quarta-feira, 23 de junho de 2010

Polícia para quem precisa

Um policial de Seattle teve a má idéia de repreender duas adolescentes negras por atravessarem a rua fora da faixa de segurança. Elas ficaram invocadas com o policial, e partiram para o empurra-empurra. O policial terminou dando um soco na cara de uma das jovens e prendendo a outra, em vídeo polêmico que está circulando por aqui.

Não é a primeira confusão. Em outro vídeo, policiais da mesma cidade são mostrados agredindo um suspeito mexicano. "I'll beat the Mexican piss out of you", diz um. Resultou depois que o suspeito era inocente e foi liberado.  

A polícia é racista? A polícia é do mal? 


Existem poucas instituições tão odiadas pela esquerda quanto a polícia, ao mesmo tempo símbolo e proteção do "sistema". Isso fica bem ilustrado na famosa cena de "Tropa de Elite" em que os estudantes esquerdinhas criticam a polícia. Curiosamente, quando no poder, a esquerda não tem escrúpulos em usar essa mesma polícia para a repressão.   

Evidentemente, a polícia não é de todo confiável, especialmente em países de terceiro mundo, onde é formada por cidadãos de baixa educação, baixo preparo e baixa renda. Por outro lado, ficar à mercê de criminosos é ainda pior. E a tendência esquerdista de criticar a polícia e ter peninha dos criminosos só porque são pobres ou tiveram uma infância difícil ou mamãe não os amou bastante termina gerando apenas mais crime e pavor.

Digamos que eu me encontro em um meio-termo: respeito a lei e não sou maluco de gritar com um policial que me abordar (ver as sensatas regras elaboradas por Chris Rock), mas tampouco vou esperar que sejam a primeira linha de defesa quando eu estiver em perigo. Nesse caso, prefiro chamar o Chuck Norris.

56 comentários:

Harlock disse...

Salve.
A polícia estando certa ou errada é sempre culpada mesmo... ou por "racista" ou por "despreparada" ou até por " falta de consciência de classe" (meu chavão marxista favorito).
No caso das "sistas", se algo há a criticar na ação do policial foi não ter socado logo as duas, ao invés de uma só.
Quanto ao "cucaracha"... sei lá. Conviver com esse povinho sudeca deve ser bem irritante mesmo, o problema foi de graduação no uso que o policial fêz de sua "Liberdade de Expressão".
Como o Chuck Norris não vai dar para todos (êpa!) temos mais é de nos virar com o que temos, que da polícia precisamos todos.
A alternativa seria a Somália...
O problema maior dessa pressão midiática e judicial sobre a Polícia é que se a vai desarmando na ação contra grupos organizados políticamente de "vítimas profissionais", de tipo étnico e comportamental.
Nisso a Europa já está chegando ao requinte de transformar a Polícia em aparelho de repressão política, dirigida contra os "reacionários" que não rezam pela nova cartilha de amor ao multiculturalismo e à divesidade sexual...
http://acidadedosossego.blogspot.com/2010/06/perseguicao-aos-catolicos-em-franca.html

Mr X disse...

É verdade. Na Inglaterra é mais fácil alguém ir preso por "racismo" ou "xenofobia" do que por um roubo ou assassinato. Se o criminoso é imigrante, nem colocam retrato-falado do sujeito "para não ofender a comunidade."

Chesterton disse...

Se eu disser que já fui multado em Seattle por atravessar a rua na faixa de segurança, mas no sinal vermelho, vocês acreditam?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Nenhuma polícia é capaz de conter a ditadura do politicamente correto.

Pablo Vilarnovo disse...

Sobre racismo: imaginem se tivesse sido o técnico francês a chamar o Anelka de fdp sujo...

Augusto Nascimento disse...

A polícia não é do mal nem é racista, alguns policiais certamente são racistas e/ou sádicos. E muitas pessoas em posição de poder querem que as coisas continuem desse jeito. O general Colin Powell, que serviu sob Bush Pai-não exatamente um Hugo Chávez-, escreveu em sua inspiradora autobiografia que a direita do GOP fez tudo a seu alcance para justificar o espancamento de Rodney King. Colin Powell defendia, então, e continou defendendo depois que, mesmo King sendo um arruaceiro, espancar um preso subjugado não só é ilegal como é um ataque direto aos direitos civis dos cidadãos americanos. Investigações posteriores provaram que um dos policiais participantes do espancamento tinha falhado duas horas antes em um teste de uso do cassetete. Falhado contra um objeto estacionário... Ele simplesmente não deveria nem estar nas ruas nem lidar com suspeitos (se fosse negro, mulher ou hispânico, sua presença nas ruas certamente seria atribuída, pelo GOP e filiais do GOP no Terceiro Mundo, às quotas, mas ele era branco, então tudo bem).
Evidentemente, não se pode esperar que a polícia seja melhor que o resto do Estado. Os EUA têm um problema racial que está sempre pronto para se transformar em abuso policial (os exemplos são muitíssimos)ou motins (como os de Los Angeles em 1992, que atingiram os asiáticos, que não tinham nada a ver com a confusão; os de Crown Heights, contra os judeus em 1991; ou os de 2001, em Cincinnati). Os EUA viraram uma URSS onde um grupo (brancos e asiáticos na América, eslavos na URSS) em franca decadência demográfica, vê-se cercada por outros grupos com mais vitalidade e maior taxa de nascimentos (negros e hispânicos na América, muçulmanos na URSS). Pior ainda: uma Iuguslávia, uma confederação de raças, religiões e nacionalidades que se odeiam e estão a caminho de tornar o país inviável. Compare-se o fracasso americano em forjar um só povo com o sucesso maravilhoso do Partido da Ação Popular, do brilhante estadista Lee Kuan Yew-elogiado por Roberto Campos, Galbraith, Krugman, Margaret Thatcher, Tyler Cowen, praticamente por todo mundo que conta-, em transformar indianos, chineses étnicos, europeus, malaios, cristãos, muçulmanos, não-crentes, budistas, hinduístas, taoístas um só povo respeitador da Lei e dos direitos alheios. Violência só é usada quando ela e necessária para deter um suspeito ou quando decidida por sentença judicial (como no caso do adolescente americano que foi- apesar das vis pressões do governo dos americanos, que acham que as leis só valem para os outros- punido com umas boas varadas por vandalismo). Mas o racismo não parece permitir que os americanos aprendam com as experiências bem-sucedidas de povos não-brancos.
Há muito, vimos avisando que liberdade sem limites é licenciosidade, que o verdadeiro conservadorismo é reformador, nunca retrógrado ou religioso, e que apenas um profundo entendimento dos fenômenos sociais (Sociologia)pode habilitar a liderança a fazer escolhas saudáveis e racionais para a população (Sociocracia). Lee Kuan Yew está aposentado e disponível; assim, se quiserem dicas de como administrar um país (e uma polícia), escrevam para ele aos cuidados do Governo de Cingapura.

