segunda-feira, 6 de julho de 2009

O risco eterno de uma democracia sem lembranças

Será que o povo gosta mesmo de democracia, ou prefere um "homem forte"? Será que a democracia é para sempre, ou é um sistema naturalmente instável, eternamente sujeito a crises temporárias? Será que a democracia é um bem em si mesmo, ou apenas um método que permite tanto bons quanto maus governos? Será que se aperfeiçoa com o tempo, ou carrega em si o germe da sua própria destruição? Afinal, antes do nazismo havia democracia na Alemanha. Antes do comunismo em certos países havia democracia. Não foram os mesmos "democratas" os que apoiaram um e outro regime, ou foi algum outro povo, saído do subterrâneo da Terra? E, no entanto, após o fim de nazismo e comunismo, a coisa mais difícil do mundo era encontrar um ex-nazista ou um ex-comunista. De repente, todos haviam virado "democratas", críticos virulentos da tirania anterior. Os verdadeiros nazistas e comunistas haviam retornado ao seu refúgio no subterrâneo do planeta...

Mas eis que basta muito pouco para que esse povo do subterrâneo retorne. Hoje em dia, por exemplo, notícias como a que 50% dos habitantes da ex-Alemanha Oriental desejariam a volta do comunismo - muitos deles jovens que mal viveram sob o regime - chamam a atenção. Do outro lado, o antisemitismo também ressurge na velha Europa que já exterminou a tantos judeus. E isso sem falar nas novas tiranias: assim como há poucos anos matou-se tanto em nome da "igualdade social", eu, por exemplo, consigo facilmente antever uma tirania mundial matando e oprimindo milhões em nome da "ecologia". Como disse C. S. Lewis, as piores tiranias são aquelas criadas pelos que só querem o nosso bem. A democracia e o próprio Estado de Direito são bem mais frágeis do que pensamos.

Eis o pertinentíssimo comentário do leitor DD, que julgo interessante republicar aqui:

Ninguém morre de amores pela democracia, como você supõe. Essa Sociedade Civil, tão robusta, é capaz de vender a sua adesão à democracia por qualquer coisa.

Por um prato de comida.

Por um frasco de estimulantes sexuais.

Por um empreguinho público.

Pela promessa de que o governo indicará um bode expiatório e o imolará depois.

O século mais democrático de todos os tempos também foi o mais tirânico. Agora, responda-me: o tipo de abuso cometido pelos Estados no século XX tem alguma coisa a ver com o que se passou antes? Não se deu com o envolvimento e a cumplicidade de sociedades inteiras? Não obrigou civis a pegarem em armas e fazerem as vezes de militares, mesmo sem o seu consentimento, como se fossem escravos da Pérsia dos Aquemênidas? Não doutrinou uma série de pessoas e destruiu suas consciências, talvez para sempre? Pode-se dizer que esse tipo de tirania foi o resultado dos que se opuseram à democracia, dos que não a compreenderam tão bem, dos "inadaptados" que queriam o retorno de um passado idílico? Ou, ao contrário, esses abusos sem paralelo possível na história humana foram cometidos, em sua esmagadora maioria, em nome de ideais e valores MODERNOS, muito próximos ou mesmo indistinguíveis daqueles que fundamentam a democracia? Você será louco o suficiente para negar que a tirania é como que a irmã gêmea da democracia e o seu risco perpétuo?

25 comentários:

Anônimo disse...

