quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Por que o Haiti é tão pobre?

Pipocam explicações sobre a pobreza do Haiti. Alguns acreditam que seja culpa do capitalismo, outros que seria herança do colonialismo. Outros acham apenas que os EUA teriam "medo" da democracia no Haiti, por isso os mantém na miséria.

A maioria das pessoas não entende porque existe a pobreza. Mas a pobreza é nosso estado natural. O estranho mesmo é porque existe a riqueza.

Assim como é difícil para os indivíduos enriquecer, e livros como "Fique rico fácil em meia hora" são sempre best-sellers, o mesmo ocorre para as nações. Construir uma sociedade funcional, quanto mais rica, pode levar séculos de aprendizado, e nem mesmo assim é algo garantido. Observem que mesmo países hoje considerados ricos, como a Itália ou a Irlanda, padeceram fome e pobreza por longos períodos.

Os infelizes haitianos não tem culpa pela tragédia do terremoto, mas têm alguma culpa pelo fracasso econômico e social do Haiti. Quem não acredita, que assista a este documentário sobre as gangues haitianas. Pessoas que, em vez de estudar ou trabalhar - ou mesmo melhorar a condição das favelas putrefatas em que vivem - dedicam-se ao crime. Os que não se dedicam ao crime, apenas esperam (inutilmente) ajuda do governo, em vez de realizar alguma coisa por si mesmos.

Observem que no Haiti eles nem ao menos tem um sistema de coleta de lixo: o lixo é simplesmente jogado no esgoto mais próximo. Descaso ou ignorância?

(É também verdade que a taxa de analfabetismo é de 80%. Quem vai aprender o quê com quem? E o Haiti é tão pobre que quase não tem mendigos - afinal, vão pedir esmola a quem?)

Além disso, outro claro problema é que, como ocorre em Gaza, o país superpovoado não tem qualquer possibilidade de atividade econômica que possa sustentar toda essa gente. A única possibilidade seria o turismo, mas, sem segurança, quem se anima a ir ao Haiti? Acho que os últimos que foram lá a passeio foram os Clinton em sua lua-de-mel.

É verdade que o Haiti quase só viveu sob ditaduras, e isso não ajudou muito. Entre os dois Duvalier e Aristide, pouco ficou para celebrar. Não acho que colocar o Lula para supervisionar a reconstrução (sugestão da Economist) ajude, tampouco.

Também é possível que o Haiti, ao expulsar e matar os colonizadores brancos, tenha regredido ao tribalismo africano, que jamais primou pela criação de riquezas. Curiosamente, mesmo com quase 0% de brancos, nem mesmo assim livrou-se do racismo: há um conflito no país entre negros e mulatos. (E entre os praticantes do catolicismo e do vodu.)

Qual a solução? Leio num texto do Theodore Dalrymple que existem 100.000 ONGs no Haiti. Uma para cada 800 habitantes. Todas com a função de "erradicar a pobreza". E isso era antes do terremoto.

Ora, isso mostra que a maioria das tais ONGs nada mais são do que poços sem fundo, entidades ideológicas que vivem de explorar o problema da pobreza, não de solucioná-lo. Afinal, se a pobreza acabasse, também acabaria o ganha-pão dessas entidades.

(Não que todas sejam completamente inúteis; há algumas almas de bem que realmente trabalham ajudando os necessitados. Mas são sempre gotas em um oceano. E depois, há um outro paradoxo: quanto mais você ajuda e alimenta, mais filhos as pessoas têm, e mais aumenta a superpopulação, renovando a pobreza.)

É claro que os haitianos não tem culpa alguma por mais esta tragédia, e é realmente triste que isso tenha acontecido. Também é triste que tenha sido necessário um terremoto para chamar a atenção sobre essa pobre gente. Confesso que, às vezes, não há como não ficar deprimido com a coisa toda.

O pior é que não parece haver solução, ao menos não a curto prazo. A única solução rápida e simples que vejo para a pobreza do Haiti seria - perdoem o cinismo - simplesmente substituir seu povo pelo educado povo suíço, americano ou japonês.

(A propósito, a solução para o Brasil seria idêntica - mas onde encontramos duzentos milhões de suíços?)

Um bairro próspero de Port-au-Prince.

11 comentários:

Chesterton disse...

Primeiro a garantia da propriedade privada. Uma força policial-militar, forte o suficiente e corrupta ao mínimo, para garantir a segurança pessoal e os bens dos haitianos.
Gangues? Ao cemitério.

Mr X disse...

Sim, lamentavelmente lei e ordem são coisas que parecem faltar no Haiti.

Quanto à propriedade privada, no Brasil mesmo já estão querendo acabar com isso... :-/ Haiti, lá vamos nós.

Fernando disse...

Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência, sabe que o Haiti vai continuar exatamente como esta.