Rolando disse...

"Há muito, vimos avisando que liberdade sem limites é licenciosidade, que o verdadeiro conservadorismo é reformador, nunca retrógrado ou religioso"

Concordo plenamente com esse trecho do texto. Mas somente esse trecho.

Mr X disse...

Tem uma outra aqui em que a polícia matou um cachorrinho inocente:

http://www.youtube.com/watch?v=Eul8Bohn_Zk

Sobre Cingapura, até que concordo, e daria um post interessante.

Nos EUA, o problema não é só a questão étnica-racial, é o esquerdismo que acaba com qualquer tipo de ordem. Basta colocar um pouco de ordem e vejam como a coisa muda, o grande exemplo é a NY dos anos 70 e a NY de Giuliani. Não quer dizer que as coisas não possam degringolar outra vez.

Klauss disse...

God Bless Chuck Norris!

http://www.chucknorris.com/html/christian.aspx

Bachmaníaco disse...

Sempre é engraçado ver um general desesperado.

http://www.washingtontimes.com/multimedia/audio/06-23-10-americas-morning-news-part-1-june/

Augusto Nascimento disse...

Certamente, a questão racial não é o único problema. Porém, mesmo em Estados francamente racistas e genocidas, não é o único problema (além de perseguir judeus e ciganos, Hitler combatia comunistas, democratas, sindicalistas, pacifistas, falantes do esperanto e, basicamente, todo mundo). Quando um partido do mainstream aceita-como documentado por Powell- a tese do "prendo e arrebento" desde que usada contra as minorias (os dois exemplos do post envolviam minorias), a coisa vai mal, tende a piorar antes de melhorar e, provavelmente, não vai melhorar.
Bem que NYC poderia ser uma cidade-estado e Giuliani poderia, como Lee Kuan Yew, se re-re-re-re-re-re-re...-eleger. Seria bom para o povo de Nova Iorque, seria bom para a América, eria bom para a Humanidade.
Imagino que a crise econômica da cidade durante o governo Ford (resultando na famosa manchete do "Drop Dead") também teve sua influência na degringolada pré-Giuliani. Não é fácil manter um serviço público decente ou um ambiente harmonioso quando o governo gastador está sem fundos e precisa saquear os fundos de pensão dos seus funcionários (como denunciado por Drucker em sua obra clássica "A Revolução Invisível, como o Socialismo Fundo de Pensão invadiu os Estados Unidos", que ainda se pode ler com proveito e prazer). Por isso entre outras considerações, Júlio de Castilhos, inspirado na sabedoria de Comte, buscava um orçamento equilibrado e defendia que o papel principal do Legislativo fosse votar o Orçamento.
Nem os esquerdistas americanos, nihilistas, desconstrucionistas e irracionais-ora, estou me repetindo-, nem os direitistas americanos, Tea Partiers demagogos e republicanos defensores do Corporate Welfare e do fundamentalismo religioso,- conhecem as soluções. E é necessário "saber para prever, a fim de prover". A América precisa de reformas racionais e ousadas, seguindo o sábio princípio positivista de "Conservar, me- lhorando"

Bachmaníaco disse...

Olha só que engraçado, o commander in chief fez uma coisa que finalmente teve a aprovação de conservadores e liberais.

http://www.washingtontimes.com/

"Obama accepts McChrystal's resignation

President Obama fired Gen. Stanley McChrystal as commander of U.S. forces in Afghanistan and replaced him with Gen. David Petraeus on Wednesday after the general disparaged administration officials in a magazine interview..."

e

http://www.washingtontimes.com/news/2010/jun/22/could-mcchrystal-face-court-martial/

"Could McChrystal face a court-martial?

...a close reading of military law suggests that an even more drastic remedy is theoretically available to Gen. McChrystal's superiors to punish him for denigrating senior members of the administration in interviews with Rolling Stone magazine — court-martial.

Section 88 of the Uniform Military Code of Justice says that any officer who uses "contemptuous words" against the president, vice president, Congress, the Secretary of Defense, or certain other officials "shall be punished as a court-martial directs."

Não adiantou nem mesmo o General implorar pelo amor de Deus...