Nenhum país democrático NUNCA se tornou comunista.Os países comunistas eram, antes, ou ditaduras de direita- essas que vocês tanto amam porque servem aos interesses dos seus mestres plutocratas- ou regimes coloniais- símbolos do velho "sucesso" da Europa-derrubados pela subversão interna ou tropas invasoras. O mito da Democracia se tornando ditadura porque o Povo não sabe votar e comer com talheres, esse mito cultivado pelos reacionários de todas as épocas, é uma falsidade sem nenhuma aparência de verdade. A única exceção no caso do Comunismo é a antiga Tchecoslováquia. Lá, os comunistas realmente tramaram um golpe parlamentar, mas de um jeito ou de outro, o país já estava sob controle soviético no pós-guerra... Pensando bem, talvez, a Geórgia Menchevique se qualifique... Em todo caso, invasão por um páís muito, muito mais poderoso- que já dominava a região na época do czarismo- não é culpa do Povo, é? O que chama a atenção é a completa ou quase completa falta de democracias na lista de países que caíram nas mãos do comunismo. Sério: façam a lista: Império Russo, metade da Alemanha Nazista, Húngria Fascista, Romênia Fascista, Polônia ocupada peloa Alemães, China, Indochina, Mongólia,etc... Cadê as democracias que o Povo imprestável transformou em comunismo? Talvez, esse tal povo não seja tão mau quanto pensam os extremistas de direita.
No caso dos países fascistas, Mussolini foi nomeado pelo rei, Tojo foi colocado no Poder pelo Exército e justificado pela autoridade imperial. Mais do que culpa do Povo, a culpa foi desses queridinhos dos reacionários: as Forças Armadas e a Monarquia.No caso da Alemanha Nazista, Hitler perdeu as eleições presidenciais, foi nomeado por um herói militar da I Guerra- assim como outro carrasco da I Guerra, Pétain, logo serviria ao Nazismo na França- e abriu seu caminho para o Poder usando forças armadas particulares, aproveitando a divisão entre comunistas e social-democratas e sendo financiado pelos plutocratas, que temiam os comunistas alemães. Onde está o Povo nesse esquema todo? Também, convenientemente, vocês fingem não saber que, antes de Hitler, a Alemanha tinha tido menos de 14 anos de Democracia em toda sua história, e estava mergulhada na crise provocada pelas ambições de glória e domínio da Casa Imperial e dos generais alemães. Mas, claro, o Povo que luta as guerras e paga por elas é que é culpado...
Todos os outros casos de ditadura-como suas amadas ditaduras latino-americas, por exemplo- foram golpes de grupos de interesses privados e nada têm a ver com o Povo, esse bicho-papão dos fascistas de todas as latitudes. O Brasil teve 2 golpes, o de 37 dado por um presidente fascista, com o apoio de um exército identificado com os ideais do nazismo europeu (Dutra é um exemplo) e o de 64, dado pelas Forças Armadas para proteger os interesses do Imperialismo ianque. Cadê o Povo? Aqueles que zombam da Sociedade Civil parecem esquecer é que é graças à ela que os Bushs do Ocidente não possuem o mesmo poder dos aiatolás e xeiques para perseguir as pessoas que ele não considera "leais" só porque ele é um obscurantista de cabeça fechada.

Anônimo disse...

Graças à Sociedade Civil e à Democracia, Barack Obama não está vendendo soldados judeus aos sauditas para faturar uma graninha extra para os negócios da família, ao contrário de Bush pai. Só isso já é um grande passo para a devolução da dignidade à presidência americana.
E associar democracia com obrigar o Povo a lutar é patético. Nas democracias- que, ao contrário do que pensam os desinformados, não costumam se transformar em ditaduras, o Povo lutou justamente para se defender das ambições territoriais dos países controlados por reis, plutocracias-como a Alemanha Nazista- e generais-como o Japão. O Povo lutou e tornou o Mundo seguro novamente para a Liberdade.Os regimes que realmente fizeram uso de violência generalizada contra o Povo, arregimentação forçada e propaganta maciça e mentirosa foram as ditaduras de Direita- é, essas que vocês tanto defendem- ou as de esquerda criadas pelo colapso das de direita-como a URSS, surgida da queda do czarismo.Mussolini dizia que só o Imperador do Japão e Stalin conseguiam fazer seus homens lutar até o fim. Mas, claro, são as democracias que oprimem as pessoas...
A tirania é o risco perpétuo da Democracia do mesmo jeito que a morte é o "risco perpétuo" da vida. Aparentemente, há idiotas que acham que o melhor caminho para a vida eterna é o suicídio. Mesmo que vocês e Bush pai não gostem, a democracia vencerá porque o Povo saberá-como sempre soube- defendê-la. Sobre o Povo está firmada a Democracia e as portas da Tirania nunca prevalecerão sobre Ela!

Tiago

Chesterton disse...

O povo elegeu o congresso e o senado brasileiros....

Mr X disse...

A Tchecoslováquia era uma democracia entre 1945 e 1948, virou ditadura comunista depois.

Mr X disse...

