Se, como ensinavam os professores de História no segundo grau, as mudanças históricas ocorrem sempre devido ao surgimento de um ou outro emergente grupo social (a burguesia, o proletariado, etc.), então há um novo grupo social atual que é responsável por grande parte das mudanças em curso. Acho que podemos lhe dar o nome de Os Sofisticados.
Os Sofisticados são ricos ou de classe média alta, brancos, urbanos, de esquerda, moderninhos e ateus. Usam Blackberry e iTouch, mas compram café orgânico e "fair trade" pra compensar. Reciclam sacolas de plástico, mas viajam seguido de avião. Dirigem carros híbridos e consomem drogas com moderação. Não acreditam em terrorismo islâmico - aliás, seu grande medo são os "fundamentalistas cristãos" que "não aceitam o casamento gay". Apóiam Obama em todas as suas ações.
O amigo Pedro Doria, que aliás acho que foi quem cunhou a palavra, ainda que sem ironia, é um exemplar perfeito de "sofisticado". A julgar pelo seu blog, sua grande utopia é um mundo sem religião, onde todos possam fumar maconha livremente e onde com os inimigos sempre se dialoga em paz. (O grande filósofo do Sofisticismo é John Lennon.)
Mas atenção, eles não são comunistas nem socialistas: sua utopia é um capitalismo light multicultural, no qual a América "dá o exemplo" não torturando, não matando, liberando terroristas nas ruas e nas praças da cidade e se desarmando. (Acreditam piamente que os outros países seguirão tal exemplo.) Têm pena de terroristas e criminosos maltratados e preferem morrer a serem chamados de racistas. Não acreditam na Constituição ou na Declaração da Independência e, se a citam, é sem compreendê-la ou para modificá-la, já que não respeitam seus valores.
Nos EUA, são hoje a classe dominante. Não têm qualquer relação ou contato com o restante do país, em especial com a classe trabalhadora branca que vive em "flyover America". De fato, mal se identificam com esse bando de rednecks reacionários. Preferem a Europa, ainda que tampouco a compreendam.
Um povo, duas nações.
Há quem diga que, em breve, haverá uma nova Guerra Civil Americana, que será entre Progressistas e Conservadores, entre Sofisticados e Rednecks. Não duvido. A bala vai comer.
sábado, 2 de maio de 2009
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25 comentários:
Bom post. Só precisamos diferenciar os verdadeiramente sofisticados daqueles que são apenas da boca para fora. Tem muito sofisticado que mora em condomínios onde os seguranças mandam bala no primeiro crioulinho desdentado que chegar perto. Isso não parece lhes incomodar muito. Outros ainda submetem suas domésticas a salários aviltantes e jornadas de trabalho idem. Acho que são poucos os verdadeiramente sofisticados. A maiora, creio, é sofisticada empenhando o fiofó alheio.
Quem fuma maconha ajuda a pôr munição na arma do traficante. Aí, quando um desses maconheiros de classe média e todo sofisticado leva uma bala perdida bem no meio da cabeça, vem uma cambada de hipócritas pedir paz nas ruas do Rio de Janeiro e fazer passeatas pela paz.
Acho que o Pedro Doria já admitiu, no blog dele, que fumou maconha. Essa informação é verdadeira?
Já vi um montão de sofisticistas aqui no Pq. da Água branca, comprando produtos orgânicos na feira de Orgânicos, com o filhote pendurado naquelas faixas enooormes e, quando você vai ver o carro dos sujeitos, é um importado "flexil".
Como eu disse, certa vez, para um professor de ciências políticas (um doce se adivinharem a linha política do sujeito): É preciso ser muito rico para ser marxista.
O cara quase me mandou para o paredão.
Bem, nem acho problema a defesa da legalização da maconha, e pouco me importa se o PD fumou e tragou, ou não.
Acho que a questão é (além do dilema de financiar o tráfico que o MA menciona) mais da diferença de prioridades, ignoram coisa bem pior (que não os afeta).
Acho que o Cláudio tem razão, a maioria dos sofisticados o são com o fiofió (quando não o dinheiro) dos outros.
"É preciso ser muito rico para ser marxista"
Boa frase, e cada vez mais verdadeira...
Pois é, Mr X... o que dá pensar via estereótipos.
Não sou rico, tampouco estou na classe média alta. O dinheiro anda hiper-apertado e vai continuar assim por um tempo. Não bebo café, não uso celular, meu carro é um Ford Focus 1996 que custou 2.500 dólares (mas é econômico no tanque), não só acredito em terrorismo islâmico como o considero uma das prioridades para o mundo. Por isso fui contra a Guerra no Iraque. Ela nada tinha a ver com terror islâmico, que se aproveitou para se espalhar do Afeganistão para o Paquistão.
Minhas idéias a respeito de liberdade, aprendi-as vendo Thomas Jefferson e Alexander Hamilton brigando. Vc não conhece a história deles, devia antes de começar a opinar sobre os EUA...
Olá PD!
Hihihi, não leve a mal, o post não era contra você não, só que fui inspirado por alguns posts de lá, mas me referia mais a um subgrupo da sociedade americana, os emergentes daqui.
Poxa, não bebe café?
NBo beber café e não usar celular é indicativo de alguma coisa?
Coisa feia, X, alinhavar um monte de preconceitos, amarrá-los para que pareçam uma coisa só e ainda pegar carona no blog de alguém que faz propaganda do teu próprio blog.
Aproveite para falar sobre como o mundo ficou ateu de uma hora para a outra, que já sejam uns 6 bilhões e meio de materialistas "perseguindo" os pobres cristãos e querendo que se lixem...
