quinta-feira, 2 de julho de 2009

Obamanabucodonosor

O Not Tupy tem uma teoria interessante: Obama é inimpichável:
Se O. J. Simpson, um troglodita imbecil, fez negros e brancos quase cerrar fileiras de guerra pelo fato de ser julgado por matar sua mulher, imagine o que ocorreria com a queda do profeta?
De fato, mesmo apenas nos seus primeiros seis meses, Obama já fez coisas que a nenhum outro comum mortal seriam permitidas, muito menos a um branquelo qualquer. Por exemplo, na sua campanha, prometeu que JAMAIS aumentaria os impostos de qualquer um que ganhasse menos de 250.000 dólares ao ano. Está aqui, a sua frase de 2008:

"I pledge to you that under my plan, no one making less than $250,000 a year will see any form of tax increase. Not income tax, not capital gain taxes, not any kind of tax."

Bem... Hoje seu governo já está desconversando, nega-se a afirmar que a classe média não vá receber novos impostos, já criou um imposto novo sobre os cigarros e pensa mesmo criar novos impostos sobre a eletricidade, a gasolina e até sobre a Internet.

O grande truque, verdadeiramente genial, é o seguinte: tais impostos não vão ser chamados de "impostos", mas de "contribuições provisórias" (epa!), ou "fundo verde de prevenção ao aquecimento global", etc.

Em um país tradicionalmente avesso a aumento de impostos, não é um feito menor.


Atualização: Uma piadinha obamiana:

Recession: When your neighbor loses his job.
Depression: When you lose your job.
Recovery: When Obama loses his job.

3 comentários:

DD disse...

Lembro-me de ter lido um texto, escrito no final da década de '90, em que o autor dizia que, no futuro, as discussões políticas tendiam a abandonar o contraste de ideias individuais, ficando cada vez mais submetidas às convenções de identidade. Como não há, hoje, como dizer que uma identidade em si é superior a outra, recorre-se a uma espécie de catálogo de violências supostamente cometidas no passado para decidir o que está em questão, e é possível, ao fim, ver uma das partes erguer-se como vitoriosa, exibindo toda a superioridade moral que a sociologia lhe conferiu.

Obama não precisou jogar a "race card" ostensivamente porque a chantagem sociológica já lhe tinha preparado o terreno. Está blindado por todos os lados e imune à visão de que é um indivíduo como qualquer outro. Quando acerta, é porque representa um grupo; quando erra, é porque é falível como qualquer pessoa.

Embora eu não seja de modo nenhum antiamericano, desejando, como você (suponho), que o Brasil se torne capaz de imitar as grandes virtudes de nossos irmãos do Norte, reconheçamos que essa "política identitária" é uma das grandes excrescências da cultura de lá. Faz décadas que os setores de Humanidades das universidades americanas já não concentram seus esforços em trabalhos historiográficos, científicos e filológicos de qualidade - que ainda existem, graças a Deus! -, preferindo entulhar as bibliotecas de "racial", "sexual" e "gender studies", com denúncias implícitas cada vez mais delirantes e sutis. E isso, parece-me, tem pouco a ver com a vertente mais representativa da sociologia europeia, que durante muito tempo persistiu na crença de que os determinismos mais importantes eram os de classe social, ainda que Marx e Engels não tenham deixado de ser infames em outras áreas.

Claro, não temos sido capazes de copiar as virtudes americanas, mas não tardou para que nos inebriássemos com seus vícios.

Orlando Tambosi disse...

Obama é, de fato, o profeta do politicamente correto.
Deve ter lido o manual que o lulismo mandou fazer, no início do primeiro reinado, e que foi esquecido por ridículo.

Mr X disse...

Interessante o comentário do DD. Acho que realmente copiamos os vícios americanos e sua politicacorretagem.