Cada povo tem o líder que merece? :-/

Mr X disse...

Ufa, será que preciso explicar que prefiro a democracia a qualquer ditadura? Só acho que ela é frágil, é tudo. Bem mais frágil que o Tiago pensa. Quanto ao povo, não tenho muita ilusão. Nem sempre é melhor do que suas elites. O Povo não apoiou o nazismo e o fascismo mussoliniano em massa? O Povo não apóia Lula com 80% de aprovação?

DD disse...

Ao infatigável e sempre vociferante Tiago:

"Nenhum país democrático NUNCA se tornou comunista."

- Sim, você tem alguma razão. Mas isso não impediu o namoro entre as democracias e os comunistas. Como essas democracias, tão hábeis na diplomacia, não exigiram que os democratas pudessem fazer propaganda nos países comunistas, enquanto muitos comunistas eram adulados por perfeitos democratas? Gramsci sabia das coisas; ele entendeu esse desejo perpétuo que a alma democrática tem de sabotar-se. Aliás, você sabia que Gramsci era um admirador, a contragosto, de Giovanni Gentile?

"essas que vocês tanto amam porque servem aos interesses dos seus mestres plutocratas"

- Você já me viu defedendo uma ditadura de direita? E os "plutocratas" verdadeiros, não os imaginários, não estão sustentando essas ONGs todas, tão perfeitamente democráticas? A continuar assim, um Bertelsmann ou um Rockfeller ainda lhe arrumam um emprego.

"O que chama a atenção é a completa ou quase completa falta de democracias na lista de países que caíram nas mãos do comunismo."

- O que poderá chamar a atenção, no futuro, será a adesão completa, ou quase completa, das democracias que se criam tão robustas...

Anônimo disse...

"A Tchecoslováquia era uma democracia entre 1945 e 1948, virou ditadura comunista depois."
O golpe parlamentar comunistas que JÁ citara. Só que, como eu disse, a Tchecoslováquia foi libertada pelos soviéticos e se tornou parte de sua zona de influência. Embora os comunistas fossem populares no país- devido a seu papel na resistência ao nazismo depois do abandono do país pelas potências ocidentais-, o golpe deu certo pela mesma razão que a anexação do país pelos alemães: o país atacante era mais forte! O Povo teve pouco ou nada a decidir na ocasião. É o mesmo caso da Geórgia menchevique: o país mais firte ditou as regras ao mais fraco. Continua impressionante a falta de comprovação do mito preferido dos autoritários: que são a democracia, com seus excessos, e o Povo, com seu mau comportamento, que criam as ditaduras.
Ah, isso, como o fim da Europa- que, até agora, vai muito melhor que a Meca dos reacionários, está resevado para o Futuro que só os escolhidos conhecem.
Tiago

Cifrão disse...

"a democracia vencerá porque o Povo saberá-como sempre soube- defendê-la. Sobre o Povo está firmada a Democracia e as portas da Tirania nunca prevalecerão sobre Ela!"

Uau! Que épico. Uma furtiva lagriminha de emoção escorrendo aqui (do olho Esquerdo, é claro). Solta o som, DJ: "Debout, les damnés de la terre/Debout, les forçats de la faim..."

Anônimo disse...

O "povo" não existe Tiago! Não ensinaram isso a você no seu curso de História, rapaz?

Fernando José - SP

Anônimo disse...

O "povo" não existe Tiago! Não ensinaram isso a você no seu curso de História, rapaz?

Fernando José - SP

Marvin Oak disse...

A Democracia está para a Liberdade como fazer exercícios está para a saúde. Não se pode ter a segunda coisa sem a primeira.
Mas democracia - e execícios - apenas não garantem o resultado. Pode-se ficar doente ou morrer por causa dos exercícios como também se pode perder a Liberdade por causa da Democracia.
Seguindo meu parelelo, sem uma boa alimentão e descanso apropriado não se tem saúde. Sem valores inegociáveis e sem instuições fortes a Democracia normalmente se transforma em regimes sanguinários.

DD disse...

Tiago:

Eu tinha feito uma coleção de respostas às deblaterações intermináveis que você escreveu. Mas acabei abandonando tudo e resolvi dormir.

