terça-feira, 1 de setembro de 2009

Se Deus não existe, tudo é permitido?

"Se Deus não existe, tudo é permitido."

A frase, que não foi escrita por Dostoevsky, embora seja mais ou menos o que Ivan Karamázov diz no famoso livro, ainda que de modo mais extenso e rebuscado. "Não existe virtude sem imortalidade", conclui Ivan. Para ele, sem a crença dos homens na imortalidade da alma e na existência de Deus, não haveria motivo para nenhuma moral e tudo seria permitido, "até o canibalismo".

Será mesmo?

Fábio Marton discorda. Mas de onde vem a moral? É algo biológico? Inato? Cultural? Ou vem mesmo de Deus, exista ele ou não?

Como Dostoyevsky cita canibalismo, lembrei-me do caso que li sobre o horrível General Butt Naked (ou General Peladão), soldado mercenário da guerra civil da Libéria, que liderava um batalhão de soldados que andavam nus por acreditar que isso o protegia das balas (vídeo documentário aqui - alerta para imagens fortes). Ele dizia ser um seguidor do Diabo, de quem afirmava ter recebido um telefonema quando criança. Confessou ter matado milhares de pessoas, inclusive crianças (sacrificava uma antes de cada operação militar), praticava canibalismo (comia o coração de algumas crianças e prisioneiros) e jogava futebol com as cabeças de soldados inimigos. Hoje é um pastor evangélico. Conversão real ou mera fuga da justiça? Digam o que quiserem, desde então não comeu mais nenhuma criancinha.

Deus e o Diabo podem não existir, mas a crença neles existe, e tal crença é responsável por diversos atos, dos mais nobres aos mais cruéis. Os conceitos de Bem e de Mal vêm diretamente da religião e da filosofia, não de qualquer medida científica. Mas só o que a ciência mede existe?

E será que os religiosos realmente agem virtuosamente apenas por medo do Inferno e/ou esperança do Céu? Não existe virtude sem imortalidade da alma?

E os ateus, tem uma moral própria? Podem ter? Qual moral pode-se criar a partir do mero materialismo, a não ser uma moral utilitária, "o maior bem para o maior número de pessoas". Mas, qual é o "maior bem"?

O Claudio Avolio observa como a mesma "moral" secular bananeiro-esquerdista que proíbe revistas com dicas para heterossexuais festeiros, subsidia revistas com dicas para gays festeiros. Uma revista é proibida em nome ao suposto respeito ao direito das minorias, a outra é apoiada financeiramente em respeito ao direito das minorias. Uma moral algo contraditória, para dizer o mínimo.

Por outro lado, também é verdade que, não obstante todo seu ódio pela religião e pelos religiosos, ao contrário dos anarquistas espanhóis, Dawkins nunca matou nenhum padre. O ateísmo, por si só, jamais poderia fazer mal a uma mosca. Assim como a religião. O problema são os homens. Os homens matam e morrem em nome de idéias - políticas, sociais e, por que não, religiosas. Mas acreditar que a religião é o grande mal da humanidade é uma besteira. De acordo com o psicólogo evolucionista Satoshi Nakazawa, pode-se matar também em nome da ciência. Aliás, ele também acredita que Deus foi criado pela evolução.

Já eu às vezes acho que Deus existe, e o Inferno é aqui mesmo.

44 comentários:

Fabio Marton disse...

Équis, fiz um texto sério sobre o assunto, mude seu link s'il vous plaît.

Fabio Marton disse...

Na França, 50% das pessoas não acredita em Deus. Agora, pegue as estatísticas de crime no país e veja se quem comete assassinatos, estupros e assaltos são esses 50% de franceses céticos ou... os islâmicos dos guetos, todos bastante crédulos.

Eu acho que nosso problema é muitas vezes o oposto, superar uma herança cristã. Veja toda a esquerda americana, a forma de tratar o aquecimento global, se não é o próprio Dilúvio, Deus se vingando no planeta exceto se a gente se arrependa e viva de forma mais sem graça, mais... puritana.

Fabio Marton disse...

E cristianismo e socialismo andam de mãos dadas, veja a última encíclica do Papa.

Chesterton disse...