Bachmaníaco disse...

Amanhã o rádio vai pegar fogo...

Augusto Nascimento disse...

Pois eu acho que os "conservadores" adoram ver Obama afrontado por militares (lembram quando Glenn Beck dizia que o presidente deveria se submeter aos generais?). Assim como se faziam de ultrajados quando estrangeiros e esquerdistas passavam dos limites criticando Bush (eles fazem o mesmo com Obama e incitam estrangeiros a fazê-lo) e fingem, agora, estar horrorizados com os gastos absurdos de Obama, mas achavam normal quando Bush queimava dinheiro e ajudava seus "cronies", eles provavelmente acham natural que um presidente do qual não gostam seja atacado por um oficial ambicioso, versão ianque dos nosso generais de quartelada.

Bachmaníaco disse...

Olha, eu só acompanho um pouco da mídia americana porque a política deles é insanamente cômica, muito mais engraçada que a nossa; congressista democrata que sempre se passou por veterano do Vietnan sem nunca ter posto os pés lá, políticos republicanos pegos em boate de striptease de lésbicas (e olha que pagaram com dinheiro do partido), doidos democratas, republicanos e independentes. Freak Show.

Harlock disse...

Salve.
Quanto ao tal espancamento do Rodney King:
Tomemos um puta de um negã... ops... digo, um cara parrudo com quase dois metros de altura, cheio de cocaína até a tampa e possuído da idéia de jerico de resistir à uma abordagem policial no braço, o que se sugeriria? Que os policiais evitassem a "reação desproporcional" e fizessem fila para apanhar?
O tal de King estava chapado ao ponto de estar anestesiado, na falta de reforço policial imediato só com muita pancada para alguém nessas condições ser conduzido à racionalidade ou, no caso em questão, à inconsciência, o que deve quase de dar na mesma.
Bola fora do General Powel, outrossim tomemos por divisa as palavras de nosso bravo marechal Rondon:
Matar se preciso fôr, morrer nunca, nem pelo cacête!

Augusto Nascimento disse...

Respeitosamente, discordo.
Interessante citar Rondon-aliás, um positivista ortodoxo-, e seu lema nesse contexto. Certa vez, uma flecha índia atingiu a correia de couro de sua espingarda-não fosse isso, teria atingido seu peito. Sua primeira atitude? Impedir que os esquentadinhos de plantão atacassem os índios assustados pelo avanço do homem branco, e provocassem um massacre. Diante do perigo de verdade, ele decidiu não usar de violência excessiva. Em 1924, diante da perspectiva de ter que guerrear contra irmãos brasileiros, pensara em deixar o Exército; Rondon é nomeado chefe das forças legalistas: no exercício de suas funções, usa a força da forma mais comedida possível tendo em vista as circunstâncias. Nisso segue o exemplo do grande Gomes Carneiro, um de seus inspiradores, citado, aliás, por Lima Barreto em Triste Fim de Policarpo Quaresma, como exemplo raro de oficial legalista corajoso e decente durante a rebelião contra Floriano. Durante a Revolução de 30, já herói nacional, prefere ser preso a aceitar participar do golpe getulista.
Vejamos agora a ação policial, não diante de bravos guerreiros defendendo seu solo sagrado, não diante de soldados profissionais rebelados, mas diante de um suspeito de um crime não-violento, desarmado, sozinho (os acompanhantes dele tinham se rendido pacificamente), cercado por no mínimo 7 agentes da Lei e um helicóptero, e bêbado (o exame de sangue e o de urina algumas horas depois não encontrou nenhuma droga além de maconha e álcool). Um dos policiais tinha fracassado em um teste do uso de bastão duas horas antes: evidentemente ninguém ousará dizer que ele não deveria usar um cassetete, pois ele é branco, homem e-imagino- heterossexual, qualificações mais que necessárias para ser policial: o resto é luxo.
É preciso ter muita imaginação para acreditar que um homem sozinho e desarmado, era ameaça para uma dupla de patrulheiros de estrada e pelo menos 5 policiais. É preciso ter muita imaginação para achar que pelo menos 5 policiais armados com bastões de aço precisavam fazer uso de tasers, quase 60 cacetadas, vários chutes só para subjugar um suspeito. É preciso, ao ver o vídeo, ter muita imaginação para pensar que a opção para aquele show de selvageria fosse deixar King surrar uma fila de policiais. Não é preciso ter nenhuma imaginação para antecipar como os "conservadores" reagiriam a um suspeito branco sendo espancado por um bando de policiais negros ou hispânicos depois de subjugado.
Quanto ao general, a reclamação específica dele era que o rascunho do discurso de Bush sobre o motim falava sobre a necessidade de restabelecimento da ordem, mas não falava nada sobre a justa revolta (manifestada por meios criminosos, diga-se logo) contra uma evidente violação dos mais básicos direitos do cidadão. O discurso lido por Bush sofreu influências das opiniões de Powell e por isso tratou tanto da necessidade de restabelecer a ordem quanto da necessidade de evitar e punir a violência excessiva. Creia-me, dói fazer esse tipo de crítica a policiais em especial (não há como não respeitar essa profissão honrosa, difícil e essencial) e às autoridades constituídas de modo geral ou defender os direitos de King (como diria Comte, o único direito que temos é o de cumprir nossos deveres; King certamente não cumpria os dele), mas o abuso das autoridades quando deixado impune tenta as autoridades a cometer abusos ainda maiores, vitimando os inocentes e os indefesos. Foi contra esse tipo de abuso das autoridades (o uso da "Guarda Negra" contra disidentes políticos no Império, por exemplo) que nossos antepessados se rebelaram e fizeram a Revolução.