Vou deixar o sarcasmo de lado. Acho que ter parafraseado o Cristo, na última linha, foi uma coisa infame e, dado o seu tom de triunfalismo exaltado, tudo acabou soando hediondamente piegas. Confundir propaganda política com a Bíblia não é coisa digna de um homem civilizado. O Cristo não disse que tal ou qual sistema de governo era o melhor porque ocupou-se de coisas mais importantes, como fornecer um modelo de vida exemplar aos homens, indo até os extremos com o sublime sacrifício de si mesmo. No fundo, ele indicou que a alma importa mais do que a política, e não que a realização da alma se dá pela política, como creem certos modernos. Por um exercício ocioso, poderíamos imaginar que ele teria motivos para aprovar certos aspectos da democracia, como o seu repúdio da opressão, mas também veria graves problemas nela, como o fato de que os homens não se envergonham de viver licenciosamente em regimes democráticos. Na boa, usar a autoridade do Cristo para fins propagandísticos é uma sujeira sem tamanho até para não-crentes.

Chafurdemos, pois, nestes esgotos sem metafísica. Sem culpa. Se você estivesse disposto mesmo a observar o povo sem recorrer a manuais de sociologia, veria que ele faz questão sincera de coisas muito avessas à mentalidade moderna como religião e tradição. Ele só é levado a abrir mão dessas coisas quando passa por um processo de zumbificação intensa e aprende a tornar-se mesquinho, preguiçoso, choramingas - um bando de "señoritos satisfechos". Você acha que aquele horror que aconteceu na Alemanha teria sido possível sem a ação POR DUZENTOS ANOS de demagogos, dos picaretas do espírito, que ficaram adulando o povo, criando uma multidão de pedantes? Você acha que apenas a miséria material explica o nazismo?

Algumas revoltas espontâneas dos tempos modernos, cuidadosamente omitidas dos livros de História, comprovam o que eu disse acima de maneira flagrante. Os sanfedistas, por exemplo, que eu considero politicamente problemáticos, tinham um canto de guerra em que DEBOCHAVAM DA REVOLUÇÃO FRANCESA E DAS SUAS PROMESSAS. Isso não impediu que o mundo deles ruísse e se tornasse ainda mais corrupto e precário sob o domínio dos piemonteses.

Mesmo quando houve sedições contra os reis, o povo limitou-se a "dar o seu recado", sem colocar em xeque a autoridade real, nem julgar-se em condições de substituí-la no poder. Você já ouviu falar de um rei que precisasse de guarda-costas? O povo não quer governar, Tiago. Jamais o quis. Dá carta branca até a aventureiros para fazê-lo, quando está em delírio. Quem quer governar é você, rapaz. Você não é o povo. Não encarna nada do povo real.

O povo real é formado por INDIVÍDUOS que não querem ser aborrecidos com problemas que não têm capacidade de resolver. É muito modesto nesse ponto. Uma eleição normal tem, no máximo, um comparecimento de 50% dos eleitores. Isso não é, exatamente, um indício de força da Sociedade Civil.

Mas, se é ilegítimo parafrasear uma grande personagem para trair a sua mensagem original, mudar o sentido daquilo que disseram os confusos e canalhas é um dever. E aí vai, para você, que gosta de frases feitas:

A SOCIEDADE É BOA; A SOCIOLOGIA É QUE A CORROMPE.

Anônimo disse...

A SOCIEDADE É BOA; A SOCIOLOGIA É QUE A CORROMPE.

Mais perfeito, impossível.

DD disse...

Acho que vou fazer um blogue, Mister X. Passo-lhe depois o endereço. Pretendo não ser tão prolixo. Pretendo; não prometo.

Será que o Tiago me deixará em paz?

Mr X disse...

Será que o Tiago me deixará em paz?

Hehehe, isso não sei. Mas faça um blogue, será certamente linkado e recomendado aqui.

Abs,

Anônimo disse...

