terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vai um lótus aí?

As drogas e sua proibição continuam causando intenso debate. Mesmo na tchurma da direita, muitos acreditam que a legalização seja a solução.

Eu penso que a descriminalização do uso das drogas, como tantas outras coisas citadas pelo bom e velho Dr. Theodore Dalrymple, seria um experimento social de resultados imprevisíveis, desejado pela classe média, mas cujo preço será pagado principalmente pelos pobres. (De fato, já o é.)

Considerando que:

a) O vício em drogas é um mito. Não existe dependência química, apenas psicológica. O viciado não é um doente, mas apenas um idiota.

b) Viciados não causam problemas apenas a si mesmos, como a terceiros, como o recente caso do viciado que enforcou a namorada, ou a mãe que matou o próprio filho viciado.

c) Alguns acreditam que a solução para o problema das drogas seria o Estado obrigar os viciados a se tratarem (o próprio pai do viciado assassino afirma que a culpa é do Estado por não ter obrigado seu filho a se tratar e ainda pagar o custo disso, já que ele, coitado, não podia pagar a internação); a liberação das drogas provavelmente traira mais Estado na vida do indivíduo, e não menos.
Levando tudo isso em conta, a solução que este blog sugere seria a criação de parques temáticos estatais onde a liberação da droga seria geral e irrestrita para maiores de 21 anos vacinados, com o detalhe de que os usuários estariam cercados por altos muros e não poderiam sair de lá para interagir com o restante da população. Viveriam no local, na sua Drogolândia particular.

Não consumo drogas fora o álcool e o café, e portanto não tenho interesse algum na liberação da cocaína ou da maconha -- mas não tenho ilusão. Assim como a sodomia antes era crime nos EUA e em vários outros países e hoje os gays estão casando (perdão pela comparação, é apenas para mostrar o avanço do liberalismo dos costumes), o mesmo deve ocorrer com as drogas. Não há volta.

Acredito que em menos de uma década teremos maconha liberada na maioria dos países ocidentais, e posteriormente se avançará para a liberação da cocaína e drogas sintéticas.

Só que, ao contrário dos liberacionistas, não acredito que isso vá ser liberação alguma. Ao contrário: temo que vá apenas aprofundar a decadência e o marasmo ocidentais. Uma sociedade de comedores de lótus. Se antes a religião era o ópio do povo, agora o ópio será uma religião.

O que vai ocorrer é que a sociedade eventualmente se tornará tão caótica que será tomada pelo Islã ou alguma outra forma repressiva de controle social. Ao contrário do que pensam os ultralibertários, a liberdade individual só funciona dentro do contexto de uma sociedade que tenha condições de permitir-se a esse "luxo".

Não esqueçamos que os comunistas, embora hoje inundem a América Latina de drogas, sempre foram rígidos com seu consumo em seus próprios países. Na China - que tem uma historinha bastante edificante com o ópio - ainda há pena de morte para traficantes.

Por outro lado, quem é que pode saber realmente o que acontecerá?

55 comentários:

Cláudio disse...

Gostei da sugestão da drogolândia. Mas esta não deveria se restringir aos viciados apenas. Usuários eventuais também deveriam viver na sociedade que eles tanto desejaram.

Anônimo disse...