Os franceses podem ter se tornado céticos, mas vivem uma cultura FUNDAMENTADA em séculos de cristianismo. Eu morei lá e sei do que falo.
Em nome da ciência pode-se matar? E como... e como se matou em nome do materialismo científico (rs)

Mr X disse...

Isso que o Chest fala é verdade. Quer dizer, mesmo os "ateus" de hoje (Dawkins inclusive) tiveram uma educação religiosa, ou então viveram em uma sociedade criada sob os valores cristãos. Portanto mesmo que reneguem, seus valores morais vêm daí.

A real geração "atéia" é a de agora, com pais ateus pós-cristãos e tal. Se bem que, os ateus não tem filhos na Europa, quem tem filho são os muçulmanos ou então os africanos (cristãos & muçulmanos).

O fato é, entre cristianismo & judaísmo versus islã, prefiro cristãos e judeus. E budistas, taoístas, etc, que tampouco raramente fazem mal a ninguém.

Mas ateísmo sempre vai ser só uma minoria.

Mr X disse...

Concordo com o Marton que também tem uma certo ranço cristão no esquerdismo (ou moderno liberalismo), mas é um cristianismo na maioria das vezes mal compreendido. Se bem que, a questão da pobreza e da caridade pode levar a pensamentos socialistas. Mas Jesus não era nenhum socialista, não obstante a expulsão dos vendilhões do templo.

Chesterton disse...

A Cesar o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus (não é assim?).

Chesterton disse...

http://www.midiasemmascara.com.br/images/stories/artigos/hamaspedofilia2.jpg

casamento do Hamas...

Gunnar disse...

Legal, nossa herança moral vem do cristianismo. E a herança moral do cristianismo, vem de onde? O cristianismo existe há 2.000 anos, na melhor das hipóteses. Já havia humanos antes disso, convivendo e necessariamente usando códigos morais para tanto.

Para mim, os conceitos morais de "senso-comum", presentes nas diferentes religiões, são JUSTAMENTE a melhor prova de que temos uma ética intrínseca, anterior, intuitiva.

A religião nada mais é do que uma forma (muito eficaz, por sinal) de organizar e instituir tais princípios. Hoje sou ateu convicto, mas também muito grato por ter tido uma educação profundamente cristã (mennonita). Acho que me fez muito bem, me deu uma base ética inabalável.

Inclusive, acho uma pena que minha comunidade (Colônia Witmarsum, PR, Brasil) esteja "abrindo as porteiras" cada vez mais e perdendo o apego às tradições. Estamos perdendo nossa cultura, nossa língua e todo o resto. É um protótipo em miniatura do que acontece na Europa.

Fabio Marton disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabio Marton disse...

Cristianismo é mais fruto da helenização da Judeia que das ideias um profeta solitário (sei que isso não vai servir para crentes que acham que ele era Deus encarnado). De certa forma, Jesus reformava mais em nome de Platão que de Isaías - se nem tanto ele, Paulo com certeza.

Agora, NOTEM BEM que, ao dizerem "a cultura foi cristã por séculos" vocês só estão corroborando com minhas teses, que não é a religião diretamente que gera o comportamento moral, mas a cultura de onde ela pode ser uma fonte, MAS NÃO ÚNICA. O Iluminismo foi o Cristianismo recodificado, ampliado e atualizado. Se você realmente acha que só a religião gera moral, PUTA QUE O PARIU, me explique de qual fonte teológica surgiu a luta contra a escravidão?

Vocês vão continuar mexendo num braseiro apagado sem tirar mais nada de lá, enquanto o incêndio acontece às suas costas.

Mas, sei lá, se é por ter porque ter religião, defendam a cientologia. Aliens são mais plausíveis hoje em dia que árvores falantes. E por que ninguém me traz uma análise conservadora dizendo como descrença no poder de justiça de Papai Noel aumentou a criminalidade?

Opcionalmente, você começa a aceitar que não há mais tribo isolada, e as pessoas terão de aprender a conviver com isso de realidade. Comporte ou não isso sua visão de mundo e sua visão do pedreiro Moacir. Vocês realmente que ainda cola isso de "Deus está morto, só não espalha pra ninguém"?