Só uma intervenção com ares de ocupação o salvaria, mas aí a gritaria seria geral.

Todos esses milhões e milhões vão apenas enriquer alguns e alimentar a miséria, a população e o ócio no país.

Sem investimentos maciços em infraestrutura e segurança, não se verão indústrias, sem agronegócio não se verá comida, sem ordenamento jurídico e aplicação das Leis, não se verá o fim das gangues, sem controle de natalidade, o país explodirá e esses avanços o capitalismo patrulhado não conseguirá empreender.

Patrulhas religiosas vão contra o controle de natalidade, patrulhas ideológicas não vão deixar tirar a terra improdutiva dos nativos inertes, corruptos se alimentarão dos recursos necessários a infraestrutura e comissões de direitos humanos vão impedir as açoes necessárias a atuação das gangues.

Essa guerra já perdemos; assim como já perdemos a guerra contra o islamismo.

Infelizmente, só o comunismo com seu extermínio em massa, seus gulags, seus campos de trabalho forçado, podem salvar o Haiti dele mesmo.

Chesterton disse...

cumekié?

Fernando disse...

As ONGs, as patrulhas ideológicas, a esquerda, a comunidade internacional, a ONU e etc. não vão deixar a ajuda mudar o destino do país.

A terra tem que ser desapropriada de milhares de pequenos agricultores improdutivos e entregue grupos REALMENTE vocacionados para tal e isso não vai acontecer.

A aérea turística tem que ser reestruturada e a população miserável segregada, para garantir segurança e atrair divisas e isso não vão fazer.

Fábricas deverão ganhar ENORMES subsídios para se instalarem lá e grupos de direitos humanos vão acusar os capitalistas de explorarem o pobre povo haitiano.

Controles de natalidade e esterilização deverão ser incentivados e gratuitos e isso é não vão fazer.

Só uma ditadura de esquerda salva o Haiti.

Mr X disse...

Só uma ditadura de esquerda salva o Haiti.

O Aristide não era de esquerda? E ditaduras, o Haiti já teve suficientes, não melhorou nada. Não sei, temo que pra melhorar o Haiti só com uma recolonização, recomeçando tudo do zero. Mas os americanos não vão entrar nessa canoa furada. Será que os franceses se animam? ;-)

Fernando disse...

Mister X,

Ninguém civilizado vai resolver.

Só um sanguinário de esquerda.

Um comedor de criancinha.

Um bicho papão.

desses que depois virão "capa" de camiseta da babacaiada de esquerda.

Fernando disse...

viram "capa" de camiseta....

Mr X disse...

http://www.janevregan.org/FiringLine.html

http://www.youtube.com/watch?v=hd0LOSsLz7M

marcelo augusto disse...

Olá!

O que ocorre no Haiti é apenas as manifestações mais nefastas do que acontece quando uma sociedade rejeita, com todas as suas forças, os valores do mundo ocidental. (No Brasil, há algo semelhante, mas em menor escala.)

A regressão ao regime tribal como forma de organização social não ajuda em nada no sentido de aumentar a força produtiva dos indivíduos, ao contrário: Como os recursos disponíveis são escassos, a tendência é que os grupos tribais entrem em conflito entre si para ter acesso à maior parte desses recursos, o que, por consequência, acarreta na diminuição da força humana disponível, já que um grupo terá que aniquilar um outro. Fora que isso dificulta na criação de uma identidade nacional com o intuito de unir os indivíduos em prol da construção de um país de fato.

A ausência de instituições comuns no mundo ocidental e que priorizam disponibilizar às pessoas em geral locais de oportunidades de auto-melhoria pessoal e profissional contribui para que a situação haitiana se aprofunde ainda mais, pois são exatamente esses locais que poderiam prover as condições iniciais para melhorar a situação do Haiti através da educação, do aprimoramento profissional, do melhor uso dos recursos para gerar riqueza (dinheiro não cai do céu e nem dá em árvore) e etc.

Em situações extremas como a do Haiti, as ditaduras surgem como uma forma extrema de tentar retirar esse país da situação que enfrenta. O detalhe é que ditaduras, frequentemente, tendem a se converter na exploração da maior parte da população (acima de 85%) por um grupo de poucos privilegiados, o que resulta em uma situação irônica: Em vez de livrar o país de seus problemas, acaba por aprofundar ainda mais esses mesmíssimos problemas.

Seria interessante perguntar aos seguidores do "antropólogo" Darcy Ribeiro as razões pelas quais o Haiti não conseguiu construir o paraíso idílico para os seus habitantes, já que ali está um lugar em que 90% da população é afrodescendente e que conseguiu se livrar dos imundos europeus, cheios de escorbuto, barbudos e que traziam as maiores desgraças em suas naus.

A razão é óbvia.

Até!

Marcelo

Anônimo disse...

O Haiti precisa ser recolonizado.