"Viciados não causam problemas apenas a si mesmos, como a terceiros, como o recente caso do viciado que enforcou a namorada, ou a mãe que matou o próprio filho viciado."
Você nunca ouviu falar de álcool, é isso? Ou que o fechamento de bares na periferia ajuda a diminuir radicalmente os índices de violência? Ou nunca ouviu as histórias de pais que matam ou quase matam os filhos durante acessos de raiva? Ou acha que alguém que se envolve com as drogas era uma pessoa confiável antes? Sem uma política de assistência social dedicada a proteger as crianças e a retirá-las de lares ruins-ironicamente, os "concerned" fascistas geralmente são contra porque acham que se Deus fez uma criança nascer em um lar ruim é porque Deus quer que ela seja maltratada, basta ver Olavo de Carvalho, Júlio Severo e os Colsons da vida.
"O vício em drogas é um mito. Não existe dependência química, apenas psicológica. O viciado não é um doente, mas apenas um idiota."
Só um idiota faz distinção entre dependência química e dependência psicológia. A nossa mente é o produto das propriedades químicas do cérebro. Não existe dependência psicológica sem dependência química. Talvez se você lesse Skinner e J. B. Watson, você aprendesse alguma coisa.
"... experimento social de resultados imprevisíveis, desejado pela classe média, mas cujo preço será pagado principalmente pelos pobres."
Ah, sim, no atual sistema, não é como se os pobres já pagassem o preço de viver sob o domínio de gangues enriquecidas e armadas pelo dinheiro do tráfico. Realmente, a vida dos pobres hoje é tão boa... É melhor não mudar nada.
Chega a ser desesperador ver os malabarismos e contorcionismos que os fascistas são obrigados a fazer para justificar ad hoc seus preconceitos tacanhos e suas superstições religiosas. É patente a falta que uma educação filosófica faz a essas pessoas. A questão das drogas só pode ser enfrentada como parte de um projeto global de modificação e aperfeiçoamento das estruturas vigentes na Sociedade. Não adianta fazer mudanças comésticas e eleger um só mal para combater. A URSS não tinha problemas com drogas porque não mediu esforços para criar um ambiente social saudável e equilibrado, combatendo a alienação do trabalhador, combatendo a importação da "cultura" capitalista, combatendo a pornografia, reprimindo a religião, educando o Povo e dando boas condições de vida à população. Depois que se faz tudo isso, a repressão contra as drogas funciona-leia Transit Point Moscow, a história de um traficante americano que foi pego tentando traficar na URSS: a crítica que o promotor soviético fez do sistema capitalista e do modo como ele arrasta as pessoas para o crime é devastadora. Sem combater todos os males sociais, não haverá esperança de uma sociedade mais democrática, justa e igalitária.
Tiago

Rolando disse...

"a) O vício em drogas é um mito. Não existe dependência química, apenas psicológica. O viciado não é um doente, mas apenas um idiota."

Em base em qual estudo? O viciado pode ser um idiota por experimentar drogas pesadas, afirmar que o vício é apenas psicológico é um achismo leviano.

Nos anos 90 a Suíça experimentou abrir um parque livre para as drogas. Em menos de dois anos tiveram de fechá-lo.

Em questões de drogas e religiosidade é onde eu menos concordo com você. Muito embora essa utopia totalmente libertária pode dar margem a movimentos autoritários, sejam eles religiosos como o islamismo, ou socio-políticos como o facismo, chavismo, mst, etc...

Chesterton disse...

A grande falacia nesse asunto é que as drogas devam ser liberadas. Como drogas escravizam (e não "libertam"), a liberação das drogas equivaleria a uma volta da escravidão consentida, legalizada.

Mr X disse...

Rolando,
Nos links da frase sobre o mito do vicio tem alguns estudos sobre o tema.

Tiago voltou. Danação!

Klauss disse...

Nossa, a colocação do Chesterton é genial!

E quanto à colocação de que vício em drogas é um mito, já nos anos 50, o próprio William Burroughs já disse isso (não sei se é uma fonte de credibilidade, he he) . Ele só abria exceção à heroína e barbitúricos que, ao que tudo indica, causam sim dependência química.

E pelo que vejo, em geral, coisas como a cocaína, o crack e a maconha, são sim vícios psicológicos. Tanto que todo viciado em maconha diz que não é viciado e que para quando quiser...

Cláudio disse...

A própria Holanda, relutante em "voltar ao obscurantismo conservador" cria, dia após dia, leis cada vez mais severas no intuito de restringir o consumo de drogas sem proibi-lo.

Mr X disse...

Não sei dados do Brasil. Nos EUA, há aqui uma pesquisa completa sobre o uso de drogas, não sei qual válido é (como fazem para perguntar?)

http://oas.samhsa.gov/nsduh/2k8nsduh/2k8Results.cfm#1.1

De acordo com os dados, 8% da população é usuária de droga, sendo que são 6% consumem apenas marijuana.

Usuários de cocaína e outras drogas mais pesadas não chegam a 1%. A única que combate com a maconha é psico tarja preta.