Chesterton disse...

a escravidão não foi inventada pelos ocidentais-cristãos, alías, forem eles que iniciaram a idéia de que a abolição era um direito....

João disse...

"não é a religião diretamente que gera o comportamento moral, mas a cultura de onde ela pode ser uma fonte, MAS NÃO ÚNICA" Isso, mais o lance dos muçulmanos teocráticos... Falou tudo.

Chesterton disse...

tá bom, é a religião de modo indireto, com atravessadores, não é a religião diretamente...isso é argumento circular, caracoles!

Chesterton disse...

http://cristaldo.blogspot.com/2009/08/nao-entendi-semana-passada-suprema.html

off topic engraçado.

Chesterton disse...

http://www.youtube.com/watch?v=hn7oiBWjZYw&feature=related

1:30, excelente

Mr X disse...

Uma coisa a moral, outra o comportamento de cada um.

Não estou dizendo que a moral não preceda o cristianismo, isso é bastante óbvio. Digamos que a moral nasce da filosofia e da religião.

Mas, pra quem acredita em Deus, é diferente, vem direto da fonte. É assim porque Deus disse, Ele tem um Plano.

...Será?

Edu disse...

"Em nome da ciência pode-se matar? E como... e como se matou em nome do materialismo científico"


Inquisição, Cruzadas, Jihad... does it ring any bell?

Chesterton disse...

nothing compares to 20th century materialism.

Achar que as cruzadas foram apenas guerras religiosas (sem outros interesses por trás) é uma tolice enorme.

Chesterton disse...

Mr X, a religião não se iniciou com o cristianismo. Nem mesmo o monoteísmo.

Iconoclasta disse...

muito bom esse post.

"E cristianismo e socialismo andam de mãos dadas, veja a última encíclica do Papa."

Fabio, vc faz aqui uma confusao basica, aquela q enxerga cristianismo = a catolicismo e seus dogmas.

outra coisa é o seguinte, o cristianismo se desenvolveu sobretudo a partir de outra religiao q ja continha principios de conduta moral e civica (?!), muito mais antiga, q era o judaismo.

qt a importancia do cristianismo na formação, mesmo involuntaria, dos pensamentos e atitudes dos ocidentais a contestação é ingloria.

talvez mais interessante, para tentar observar e imaginar como seria (ou é) o comportamento humano sem uma cultura religiosa, seja recorrer ao extremo oriente onde essa influência, e mesmo de outras religioes deistas, seja periferica, como na China e redondezas...

João disse...

Verdade pura. Antes de JC, ninguém prestava. U-hu

João disse...

Ou, melhor, sem religião, ninguém presta. A religião, qualquer que seja, pro bem ou pro mal, foi inventada por seres humanos, com todos os seus defeitos e qualidades, mas deixa para lá isso. Para que atrapalhar a crença dos crentes?

Anônimo disse...

"Achar que as cruzadas foram apenas guerras religiosas (sem outros interesses por trás) é uma tolice enorme."
Tolice enorme ou falta de caráter mesmo é fingir não saber que elas foram convocadas pela Igreja e justificadas com razões religiosas. Se a Religião não torna boas os religiosos, como tornaria bons os outros?
Daniel B. Sousa

Anônimo disse...

Errata: "não torna boas pessoas os religiosos..."

Edu disse...

Chesterton,

Eu não acho que as cruzadas foram por motivos religiosos. Achar que elas foram puramente por motivos religiosos é o mesmo que achar que os Americanos querem levar civilização e democracia para o Oriente Médio sem nenhum motivo sórdido por trás (seja este motivo petróleo ou puramente combater terrorismo para garantir segurança em casa).
O que eu defendo é que a religião é completamente desnecessária para se definir a moral. Tanto é que houve até Papa, que segundo a igreja é infalível, que teve caso com a filha.
Eu defendo que a moral é uma construção humana e que pode emergir pela filosofia, por exemplo, sem nenhuma necessidade de religião.

Cláudio disse...

Como sempre, este tipo de discussão não leva a nada. Vira Fla x Flu.

Chesterton disse...

