O assassinato por um palestino de uma família de colonos israelenses a facadas, incluindo uma criancinha de três anos e um bebê de três meses, causou escândalo na comunidade internacional.
Não, que digo? Salvo um que outro editorial, causou bocejos nos EUA e Europa e comemorações em Gaza, com palestinos distribuindo doces. Os colonos israelenses, afinal, "ocupam território ilegalmente", são comumente comparados aos "nazistas", e portanto merecem morrer (aqui uma matéria sobre o massacre: aviso, há fotos gráficas das vítimas).
Segundo Caroline Glick, já está de novo na moda falar mal dos judeus. À esquerda contra Israel, à direita contra os judeus seculares que estariam por trás da subversão aos valores ocidentais (curiosamente, muitos desses judeus seculares são também contrários ao sionismo).
Sobre a esquerda e seu ódio a Israel já falei várias vezes, e seria desnecessário insistir. Também sabemos que os palestinos e muçulmanos em geral odeiam os judeus. Alguns líderes negros odeiam os judeus. Até alguns judeus odeiam os judeus. Na verdade, é difícil achar quem não odeie os judeus. (Bem, acho que os japoneses não os odeiam).
Já fiz um post tempos atrás sobre o antisemitismo, e não quero me repetir. O que queria mesmo era falar sobre os colonos judeus na Cisjordânia (região que eles chamam de Judeia e Samaria) e sobre os nacionalistas brancos nos EUA.
Curiosamente, ambos os grupos são muitas vezes comparados entre si, embora estejam em extremos opostos e tenham ideologias totalmente diversas. Mas talvez faça-se a comparação pelo nacionalismo, e pelo percebido radicalismo de ambos. Ou então, mais provavelmente, é para deixar os colonos israelenses mal vistos na parada, ao compará-los com neonazis, coisa que por motivos bastante lógicos jamais poderiam ser.
Os colonos israelenses em "território proibido" não são, em sua maioria, apesar de como são mostrados na mídia, radicais violentos. São apenas famílias religiosas que moram em locais muito perigosos, aos quais às vezes seu próprio governo proíbe acesso. Há um documentário sobre eles chamado "Os ultra sionistas", realizado por Luois Theroux, e pode ser assistido no Youtube. Embora tenha um viés crítico esquerdista e distorça algumas coisas, mantendo a clássica leitura "palestinos bons", "israelenses maus", não deixa de ser interessante, e se os mostra negativamente não desumaniza os colonos, que no fundo são bem menos radicais do que qualquer terrorista palestino: afinal, eles não saem por aí matando ninguém. Apenas vivem em acampamentos considerados ilegais. O MST não faz isso toda hora?
Vamos os "nacionalistas brancos". Quem são eles?
Bem, o próprio nome diz, são defensores de uma "nação branca". Para eles a raça é tudo, estando acima da religião e mesmo o sistema político (de fato, muitos nessa suposta "direita" criticam o capitalismo). Um grupo bem marginal, tem no entanto aparecido com mais freqüência, ou eu ao menos tenho notado mais freqüentemente a sua visita a alguns blogs de direita americanos.
Não, eles não são apenas contra os judeus, são também contra os cristãos, aos quais vêem como cúmplices do aumento da imigração, já que as Igrejas costumam ajudar os refugiados estrangeiros. Segundo eles, o universalismo cristão seria contrário aos seus princípios, pois vêem a raça como elemento único de congregação humana.
Muitos desses autodenominados nacionalistas brancos parecem por sinal querer retornar a uma espécie de paganismo, à idolatria dos deuses norte-europeus de seus antepassados, e a uma América "racialmente pura" (que, diga-se, jamais existiu). Imaginam os EUA como um paraíso exclusivo para os brancos, sonham com a expulsão de negros, hispânicos e judeus, provavelmente enquanto cantam odes a Odin.
É curioso também que eles não costumem ver o islamismo como grande problema, talvez vendo - como Hitler, aliás - ali uma religião guerreira mais sintonizada com suas crenças. Sua obsessão é mesmo com judeus (são tão fixados com judeus quanto o AN é com japoneses). O próprio fato que existam judeus de direita é visto como uma tentativa de infiltração, "dividir para conquistar".