"Confundir propaganda política com a Bíblia não é coisa digna de um homem civilizado."
Ao filisteu fascista, deve parecer surpreendente descobrir que certas frases da Bíblia entraram na consciência verbal do Ocidente e fazem parte da retórica das classes falantes tanto quanto o "alguns são mais iguais que os outros" de Orwell ou o "ferro e sangue" de Bismarck ou o "combateremos à sombra" de Leônidas e não são propriedade dos reacionários.
Será surpreendente que os defensores da plutocracia resolvam acusar o Povo pelos estragos causados por suas amadas ditaduras? Será surpreendente que eles acusem o Povo de não saber governar quando os países bem- governados são-quase sem exceção-democracias governadas pelo Povo? Será surpreendente que eles-que odeiam a Democracia- defendam que só tiranos sabem governar bem-mesmo quando o único mérito desses tiranos é nascer em um trono do ouro ou ter matado outro tirano para usurpar o Poder-ainda que seus amados reis só tenham oprimido seus Povos, obrigando-os a guerras de conquistas e matando-os de fome? Será estranho que culpem o Povo pela ascensão nazista-já que não encontraram nenhuma ascenção comunista que confirmasse seu mito de que o Povo não sabe decidir-, fingindo esquecer que os nazistas foram financiados pelos plutocratas e se beneficiaram pelos desastres causados pelas ambições do Kaiser e seus generais? Eles parecem reprovar ao Povo sua vontade de comer regularmente: Machado já havia escrito que se suporta com facilidade a cólica do próximo; os novos ascetas resistem bravamente à fome dos outros! E não parecem entender que foram seus amados líderes, que sabem governar tão bem-ao contrário desse Povo sem pedigree, que não tem nada que se meter em assuntos de Estado-que provocaram a Guerra que arrasou a riqueza alemã, destruiu a estabilidade do País e acabou com com pelo menos três grandes impérios europeus (alemão, austro-húngaro e russo), abrindo caminho para o nazismo e o comunismo. Enquanto isso, as democracias-governadas pelo Povo- ganharam a guerra, tornaram o mundo seguro para a democracia-no famoso dizer de Wilson- e se tornaram cada vez mais fortes e bem administradas, mesmo que os defensores da plutocracia acreditem-ou digam acreditar- que só seus mestres plutocratas sabem governar.Não é à toa que amam tanto Bush pai: eles adoram os plutocratas, não importando que sacrifícios terríveis eles imponham ao Povo.
Mesmo que não gostem, o Povo saberá triunfar e proteger a Democracia!
Tiago

Anônimo disse...

A democracia é mais do que liberdades civis.
É a garantia da própria vida.
Nenhum governo, nenhuma empresa, nenhum indivíduo, pode pura e simplesmente te agredir, invadir sua casa, abrir sua correspondência, etc.
Você tem seu "espaço", e o seu "espaço" termina onde o do outro começa.
Há um sistema de peso e contrapeso entre os indivíduos.
Democracia é perfeita.

McDonald disse...

Run to the hills!!!!!!! Lá vem o Povo conscientizado pronto para acabar com os séculos de opressão:

http://www.youtube.com/watch?v=ydv5m2QuCdY

DD disse...

Tiago:

"Ao filisteu fascista, deve parecer surpreendente descobrir que certas frases da Bíblia entraram na consciência verbal do Ocidente e fazem parte da retórica das classes falantes tanto quanto o "alguns são mais iguais que os outros" de Orwell ou o "ferro e sangue" de Bismarck ou o "combateremos à sombra" de Leônidas e não são propriedade dos reacionários."

- Há uma diferença, pelo menos de estatuto. Uma é palavra de Deus; as outras, não. Mas o problema não é esse. Você está querendo comparar, implicitamente, à Igreja, que foi um empreendimento humano construído segundo ordens do próprio Cristo, um modelo político frágil, saído do capricho humano, que sempre vive aos trancos e barrancos, que muda de regras o tempo todo e que, por isso, não tem meios de evitar perseguições aos... cristãos. Eu não sei se você entendeu, mas o Cristo veio trazer o "Reino dos Céus", e não a "República Democrática, Parlamentarista, Laico-Ecumênica, Relativista Moral e Ongueira da Terra". A não ser que você ache que tudo o que vem da democracia ganhe instantaneamente a aura de coisa santificada. A vontade da maioria não quer dizer nada, não garante a Justiça ou a Verdade. Como é que você pode confiar tanto nas maiorias depois do que aconteceu ao próprio Cristo? E eu não estou dizendo, com isso, que a Justiça esteja com as minorias. Estou dizendo que, como conceitos/valores objetivos, coisas como Justiça e Verdade não são garantidas pelos achismos da política.

