Um leitor recentemente reclamou que aqui quase só coloco links para textos em inglês. É verdade, mas é que é difícil encontrar bons textos sobre os temas que me interessam em português. Hoje repito a dose, dando dois links em inglês -- ainda por cima britânico -- para recentes textos de Theodore Dalrymple: um deles falando sobre a relação entre o crescimento econômico e a felicidade, e outro falando sobre os problemas causados pela utopia da igualdade social.
A conclusão do bom doutor parece ser que, nem o dinheiro ou as conquistas materiais trazem felicidade, nem a igualdade social é um bem desejável ou possível - muito antes pelo contrário, costuma arruinar muitas sociedades.
Sobre o primeiro ponto, é verdade que as sociedades (e as pessoas) mais afluentes não são necessariamente as mais felizes, ao menos na minha limitada experiência. Houve um tempo em que eu tinha bem menos acesso a bens materiais, mas era (acredito) mais feliz. Ou talvez era apenas uma questão de idade e circunstância. Por outro lado, uma recente pesquisa parece indicar que os ricos são mais felizes, sim.
Eu não sei. A felicidade é sempre subjetiva. Mas acho que há algo a se dizer em favor do mito de que "os pobres são mais felizes", e acho que tem a ver com a vida em comunidade. Entre os ricos (e nas sociedades ricas) há mais individualismo e, portanto, mais solidão. A vida em comunidade é um dos fatores que fazem com que 65% dos habitantes prefiram não deixar as favelas, mesmo tendo opção (os outros fatores são proximidade ao trabalho e não-pagamento de IPTU, etc.)
Em uma pesquisa sobre qual era "o país mais feliz no mundo", deu a Nigéria, seguida do México. Bem, as pesquisas variam muito. Em uma outra saiu Costa Rica, e em outra ainda a Dinamarca. (É preciso dizer que não sei qual a validade dessas pesquisas, já que é como uma pesquisa sobre sexo: todos mentem um pouco, e ninguém gosta de se declarar infeliz.)
Sobre a questão da igualdade, a questão é mais complexa, mas em geral sua perseguição só traz desgraça e sofrimento, para todos. Primeiro, porque é impossível, como a experiência socialista já mostrou: alguns são sempre mais iguais do que outros, nem que sejam os oficiais responsáveis pela "igualdade", que trabalham em cargos como Ministro da Igualdade Social. Segundo, porque as políticas de redistribuição de renda ou de terras costumam terminar em fracasso e desgraça. Dalrymple dá vários exemplos, observando que mesmo na Inglaterra as políticas de redistribuição terminaram criando muito mais infelicidade entre as subclasses dependentes do Estado, com alcoolismo, violência, suicídio, abuso infantil, etc - muito embora eles tenham uma vida materialmente bem superior à de qualquer país de terceiro mundo.
Os pobres são mais felizes?
19 comentários:
OFF.
O melhor são os anúncios Google, e o banner "Encontre uma princesa árabe".
Kkkkkkkkkkkkk.
Haha, é verdade. Para mim aparece um banner sobre a chegada do anticristo, e dezenas de propagandas sobre o Islã. Acho que tem um modo de filtrar os anúncios para que sejam mais relevantes, mas estou com preguiça de ver agora.
...e Woland, escreve: Um amigo diz assim... " Preferes ser pobre e feliz, morando na Favela da Maré ou riquíssimo e triste, num Bombardier Global Express estalando de novo, com uma gostosérrima loiríssima interesseira malhada em academia te acompanhando e, a caminho de seu apartamento, no 16º arrondissement, em Paris, com chofer de Mercedes S 500, sua, te esperando na pista ? Escolhe aí, mané ! E já escolhi ! Buáááááá ! Com sou infeliz, meu Deus " !
Talvez uma princesa árabe seja o caminho para a verdadeira felicidade.
Dinheiro e bens materiais não trazem felicidade eu concordo mas eu nunca, jamais ví um miserável feliz.
Todos os pobrinhos que conheci declararam que seriam muito mais felizes se tivessem uns trocados a mais no bolso e uma ferrari na garagem da casona.
Este papo de ausencia de bens materiais, de propriedades e desapego ao dinehiro é coisa daquela besta do Marx.
