terça-feira, 26 de maio de 2009
Devemos celebrar o Brasil?
Uma coisa curiosa: enquanto, nos EUA, a esquerda odeia o próprio país e o desanca toda vez que pode, e a direita o celebra como a maior coisa do mundo depois da torta de maçã, no Brasil sucede o contrário. Hoje, a esquerda é que é ufanista e celebra o Brasil da macumba ao índio, enquanto articulistas e blogueiros de direita vivem falando mal do país e seus defeitos.
Será que isso não é uma contradição? Não deveríamos, enquanto bons "direitistas nacionalistas", amar o Brasil acima de todas as coisas? Historicamente, os esquerdistas é que sempre foram internacionalistas, enquanto a direita costumeiramente defende a unidade nacional e o Estado-Nação.
E afinal, não é verdade que nossos campos têm mais flores? Nossos bosques têm mais vida? Nossa vida no teu seio mais amores?
Ôu-quei, exagero. Mas, ainda assim, há coisas há se elogiar no Brasil. Por exemplo, a cordialidade do brasileiro. Bem sei que a cordialidade nada mais é do que o outro lado da moeda da malandragem, que o brasileiro te abraça ao mesmo tempo em que apalpa os bolsos em busca da carteira. De qualquer modo, não temos a antipatia carrancuda típica do europeu do norte, o que é um fator positivo. O que mais? A natureza, as praias, o... a... Eu ia dizer a música, mas a música brasileira de hoje em dia é um verdadeiro lixo.
Ou será que os esquerdistas tem razão e a classe média "burguesa" e "imperialista" fica presa a modelos europeizantes e/ou americanófilos, identificando-se mais com a cultura que vem do exterior, de Paris e New York, do que com o produto nacional bruto, tupi, guarani, afoxé, acarajé, funk?
Devemos celebrar o Brasil ou não? É possivel um nacionalismo que não seja de antemão ridículo? Que não signifique usar um cocar na cabeça e/ou escutar rap dos manos da periferia?
Mas não é verdade que, por outro lado, a cultura brasileira sempre teve essa ambivalência, essa hesitação entre a crítica ao país e a sua celebração? Essa visão contraditória de um paraíso natural habitado por demônios? Desde Machado de Assis o país é visto com ambiguidade, e, nos piores casos, como um pesadelo tropical, onde a Natureza sem controle tornou-se o berço de um povo "macunaimicamente" sem-caráter.
Por outro lado, talvez o "ódio" da direita (ao menos a direita mais mainardiana) ao Brasil não seja realmente ódio, mas sim a mera constatação da nossa decadência, do quanto retrocedemos no último meio-século, desde que Stephan Zweig escreveu "Brasil, País do Futuro" antes de se suicidar. Ou, em casos mais extremos, a frustração por nossa inviabilidade eterna, atávica, desde os tempos da colonização. Ou frustração por nossa incapacidade de aprender com os próprios erros, talvez.
Já o "amor" da esquerda pelo Brasil talvez seja mais superficial: seu amor pelo "povo" e pela "cultura popular" cheira a demagogia. Talvez o amor da esquerda seja apenas amor por estar no poder. É, mantidas as proporções, o mesmo que ocorre nos EUA: desde que Obama assumiu, as críticas da esquerda ao "imperialismo" dos EUA diminuiram incrivelmente. Não obstante as forças americanas continuem matando gente às pencas no Iraque e no Afeganistão, hoje não se escuta um pio sobre o assunto. Muito menos jornalistas ou ONGs reclamando da violência e querendo prender Obama por "crimes de guerra".
Da mesma forma, o "patriotismo" lulista nada tem de especial: é apenas o último (?) refúgio dos canalhas.
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21 comentários:
Outro post muito bom!
Os esquerdistas erram ao considerarem a tal brasilidade como sendo essa coisa índio-afro-macumba-descendente. Seria bem mais interessante se o brasileiro se visse como um indíviduo pertencente à Civilização Ocidental, que possui a mentalidade que tem trazido ao mundo todas as inovações dos últimos 500/600 anos.
Cordialidade do brasileiro? Eu sempre desconfiei dessa tal "cordialidade". Tenho um amigo sueco -- logo, um europeu bem do norte -- com quem mantenho contato esporádico. Certo dia, estávamos conversando sobre como ele ia à escola. De bicicleta. A própria escola incentivava que os aluno assim se deslocassem até lá, pois evitaria muitos carros nas ruas durante o horário de pico, etc. e tal. Aqui, no Brasil, chegar de bicicleta em uma escola de classe média imediatamente dá à pessoa o rótulo de pobre. Talvez esse ponto nos indique alguma coisa que nos ajude a entender o Brasil.
Não sei ao certo, mas penso que a mentalidade que o brasileiro médio tem o impede de atingir certos objetivos. O desenvolvimento ao estilo dos países civilizados é um desses objetivos que não consigo ver sendo atingido pelo Brasil.
P.S: Outro ponto, que nos dá alguma dica sobre o Brasil, foi o lançamento do iPhone. Fizeram até cocktail cafona para comemorar a chegada desse telefone em terras brasileiras. Já no mundo civilizado, bastava a pessoa interessada ir até uma loja que o vendesse para comprá-lo.
Sem mencionar que o iPhone, no Brasil, custa de três a cinco vezes mais do que um comprado nos EUA (nos EUA, dependendo do plano, sai até de graça). Nem os altos impostos explicam. É malandragem mesmo.
Mr X,
Umas perguntinhas que não querem calar:
- você sofre de unha encravada crônica?
- prisão de ventre crônica?
- cefaléias?
- azias?
- má digestão?
