domingo, 21 de junho de 2009

The Revolution will not be Twitterized?




Enquanto a obrigatoriedade de diploma para jornalistas é apenas agora abolida no Brasil, no resto do mundo a preocupação nem é se jornalistas devem ou não ter diploma - mas sim, jornalistas são ainda necessários?

O regime iraniano proibiu a cobertura jornalística, mas isso não impediu que o mundo tivesse acesso a vídeos e informações através do Twitter, Facebook, Blogger, Youtube.

Uma narrativa desconjuntada, é verdade, mas talvez por isso mesmo mais real.

Nem todos concordam, é claro. Eu pessoalmente, embora veja a sua utilidade, considero o Twitter (que não utilizo) algo dispersivo e confuso, com mais rumores e spam do que informação verdadeira.

Já um interessante artigo do Times of India diz que os Twitteiros, apesar das boas intenções, são irrelevantes na desigual luta contra o regime: nada vai mudar. A Revolução não será twitterizada. Ou será? Mas é uma Revolução, ou é o quê?
(Uma das poucas coisas indiscutíveis que pode-se concluir por enquanto é que as mulheres iranianas estão entre as mais bonitas do mundo. Não dá para entender porque os malditos mulás as querem cobrir da cabeça aos pés.)

Algumas das melhores informações e comentários sobre o assunto vêm dos blogs, mesmo na mídia brasileira. O do Pedro Doria (que é jornalista), mas também blogs de não-jornalistas como Bruno (não o personagem do Sacha Baron Cohen, mas o blogueiro do Milliway's Lounge), que afirma:
No Irã, os protestos já há muito trancenderam a disputa politica entre duas vertentes do regime. Há uma proto-revolução no ar (os revolucionarios não sabem ainda que são revolucionarios). Ela não é secular, mas é antitotalitaria. A principio, tudo sugere que está fadada ao fracasso; mas após a votação tudo sugeria que os protestos seriam limitados ao relativamente abastado norte de Teerã; que não durariam mais que um ou dois dias; que seriam esquecidos pelo mundo quando a imprensa internacional fosse impedida de transmiti-los pela televisão; e que seriam superados pelo poder de mobilização da mídia e logística estatais. Mas apesar de tudo, os iranianos continuam marchando. Os protestos continuam, e o regime dá mostras de nervosismo.

De qualquer maneira, tais imponderáveis não importam no cálculo moral. Quando, dia após dia, milhares de pessoas saem às ruas pacificamente para para exigir o direito de escolher seus governantes, correndo os riscos inerentes ao enfrentamene com um regime autoritário, elas merecem apoio, seja sua causa quixotesca ou não.

Por outro lado, um outro blogueiro europeu que descobri agora, mais pessimista, compara os protestos atuais com outras situações históricas como Hungria, Romênia, República Tcheca, e prevê que Ahmadinejad e Khamenei vão vencer a parada, por um motivo muito simples: têm as armas na mão.

A conferir ainda o sempre interessante Spengler bem como o Richard Fernandez do Belmont Club.

De qualquer modo, é fato que o modo de transmitir informações mudou radicalmente, e deve mudar ainda mais. O jornalista tradicional é uma figura tão arcaica quanto o escriba após a invenção de Gutenberg.

12 comentários:

Chesterton disse...

Bem Mr, a ginecofobia é uma característica desse regime por ser islâmico. Aí que toda revolução possível passa pela emancipação feminina, senão não é revolução, é acomodação.
A cheve da questão pode estar nos olhos de uma iranaina.
Os machistas tem armas. Cadê as feministas, e OS feministas? Se fosse freudiano compararia os mísseis atômicos a falos necessários para endurecer a decadencia da virilidade dos aiatolás.

Rodrigo disse...

O problema dos reaças é com os muçulmanos ou com as feministas? Vai saber?

Marvin Oak disse...

X,

Quando é que você vai colocar abaixo do "Eu apoio Israel" um banner "Eu apoio as mulheres revolucionários lindas iranianas"?
Seguido de fotos, claro.