O problema todo é cantar a pobreza como se fosse o ideal da felicidade.
"Tenho um fusca e um violão,
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza."
A pessoa tem que ter dinheiro porque isso lhe traz livre arbítrio: "vou continuar jogando futebol na Itália, ou gastar meus euros em uma temporada de orgias no Rio de Janeiro, BUSCANDO A FELICIDADE?"
Eis a questão.
"Este papo de ausencia de bens materiais, de propriedades e desapego ao dinehiro é coisa daquela besta do Marx."
Não sei, ninguém mais materialista do que Marx. E não necessariamente dialético. Marx vivia uma vida de luxo burguês sem trabalhar, graças à ajuda do amigo Engels.
"Tenho um fusca e um violão,
Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza."
Bem, ter um automóvel, um hobby, um talento musical e uma mulher não está mal. Tem gente que tem menos do que isso. ;-)
Concordo com você X.
Mas também essa NÃO " é a razão da simpatia, do poder, do algo mais e da alegria."
Embora pode ser que seja a razão do welfare state brasileiro: carro mil com IPI reduzido e fila no SUS.
Cara, nesse lance de felicidade, sinceramente, nos dias modernos, o que vejo é auto-convencimento e muita propaganda de falsa felicidade nesses sites de relacionamento como Orkut e afins.
Eu sei é que minha visão de felicidade mudou um tanto depois que li o Admirável Mundo Novo, do Huxley. Normalmente, as poucas pessoas que conheço que leram o livro, falam mais do caráter profético do romance. Mas o que me bateu mais fundo mesmo foi justamente a pergunta que se apossou do meu ser, ao me deparar com a figura do "selvagem".
Pra mim, a grande sacada do livro é quando o "selvagem" encara o "imperador do mundo", e questiona essa felicidade postiça condicionada na mente dos cidadãos pelo governo, que dirige a vida de todos desde a concepção (em moldes industriais) e que reforçada pelo uso da droga chamada Soma.
Foi aí que pensei: "pode, crer! Antes de ser feliz, prefiro me certificar de que minha suposta felicidade não seja uma farsa!"
Sinceramente, acho que foi a melhor coisa que eu fiz... No fim, felicidade é um ideal. Mas tem alguma coisa de errado se a gente não consegue essa felicidade na terra?
Por acaso minha resposta veio com Viktor Frankl. Segundo ele, que sofreu a experiência de ser prisioneiro num campo de concentração, a vida precisa muito mais de um sentido que de felicidade. Claro que quem não vive num campo de concentração não tem impedimento nenhum para que viva uma vida feliz. Mas a ausência de felicidade não impede uma vida digna.
E é aí que eu me coloco: procurar por felicidade em coisas periféricas, como bens materiais ou igualdade, é cavar buraco n'água! Afinal, desde os pobres diabos oprimidos por um sistema coletivista aos ricaços que não sabem o que fazer com tanto dinheiro, qual deles dispõem de sentido em suas vidas?
Aliás, certos bens materiais são necessidades - comida, higiene, roupas. Se são necessidades, na verdade o que podem nos oferecer são apenas meios de subsistência. Portanto claramente a felicidade não está ali. Esses bens são apenas meios de se manter vivo, para que nosso espírito possa procurá-la. Portanto, como encontrar a felicidade quando se procura por ela tomando meios de subsistência como se fossem fins em si mesmos?
O Klauss tem razão. Vivemos num "Brave New World".
A fórmula da felicidade é:
1- ser meio surdo
2- ter péssima memória
A uns anos atrás, quando eu ainda morava no BR fiquei surpreso com o resultado de uma pesquisa feita pela UFRGS em uma favela na perifeira de Porto Alegre... mais de 90% das pessoas de autodeclararam felizes. acho que e própria situação de extrema pobreza faz com que as pessoas tenham menos ambições e, em se contentando com pouco acabam se sentindo satisfeitas com o pouco que tem.
BTW meu anuncio do Google é mais que bizarro:
descobrir islam
a verdadeira religião a religião de todos os profetas
islamhouse.com
Não se preocupem, agora que ser feliz vai ser um direito básico, cravado na Constituição, tudo está resolvido.
