Acrobata da dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Sousa (1861-1898)
domingo, 13 de março de 2011
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6 comentários:
Essa foi só pra provocar o AN mesmo.
Bom dia, confetti!
Eu adoro poemas sobre palhaços. Toda vez que um palhaço nasce, um inocente morre. O nascimento de um palhaço é sempre triste!
Um dia saberei fazer poemas sobre palhaços.
Abraz
No caso deste poema, acho que o palhaço morre. Será que isso significa o nascimento de um inocente?
Quando um palhaço morre, acho que o que acontece é o nascimento de um monte de inocentes...
salut chose !
nao gosto de palhaços, coitado do cara que faz esse metier...
Eu gosto de palhaços, afinal, sou um.
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