Só pode ser uma ou mais das possibilidades acima. Não é possível tanto mau humor num só ser e criatura.
:-)
Eu, mau humor? Onde?
Era pra ser mais um post de humor.
Gosto de caipirinha e de mulatas.
Abs.
mas eu acho a america duca.....
Mr. X, esse preço elevado do iPhone se explica pelo fato de, no Brasil, dispositivos eletrônicos e de computação terem diversos impostos embutidos. Parece-me que de 100% do preço de um aparelho eletrônico, 70% correspondem aos impostos e apenas os 30% restantes é que são o preço perto do real. É o Estado assaltando o cidadão comum.
Os Estados Unidos da América são um país admirável. Onde mais um cidadão comum pode se tornar um multimilionário/multibilionário? É o chamado Self-Made Man. Nada melhor do que a meritocracia.
No Brasil, o nosso modelo de Self-Made Man é o filho do político pilantra, que de zero à esquerda se torna megaempresário.
Pode até ser, o problema é que os EUA estão se "abrasileirando". O Partido Democrata está virando um PT, e o Partido Republicano um PSDB.
Esse negócio de preço de bens de consumo é um problema. Atribuímos a culpa aos impostos mas isso não é verdade. Os impostos aumentam o custo de comercialização, mas por quanto o produto será vendido depende unica e exclusivamente do consumidor. Por isso que várias bugingangas maravilhosas que vemos nos mercados "do primeiro mundo" não as vemos por aqui. O empresário, após calcular custos de importação e colocar sua margem de lucro, chego à conslusão de que não haveria consumidor que pagasse tanto pelo produto. Já alguns itens, principalmente aqueles associados a status, não sofrem dessa elasticidade de demanda. Eu costumo dizer que, no Brasil, conseguimos a façanha de ter demanda inelástica para bens considerados supérfluos.
A fauna e flora, o patrimônio ecológico e natural do Brasil, esses são incomparáveis.
Tá, temos as mulheres mais bonitas também.
Mas o "povo" é uma porcaria.
Falso-moralismo, malandragem, carolice, mentira, egoísmo imediatista, desprezo pela ética, (amor à) ignorância, e melhor parar por aqui.
E não vejo essa cordialidade toda da qual tanto falam. Aliás, costuma me dar melhor com estrangeiros, empiricamente, considero-os, na média, muito menos fechados que o brasileiro.
Cordialidade = superficialidade
"Os Estados Unidos da América são um país admirável. Onde mais um cidadão comum pode se tornar um multimilionário/multibilionário?"
Que tal a ÍNDIA, marcelo augusto. Topas ir para lá? Ehehe.
E temos a Rússia pós-soviética, mas lá é claro, você deveria ter sido agente da KGB.
Não é para tanto Chesterton, você pode ser cordial sem ser superficial.
Aliás, penso que a tal cordialidade brasileira é apenas mais um ingrediente do jeitismo brasileiro.Usa-se quando for necessário.
Tempos atrás estava vendo alguns vídeos de "pegadinhas" no Youtube, e os brasileiros invariavelmente partiam para briga, coisa que não acontecia com os japoneses, por exemplo.
Os comentários dos estrangeiros, espantados, que me chamaram atenção ao fato.
Só não faço uma tese [de mesa de bar], sobre o assunto, porque a maioria deve ser montagem, hehehe.
A verdade é que o Brasil, o país do futebol, tem dois pés esquerdos...
Poxa, eu estou nos EUA aqui há quase um ano e ainda não fiquei multimilionário... Desilusão...
Sobre o comentário do Diogo, claro que, quando escrevi que os EUA são um país único quanto à oferta de oportunidades aos seus cidadãos, quis me referir aos meios legais de se tornar uma pessoa bem sucedida, sem ter que lançar mão de jogadas corruptas ou coisas do gênero.
Quanto a ir para a Índia, é outra idéia que pouco me atrai, dado o baixo nível de civilidade que existe nesse país.
Antes de tudo, parabéns!!!Belo post!!
É Mister X, essa pecha de mau humorado segue á todos que falam o que vêem, em nosso Brasil.
Os esquerditas possuem um "patriotismo" chorão, quando não estão no governo, dão a entender que se está perdendo para uma cultura capitalista a "essência" da brasilidade.
Quando comandam o Brasil, esse "patriotismo" é inventado glorioso, ressucitado como uma fênix, antes "enterrado" pelos esquerdistas, explicitado em medidas débeis e extremistas, quase hitlerista, xenofóbicas. Pasmêm! as cotas para negros, índios, assentados, etc. Até nas propagandas, não se pode mais fazer anúncios em inglish: "for sale" não pode.
Realmente os EUA estão se "abrasileirando", com as medidas Obâmicas aquele país tá virando uma bagunça, muito bem retratada no filme: Gran Torino, com clinstwood.
Obama põe latina na Suprema Corte nomeou Arturo Valenzuela (um separatista que está de olho estados da Flórida, do Texas e da Califórnia) chefe do setor latino-americano do Departamento de Estado.
esquerda = problema "mental"
Não sei o que é ser "brasileiro"? Gosto da minha cidade. Essa eu conheço. Não tenho qualquer identificação com o Nordestino ou com o Sulista. Para mim são tão estrangeiros quanto um indiano. O que é ser "patriota"? Ser uma pessoa honesta? Pagar os impostos? Não jogar papel na rua? Isso eu faria em qualquer lugar do mundo. Seria educado também. Ajudaria quem precisasse. Morreria pela Pátria? Não, mas sim por valores. Quantos alemães morreram "pela pátria" quando estavam na verdade morrendo "pelo nazismo"?
Gostei dessa Marcus
e parabens pelo post Mr X
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