Salve Mister, que tal uma post sobre a jornada do jornalista iraniano Arash Bahmani, para fugir do regime e a situaçao do dissidentes iranianos?
http://mideast.foreignpolicy.com/articles/2010/06/09/iranians_flee_country_to_escape_repression
...e Woland, escreve: Princesa arábe.... Voce é bonito, Mister X ? Fala inglês, frances, alemão eeee arábe ? É rico ? Muuuiito rico ? Não é judeu... se for, tá fora ! Mesmo rico ! Se seu ideal é a princesa arábe tem que ter esses pré requisitos aí..." Sou louco por uma princezinha arábe...". Teve um malandro, guarda costas( e que costas !), que chegou até a princesa de Mônaco ! És malandro ?O autor da música, Diogo, está riquíssimo e morando no Golden Green, Barra da Tijuca ! Pista de pouso para helicóptero e um campo de golfe particular ! Que maraviiiilha ! Adoro, ele ! Nada contra a riqueza e como se ganha. Mesmo roubando ! Se for pego, cadeia ! Xilindró ! 20 anos ! No mínimo ! Aí que a porca torce o rabo no Brasil. O cara rouba, é pego com a sua mão de gato( e filmado !) e tá solto, dando banana e chamando todos os honestos de... OTÁÁÁÁÁRIOS ! Claro, humilhado, mas hoje em dia ninguém mais abre a boca e bota o revólver. Só no Japão e com a espada... Mesmo assim... E o povão, vendo o nosso Desgoverno e inJustiça, tá afim de se arrumar ! Mais do que nunca ! Então, amigos, tomem cuidado ! Golpes e roubos aumentarão exponencialmente nos próximos anos...Nunca antes na histó... E os otários, do inicio da década de 70 do século passado - na ditadura... Por quê só o Simonal, seu Pasquim ? - que levaram à sério o " tenho um fusca e um violão... ", tadinhos. Ubabarauma, homem gol... Lá fora está chuvendo, assim mesmo eu vou correndo só prá ver o meu amor... Me pergunto hoje... Será que, com o fusca da música, ele ganhou uma graninha da Volkswagen ? Pior, Diogo, é o " abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza...". Uma sacanagem só a letra ! Gênio ! Salve, Jorge ! Uma enchentezinha mostra que não é bem assim... dengue... e deus parece que tirou umas férias bastante intensas ! Lá se vão mais de 28 anos de esbórnia tupiniquim ! Li Admirável Mundo Novo mas, verdade, não foi impactante prá mim. Li faz tempo. Tô meio esquecido. Um belo livro. E o futuro, no livro, não chegará. Estamos nos esforçando mas ele não chegará. Sou mais realista. Liberdade e felicidade só com grana. Até amor... Tá, não é necessário ser o cara que voa no próprio jato para Paris... ecomparei com a cara da Maré. Aí, o Diogo me deu uma idéia ! Música. Cazuza ! " Todo Amor que Houver Nessa Vida "... " Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia...". Tá, tá lá o amor mas a felicidade anda junto, e o que vale é a última frase. Um ( bom ) trocado prá dar garantia. Cada um tem um sonho. Não direi qual o meu e nem quero saber os de voces. Mas a vida é curta. Tem um que quer uma casa no campo... Outro, um bom apartamento. Outro, uma moto. Um barquinho ou violão. Viajar pelo mundo afora. Conheço um que quer tudo isso aí... Mas, garanto, nunca ouvi alguém dizer que não quer nada. Já vi gente que largar o high society para tem uma vida simples. Mas, com um olhar mais observador, queeeee conforto ! " Comprei uma casinha no campo, um jeepizinho...". A casa, com 4 suítes. O Jeep... Cherokee ! Já ouvir falar de gente que fica milionária e vira mendingo. Loucura pura ! Mas o dindin, guardadinho... Dar o dinheiro todo é pros homens santos ! São raríssimos. Dão até 70% da fortuna. Mas se a fortuna for de quase 1 trilhão de dólares, não tem graça, né, Bill ? E é possível um cara, que ganha 2 salários mínimos, morando debaixo da ponte e viadutos( linha 2 do metro do Rio e qie liga ao tunel Noel Rosa, favelas, com direito a chiqueiro com porcos ! ), ser feliz ? Pô, é cego, totalmente desinformado e débil mental... e framenguista. HA !