Então, estamos falando de uma porção bem restrita da população, vamos mudar tudo por esse um por cento?

Fabio Marton disse...

Pois é, eu li Dalrymple, e ele falou o seguinte: tirar álcool de um viciado mata o sujeito. Tirar heroína dá febre e dores musculares por uma semana - isto é, é um gripe.

Mas vocês tem tão nojinho irracional que são capazes de dizer "vício não existe, portanto as drogas devem continuar proibidas". Dá pra notar o absurdo dessa assertiva? Que estão usando um baita argumento a favor como se fosse contra?

COMO É QUE É? Então vocês dizem com todas as letras que o que o viciado faz é culpa dele, não existe "droga Hulk do controle da mente", e insistem que isso deva ser proibido a todos os outros? Proibido o que, cacete? Proibido matar a mãe? Por acaso vocês já pararam pra pensar que uma pessoa violenta usa as drogas - o álcool inclusive - para ser violenta e não o contrário? Pra tomar coragem? E que vocês estão falando exclusivamente de UMA droga proibida quando dizem isso, a cocaína - ou já viram alguém se picar de heroína e matar a família?

AH, não mas são "As dorga", as cois' do demo! É tudo uma coisa só, né? Se a FDA proibiu, vira tudo igual, você encostou está dominado, só com água benta, aí.

Vocês, conservadores, são coletivistas de outro tipo, em busca de um subúrbio único, ao invés da Cohab infinita dos socialistas propriamente ditos.

Mr X disse...

Boa, Marton. Gostei do "subúrbio único". Talvez seja mesmo o que eu esteja procurando. :-)

Quanto a alguém se picar de heroína e matar a família, não ouvi falar, mas parece que o pessoal que usa heroína é o que mais rouba, assalta, se prostitui etc, para manter o vício, quer dizer, o hábito. Ao menos é que lembro de Christiane F. e outras fontes fidedignas. :-)

Fabio Marton disse...

E por que será, né? Será porque usar isso leva você aos bandidos?

Acho que vocês estão confundindo sintoma com causa. A degradação não é causada pelas drogas, o abuso de drogas é que é um sintoma dela. As drogas foram proibidas porque acreditavam que isso evitaria a degradação social. A sociedade como um todo ficou mais rica, mas esses bolsões perduraram - e se tornaram muito mais violentos.

Vocês realmente acreditam que gente certinha, do tipo que hoje não consegue provar nada porque não conhece alguém que use, fará filas de manhã nas farmácias para provar metanfetamina?

Chesterton disse...

"vício não existe, portanto as drogas devem continuar proibidas". Dá pra notar o absurdo dessa assertiva?

chest- nananinaninanão. Vicio não existe, logo usuário não mais pode se declarar dependente. É "safado" mesmo (rs). Isto é, não é um caso de saude publica, mas um caso de policia.. (porque destruiu propriedade alheia, por exemplo, como meu parente).
Fez uso recreativo, não terapêutico, como gostam de alegar.

Fabio Marton disse...

O crime da porra do seu parente foi destruir propriedade, não cheirar benzina, Chesterton! O que é tão difícil entender nisso? Eu sou inclusive a favor que o uso de qualquer droga - álcool também - em crimes seja visto como agravante.

Chesterton disse...

O crime foi destruir propiedade sob o efeito de narcóticos controlados de dentro do hospital.
Teve um surto psicótico por causa de remédios que estavam a sua disposição.
Não era viciado, era usuário ocasional. Creia, marton, drogas são perigosas, você não quer admitir , mas no fundo sabe.
E não adianta dizer que o cara quer se matar pode, pois a vida é dele, porque a vida não é dele, é dele, dos filhos, dos pais, da esposa, etc..
(o suicida no fundo é um grandecíssimo fdp).

Anônimo disse...

"porque a vida não é dele, é dele, dos filhos, dos pais, da esposa, etc..."
Engraçado, não vi onde está escrito na Constituição que a vida de um adulto é do pai, da mãe, da cunhada, da tia, da vizinha e da faxineira, de qualquer um menos dele mesmo. Já ouviu falar na Lei Áurea? Quer dizer que, se o sujeito tentar se matar e falhar, ele vai preso por tentar defraudar a família? É caso para pena de morte?
Tiago

Mr X disse...