Daniel, as cruzadas foram além de religiosas, guerras de saque, de poder político, de reconquista, enfim, reduzir tudo à religião e´, bem...., digamos, uma tolice.
E nada se compara ao século 20.

Chesterton disse...

Edu, a questão não é bem essa. Você admite que existe o bem e o mal? Isto é, o bem e o mal independente de lugar, hora, convenções, opinião pública? Você acredita em princípios ou crê que é tudo relativo?
Quando o autor russo entrou no assunto "Deus não Existe" estava, a meu ver, mais precupado com o relativismo epistemológico do que com a crença ou não na existência Dele.

Edu disse...

Não creio em Deus e creio que os princípios são relativos.

Porém creio que existem princípios básicos que nunca devem mudar, pois deles depende a manutenção da sociedade. Por exemplo, qualquer ato que cause danos irreparáveis em alguém deve ser punido.

Eu penso que a partir do momento que um indivíduo faz parte de uma sociedade, ele deve abrir mão de certas liberdades naturais (como por exemplo poder matar alguém) em troca dos bens que a sociedade podem proporcionar a ele. Aquela coisa de contrato social que todos "assinamos".

DD disse...

"Cristianismo é mais fruto da helenização da Judeia que das ideias um profeta solitário."

- Isso pode ser verdade quanto à "decodificação" da doutrina cristã; a teologia, de fato, precisou recorrer ao pensamento grego e ao "instinto moral" romano para tentar traduzir em normas, para os gentios, as (poucas) ações e palavras do Cristo de que ainda se tinha memória. Mesmo a reivindicação do título "hò Khristós", em detrimento da forma hebraica que nos deu "Messias" e de seu próprio nome de batismo, pode ter algo a ver com a "classicização" de sua figura pelos primeiros cristãos.

Também é preciso mencionar o fato de que a porção helenizada do Império era bastante receptiva a orientalismos de toda sorte. Desde esse ponto de vista, talvez seja possível dizer que a doutrina dos seguidores do Cristo foi o mais bem-sucedido dentre todos os orientalismos. Ao perguntar-se pelas causas de tal sucesso, o mais sensato poderia chegar à conclusão de que era esse o orientalismo mais conforme às tradições greco-romanas, embora a substituição dos deuses pagãos pelo Deus uno-trinitário não tenha sido um processo sem traumas. Além disso, a filosofia já havia preparado o terreno para o Deus único, ainda que fosse essa a concepção de uma elite (platônicos, estoicos, etc.) que não chegava a desautorizar totalmente as crenças populares.

Porém, acho necessário trazer algumas coisas à memória. A Paixão é, se não me engano, o episódio mais longo e detalhado dos quatro Evangelhos. É muito compreensível, de fato, que assim o seja. A Ressurreição posterior pode ser matéria de fé, mas só um louco não compreenderia a impressão causada pelo sacrifício de um homem inofensivo sob as ordens de parte de seu próprio povo, que não aceitava suas "inovações". Mais: as virtudes (ou méritos) do Cristo têm um aspecto universal, sim, mas parecem em notável sintonia com as virtudes dos grandes patriarcas do judaísmo. Com efeito, sua vida foi ilustrada com passagens de vários livros do Antigo Testamento, o que não pode ser um mero efeito estilístico. Se já são raros os seres capazes de praticar o que pregam, os que estão dispostos a morrer por isso são raríssimos. É isso que me parece uma das questões centrais do cristianismo, diante da qual a dívida da Igreja para com Platão ou Aristóteles é um mero dado circunstancial.

Amicus Platus sed magis amica veritas. Lembram-se?

Anônimo disse...

"Daniel, as cruzadas foram além de religiosas, guerras de saque, de poder político, de reconquista, enfim, reduzir tudo à religião e´, bem...., digamos, uma tolice.
E nada se compara ao século 20."
Pois é, exatamente como EU disse (a técnica de repetir o que alguém disse, como se fosse um fato novo, é uma das mais velhas no arsenal dos mentirosos e demagogos), a Igreja não se importou em usar pretextos religiosos para disfarçar seus interesees. Ela não se importou com as mortes e sofrimento dos membros do seu rebanho, para não falar no sofrimento dos maometanos. Engraçado que a religião-alegadamente-faça tanto pela moral dos fiéis e tão pouco pela do Clero. Cegos guiando cegos, diria alguém.
Daniel B. Sousa

DD disse...