Mr X disse...

Ótima idéia, Marvin! Coloquei lá o link.

Gerson B disse...

Enquanto no Irã ela é um instrumento de luta contra um governo totalitário, na Europa se tenta censurar a Internet:
http://oglobo.globo.com/blogs/ny/posts/2009/06/21/politicos-na-gra-bretanha-na-alemanha-querem-censurar-internet-197649.asp

Pra você que gosta de denunciar a decadência do Ocidente.

|3run0 disse...

"Bruno (não o personagem do Sacha Baron Cohen, mas o blogueiro do Milliway's Lounge) [...]"

Obrigado por esclarecer isto... ;^)

Enrique Villalobos disse...

Boa!!

Veja mais fotos no post de 13 de maio:

http://jarrarsupariver.blogspot.com/2008_05_01_archive.html

|3run0 disse...

X, aqui para o Khamenei (recomendação do Andrew Sullivan)

The Ogre does what ogres can,
Deeds quite impossible for Man,
But one prize is beyond his reach:
The Ogre cannot master speech.

About a subjugated plain,
Among it's desperate and slain,
The Ogre stalks with hands on hips,
While drivel gushes from his lips.
—W. H. Auden, British poet and essayist, August 1968, 1968

Anônimo disse...

Caro Mr X,
Já havia reparaddo, ao contrário dos países árabes, a beleza sutil da mulher iraniana, favorecida pela insinuação mais sensual pelo uso do Chador, acessório que não é feio e deixa pedaços da beleza aparecerem sugestivamente (não as famigerdas burqas ou o hijab/nikab árabes).

Fabio Marton disse...

Vocês se lembram, na época do orkut de rolha, a comunidade "Como ou não como - Iran?".

Équis, você já leu aquele livrinho em quadrinhos, Persépolis? Acho que vou escrever sobre isso hoje. Marjane Satrapi era filha de comunistas iranianos e viu um tio dela, que apoiara a revolução, ser morto pelo regime islâmico. Em 80 e poucos, ela ouvia discos do Iron Maiden, foi estudar na Áustria, mas não aguentou o choque cultural. Ela se vestia de punk mas, no fundo, ficava bastante chocada com a putaria dos outros. Perdeu um namorado europeu e ficou dormindo na rua, voltou para o Irã, se formou lá, casou e descasou com um rapaz sensível versão persa e, só então, voltou de vez para a Europa.

Marjane parece ser o que eu vi em pesquisas de opinião sobre os iranianos: em questões de costumes eles são conservadores, às vezes até retrógrados para os padrões ocidentais, mas rejeitam o governo islâmico. Ela nunca se tornou ateia, por exemplo, nem se engajou em qualquer crítica ao islã propriamente - ela prefere chamar de "verdadeiros religiosos" os imãs mais liberais. Pelo que conheço do Islã, através de outros iranianos como Ali Sina e Ibn Warraq, ela está errada, mas é melhor não alienar os realmente generosos.

Entonces, em resumo, não existe essa identificação automática das princesas da Pérsia e as moças no curso de design gráfico da FAU. Se eles não querem uma sociedade igual à nossa, com nossas amáveis cracolândias, acho que eles sabem mais ou menos o que estão fazendo. É aquilo que nós discutíamos, o Ocidente viverá no Oriente - e a Pérsia, em especial, é um lugar que já o acolheu por muito tempo.

Chesterton disse...

O que é "um rapaz sensível versão persa" (rs)

Anônimo disse...

A maioria dos brasileiros(não a turma pornô que emigra) também não aguentariam a putaria libertária européia, a não ser que rendesse uns trocados. As mulheres persas muçulmanas não querem abandonar a religião, mas nãoa aceitam mais se submeter aos rigores da teocracia xiita. Os muçulmanos bósnios, p.ex., são como os católicos brasileiros, pessoas que convivem bem com a liberdade cultural e institucional e alguns aparentam ser bastante ocidentalizados. Lembrar que nem todo muçulmano é um islâmico xiita ou wahabita.