É sim! Morte aos suicidas! :-P

DD disse...

Allahu akbar!

Se eu fosse um reaça verdadeiro, e não um conservador acanhado e meio cabotino, poderia concordar inteiramente com o que vai abaixo:


"Liberté, égalité, fraternité. El programa democrático se cumple en tres etapas: etapa liberal: que fundó la sociedad burguesa, sobre cuya índole nos remitimos a los socialistas; etapa igualitaria: que funda la sociedad soviética, sobre cuya índole nos remitimos a la nueva izquierda; etapa fraternal: a la cual preludian los drogados que copulan en hacinamientos colectivos."
- Nicolás Gómez Dávila

Vale como blague, ao menos, não?

Rolando disse...

Se não existe dependência química, não haveria razão de proibir as drogas. Apenas como alguém disse, agravar o delito se praticado sob seu efeito.

Mas se não existe dependência, não vejo porque tantos países gastam tantos recursos em programas de reabilitação, em novos métodos, em novos tratamentos.

Talvez seja mesmo uma mentira bem contada. Eu nunca queimei uma pedra de crack por saber que o risco de vício é muito alto. Não é como experimentar marijuana, coisa que quase todo mundo já deve ter feito no começo da juventude (assim como tomar um porre).

Se vício químico não existe, não deveria haver tampouco tantos casos de reincidência, meses após abstinência, tantas clínicas psiquiátricas. Alcoolismo teria cura. Mas para a maioria dos que conseguiram controlar seu vício, a resposta é quase sempre a mesma: não se pode dar nem um trago.

Mr X disse...

Ronaldo,

O bêbado bebe porque prefere beber, idem o drogado, idem o viciado em pôquer e outros jogos. O vício em todos esses casos é "químico" se se quiser (já que de uma forma ou outra tudo no cérebro funciona através de "química"), e certamente sua abstinência causa problemas psicológicos e até físicos.

Mas isso não coloca a droga em um patamar diferente de outros tipos de vício, acredito eu. Talvez apenas no caso da heroína e outras drogas fortes que realmente ferram com seu cérebro.

Mas concordo que dizer que "não é vício químico" pode ser bem usado como uma defesa da liberação. Mas para mim o problema é outro.

Cláudio disse...

Ralouim está chegando e uma boa fantasia seria a de conservador malvado tolhedor de prazeres. Boohoo!

Chesterton disse...

Se não existe dependência química, não haveria razão de proibir as drogas.

chest- epa, carece de demonstração.

Chesterton disse...

Se vício químico não existe, não deveria haver tampouco tantos casos de reincidência, meses após abstinência, tantas clínicas psiquiátricas.

chest- Rolando, aqui há um equívoco. O drogadicto reincide não porque existe dependência quimica, mas porque quer o prazer irresponsável onanista. O quer por inúmeras razões, inclusive um caráter fraco.

Rolando disse...

XM e Chesterton,

embora não ande com turma de drogados e ache cheiradores ocasionais um bando de airheads, não compartilho dessa opinião que vício é exclusivamente uma questão de (fraqueza) caráter ou simplesmente de prazer egoísta. Tenho certeza de que se houvesse uma poção mágica que curasse de imediato o vício químico (ou psicológico), a maioria dos viciados o tomaria.


É uma discussão que lembra um pouco aqueles que dizem que todos que sofrem de depressão são frescos ou egocêntricos. Que todo suicida é um covarde. Enfim, nesses campos eu não gosto de ser muito reducionista.

DD disse...

Essa discussão toda me faz lembrar de que uma Magnum 44 deve ser incluída no "Kit de Sobrevivência e Cidadania para o Século XXI", que começarei a montar com diligência. O kit também incluirá patinhos de borracha, para eventualidades que ainda não pude vislumbrar com clareza, e um chador, que dispensa maiores esclarecimentos.

Sugestões?

DD disse...

Lembra-se, Mister X, do que eu disse, posts atrás, a respeito do idealismo da classe média? Medite de novo a respeito e depois me conte que intuições ou sugestões lhe apareceram na mente.

