates. (E que tal o caso da
cheerleader que foi obrigada pela escola a aplaudir o seu próprio estuprador?)
Porém, nada é para sempre. Com a chegada dos milhões de mexicanos ilegais, a situação está ficando preta para os negros. Não somente as gangues mexicanas os estão expulsando dos seus bairros tradicionais, como estão perdendo o emprego para esses mesmos mexicanos. É pouco provável que exista solidariedade racial entre as várias minorias, que aliás em breve serão maiorias e dominarão o país.
Por outro lado, observemos o seguinte: enquanto negros e latinos (e até asiáticos) se vêem a si mesmos como grupos raciais ou culturais diferenciados com interesses próprios (a chamada "identity politics"), o mesmo não ocorre com os brancos, que se parecem procurar sua identidade em grupos menores: vêem se como irlandeses, ítalo-americanos, eslavos, armênios, etc. Tais grupos muitas vezes nem mesmo se dão bem entre si.
E no Brasil? Hoje lemos que "
a população no Brasil deixa de ser predominantemente branca", o que é uma rematada bobagem. A população é igual, o que mudou foi que mais pessoas admitem sua herança africana, talvez na esperança de obter benefícios de ação afirmativa. (No Brasil da "
lei de Gérson", tudo é feito para se obter alguma vantagem, por pequena que seja).
Sempre me pareceu que uma das coisas mais agradáveis do Brasil era o convívio amigável entre as várias culturas e raças. Não havia brigas nem ressentimento ao estilo americano, ninguém tinha problema em ser chamado carinhosamente de "negão", e a mulata era a tal. Agora parece que querem acabar com isso, através das cotas raciais que geram confusão, da desapropriação de terras para falsos quilombolas, da promoção do ódio de classe, dos movimentos negros cada vez mais radicais.
Parece que alguns só ficarão felizes quando no Brasil houver conflitos raciais a céu aberto como o que ocorreu em 1992 em Los Angeles. Aí sim, eles comemorarão: "Finalmente chegamos ao Primeiro Mundo!"...