Chuvendo ? Com "u" ? O lingua danada ! Chovendo... Deve ser o meu quaquamilionésmo duzentésimo quinto erro... Vou aprender mandarim ! Deve ser mais fácil.
Woland
... e Woland pro Andre Bossard : " .... O único lugar do planeta onde a consciência do poder da religião como força modeladora da História está viva não só entre os intelectuais como até entre a população em geral, é o Islam. Por isso é que milhões e milhões de muçulmanos têm um senso de participação consciente em planos estratégicos de longuíssima escala – em escala de séculos – para a instauração do império islâmico mundial. Esse senso, aliado à completa invisibilidade dessa escala no horizonte histórico estreito dos políticos ocidentais, basta para explicar que o Islam tenha hoje a maior militância organizada que já se viu no mundo – um poder avassalador a cuja marcha triunfante os países mais ricos e supostamente mais fortes não sabem nem podem oferecer senão uma resistência verbal perfeitamente inútil.
Habituados a raciocinar em termos de poderes estatais, militares, econômicos e burocráticos, os estrategistas do Ocidente perdem freqüentemente de vista a unidade profunda do projeto islâmico ao longo do tempo, nublada, a seus olhos, por divergências momentâneas de interesses nacionais que, para eles, constituem a única realidade efetiva. E nisso refiro-me aos estrategistas das grandes potências, não a seus macaqueadores de segunda mão que hoje constituem a “zé-lite” da diplomacia luliana. Estes não têm sequer a noção de que exista, para além dos lances do momento, um projeto islâmico de longo prazo, ao qual servem sem atinar com o sentido daquilo que fazem ou dizem. Movem-se na cena do mundo como sonâmbulos errando entre sombras, imitando o soneto célebre de Fernando Pessoa:
“Emissário de um rei desconhecido,
Eu cumpro informes instruções de além,
E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anômalo sentido.” " ... http://www.olavodecarvalho.org/semana/100531dc.html ... Sem iniciar uma nova cruzada( agora no cyberspace, amigo, prefiro o Cristianismo e, com todos os seus erros juntos, o Catolicismo ! Mais moderno. Que voces fiquem onde estão e que aqui continuem pequenos. Até.
Muito bom seu texto Mr. X.
Mas eu vejo essa questão da desigualidade social de forma um pouco diferente. Acho que você também, só não colocou no texto.
As desigualdades provavelmente nunca terminarão. A igualdade absoluta é utopia, impossível. Nem em um comunismo dos mais puros se alcançaria isso.
Igualdade também não é garantia de felicidade. Muitas vezes a felicidade se mostra desvinculada dos bens materiais. Há os próprios ricos que não estão felizes com suas vidas, assim como tem pobres que se sentem felicíssimos.
A questão não seria terminar com as desigualdades. O que importa é diminuir as desigualdades.
Para mim essa é a questão.
O que tem de acontecer é o mundo lutar pra diminuir as diferenças enormes em muitos lugares.
Nesse caso, não se trata de encurtar a diferença entre a classe média e o abastado/rico, mas sim de encurtar as diferença entre o abastado e a classe média, do PAUPÉRRIMO, MISERÁVEL. Eis a questão.
Há isso em todo lugar,mas especialemente nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos.
(e nosso Brasil varonil)
O que falta não é só mais bens materiais a uma parcela enorme da população, mas a própria dignidade.
Não só a dignidade material, mas todas as dignidades mínimas. Essa deve ser a luta.
Nesse caso, o próprio capitalismo é capaz de cumprir essas metas. Aliás, acho que vem paulatinamente cumprindo, desde o fim do feudalismo.
Esperar que uma pessoa que viva em condições miseráveis, subumanas seja feliz, mesmo que ela se sinta feliz, acho que é forçar a barra. É uma felicidade indigente, imoral, mesmo que a própria pessoa não achei isso. É minha opinião.
Mas sou otimista Mr. X., o mundo melhorou e pode melhorar muito mais, sem precisar de socialismo, comunismo, fascismo ou ditaduras...que invariavelmente acabam fazendo o oposto do que pregam, continuam ou agravam as diferenças, como você bem colocou.
Surge uma casta que fica "mais igual do que os iguais", é o que sempre ocorreu.
Bom o comentário do Klauss, abraços.
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