A não ser, claro, que você, Fábio, esteja supondo que houvesse um protocristianismo latente, fruto de uma fusão de helenismo e judaísmo, que teria apenas eclodido com os episódios da vida do Cristo. Ainda assim, isso não exclui o sacrifício, nem como fantasia literária. Por que alguém se sacrificaria por isso? Por que alguém inventaria que alguém se sacrificou por isso?

Chesterton disse...

Não creio em Deus e creio que os princípios são relativos.

Porém creio que existem princípios básicos que nunca devem mudar, pois deles depende a manutenção da sociedade. Por exemplo, qualquer ato que cause danos irreparáveis em alguém deve ser punido.

chest- Edu, ou uma coisa , ou outra. Você não pode se desmentir na frase seguinte.

DD disse...

Yo no creo en Dios, pero que Lo hay, Lo hay.

Fabio Marton disse...

DD - existia um ambiente que punha os fariseus tradicionalistas contra saduceus e essênios, que tinham coisas em comum com os greco-romanos. Jesus é mostrado como anti-fariseu, e a própria figura de um pobretão andarilho lembra muito mais os filósofos gregos (como Diógenes de Sínope) que os profetas judaicos (exceto Jó, mas sua pobreza era uma provação).

A profecia no livro de Isaías era de um Messias que seria rei dos judeus e traria paz ao mundo. Não apenas Jesus nunca reinou sobre nada como teve uma morte ignóbil e sucedeu-se a destruição de Israel. Assim sendo, Jesus não cumpriu a profecia - é o que todos os judeus entendem.

A paixão não é original. Existe um paralelo pagão desde o deus egípcio Osíris (reconstruído pela esposa Ísis) e Átis, amante de Cibele (que era nacido de virgem, morria e renascia todo o ano, na época da entrada da primavera - páscoa). Sacerdotes de Átis, por acaso, eram eunucos (não, não tem nada que ver, só ironia do tempo mesmo).

Não acho que Jesus não existiu. Acho que essa questão toda é de como ele acabou interpretado, de um profeta exclusivamente judeu helenista e fracassado para o fundador de uma religião sincrética e nova.

Mr X disse...

Interessante essa idéia do Jesus helenístico, juntando Atenas e Jerusalém. Certamente foi o que ocorreu, ainda que de modo simbólico, e o Ocidente é filho disso dessa junção entre o pensamento dos Gregos e a moral dos Judeus.

Há também quem diga (não eu) que os Romanos é que inventaram o Cristianismo justamente para ferrar com os judeus, devido às recentes revoltas. Não deu de todo certo, pois os judeus ainda estão aí e os romanos não mais, porém, a religião que se expandiu mundialmente foi o cristianismo e não o judaísmo (que, à época, ainda era proselitista).

A outra opção, que não desconto, é que Jesus seja realmente o Filho de Deus.

Aposto com Pascal, por via das dúvidas. ;-)

DD disse...

Mister X e Fábio:

Eu estava redigindo um comentário ao que vocês disseram, mas meu computador anda tão ruim que parei no meio. Volto a falar sobre isso (se lhes interessar) quando puder.

Quanto a essa questão de Atenas e Jerusalém, ela foi muito estudada pelo Leo Strauss, não do ponto de vista religioso, mas cultural. Tenho aqui um artigo que explica em que termos ele a entendia, colocando, além disso, outros "denominadores" na questão: Roma e Meca. Só observo que, nessas questões sobre as matrizes do Ocidente, Roma sempre é eclipsada, em favor dos dois outros polos, mais propriamente originais. Por que será?

Mr X disse...

Acho que é porque Roma, curiosamente, começou imitando os gregos e sua cultura, e, depois, terminou por absorver o mesmo cristianismo (de origem judaico) que perseguia. Roma foi o vetor onde tudo se encontrou, mas, mais copiou do que criou. É isso? Se bem que tem o direito romano, e tantos poetas, e seus feitos militares.

DD disse...

