segunda-feira, 13 de julho de 2009

Bruxas abortistas

Leio, sem grande surpresa, que um padre católico brasileiro foi condenado por chamar alguém que realiza ou apóia abortos de "abortista". De fato, ser contra a onda politicamente correta e chamar as coisas pelo nome já é crime no Brasil. Já usei aqui o termo "abortista"; também já usei o termo "aborteiro/a", até por falta de opção. Há outro? "Assassino de fetos" parece-me meio dramático, e "militante pró-escolha" seria distorcer em demasia os fatos.

O aborto é um tema polêmico e já o comentei em maior detalhe por aqui. Haverá razões morais para ser a favor ou contra. Mas o que me impressiona mesmo é a sanha abortista - ops! abortadora? - de certas mulheres. Parece-me, às vezes, até antinatural: uma rebelião das mulheres contra a maternidade?

Existe por exemplo uma organização de mulheres chamada NYAAF - New York Abortion Aid Fund, que é tão radical no seu apoio ao aborto que chega a pagar operações de pessoas que sofreriam risco de vida ao realizá-lo. Pareceria que é mais importante o aborto do que a própria vida da mãe. Entendo que haja casos em que o aborto possa ser considerado, mas realizar abortos em meninas de 15 anos sem autorização - sem nem mesmo conhecimento - dos pais? Aborto até os nove meses de gestação? Aborto financiado e incentivado pelo Estado? Tudo fica ainda mais bizarro ao se descobrir que o caso que gerou Roe vs. Wade não passou de uma farsa. A moça que desejava abortar não apenas mentira sobre seu "estupro" como confessou abertamente ter sido manipulada por grupos políticos (hoje arrependeu-se e é pro-life).

O que significa o aborto então? Uma radical defesa do direito de ter sexo sem se importar com as conseqüências. Uma rebelião contra o papel da mulher como mera mãe e dona-de-casa. Uma revolta contra a religião que impõe papéis específicos tradicionais à mulher, uma rejeição do cristianismo e - agora adentramos no território da especulação - um retorno às religiões primitivas pagãs que idolatravam a figura feminina, com a diferença de que, se antes tínhamos cultos à fertilidade, hoje o que teríamos seria um "culto à infertilidade".

Não vejam aí necessariamente qualquer tipo de crítica ou linguagem pejorativa. Se as "bruxas" da antiguidade tiveram hoje sua imagem recuperada, tendo virado vítimas do patriarcalismo ou então símbolos da liberação sexual e da independência feminina, talvez hoje estejamos assistindo à liberação da mulher da tirania - não apenas da ordem social masculina - como da própria tirania da biologia.

Em post anterior, comparei o aborto com o sacrifício de crianças em religiões rituais. Estaria o aborto associado a um retorno da sociedade ao paganismo? Eu estou longe de afirmar coisa semelhante, mas há os que afirmam que sim, existe uma relação. Chegam mesmo a investigar a relação do abortismo com o movimento das Wiccans, movimento das modernas "bruxas" pós-feministas. Paranóia? Talvez. Pelo momento, até para não ser estrangulado pela Confetti ou ser chamado de "louco" por alguma leitora anônima, abstenho-me de comentar...


3 comentários:

Érick Delemon disse...

Isso ae Mr. X

Disse tudo!
Não pude deixar de lembrar de Watchmen quando disse sobre a "unificação" humana.

Estamos à espera de um Ozymandias? Seria ele já Obama?!

Até

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Blog do Delemon
Lado B de um Disco Trash

Mr X disse...

Olá,

Acho que o comentário se refere ao post anterior. Na verdade, não tinha pensado em Watchmen, já que não gostei muito e não relacionei. Mas, tem a ver.

Chesterton disse...

Tudo isso sem comentar no sofrimento da criança dentro do útero...