Chesterton disse...

Augusto, me mate a curiosidade. Você é ateu?

Harlock disse...

Salve.
Então tá...
Corrigindo:
Chapado de álcool e maconha.
Felizmente não houve a necessidade de mais "truculência" por parte das autoridades de LA para reprimir a arruaça. Nem discursos.
Bastou que, uma vez saquedo o comércio e depredados os serviços públicos de seus bairros (Thomas Sowell já escreveu coisas interessantes sobre o peso desse tipo de protesto violento sobre os negócios locais e a decorrente estagnação econômica das comunidades negras) os afro-americanos fôssem se meter a exercer seu "legítimo$pacífico" protesto nas ruas dos imigrantes orientais para comerem muito chumbo.
Aqueles malvados coreanos e vietinamitas... se fôssem "do bem" estariam em suas terras natais, construindo o Socialismo... não estavam nem aí para os formadores de opinião, nem para os políticos e muito menos com os "ativistas" portarem apenas inocentes coquetéis molotov e pacíficos tacos de beisebol e barras de ferro.
Na defesa de seus familiares e seus bens, mandaram bala et comoedia finita.
Engraçado, sempre pensei que os "fundingue paters" da nossa república tivessem agido movidos mais por nâo aceitarem a idéia de uma mulher no Trono, ainda mais sendo católica convicta... coisa altamente ofensiva para maçons e positivistas... e casada com um estrangeiro, do que por outra coisa.
Se bem que, no caso do Marechal Deodoro, parece que havia bronca antiga com o Visconde de Ouro Preto e com rabo-de-saia no meio.

Bachmaníaco disse...

Os conservadores querem mesmo ser levados a sério?

http://www.washingtontimes.com/multimedia/audio/kuhner-show-june-23-part-1/

Augusto Nascimento disse...

Chesterton,
Agnóstico, mas tendendo ao ateísmo. Nunca tive nenhuma razão para não concordar com Comte em sua afirmação de que o Mundo é regido por leis naturais (nem todas ainda descobertas), não pela vontade de seres sobrenaturais.
Harlock,
Como eu mesmo escrevi, o ódio racial naqueles dias vitimou os asiáticos. Antes, tinha vitimado um cidadão negro sob a custódia da polícia. Vitima, aliás, continuamente cidadãos negros e hispânicos sem que os autoproclamados defensores da Constituição contra as forças do Socialismo se importem. Não justifico-chamei de criminosos- os motins, o general Powell também não justificava, mas para ser sincero não sei o que uma minoria sitiada pode fazer depois que um seu membro é espancado brutualmente por agentes do Estado, que são, depois, gloriosamente, inocentados pelo júri. Esperar o próximo caso? E o próximo? Por menos que isso, um bando de patriotas jogou chá no mar em Boston. Não deixa de ser interessante que Deodoro em sua carta à Regente (é, a católica convicta) tente convencê-la de que o Exército não era capitão-do-mato e não deveria ser usado contra escravos que pacificamente tentavam escapar da Escravidão. Aparentemente, os "conservadores" desde então não esqueceram nada e não aprenderam nada: quer pacíficos, quer não, a receita da Ordem continua sendo chicote nos negros. Por falar nisso, o Brasil era oficialmente católico ("Amai-vos uns aos outros etc.") nesses tempos. É incrível o que a política faz com a religião. Sou de opinião que, quando o chefe de Estado vai fazer um discurso sobre um motim, deve, em benefício dos que não se amotinaram por respeito à Lei, mas estão tão enojados quanto os que o fizeram, se referir às causas dos motins. Lee Kuan Yew nunca teria tolerado uma política racista como a adotada pela polícia de Los Angeles. Em resumo: asiáticos, brancos, negros e a integridade da América estariam mais seguros se a polícia se restringisse a seu papel original de não espancar cidadãos sob a sua guarda.
Os não-católicos são malvados, né? Aliás, no capítulo das maravilhas do Império, acrescentemos o Catolicismo como religião oficial, a proibição de prática do não-catolicismo em edifícios com aspecto exterior de templo e a intromissão do Estado em assuntos de consciência. Realmente, a muitos brasileiros não agradava a ideia de uma rainha submissa à Igreja, o que é motivo para oposição legítima (difícil ter certeza com relação aos maçons devido à natureza secreta ou pelo menos discreta de seu "membership", mas muitos não-positivistas e muitos católicos não queriam uma rainha ultramontana no Trono; pode parecer bobagem, mas o Brasil não era uma fazenda que Sua Majestade pudesse legar à filha a despeito dos sentimentos dos habitantes do lugar). Medeiros e Albuquerque, um não-positivista e futuro membro fundador da Academia, escreveu "Maldita sejas tu, futura Imperatriz". O Conde era francamente desprezado. Isso talvez fosse uma injustiça para com um bravo do Paraguai, mas era assim. Novamente, é ridículo pretender governar um país sem prestar atenção às aspirações do nativos.

Augusto Nascimento disse...