Mister X:

A falta de originalidade de Roma só passou a ser um ponto em seu desfavor com o advento da crítica historicista e romântica. Hegel dizia tratar-se de "algo artificial, violento, sem originalidade". (Eu me pergunto se esses termos não seriam mais adequados à Alemanha seduzida pela utopia pan-germanista...)

Entretanto, a originalidade não é prerrequisito para o sucesso de uma civilização. Você mesmo está vivendo num país tremendamente próspero e exitoso, mas que, do ponto de vista institucional, não inventou praticamente nada. Pelo contrário, se pensarmos nos casos dos romanos e dos árabes, parece-me que foi o caráter sintético desses povos o que lhes garantiu uma influência cultural e política tão duradoura. Até hoje, muitos dos problemas e questões do Velho Mundo ainda trazem a marca das ações desses povos, muito mais que a de outros: as pretensões imperiais da Rússia, tendo em Moscou a nova Constantinopla; a cisão religiosa da Europa Ocidental, praticamente coincidente com as fronteiras do Império; a rejeição violenta dos eslavos do sul aos muçulmanos, que rendeu, modernamente, esse horrível Milosevic; as dificuldades de integração dos persas dentro do mundo muçulmano; as animosidades entre Grécia e Turquia; as consequências visíveis do fracasso da islamização da Índia; e, o caso mais espetacular de todos, o conflito entre Israel e o mundo muçulmano.

A Grécia sempre me pareceu muito visceralmente aristocrática para dar-se a aventuras orientalizantes mais radicais. Com efeito, a helenização foi obra dos macedônicos e, depois, dos romanos. E nem é preciso dizer nada quanto ao caráter ensimesmado dos hebreus. Diante desses fatos todos, qualquer um acharia meio inexplicável a má vontade para com os romanos nos últimos dois ou três séculos. É como se todos fôssemos romanos ingratos. Eu tenho um palpite, aliás, mas guardo-o para mim.

Mr X disse...

Bem, eu pessoalmente não tenho qualquer má vontade com os romanos, e gosto de Ovídio e de Sêneca.

Anônimo disse...

Bom,eu digo o seguinte: em Primeiro lugar antes de pensarem em um Deus único, existiu sempre os Deuses da natureza que sempre foram cultuados pelos povos antigos e ao contrário do que muita gente sem conhecimento diz e pensa, não eram adorados por medo, mas sim por respeito e porque estes próprios Deuses se comunicaram com os humanos em através de sonhos, visões ou por outros meio intuitivos. Portanto digo que tudo que existe tem uma consciência espiritual e isso é óbvio devido ao que eu disse acima ter acontecido certo? eu digo também que se um ateu não me respeita porque não acredita em Deus eu acho que ele também não deveria ser respeitado já que acredita que é apenas um pedaço de carne que anda, fala, come, ri, escreve, faz sexo e etc. Eu pergunto a um ateu: porque você se sentiria ofendido de ler o que escrevi acima se você é segundo sua crença apenas um pedaço de carne ambulante e pensante? de onde vem teus sentimentos tais como: alegria,amor, raiva, ódio, virtude e etc? da carne? da matéria? claro que não, um pedaço de carne morta já não reage mais certo?( o caso das pessoas mortas) se vc xingar elas, bater nelas, cuspir nelas ou fizer qualquer coisa nelas, elas não vão reagir certo? não vão te devolver a agressão certo? então como o ateu pode sentir algo se ele crê que é apenas matéria? a matéria viva e matéria morta tem poucas diferenças, a matéria viva tem o que eu chamaria de energia que a mantém viva sem se decompor, e a matéria morta já não possui esta energia, te pergunto: o que será essa energia? para mim eu chamaria de alma(um ser energético) que a própria ciência já pode provar que é de natureza térmica(por isso um corpo vivo é quente e sem essa energia um corpo morto é frio) e tem peso(busque isso na internet que vc vai achar sobre o peso da alma ok?)e de natureza elétrica(o corpo humano vivo possui eletricidade e isto pode ser captado por eletroldos que podem ser posto no corpo vivo para você verificar isso, já um corpo morto não tem mais essa eletricidade sabia?). Se Deus ou Deuses não existe, eu pergunto aos ateus, porque estão aqui? para viver vidas sem sentido e depois morrer? é uma crença chata e sem sentido não acham? porque vcs acham que as leis punem? porque há um conceito de alma e de espiritual e por isso, aquele que faz mal a outro ser tem de sofrer um pena por isso, caso contrário todos poderiam matar quem quiser e não seriam presos, já que o que morreu(ficou sem energia) é apenas um pedaço de carne certo?(rsss) bom, meu objetivo não é o de converter ninguém pois nem cristão sou e minha religião não busca adeptos e não fica pregando de casa em casa em busca de gente, nela cada um vem pelos seus próprios pés, após analisar os ensinamentos e a pessoa decidir por si mesma se quer seguir esta religião ou não(não nem dizer o nome porque não quero fazer propaganda, mas digo logo que nada tem a ver com as demais religiões ou sistemas esotéricos e etc que existem tá?) e nada tenho contra ateus e nem contra religião nenhuma.Eu só falei isso para que os ateus reflitam a respeito e tenham mesmo certeza se são mesmo ateus, pois sua crença materialista não tem lógica nem sentido racional para ser tal como dizem eles.
Abraço para todos e estou a disposição para dar perguntas e outros dizeres para que ateus e religiosos reflitam e revisem suas crenças.
Abraços
Apollon