Gostam de tatuagens horrendas e adornam-se com símbolos pagãos como o "martelo de Thor" e a "cruz celta", quando não suásticas e parafernália nazista. Defendem a "superioridade ariana", mas para ser franco são em sua maioria bastante feios, e as tatuagens e vestimentas não ajudam. Bizarramente, acreditam-se "defensores do Ocidente". Mas será que eles não são, na verdade, parte do problema?
O mesmo Louis Theroux (gostei bastante dele, é filho do também ótimo escritor britânico Paul Theroux) fez um documentário sobre eles, que também está no Youtube.
Considero este grupo mais problemático do que os colonos israelenses, cujas ambições se resumem a uma pequena área em disputa territorial (pensando bem, é mais ou menos como ocorre no Kashmir entre os indianos e os muçulmanos).
Já os nacionalistas brancos, se tomassem o poder e conseguissem realizar seus delirantes planos, provavelmente cometeriam genocídio. E o problema é que terminam servindo de desculpa para os esquerdistas criticarem a direita como um todo.
Por exemplo, eu não sou a favor da expulsão forçada de nenhum grupo, mas acredito que seria melhor se os países de maioria européia e cristã pudessem manter essa maioria nativa naturalmente. Sou contrário a políticas de ação afirmativa e à imigração ilimitada de muçulmanos a países ocidentais. Mas será que essa crença me torna um racista? Um neonazista?
Espero que não, pois estou agora assistindo o documentário do Theroux ("Louis and the Nazis"), e esses caras são doidos. Se esse é o "Ocidente" que esses losers defendem, então não quero fazer parte.
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6 comentários:
Suponho que devo esclarecer que o movimento do "nacionalimo branco" americano é mais amplo do que os panacas skinheads neonazistas, embora o documentário de Theroux fale só sobre estes últimos.
Quanto ao documentário sobre os "ultra-sionistas", é crítico desde o título, tentando de certa forma compará-los a violentos extremistas. Talvez um bom complemento seria um documentário sobre os extremistas palestinos, estes sim bastante violentos. A maioria da população israelense não é religiosa ortodoxa, mas secular, e portanto talvez o filme passe uma ideia equivocada também por isso.
Luois Theroux é de esquerda, mas é simpático e relativamente neutro, ou ao menos representa esse papel na TV.
O engraçado MR.X é a tendência quase (o quase é por bondade) surrealista da esquerda em não aceitar que o jurado de morte se defenda.Isto é claro no caso do desarmamento, mas também nos quesitos cristãos x muçulamanos, negros assassinando fazendeiros brancos na Africa do Sul, etc. É mais ou menos assim, aparecem os assasinos armados na sua casa prontos para assassinar você e sua família e o esquerdinha se põe a berrar- como ousa se defender? Raciiiiiisssta!E depois que o fato é consumado- o assassinato ocorre, o mesmo esquerdinha com o ímpeto moral que só a psicopatologia explica corre ao púlpito gritar:-Mereceram! Raciiiiisssstas!
Olha só, no outro dia nos EUA um bandido invadiu uma casa, estuprou e matou uma mulher, e depois foi baleado pelo dono da casa, que chegou pouco depois.
Aí os esquerdinhas queriam processar o dono da casa por assassinato, alegando que não teria sido "legítima defesa" e tal.
Em certos países ocidentais, já não é permissível o sujeito apontar uma arma para um bandido, salvo que este aponte uma arma também. É preciso "igualdade de condições". Esses romanos estão loucos!
Oi Mr. X.
Sou eu o anonimo, Mr R. enchendo o saco de volta.
Sobre nacionalismo (ou nazismo) e judeus, acho tudo bem confuso.
Acessa isso (talvez já conheça) e veja lá o que acha:
http://industriadoholocausto.wordpress.com/
Hum...
Ops, acho que acabei postando duas vezes sem querer, foi mal..
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