Fernando disse...

"(o suicida no fundo é um grandecíssimo fdp)"

É mesmo.
Um FDP, que não pensou na mãe, nos filhos, nos irmãos e no conjuge...

Um FDP, que não se tratou e levou a família junto pro buraco.

Acho que tem certas coisas na vida que o cara tem que viver pra vir falar, tem que ficar na janela do quarto, tentando convencer a irmã não se jogar pela janela, pra vir aqui falar que a vida era só dela.

Só quem viu a irmã voando pela janela devia dar palpite nessa questão.

O viciado, que destroe a própria vida e a dos familiares, por causa de alcool, crack, cocaína e etc. também é um FDP e esse papinho que as pessoas só são responsável pelos seus atos é balela.

Voce é responsável pelos seus atos e por todas as consequências advindas dele.

Bin Laden é responsável pelas torres gêmeas e pela invasão do afeganistão, da mesma forma que o vizinho viciado em drogas aqui do lado é responsável pela perda material da família, pela desagregação dos irmãos, pela sepração dos pais e etc.

Ninguém convive com um drogado 15 anos sem sequelas.

Anônimo disse...

"Só quem viu a irmã voando pela janela devia dar palpite nessa questão.
O viciado, que destroe a própria vida e a dos familiares, por causa de alcool, crack, cocaína e etc. também é um FDP e esse papinho que as pessoas só são responsável pelos seus atos é balela."
Cara, se a sua irmã quis se jogar, o fracasso é seu, não da sociedade: você não tem o direito de roubar os direitos do resto da sociedade para compensar o seu fracasso como homem. Se o viciado é FDP-provavelmente é-, o problema é dele e de quem escolheu viver com ele. Para quem não escolheu, existem as leis e os mecanismos que a sociedade civilizada estabeleceu para proteger seus membros contra viciados, assassinos, sequestradores, etc., por exemplo, os conselhos tutelares tão odiados pelos fascistas religiosos. Repito: os bares também causam altíssimos índices de violência; em certos lugares, muito mais que as drogas ilegais. A nossa sociedade já tem problemas reais demais para ter que ficar aplacando o ressentimento dos fracassados. A vida da sua irmã é dela, o seu ressentimento contra a sociedade é seu, a minha vida é minha. Tenho horror a drogas, nunca usei, nunca vou usar e não aceitaria o uso delas sob o meu teto, mas vagabundo que viesse me dizer que eu-pessoa responsável, incapaz de prejudicar quem quer que seja- não posso fazer o que quiser da minha vida porque o mariquinha tem complexos e problemas que não são da minha conta levaria um tabefe na cara para deixar de ser moleque folgado.
Tiago

Fernando disse...

Tiaguinho,

A sociedade diz o tempo todo o que voce pode ou não fazer e voce não sai por aí distribuindo tabefe; balela pura.

Como seus textos não tem compromisso, nem linearidade, acredito que deva ser o alter-ego de algum banana criado apenas para a celeuma.

O Celacanto que deseja provocar maremoto.

Chesterton disse...

Tenho certeza de que se houvesse uma poção mágica que curasse de imediato o vício químico (ou psicológico), a maioria dos viciados o tomaria.

chest- Rolando, só deixa quem tem vontade de deixar, pois vício não é. E quem tem vontade de deixar nem sofre ao deixar.
Tabaco é mais difícil de largar que outras drogas, e atuo na área. Tanto que brinco com meus pacientes dizendo que eu tenho um método 100% infalivel de deixar o cigarro:
1. não compre
2. não peça emprestado (como não tenho pacientes ladrões, por definição, o método é 100% seguro).

Anônimo disse...