rano disse...

-

Deus nao existe .
Mais acalma a sociedade ...
essas coisa confunde muito .

Mais deixa eu fazer uma pergunta pra voces ...

Quando tiver tudo perdido . com uma doença seria ou coisa parecida .
E nao tem onde recorrer ...
voce sabendo que vai morrer

A unica esperença vai ser o que ?

Deus !

31193200 disse...

O problema não está na crença da existência ou não de Deus, pois se existimos é porque algo nos criou. O problema está na NATUREZA do criador. O Universo é INFINITO, portanto, nada pode criar o Infinito, uma vez que nada pode ser maior que ele. Então só nos resta uma alternativa: O próprio Universo é o criador. Mas para isso ele deve ser um CAMPO INFINITO DE ENERGIA (e cada dia se prova isso cientificamente). Uma Energia regida por uma linguagem matemática, logo INTELIGENTE, mas não Consciente, pois não faz sentido a existência de um ser que não conhece sua própria dimensão, já que é infinito (pelo menos, segundo Huberto Rohden esta forma de consciência que conhecemos). Para quem quer se aprofundar neste assunto escrevi o livro O MITO DO DEUS PAI publicado pela Editora Biblioteca 24X7 que discute o Universo Inteligente, senhor de sua própria criação. Entretanto, este não é um livro materialista, pois mostra que somos quantidades ínfimas de energia gerada pela vibração da Inteligência Infinita até adquirimos consciência através das sucessivas reencarnações em corpos materiais até evoluirmos para Seres Superiores (Espíritos de Luz).
Infelizmente, este é um assunto sobre o qual as pessoas se recusam a falar e até a pensar. Elas têm medo, horror mesmo do desconhecido e isso leva ao comodismo de aceitar as explicações burlescas dos religiosos inclusive de que quando se sofre é por que o deus pai gosta muito de nós e está nos pondo a prova para ver nossa o grau de nossa fé. Esta é a desculpa que os religiosos têm par justificar a miséria humana. Como psicanalista em formação posso assegurar que esta é uma atitude de transferência dos nossos pais biológicos que nos protege quando criança para um pai mais poderoso que nos protegerá quando adultos. Esta é a razão pela qual nossos antepassados tomaram os extraterrestres que assomaram em nosso céus como deus e sua comitiva de anjos que vieram trazer justiça à Terra, fazendo prosperar os bons e aniquilando os maus, imagem esta bem retratada nos textos bíblicos e que perdura até hoje, mas o Infinito não pode se reduzir ao finito (aspecto humano). Assemelho esta condição a de um personagem de nossa história (não sei se verdadeira) chamado Diogo Álvares que preso pelos índios inflamou um pouco de aguardente e apontou para o rio. Resultado: o mesmo que os nossos antepassados e ele acabou casando com a filha do cacique.
Pedro Cabral Cavalcanti – pcabralcavalcanti@gmail.com