Recebeu uma boa réplica do Pedro Doria, hein? Deu até pra ver o amarelo do teu riso!
"NBo beber café e não usar celular é indicativo de alguma coisa?"Anônimo, é indicativo de resposta aos comentários preconceituosos e estereotipados do dono do blog, simples como isso.
Hello Rick,
Estereótipos? Quais estereótipos? Essas pessoas existem de verdade. Eu as vi, vejo quase todo dia.
Isso é anti-semitismo! Vc só escreveu isso porque o Pedro Doria (com todos os sofisticados das séries americanas) é judeu!
Haha. Mas o PD é judeu de parte de pai ou de parte de mãe? Se não for de parte de mãe, acho que não vale. ;-)
Mais um post porreta do Mr. X. Tapa na bundinha dos "desencantados do mundo" (Weber) e dos "homens-massa" (Ortega y Gasset).
Fala Mr. X!
Cara, eu te respondi aquele e-mail. Você recebeu? Se precisar, eu re-envio.
Let me know, mesmo que a resposta seja negativa.
Um abraço!
Olá, recebi sim, já respondo.
Um vídeo que representa bem a essência dos sofisticados: Link.URL direta:
http://www.youtube.com/watch?v=oGY-OkRclnU
Hilário!!!!
O PD vai entrar nessa como o Gerson entrou na do "ixperto". Quem manda bancar o politicamente correto? O Sofisticado agora é a "Lei do PD".
Faltou dizer que eles não apresentam conexão direita com a realidade dos fatos e crêm que é possível apagar fogo com querosene, desde que haja suficiente vontade política. Impagável seu post.
Boa, Marcelo. H&R detonam. Sofisticado mais old school que se preza também aprecia a arte da bossa nova:
http://www.youtube.com/watch?v=NMZeP5is6qM
"Mas o PD é judeu de parte de pai ou de parte de mãe? Se não for de parte de mãe, acho que não vale. ;-)"
O senhor agora ultrapassou todos os limites! Primeiro, ergue a barreira da desigualdade entre homens e mulheres! A seguir, lança dúvidas sobre a honestidade da camarada mãe do camarada PD! O senhor não se envergonha de escrever essas coisas?
Eu só fumo mate leão, que é baratinho e vende no supermercado.
Eu não tomo chá das cinco, e a frase "É preciso ser muito rico para ser marxista" da Didi Iashin, é ótima.
Eu sou sofistificado nível 2! Meu carro é uma bicicleta, e com pontos extras de hype por ser roda-fixa (en.wikipedia.org/wiki/Fixed-gear_bicycle).
Mr X: "O que me incomoda, acho, é essa mania (...) de querer ignorar milhares de anos de aprendizado humano e querer reformar o mundo, com base em nada, apenas em idéias “moderninhas”.
Vc fala como se a história fosse somente uma grande linha contínua, e não um amontoado de reformas e rupturas. Estes "milhares de anos de aprendizado" ao qual você se refere, X, não foram apenas feitos com o acúmulo de conhecimento, como se um aprendizado fosse inevitavelmente o passo lógico seguinte de outro, mas, ao contrário, com as reformas e rupturas em relação aos conhecimentos acumulados até então.
Por isso, quando vc escreve isso, me dá a sensação de que vc ignora um monte de coisas.
Ignora que a filosofia (a idéia de razão, verdade etc.) nasceu em resposta a um problema prático: como organizar a vida numa pólis.
Ignora que a religião conseguiu sufocar a filosofia durante um bom tempo -- mas aí ela ressurgiu, também por pressões do mundo prático.
Ignora que a dúvida radical -- o ceticismo -- foi crucial para a moderna formulação do que significa pensar e conhecer.
Ignora que a conexão que existe entre esta dúvida e a construção da noção de indivíduo.
Ignora que esta construção foi em grande parte uma luta contra aquilo que era até então A Tradição do Ocidente.
Ignora que diversas áreas do saber se desenvolveram mais por rupturas do que por continuidade: no séc XVII, a biologia analisava a vida; a economia, a riqueza; a filologia, a língua. Após o século XVIII, a biologia começou a analisar os seres vivos (daí surgiu a psicologia); a economia, a produção e a circulação (daí veio a sociologia); a filologia, a comunicação (daí a linguística). Em todos estes casos, o que houve não foi o esgotamento de conhecimento sobre um assunto, que teria então conduzido a outro. O que houve foi que as pessoas pararam de se interrogar sobre certas questões e começaram a formular questões de uma maneira nova, de modo a investigar novos objetos.
Ignora que as conquistas de direitos por parte de negros, mulheres e homossexuais não foi obtida por um súbito surto de esclarecimento do Ocidente.
Ignora que... (chega, cansei)
E é por ignorar todas estas coisas que você acha que as pessoas que sabem disso tudo que eu falei aqui são "sofisticadas".
Um abraço,
ACT
Não ignoro, discordo.
Abs,
Vc discorda de que Copérnico rompeu com o sistema aristotélico?
Vc discorda de que a noção moderna (liberal) de indivíduo é uma ruptura em relação ao antigo ordenamento social do Ocidente?
Vc discorda de que os direitos dos negros, mulheres e homossexuais foi um longo processo de luta contra o conservadorismo, de reforma progressiva de leis?
Vc discorda do fato de que certas revoluções científicas são o resultado de uma descoberta que altera radicalmente a maneira de enxergar o objeto, e não apenas o resultado do acúmulo de informações sobre ele?
Abraço,
ACT
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