"Os ricos são diferentes", dizia Francis Scott Fitzgerald. Será mesmo?
Olavo de Carvalho, quem diria, recentemente atacou o neoliberalismo. E não é a primeira vez. Segundo ele, o liberalismo econômico, quando afastado de regras morais da tradição religiosa e das normas civilizadas de conduta, não significa nada e pode até mesmo piorar a situação.
Vou ter que concordar, com ressalvas. Embora eu seja totalmente favorável ao livre-mercado e ao Estado mínimo, tenho para mim que o liberalismo econômico é apenas um dos ingredientes que fazem o bolo civilizatório. Há muito mais nessa receita, por mais que gritem e gemam algumas polianas liberais.
E há um tema que tem causado bastante polêmica ultimamente, seja aqui no blog, seja nas discussões políticas em geral, que tem a ver com a influência cada vez maior das elites de mega-bilionários na política, seja através de lobbies, seja através de financiamento aos partidos, seja através da boa e velha corrupção.
Existe uma elite globalista, formada por milionários que usam trabalhadores chineses e telemarketers indianos para vender produtos a latinos. Eles estão pouco se lixando para a classe média local que está perdendo seu emprego ou sua casa. Os mega-ricos, seja de que país forem, têm mais em comum entre si do que com o resto da população de seus respectivos países.
No paraíso dos ultra-ricos globais, não há preconceitos políticos. Os bilionários brasileiros são petistas, os bilionários americanos são Democratas. Há entremuitos a ilusão de que os ricaços não gostem do estatismo. Besteira: se isto os beneficia, gostam sim. Economia de livre-mercado é coisa de pobre, lucra-se mesmo é nas ditaduras e nas repúblicas sindicalistas. Basta dar propina para os bolsos corretos.
No paraíso dos ultra-ricos globais, tampouco há espaço para a "islamofobia" ou o racismo. Milionários árabes andam de mãos dadas com bilionários americanos. E o que dizer da figura deste negão playboy, Teodorin Nguema Obiang, um ministro da miserável Guiné Equatorial, que tem dezenas de carros e uma mansão de fazer inveja a Xanadu? Não obstante a população de seu país viva quase toda na miséria e ele em teoria receba apenas 5 mil dólares por mês, a descoberta do petróleo permitiu o surgimento de alguns novos ricos bem conectados.
Os ricos costumam ser odiados. Em muitos casos por inveja, é certo, mas também em parte porque muitos os vêem desconectados do resto da população. Não vivem o que eles vivem; não sofrem o que eles sofrem.
Espremida entre os pobres que despreza e os ricos que inveja, quem sofre mesmo sempre é a classe média, que ainda por cima é quem termina pagando a conta, já que os pobres precisam ser sustentados e os ricos guardam bem seu dinheirinho em paraísos fiscais.
O seguinte diálogo (na verdade, segundo descobri, saído de uma peça teatral, o que não tira sua força) entre Jules Mazarin, cardeal e primeiro-ministro da França, e o seu ministro de estado Jean Baptiste Colbert, explica bem a situação:
Colbert: Para arrecadar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível. Eu gostaria que me explicasse como é que é possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço…
Mazarin: Se é um simples mortal, lógico, quando ele está coberto de dívidas, vai parar na prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de obter se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarin: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarin: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarin: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarin: Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável!
terça-feira, 1 de março de 2011
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21 comentários:
Ora, a elite de esquerda enriqueceu através do estado, tanto pelo monopoliom quanto pela gana pelos impostos.
Mr. X, nesse você se superou.
Olha que sua média é boa, mas este foi bem acima! :-)
Um abraço a todos.
"Os ricos costumam ser odiados. Em muitos casos por inveja, é certo, mas também em parte porque muitos os vêem desconectados do resto da população. Não vivem o que eles vivem; não sofrem o que eles sofrem."
Inveja é um sentimento feio que temos que tentar erradicar em nós. O problema para mim (que sou de classe média), o que às vezes me incomoda em relação aos muito ricos, são certos comentários insensíveis dos quais eles poderiam se abster. Numa roda de conhecidos em que um deles era milionário a conversa girava em torno de trabalho infantil (crianças de 7 anos em plantações de cana, crianças ainda mais novas em fábricas na China, etc) e o milionário se saiu com essa: "Quando eu era criança meu pai me levava com ele para passar o dia na empresa durante as férias e aos 14 anos eu já negociava meus cavalos puro-sangue. Nunca me senti um coitado por isso. É besteira essa conversa sobre trabalho infantil." O cara parecia a Maria Antonieta com a história dos brioches.
aos 14 anos eu já negociava meus cavalos puro-sangue. Nunca me senti um coitado por isso.
Ah ah ah! Até o sofrimento dos ricos é em outro nível. ;-)
Olha que sua média é boa, mas este foi bem acima! :-)
Não sei se alguém notou, mas são dois post gêmeos, com tema e ilustrações diametralmente opostas. Talvez tivesse que ter mais um post sobre a classe média, para terminar a trilogia. ;-)
a elite de esquerda enriqueceu através do estado, tanto pelo monopolio quanto pela gana pelos impostos
Não esqueçamos o roubo e o nepotismo. Lulinha?