"Como seus textos não tem compromisso, nem linearidade, acredito que deva ser o alter-ego de algum banana criado apenas para a celeuma."
Têm, sim, o compromisso de quem não aceita e nunca vai aceitar que pieguice e coitadismo tomem o lugar de reflexão, que nunca vai aceitar que superstições e preconceitos tomem o lugar da ciência e da razão, que nunca vai aceitar que os irresponsáveis e fracassados, incapazes de dirigir suas próprias vidas, venham dizer à Sociedade como se dirigir. Se a sua irmã quer se jogar, o lugar dela é no cemitério ou no hospício; do lado de fora, ficamos as pessoas responsáveis, que não pedimos à sociedade que se curve aos nossos caprichos ou que compense nossas limitações morais e que não tentamos jogar os nossos fracassos nas costas das pessoas de caráter.
"...sociedade diz o tempo todo o que voce pode ou não fazer e voce não sai por aí distribuindo tabefe; balela pura."
Ela diz para respeitar os direitos dos outros e determina um monte de procedimentos que, embora pareçam arbitrários, foram criados pelos representantes da sociedade para garantir esses direitos. Nenhum vagabundo veio, em nome da sociedade, me dizer que não posso matar o meu vizinho porque a irmã dele-do vagabundo, não do vizinha- vai subir pelas paredes, a sociedade diz que não posso matar o meu vizinho porque isso viola o direito-reconhecido pela sociedade- à vida. As regras da sociedade não foram feitas para transferir o peso das ações dos irresponsáveis para os responsáveis e dos justos para os injustos. Não existe direito inalienável a faniquitos, não.
Tiago

Cláudio disse...

Minha colaboração para este edificante debate:

http://www.afunnystuff.com/forumpics/arguing.jpg

Anônimo disse...

"Our lives begin to end the day we become silent about things that matter"- Martin Luther King, Jr.
Tiago

Chesterton disse...

Pô, Claudio, não seja estraga-prazeres. (além do que é repetida)

Cláudio disse...

Ela é repetida porque a inspiração não termina: discutir um assunto que atormenta o mundo desde os primódios numa caixa de comentário, municiado por Wikipedia e Google.

:-)

Fernando disse...

Tiaguinho,
O que voce escreveu tem lógica?
É novo?
"As regras da sociedade não foram feitas para transferir o peso das ações dos irresponsáveis para os responsáveis e dos justos para os injustos."
Vá tomar no vermelhinho meu rapaz.

Rolando disse...

Chesterton,

quanto à vontade, estamos de acordo. Se o cara quiser se ver livro do vício (vício, sim, meu caro) vai depender antes de mais nada de seu próprio esforço. Agora, apenas com crença no pensamento positivo não será para todos.

Seus pacientes podem ter um índice alto de resultados positivos, o que é ótimo; e melhor ainda se nenhum deles for ladrão, mas que tem alguns que mentem para você, isso pode ter certeza que sim. Talvez no fundo você queira acreditar.

Claro que aí entraria uma outra verdade: o viciado que engana, na verdade está enganando a si próprio, pois no fim das contas a saúde e a vida são dele.

Anônimo disse...

Sim, tem a lógica de quem não vai admitir que canalhas façam a sociedade pagar o preço do seu ressentimento e do seu fracassado. Canalhas egoístas que querem que a sociedade legisle de acordo com seus preconceitos mesquinhos e superstições, mas negam a essa mesma sociedade o direito de julgar a situação de forma racional e de acordo com o interesse público("só quem viu...") são só isso mesmo: canalhas egoístas, desejosos de estabelecer uma casta de inimputáveis.
A sociedade brasileira tem ótimos motivos racionais para proibir-como proíbe- as drogas, mas nunca se curvará às pressões dos fascistas que querem sequestrar nossas leis, fazendo com que paguemos por seus fracassos, e sepultar o debate. Como ensinou Stalin: nem um passo atrás diante do inimigo fascista. Nós, brasileiros patriotas, se necessário, saberemos em nossos postos de cidadãos na defesa do solo sagrado de nossa pátria.
Tiago

Mr X disse...

Tiago sob LSD... :-/

Chesterton disse...

Ta bom, vicio. Mas nada tem a ver com pensamento positivo. Tem a ver com agir. Parou e pronto. Quem fica se lamuriando no fundo (e no raso) quer piedade, quer transferir suas chatices para os outros. Chamo na moral ( e mostro casos escabrosos para fazer um terrorzinho)e se o/a cara tiver um pingo de vergonha na cara se emenda.

Eu não digo que é alto o indice, mas que só retornam os que realmente se concencem que TEM QUE PARAR! E não adianta mentir, pois tenho métodos objetivos para comparar um exame e outro.

