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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eutanásia ou morte!

Na Inglaterra, dois casos recentes chamam à atenção sobre o problema da eutanásia. Os dois são casos de mães que mataram os próprios filhos.

A primeira mãe matou o filho com doses maciças de heroína comprada na rua, pois estava convencida que ele sofria imensamente após um acidente que causou sérios danos cerebrais. Não houve pedido algum do filho (a reportagem não deixa claro se ele podia mesmo se comunicar). A mãe é que parecia extremamente interessada em livrar-se do filho-problema.

No outro caso, uma mãe também matou a própria filha, mas livrou-se da acusa de assassinato. Aqui parece ter havido um desejo expresso da filha de acabar com a própria vida, ao qual a mãe respondeu com carinho, amor, e injeções de ar para causar embolia.

Por outro lado, a doença da filha - encefalomielite miálgica, também conhecida como "fadiga crônica" - é debilitante, mas raramente mortal. Além disso, o paciente está em plena consciência de suas faculdades.

Digamos que a filha sofresse de depressão - que, como sabe todo aquele que já passou por isso, também pode tornar a vida um inferno. Seria lícito também nesse caso matar um filho deprimido, ou ao menos incentivar o suicídio que ele tanto deseja, em vez de tentar salvá-lo?

Qual a linha que separa a compaixão do egoísmo? E a eutanásia do assassinato?

É curioso que haja hoje tanta ênfase no "direito de morrer". (Eu preferiria que alguém lutasse pelo direito de sermos imortais.) Será isso causado pela crise religiosa do Ocidente?

Afinal, por um lado, a tecnologia médica permite uma vida muito mais longa do que antigamente. Por outro lado, ao menos uma terça parte dessa "vida mais longa" vai ser passada na sofrível velhice. (A fonte da juventude ainda ninguém descobriu).

Somando-se a isso, a crise do cristianismo parece estar gerando o fim de qualquer idéia de que a vida seja "sagrada", de que o destino esteja "nas mãos de Deus". Segundo a narrativa pós-cristã, somos apenas matéria, órgãos, átomos, ou, como a própria Bíblia diz, pó. O importante é curtir a vida enquanto podemos com muito sexo, drogas e roquenrol, e depois, bye bye.

A obsessão com a morte é tanta que o escritor inglês Martin Amis já quer que sejam instaladas "cabines de suicídio" nas esquinas das ruas londrinas, para maior facilidade de velhinhos esclerosados e jovens com problemas mentais.

O Ocidente está em crise, não resta dúvida. Não há maior indicação disso do que a gritante presença de tantos indivíduos que se preocupam mais em morrer do que em viver - ou em dar à luz novas crianças.

Lamentavelmente, depois que o último velhinho europeu morrer e apagar a luz, o continente ainda vai estar repleto de jovens muçulmanos que não vão querer acabar com a própria vida com injeções de morfina em um hospital, mas sim explodindo-se com bombas em um bar ou um supermercado. Ou quem sabe até em um hospital.

sábado, 20 de setembro de 2008

Morte aos velhos


No livro "Diario de la guerra del cerdo", o escritor Bioy Casares imaginava uma sociedade hipotética em que os jovens começavam a matar os velhos.

Pois a Baronesa Warnock, britânica especialista em ética médica (é o que diz o jornal, e devemos sempre acreditar no que dizem os jornais), sugere que os velhinhos com Alzheimer e outras doenças degenerativas têm o "dever de morrer". É isso mesmo: ela disse dever, não direito.

Disse mais: disse que tais pessoas estariam "desperdiçando as vidas dos outros", bem como "os escassos recursos da saúde pública." Portanto, se tais pessoas não podem nem cuidar de si mesmas, deveriam ter a clareza de compreender que são apenas um gasto de tempo e esforço para seus familiares e para os médicos, e, caso não possam cuidar de si mesmas, deveriam ser "abatidas" (put down foi a expressão que ela usou - expressão mais utilizada com cães doentes).

Embora ela afirme que o procedimento seria estritamente voluntário (ninguém seria abatido contra a sua vontade), ao indicar que a saúde financeira do Estado ou a conveniência dos familiares é mais importante do que a vida do cidadão, coloca o velhinho numa sinuca de bico: o próprio ato de querer continuar vivo é um erro, um peso para os outros. Mais: é difícil saber se alguém que sofre de Alzheimer ou outro tipo de doença degenerativa está realmente o bastante lúcido como para saber o que está decidindo.