Mesmo pessoas que respeitavam D. Pedro II não queriam que Isabel se tornase rainha (o próprio Deodoro falava em se esperar a morte do Imperador para se fazer a República), um político monarquista disse ao Imperador que o reinado de Isabel não era mais desse mundo. Nossos imperadores podiam achar que eram imperadores "por graça de Deus e unânime aclamação dos Povos", mas os brasileiros-muitos deles católicos- tinham ideias muito diferentes sobre a graça de Deus e a opinião dos povos. Aliás, Ruy Barbosa recusou-se a fazer parte do detestado Gabinete Ouro Preto porque não aceitava o programa de traição nacional dos sucessivos gabinetes do Império. A sua ideia, por outro lado, de "católica convicta" me surpreende. Qual a diferença entre uma católica convicta e uma não tão convicta? Como isso influi em assuntos de governo? Será que um católico como Torquemada é mais convicto que um como o Cristo, recomendando que se ofereça a outra face e pedindo que seus algozes fossem perdoados? Qual desses Catolicismos seria o do Império em que civis (maioria de não-positivistas)em reuniões políticas pacíficas podiam ser trucidados pela Guarda Negra sob as ordens da Coroa? Eis, no terreno político, a convicção religiosa da Regente. O Brasil não precisava e não precisa de uma Bloody Mary. Em que possa ter pesado o preconceito (falando em preconceitos, Isabel faz com que um filho que decidira se casar com uma mulher de nobreza menor) contra uma mulher no trono ou um estrangeiro como consorte, havia, no final do Império, um Rei respeitado, mas doente, uma princesa desprezada por boa parte dos intelectuais e, em cujo nome se cometiam barbaridades conta os dissidentes, um consorte francamente antipatizado pelo Povo e várias divergências políticas e intelectuais legítimas entre os atores políticos. Se preconceitos positivistas sozinhos tivessem o dom de derrubar o Regime, a Abolição teria vindo antes-como queriam os positivistas-, a República teria vindo antes-como queriam os positivistas- e a República teria vindo sem concessões às oligarquias estaduais formadas no Império. Quanto aos maçons e conspirações para derrubar regimes, quantos Founding Fathers não eram maçons? Acho que a bronca de Deodoro era com o sucessor indicado de Ouro Preto, seu suposto rival no amor e na política no Sul, Silveira Martins. Mas repare-se que, antes da nomeação de Martins, a mocidade militar havia saudado o sucesso da revolta aos gritos de "Viva a República", praticamente selando o destino da Monarquia, líderes civis não-positivistas como Ruy Barbosa, Campos Sales e Aristides Lobo já tinham garantido seu apoio à derrubada do Império (Deodoro e Floriano tinham, segundo Medeiros, já se comprometido com uma rebelião republicana para o dia 10 de novembro que acabara adiada), a República foi confirmada em ato solene civil na Câmara dos Vereadores, etc. João Alfredo disse que a Abolição (votadas por um parlamento censitário e controlado pela Coroa) se fez porque a Nação assim o quis, podemos dizer que a República se fez porque a Nação assim o quis.

Gunnar disse...

X, pelo que li sobre o incidente, não foram as moças que atravessaram fora da faixa.

Elas apenas se meteram na confusão e acabaram repreendidas por obstruir o trabalho da polícia.

Chesterton disse...

Augusto Nascimento, você é autoritário?

Augusto Nascimento disse...

Depende da definição de autoritário. O que um homem acha autoritário outro homem acha procedimento normal. Além disso, em que esfera? Política, educação, relações pessoais?

Chesterton disse...

você é cientificista, isto é, crê que a ciência seja o único norte de uma sociedade?

Gostaria tb de sua opinião sobre esse artigo

http://contardocalligaris.blogspot.com/2010/06/os-adolescentes-que-merecemos.html

Augusto Nascimento disse...

Depende do que se entende por "ciência": existem as ciências sociais, Comte inventou a Sociologia... Além disso, mesmo fora dos afazeres científicos, o método científico é um ótimo árbitro do valor das nossas ideias e ações. Geralmente, as pessoas que reclamam do "cientificismo" estão tentando nos vender uma superstição política, religiosa ou moral. Dito tudo isso, acho que a ciência (tal como costuma ser entendido o termo) pode nos fornecer os intrumentos para realizarmos nossos ideais, mas não pode nos indicar quais ideais são dignos de realização.
Minha opinião sobre o artigo? Acho mal-escrito, especialmente levando-se em conta que houve épocas em que se comprava um jornal e lia-se Bilac, Machado, Lima Barreto, José do Patrocínio ou Ruy Barbosa. Quanto às ideias? Opiniões diferentes quanto a diferentes aspectos da argumentação. Ele está certo quanto ao perigo de carros dirigidos por adolescentes sonolentos, imagino que mais jovens morram assim do que em veleiros no Oceano Índico. Acho que ele cria um dilema falso entre baladas movidas a drogas e velejar no Índico (os meus pais, pelo menos, não permitiam nenhuma das duas coisas; se eu tivesse desobedecido, fugir para o Índico ou para a Legião Estrangeira teria sido minha única opção). Acho que há meios melhores de incentivar as belas qualidades que a garota demonstra ter (Comte defendia um programa educacional que enfatizasse não só o desenvolvimento intelectual mas também o desenvolvimento das qualidades morais) em terra firme. La Pérouse combatia aos 17 anos? Farragut se alistou aos 10, participou da guerra aos 12, assumiu o comando de seu primeiro navio aos 12, foi capturado aos 14. Vamos transformar a Marinha de Guerra em uma versão flutuante da Cruzada das Crianças? Concordo com a garota quando ela diz que a idade dela não tornava as ondas maiores, apenas acrescento que, se o perigo teria sido praticamente igual para ela ou para um adulto sozinho, no caso dela, alguém precisava autorizar. Certa ou errada, a sociedade acredita hoje-como acreditou sempre- que certas decisões e atividades não são da alçada de menores (o Código Penal de 1940 estabelcia maioridade aos 21 anos; ainda hoje menores de 14 são incapazes de legalmente consentir na prática de sexo, etc). As críticas aos pais da garota vão por essa lógica, sendo tão sensatas, respeitáveis e dignas de atenção quanto as considerações do autor, quer ele entenda isso ou não. Resumindo: se dependesse de mim, a garota teria ficado em terra firme (o pai, a mãe, a avó e o resto da Humanidade também); não acho que deixar uma garota quase adulta se ariscar em alto-mar seja o fim do mundo, mas é uma escolha arriscada e bem questionável (o risco da garota perder a vida não me parece compensado pela satisfação e formação conseguidas no mar); não é necessário colocar os filhos em uma jangada para dar-lhes uma boa formação moral(interessantemente, ele não nos diz o que ele entende por "desbravar o mundo" na adolescência além de afrontar a ira de Netuno: já se disse dos soldados ingleses, na Guerra Revolucionária Americana, que, longe do mar não valiam grande coisa, a filosofia educacional do autor poderia muito bem ser um pouquinho mais anfíbia, talvez).
Se me permite perguntar, por que uma opinião sobre esse texto em particular?