Eu não sei que espécie de cristianismo é esse que você acha ideal (deve liberar geral para o aborto, não?), mas deve ser alguma variante gnóstica particularmente delirante. Pelo menos as acusações obsessivas estão liberadas, não é? O xingamento é usado o tempo todo como meio de combate espiritual, certo? A negatividade e a maledicência histriônicas são modalidades de virtude, não?

"Classes falantes": classes não falam. Quem fala são as pessoas. Quando as classes estão falando, as pessoas estão caladas e é a sociologia que está tagarelando.

"Será surpreendente que os defensores da plutocracia resolvam acusar o Povo pelos estragos causados por suas amadas ditaduras?"

- Estou entendendo um pouco melhor o gnosticismo que você professa: você colocou o "Povo" no lugar de Deus. Eu acho que isso é ter uma ideia muito rasteira de Deus. O povo pode errar. Deus, não. O povo pode se comprazer com sangue. Deus, não. Não é nem mesmo possível, sendo bem fiel ao que "povo" quer dizer, eliminar um só indivíduo da população nacional que constitui o "povo". Os seus "plutocratas", largamente imaginários, também fazem parte do povo. Mas é possível, sim, fazer expurgos até obter-se o povo que se quer.

DD disse...

"ainda que seus amados reis só tenham oprimido seus Povos"

- Alguns oprimiram, sim. Outros, não. Assim como houve bons presidentes e maus presidentes. Entendeu? As pessoas são diferentes. É por isso que não é possível amalgamá-las num crisol sociológico e dizer que isso é de uma realidade maior do que aquilo que se tem debaixo do nariz.

"Será estranho que culpem o Povo pela ascensão nazista"

- Claro que não. Porque, segundo o que você mesmo diz, culpados são aqueles que você indica como tais. Ah, não: é o povo que os indica. O povo, como se sabe, nunca tem má consciência. Os malvados são os seus bodes expiatórios.

"Enquanto isso, as democracias-governadas pelo Povo- ganharam a guerra, tornaram o mundo seguro para a democracia"

- Sim, ganharam. Ainda bem! Mas o mundo continua atormentado pelos mesmos fantasmas. E garantir a democracia enquanto se está sentado sobre 2000 ogivas nucleares não é exatamente o que eu chamo de "Paraíso".

"mesmo que os defensores da plutocracia acreditem-ou digam acreditar- que só seus mestres plutocratas sabem governar."

- Classe social não deve ser um prerrequisito para governar. Entende qual é o meu problema com a sociologia? Ela torna automaticamente cruel e perverso qualquer um dos que, ao longo dos últimos dois ou três séculos, vêm sendo apontados, censitariamente, exclusivamente, como culpados. Qual a diferença entre esse tipo de perseguição e a que se fez contra os judeus? Ah, ela é "científica", como dizem os puxa-sacos de Marx.

"Não é à toa que amam tanto Bush pai"

- Não, eu não amo nenhum dos dois Bushes.

"eles adoram os plutocratas, não importando que sacrifícios terríveis eles imponham ao Povo."

- Bata à porta de qualquer um dos milionários que sustentam essa miríade de ONGs. Você é que se SURPREENDERÁ com a sintonia de ideias. Quem sabe seja esse o choque de realidade necessário para que você se dê conta dos erros dos seus esquematismos mentais?

DD disse...

Esta é a minha derradeira intervenção. Deixo-lhe com a última palavra. Divirta-se. Tripudie. Continue com os insultos programáticos. Encha a boca quando disser "povo".

DD disse...

PS: Eu sei que você é gnóstico, mas "joguei verde" ao supor que fosse gnóstico cristão. Se não for, tudo bem, nem precisa ler a primeira seção.

DD disse...

PS 2: Desculpe aí qualquer coisa. Não é bom agir assim. Não gosto de brigar. Passe bem.

confetti* disse...

adoro seus titulos de post, chose ! esse, diretamente inspirado do filme de michel gondry, aquele que apagava a memoria do amor...:))

seu dd, calma, nao leve tao a sério...é so um blog, palavras ao vento...pq se tudo que fosse escrito aqui tivesse outra consequencia que alimentar o lixo virtual, estariamos seriamente...dans la merde !