Citei o Olavo e o AN não apareceu. Deve ser uma dessas raras instâncias em que ele concorda com o OC.
Sim, só está faltando um post sobre a classe média. Estamos esperando...
Ei Mr X, qual é o nome da peça de teatro? Fiquei curiosa.
A humanidade sempre tratou as crianças como pequenos adultos, a "infantilização" da crianças é coisa muitor ecente, coisa de 100 anos. isso é visível nas artes, pinturas e esculturas.
O que é hoje chamado de trabalho infantil há 60 anos era comum, os camponeses levavam as crianças para o trabalho no campo porque não tinha mais nada para fazer. Acho que a TV foi um fator decisivo para prender a criança em casa, mas =e chute.
As profissões não eram aprendidas em escolas e universidades, eram aprendidas trabalhando com quem sabia. Tive um tio que se formou médico com 20 anos de idade (raro) e "militava" na área desde os 15.
Mesmo no inicio da rev. industrial crianças preferiam mil vezes o convivio extenuante nas fábricas que a vida do campo, que só é boa para quem sabe pastar.
Impedir as crianças de arrumar uma profissão precocemente não é algo natural e espontaneo, mas sim planejado.
A peça se chama "O Diabo vermelho" (Le Diable rouge), de autoria de um francês, um certo Antoine Rault.
Que confusão na Líbia hein? Agora, acho melhor não intervir. Eles que são líbios que se entendam.
Realmente, devemos entregar a Medicina de novo aos barbeiros. Por que não? Pensando bem, não faz sentido defender o Geocentrismo dos "astronomos" jesuitas (os genios que provaram que a Terra eh o centro do Universo) sem defender as sangrias como panaceia medica.
Eles não gostam de ricos, ora, porque não são ricos.
Tem duas frases imbeceis -
1) Dinheiro não traz felicidade.
2) Tamanho não é documento.
Os que as repetem por ai como se fossem verdades são os pobres que têm pinto pequeno e propalando esta canahice frasística tentam se confortar...
to mais com Joâzinho Trinta que dizia que quem gosta de pobreza é intelectual...
Já a esquerda adora a pobreza (sim!! ainda existe esquerda por mais incrível que possa paracer!!). É graças à pobreza que a esquerda viceja e enrica e muito os que fazem dela discurso de camapnha.
Ricos precisam existir. Seria antinatural que existissem apenas pobres e remediados. Na natureza a igualde quase absoluta só existe mesmo entre formigas, abelhas e cupins e mesmo entre eles existem classe que podem ser classificadas como sueriores ou inferiores ou seja, a igualdade de classes só é possível mesmo entre insetos com cérebros infinitesimais.
Eu cá na minha classe B ou C (nunca sei a que grupo pertenço) faço meus trabalhinhos pros sujeitos da classe A e não reclamo não. Faturo até que manemeno e não tô nem aí se a turma da A se acha superior ou não já que o que me interessa neles é a grana.
Já a turma da esquerda não gosta mesmo de rico pois afinal eles estão longe de serem cabresteados por Bolsas Família, Vale Gás e promessas de muita coisa boa às custas de pouco trabalho. Os ricos ainda tem um defeito enorme para a esquerda - Rico não se vende por pouco. alás, rico compra candidato e até político de esquerda por preço baixo...
BRANCALEONE
a esquerda adora os ricos, a esquerda os ama, os inveja e sempre e toda a vez que a esquerda pode, aje exatamente como os ricos!!!!
Vejam o Genoino, o Zé Dirceu e tantos outro ex-pé-rapados que hoje aboletam-se em confortãveis cargos muito bem remunerados.
Lembram da Ministra da Igualdade Racil e as nababescas despesas com cartões corporativos? pois é, o sonho da esquerda brasileira materializou-se nos últimos 10 anos de petismo no poder!!! Graças a democracia e maravilhosos salarios na administração pública eles deixaram as classes e,d,c e b e mergulharam na locupletação ilícita!!!
Que diferença entre as fotos...
A Líbia está nos lábios do mundo.
O problema não são os ricos. O problema é justamente o que o Olavão repete há anos e o X reforçou: capitalismo e grana, sozinhos, não são nada.
Mesmo porque, nesse meio tempo, os esquerdistas cansaram de fingir que não gostam de grana e, como tanto como ferramenta estratégica para seus fins "revolucionários" quanto para o mais mesquinho benefício pessoal, já incorporaram o capitalismo...
pois é....
Boa parte faz sentido. Mas chamar a elite econômica brasileira de liberal, neo ou não, faz tanto quanto chamar o Olavão de comunista. Sem contar a carolice...
Oi Marco. Me siga no blog Afeto virtual. Mil beijos.
http://afetovirtual.blogspot.com/
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