Porém, confesso que o que achei mais ilustrativo de tudo foi este breve intercâmbio aqui, entre duas comentaristas no blog do nipo-esquerdista anteriormente citado:
Sandra disse:Acho que o diálogo reflete bem, por um lado, a tentativa de isolamento dos que têm mais, e, por outro lado, o ódio que certas pessoas - invejosas? recalcadas? - sentem daqueles que conseguem se isolar um pouco que seja do caos geral. Não, essas pessoas tão cheias de ódio, que desejam aos outros assaltos e morte, não são pobres. Os muito pobres raramente sentem ódio dos ricos, afinal, trabalham para eles e vivem deles. Se tem alguém que os insufla a odiar a "burguesia" são os revolucionários, que querem mesmo é destruir tudo de vez.
Moro em Higienopolis e sou contra metro la. Nosso bairro eh limpo e relativamente seguro – nao precisa de mais nada. Honestamente, gostaria de construir um muro ao redor de Higienopolis e cobrar pedagio pra que nao-moradores entrem la.
Espero sinceramente que sua casa seja assaltada e sua familia refem de algum marginal.
Porém, agora que penso, acho que o ódio que muitos sentem não é contra a tal "burguesia", mas sim contra a realidade. Sua visão de mundo não é baseada no mundo real, mas no "mundo como ele deveria ser". "A vida não é justa!", choram e esperneiam, como se isso fosse mudar alguma coisa.
O próprio Sakamoto repete em seu texto um mantra esquerdista que já ouvi várias vezes: "Se a cidade não é de todos, não será de ninguém".
O que diabos significa isso?
Eles preferem mesmo que seja "de ninguém", isto é, a destruição total, a que alguns tenham um pouco a mais do que outros? Se não a (utópica) igualdade, então a morte. Se não posso ter o brinquedo, então vou quebrar ele!!
Até Lula meteu sua colher, querendo insuflar o ódio de classes e afirmando que os moradores de Higienópolis tem "preconceito contra pobre".
Assim como há quem tenha preconceito contra pobre, há quem tenha preconceito contra rico. Se os moradores da favela, que não pagam IPTU e constróem ilegalmente, podem reivindicar seus "direitos", porque motivo a classe média alta que paga mais imposto do que todos, não teria direito às suas próprias reivindicações?
E por que razão a classe média ou média-alta daquele bairro não quereria uma parada de metrô ali? Será que teria algo a ver com a possibilidade de acontecer um arrastão e tiroteio entre os vagões, ou isso seria mera paranóia de burguês?
Muitas vezes acusa-se a classe média de querer se "segregar"; de morar em bairros afastados da gentalha. Ora, é claro que quer! E de preferência atrás de altos muros e sistema de alarme.
Se vivêssemos em um país no qual as pessoas não roubam nem assaltam nem estupram, talvez haveria de fato menos preconceito contra pobres. Não sendo o país assim, às vezes fica preciso generalizar.
No mais, é o seguinte: querer igualdade é uma utopia inútil. As pessoas não são iguais, e nunca vão ser. A sociedade brasileira, por razões que seria inútil discorrer aqui, jamais vai ser igualitária.
E como poderia, se os que mais gritam pela "igualdade" são justamente aqueles que ganham mais de 20 mil por mês em cargos de promotor ou deputado, que têm direito a escolta armada enquanto querem desarmar o cidadão, que tomam vinho Romanée-Conti com o dinheiro do contribuinte enquanto exaltam o cheiro do povo?
De fato, eles não são burguesia, são aristocratas, são comissários soviéticos!
No Brasil, ser rico é pecado - a não ser que seja com o dinheiro público. Aí, tudo bem!
Dizia o filósofo Edmunde Burke: "É um erro popular muito comum acreditar que aqueles que fazem mais barulho a lamentarem-se a favor do público sejam os mais preocupados com o seu bem-estar."
Burke jamais conheceu o Brasil, ou teria incrementado sua tese com alguns palavrões.