domingo, 13 de março de 2011

Poema do Domingo

Acrobata da dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Cruz e Sousa (1861-1898)

6 comentários:

Mr X disse...

Essa foi só pra provocar o AN mesmo.

Bom dia, confetti!

Edu disse...

Eu adoro poemas sobre palhaços. Toda vez que um palhaço nasce, um inocente morre. O nascimento de um palhaço é sempre triste!

Um dia saberei fazer poemas sobre palhaços.

Abraz

Mr X disse...

No caso deste poema, acho que o palhaço morre. Será que isso significa o nascimento de um inocente?

Edu disse...

Quando um palhaço morre, acho que o que acontece é o nascimento de um monte de inocentes...

c* disse...

salut chose !

nao gosto de palhaços, coitado do cara que faz esse metier...

Mr X disse...

Eu gosto de palhaços, afinal, sou um.