Chesterton disse...

Porque a discussão sobre ea extensão da infancia foi motivo de disputa.
Me diz outra coisa. Voc~e acha que existe verdade absoluta, ou acha que a verdade é aquilo que um grupo decide que é?

Chesterton disse...

O que você acha daqueles filósofos que classificam Marx, Engels e Fauerbach entre os positivistas alemães, enquanto o francês seria Conte?

Augusto Nascimento disse...

1) Ah, sim, mas nesse caso, acho que o senhor aplica o mesmo falso dilema do autor: entre a extensão da infância e colocar um menor em uma jangada para dar a volta ao Mundo. A Sociedade submete os menores a seus pais na esperança de que estes sejam mais sensatos do que aqueles.
2) É, na verdade, uma questão de nomenclatura bem interessante. O próprio termo "positivismo" (o Houaiss apresenta dezessete significados para a palavra "positivo", Comte em sua época citava pelo menos sete relevantes)pode designar desde uma simples visão empírica do mundo até escolas filosóficas como a de Comte ou a dos "positivistas lógicos". Depende de quais características usamos para fazer a classificação (água e gasolina são líquidos, gasolina e urânio são combustiveis, urânio e dinamite são produtos de uso estritamente controlado, dinamite e penicilina são criações de europeus, etc.) Marx e os outros podem ser considerados positivistas por causa de sua reação ao idealismo (no caso, o idealismo alemão). Evidentemente, há alguns traços em comum entre eles e Comte: a visão de Mundo empírica, a crença na existência de leis naturais que governam o desenvolvimento das sociedades humanas ("luta de classes" em Marx", a "lei dos três estados" em Comte),a vontade de reformar o Estado e torná-lo mais adequado às necessidades modernas. Repare, entretanto, que, embora Marx e Comte aleguem ter estudado cientificamente as leis naturais da sociedade (Comte inventou a Sociologia), eles chegaram a conclusões muito diferentes (Comte escreveu que o positivismo era um antídoto contra os efeitos nocivos do socialismo no Proletariado, Marx desprezava Comte). Como Comte chamou sua filosofia de "Positivismo", nesse sentido Marx e os outros não são "positivistas", isto é, não são seguidores de Comte. Por outro lado, imagino que deva haver quem diga o contrário: Comte é um socialista "utópico" que ditou regras minuciosas de comportamento com o objetivo de fortalecer a solidariedade humana e criar uma ordem social mais justa e racional (aliás, Comte foi secretário do famoso socialista utópico Saint-Simon). Como eu disse, depende de que característica usamos para agrupar os objetos. Há um caso análogo, aliás. Nem toda pessoa que acredita na existência de espíritos e em sua comunicação com os vivos é o que nos acostumamos a chamar de espíritas (seguidores das ideias codificadas por Kardec-supostamente transmitidas a ele por espíritos puros-, crentes no Deus cristão, seguidores da Bíblia, que acreditam na reencarnação). Pode-se perfeitamente acreditar na existência de espíritos sem se acreditar na reencarnação, pode-se perfeitamente acreditar em ambos sem se acreditar no Deus cristão (outra coisa não fazem os membros das religiões reencarnacionistas orientais), pode-se perfeitamente acreditar em um "mundo espiritual" e se rejeitar praticamente todas as doutrinas religiosas transmitidas pelos "espíritos adiantados" de Kardec. Embora a crnça em espíritos seja um ponto comum relevante, há espaço para muitas divergências a ponto de um "kardecista" poder se sentir mais à vontade com seus camaradas "cristãos" não-reencarnacionistas do que com reencarnacionistas hindus defensores do politeísmo e das castas, por exemplo. Podemos recorrer a expressões como espiritualismo, mas mesmo isso não é o bastante para contemplar as distinções necessárias. Resumindo: se por "positivistas" entendemos indivíduos dedicados a uma visão empírica do Mundo, Marx e os outros eram positivistas. Se entendemos "positivistas" por seguidores de Comte, não, não eram. Há semelhanças e diferenças relevantes, a resposta depende de estarmos focando, no momento, as primeiras ou as segundas.

Chesterton disse...

Muito bem. Existe verdade absoluta ou a verdade é aquilo que um grupo decide que é?

Augusto Nascimento disse...