A mesma especialista, "uma das mais importantes nomes da filosofia moral britânica" (é o jornal que garante!), já havia sugerido anteriormente que os aposentados que não quisessem ser um peso para as suas famílias e para o Estado deveriam poder escolher a morte. (É impressionante como para essas pessoas o Estado é mais importante do que o indivíduo; é quase uma espécie de Deus).

Detalhe: a Baronesa Warnock tem 84 anos. Não consta que queira fazer parte do programa de extinção voluntária.

Mais terríveis do que as idéias da filósofa demente são os comentários abaixo. Embora a grande maioria seja contra, alguns afirmam coisas como esta:

"A compaixão é inútil se não for pragmática. O orçamento da saúde não é infinito. Portanto, escolhas devem ser feitas. Cada 1.000 gastos com um velhinho demente, que provavelmente teve a vida mais longa do que muitos, são 1.000 a menos gastos com crianças doentes".

Ou ainda: "O dinheiro público deveria ser utilizado em investir no futuro das pessoas, não em manter os semi-mortos vivos".

Em nome do pragmatismo e dos recursos limitados da saúde pública, já há gente querendo executar os velhinhos. Eis onde nos leva o "Estado de bem-estar social". E eis aí os perigos da eutanásia. Começa-se com os doentes terminais. Logo passa-se aos velhinhos com Alzheimer. Depois é a vez dos aposentados que o Estado já não pode sustentar. Os paraplégicos. Os portadores de Down. Os ciganos. Os judeus.

Enfim, acho que vocês entendem a idéia.

sábado, 16 de agosto de 2008

Sobre a eutanásia

Tomando como base a notícia linkada no post anterior, eu queria comentar hoje um pouco sobre a questão da eutanásia.

A eutanásia hoje é legal apenas na Holanda, na Bélgica e no estado americano de Oregon, mas existe uma campanha mundial para liberá-la em vários países, inclusive a católica Itália. Filmes como "Mar adentro" e "Million Dolar Baby", entre outros, tocaram o tema marcadamente a favor da eutanásia.

Pessoalmente, assim como no caso do aborto, considero a luta pelo "direito de morrer" algo macabra e deprimente. A eutanásia poderia ser, no melhor dos casos, um mal necessário para alguém que sofre muito, e no pior dos casos, a oportunidade para alguns de livrar-se de familiares inconvenientes, mas transformar isso num direito parece-me realmente bizarro. Até porque é um direito que atinge um número bastante limitado de pessoas, ou seja, aqueles que estão tão imobilizados que são incapazes de se suicidar sem a ajuda de outros. (Outro nome para a eutanásia é "suicídio assistido"). A lei não tem como impedir o suicídio, apenas aqueles que o promovem.

Além disso, outro problema é que a eutanásia traz más lembranças inescapáveis. Os nazistas começaram seu projeto genocida com a eutanásia de velhinhos, doentes terminais e deficientes físicos e mentais (o chamado projeto "Aktion T4"). Em poucos anos estavam colocando milhões de pessoas saudáveis nas câmeras de gás.

No fundo, o problema é que a eutanásia reduz o valor da vida, de direito "sagrado" religioso a mero fator de conveniência pessoal, médica ou dos parentes da vítima. Um tetraplégico lúcido pode decidir se quer morrer ou não. Mas uma garota em coma não pode decidir por si mesma se quer morrer ou não, e seu pai ou guardião é quem deve decidir isso por ela. Começa-se então matando velhinhos, tetraplégicos e mocinhas em coma. Depois disso, passa-se a matar bebês com deficiências genéticas (notem que nos mesmos países em que existem leis regulando a eutanásia também ocorre a eutanásia infantil de centenas de bebês com problemas congênitos).

Mas de fato, o sofrimento em certas doenças pode ser muito grande, e se você não acredita em valores religiosos e/ou na sacralidade da vida, então não parece haver razão lógica para opor-se à eutanásia.

O que vocês acham?


Atualização: Faltou observar que, assim como o aborto, a eutanásia é uma grande oportunidade para certas clínicas faturarem. Uma empresa suiça, Dignitas, já oferece seus servícios de suicídio assistido para doentes ou deficientes físicos e mentais por módicos preços que variam entre os 4 e os 7 mil euros, e agora pretende oferecer o mesmo serviço para as pessoas saudáveis, mas deprimidas.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Se não me matarem, me suicido

Um jovem gravemente doente quis ter seu "direito de morrer" reconhecido pelo governo, e pediu para que seu tratamento médico fosse interrompido. Como seu pedido foi negado, suicidou-se.

Não aconteceu em Portugal, mas na França.