Existe uma verdade absoluta, mas a conhecemos através de nossos sentidos e intelectos imperfeitos, circunscritos a um ângulo imposto pelas cicunstâncias, logo não a conhecemos totalmente (como os cegos da parábola "Os cegos e o elefante"), embora possamos conhecer muito. Um homem dirá que o dia está frio, outro dirá que está quente. Procurar a "verdade absoluta" nesse caso não é muito diferente das polêmicas (e guerras civis) dos liliputianos para decidir como os ovos devem ser quebrados, uma hábil paródia, feita por Swift, das lutas pelo poder na Inglaterra entre católicos e anglicanos, ambos grupos devidamente dotados de "verdades absolutas", além do mesmo livro sagrado. O que podemos dizer-eis a verdade absoluta- é se o dia é mais quente que o habitual para a época do ano e o lugar, se a umidade do ar e o vento estão fazendo a sensação térmica ser muito diferente da temperatura real, etc. Imagino que a multiplicação de "verdades absolutas" concorrentes e beligerantes (bilhantemente eilustrada em A Relíquia, de Eça de Queirós, na parte que trata da peregrinação do narrador-prota-gonista pela Terra Santa) tenha feito tanto para desmoralizar a ideia de verdade absoluta quanto o tão atacado relativismo (como aponta Machado em uma de suas crônicas, os relógios-uma autoridade em tempo- não servem para nada se não marcam a mesma hora. Resumindo: "Yes, Virginia, there is an Absolute Truth", mas infelizmente não concordamos sempre quanto a ela.

Chesterton disse...

você se reconhece um engenheiro social?

Augusto Nascimento disse...

Em primeiro lugar, as famosas acusações de "engenharia social" costumam disfarçar a crença de "o que eu penso é natural e correto, o que os que discordam de mim pensam é fruto de uma conspiração quando não de má-fé pura e simples" e são frequentemente manobras diversionistas. Os nossos amigos cristãos, por exemplo, sempre tão dispostos a denunciar a engenharia comportamental, deveriam se perguntar se a ameaça do Inferno, o catecismo em uma idade influenciável, a interferência papal em assuntos seculares ao longo dos séculos, a proibição do paganismo, as restrições aos judeus, a perseguição de dissidentes (Hipácia de Alexandria, matemática da Antiguidade, por exemplo, foi despida, arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja, torturada e queimada viva por uma turba de cristãos) e a destruição de obras contrárias ao Cristianismo não eram um tipo de, como é mesmo o nome?, engenharia social. Para não falar no Index, no Catolicismo como religião oficial e no longo e pecaminoso concubinato de Igreja e Estado. Não constando que essas pessoas achem injusto esse tipo de "engenharia social" ou desgostem de seus resultados, as reclamações parecem um pouco choro de um perdedor que foi derrotado por alguém que maneja suas próprias armas melhor do que ele mesmo (no caso, os esquerdistas). Aparentemente, a "engenharia comportamental" substituiu o diabo como explicação preferida para o inexplicado e o-para essas pessoas- exasperante (o Estado não deixa mais que linchem homossexuais, surrem mulheres, metam o chicote nos negros e que a Igreja mergulhe suas mãos no Erário? É a engenharia social, é a engenharia social,corram para as montanhas, corram para as montanhas!). Basta ver que o MSM publicou um texto associando a suposta popularidade atual dos vampiros-sério mesmo, esse pessoal nunca tinha ouvido falar em Béla Lugosi?-com os impostos e gastos absurdos dos governos esquerdistas. Tudo bem, mas onde esse pessoal estava quando os fundamentalistas de Bush faziam gastos quase tão absurdos quanto (sem a desculpa keynesiana de uma crise), sugavam impostos e empréstimos e os direcionavam para seus cronies, que por sua vez protagonizavam escândalos como o da Enron, para citar só um? Isso é engenharia social ou é só falta de vergonha na cara mesmo? Nancy Pelosi parece um vampiro(OK, um pouco,um pouco)? Com quem Dick Cheney se parece? Ao contrário do que parecem pensar, a "engenharia social"-quer a chamemos por esse nome, quer não- não foi inventada para chatear papa-hóstias, ela existe desde que surgiram sistemas de propaganda e repressão a serviço dos poderosos: o papa é infalível em assuntos de doutrina, os reis absolutos da Europa e o faraó possuíam certos poderes mágicos, concedidos por deus/pelos deuses, o Imperador do Japão tem/tinha origem divina, o sistema público de educação americano, tal como o conhecemos hoje, tinha como um de seus principais objetivos neutralizar o suposto risco representado pelas massas de imigrantes católicos da Europa, supostamente contaminadas pelo anarquismo e pelo comunismo, ao protestantismo e ao sistema capitalista americano. Qualquer sistema vigente pode ser acusado de usar "engenharia social" para se perpetuar.

Augusto Nascimento disse...

Feita essa introdução, acredito no valor de medidas educacionais e não-coercitivas para se moldar cidadãos adequados (Walden Two, obra de Skinner, é um livro magnífico, deveria ser mais lido nas escolas de educadores). Comte defendia a liberdade de ensino, seu argumento era o de que as pessoas prefeririam livremente o ensino positivista porque elas amam seus filhos e querem o melhor para eles (compare-se essa abordagem laissez-faire com o que escreveram certos teóricos do ensino público na democrática América sobre a necessidade uma educação estatal obrigatória). Não sou um "engenheiro social" porque não pratico esse tipo de atividade (do mesmo jeito que se pode simpatizar com os esforços da medicina contra as enfermidades sem se ser um médico), mas acho que, desde que não se use desnecessariamente de violência nem se viole a liberdade de consciência dos indivíduos, a engenharia comportamental pode ser um instrumento usado para o bem, para cortar as amarras que nos prendem a um passado de trevas. Como muito bem escreveu Orwell: "Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado". A engenharia comportal nos dá a oportunidade de criar um futuro à imagem e semelhança de nossas mais altas aspirações.

Chesterton disse...

Bastava responder sim.
Você acredita que individuo tenha um fim social, ou melhor, que a melhor coisa que pode fazer é servir à política econômica?

Rolando disse...

Em geral, quem já me conhece dos comentários sabe que eu evito brigar com os outros. Prefiro discutir às ideias e não vejo razão de discutir com "retards". Às vezes não consigo e baixo o nível; já melhorei muito.
Mas uma coisa eu digo:

Augusto, cria teu blog e não enchas o saco escrevendo esses tijolões.

Gente prolixa costuma ser gente obcecada e com estreiteza de pensamento. Exemplo: Eduardo Suplicy.

Augusto Nascimento disse...

Acho que só "sim" não teria sido uma resposta apropriada porque chamar de "engenheiro social" alguém que aprova a engenharia social é como chamar de médico qualquer paciente da fila do SUS.
Acredito que seres humanos têm fim social, mas não podem ser legalmente obrigados a concordar quanto a este fim ou reconhecer sua existência. Liberdade de consciência sempre. Excetuando-se certos comportamentos antissociais determinadas situações de crise, o comportamento das pessoas não é assunto das autoridades seculares.

Augusto Nascimento disse...

Suplicy talvez seja mais lento do que propriamente prolixo. Teríamos que contar as palavras. Suplicy é a pessoa mais obcecada e de pensamento mais estreito na vida pública nacional? Ele entra no seu "10 mais"? Se você tivesse dito que gente prolixa costuma nascer em São Paulo, seu exemplo também "provaria" o que você quer.

Chesterton disse...

Augusto, você acredita que o homem tenha livre arbítrio?

Augusto Nascimento disse...

Hoje, estamos filosóficos, não estamos?
Ressalvando-se que o tal livre-arbítrio não é totalmente livre, sim, o homem tem livre-arbítrio. A mulher também.

Chesterton disse...

você é um déspota semi-esclarecido.

Augusto Nascimento disse...

Será? Não é como se o resto da Humanidade tivesse estabelecido padrões muito altos nessas questões. Vejamos. Eu sou rigorosamente contra gastar o dinheiro que as gerações futuras ainda nem ganharam em guerras de conquista, Corporate Welfare e populismo. Sou a favor do mais rigoroso respeito à liberdade de consciência. Sou a favor, como era Teixeira Mendes- o preclaro idealizador da nossa "sagrada bandeira" brasileira, "pavilhão da justiça e do amor", segundo a bela letra de Bilac-, "do mais vasto sistema de liberdades públicas a que jamais se possa aspirar". E, diferente de certos famosos "progressistas" e certos "conservadores" não menos famosos, continuo acreditando nesses princípios não importa quem esteja no poder.

Chesterton disse...

você faz parte da igreja posivista, ou concorda com igrejas não religiosas?

Augusto Nascimento disse...

Não sou mebro da Igreja Positivista (como eu disse, ela foi fundada quase duas década em meia depois da morte de Comte, e não tem a patente do positivismo) nem de nenhuma igreja, religiosa ou não. Creio na obra genial de Augusto Comte, reservando-me o direito de discordar de algumas de suas proposições e algumas das interpretações que alguns de seus autoproclamados discípulos fazem.

Chesterton disse...

você é kardecista?

Augusto Nascimento disse...

Não, não sou. Sou agnóstico, tendendo ao ateísmo. Não acredito na sobrevivência da alma ou na existência dela. Alguma razão especial para a pergunta?

Chesterton disse...

curiosidade.

Augusto Nascimento disse...

Por que "kardecista" em vez de quacre, unitarista, budista, sei lá?

Rolando disse...

conheço gente que repete esses tijolões, sem ao certo saber acrescentar o seu raciocínio, a sua própria intervenção. O exposição é apenas uma grande colagem, sem conteúdo.

Isso acomete a muitos. Embora de algumas ideologias mais que outras, não há exceções. Existem mais casos assim entre paulistas que acreanos. Até porque são 40 milhões em relação a 680 mil.

Prolixo não tem jeito. Não conseguie nem responder com objetivade.

Rolando disse...

(corrigindo)
não consegue nem responder com objetividade.

Augusto Nascimento disse...

Mas há mais casos de gente prolixa entre os paulistas do que entre os obcecados. A não ser que você ache que há mais de 40 milhões de obcecados no país. Para cada obcecado prolixo, deve haver dezenas de obcecados não-prolixos. Se todos comunistas cubanos dicursassem tanto quanto Fidel Castro, o país só bateria papo e não sobraria tempo para mandar soldados a Angola, fuzilar os "contra-revolucionários", etc. Q.E.D.
Quanta injustiça! Sou prolixo justamente porque gosto de respostas nuançadas, bem-pensadas, sem sectarismo em vez de citar capítulo e versículo de alguma "bíblia" do pensamento pré-fabricado.

Rolando disse...

Então tá. Assim é se lhe parece.

Chesterton disse...

Augusto, você me lembra o Dr Spock. Você tem orelhas pontudas?

Augusto Nascimento disse...

Mais pontudas do que é comum, mas não tão pontudas assim.

c* disse...

chesto parece até a Glenn Close em "Damages"...