O viciado é uma anta, e eu faço questão de que ele saiba, não esqueça e repita mil vezes todos os dias que é uma anta. Ou então sempre tem o recurso da traqueostomia.

Chesterton disse...

Rolando , lembrei dum caso. Uma senhora de uns 50 e poucos anos foi me procurar. Diz que gastava uns 10 reais por dia em cigarros e assim foi por 35 anos. Não conseguia parar.
Então perguntei a ela se havia algum motivo para isso.
Ela disse que a vida de professora de escola pública era muito difícil, muita ansiedade e que o salário era baixo...
Aí interrompi.
-Salário baixo? A senhora queima 10 reais todo o dia e reclama do salário?

Dez reais por dia dá 3650,00 por anos, x 35 anos= 127750,00. Sem os juros. Com juros compostos dá mais de 430.000.

- a senhora toca fogo um apartamento de 3 quartos e vem reclamar de salário?

Bem, salvei da traqueostomia.

Mas reconheço que é mais difícil as vezes. Perguntada se iria afinal parar de fumar para se curar a paciente me sai com essa:
- não vou parar de fumar de jeito nenhum.
- ué, mas porque?
- meu pai fumou dos 13 até os 83 anos de idade, parou de fumar e 2 meses depois morreur de câncer na garganta...."FOI FALTA DE NICOTINA"!

(ai, ai,....realmente foi falta de nicotina, próximo paciente, por favor)

Mr X disse...

"Drugs don't kill people, people kill people?" :-/

Mr X disse...

E por falar em viciados, não é que prenderam um prefeito do PT viciado em crack?

http://aluizioamorim.blogspot.com/2009/10/prefeito-de-cidade-de-mg-preso-com.html

Anônimo disse...

Uma coisa eu digo: posições ideológicas à parte, ou os cidadãos de bem nos unimos ou os canalhas triunfam.
Tiago

Gerson B disse...

Já é errado falar de "drogas", como se todas pudessem ser analisadas da mesma forma. Cada uma tem efeitos diferentes, e a liberação de cada uma teria consequências diferentes. É ridículo pensar em extremos, libera todas ou proibe todas. Talvez só a maconha possa ser liberada, talvez outras, talvez todas e talvez nenhuma.

Mas dizer que não existe dependência química é um erro tolo. Que você critique a proposta de liberar as drogas é válido, X. Mas com argumentos embasados.

Mr X disse...

Quem faz o argumento que o viciado é só um malandro são dois psiquiatras, o Dr. Anthony Daniels (aka Dalrymple) e o Dr. Bruce Alexander (http://en.wikipedia.org/wiki/Rat_Park). Porém, é verdade que baseados em estudos não totalmente comprovados. A discussão ainda está aberta.

iconoclastas disse...

se não existe vício a criminalização é ainda mais indigesta, e isto é inequívoco, pois se somos sempre responsáveis, e acho que somos mesmo, temos que responder por qualquer KK que fizermos que prejudiquem a terceiros. agora, usar argumentos no estilo "minority report" é papo de quem tem capacidade de fazer viagens lisérgicas sem precisar de entorpecente algum...

Ricardo Martins disse...

Não há fatos científicos de valor algum no link sobre "vício é um mito". E mais, psicologia não é uma ciência.

Chesterton disse...

Se não existe vício, o crime praticado sob efeito de drogas deve ter agravantes.

Na prática o viciado se vitimiza, se diz "possuído", diz que nada pode fazer, que seu livre arbítrio não mais funciona, e que ele não lembra de nada, é tudo culpa da sociedade malévola.
"Eu sou rebelde porque o mundo fez assim..."

DD disse...

Bom, se começarmos a tentar percorrer os meandros da mentalidade vitimária, aí é que esta conversa não terá fim.

Agora, um dos fatores que mais atrapalham a visão clara das coisas é, sem dúvida, levar as ilusões vitimárias tão a sério a ponto de torná-las dignas de exame. Eu já tentei comigo, porque já fui corroído por essas coisas, e não funciona. É melhor parar diante delas e dizer que são frutos de má consciência pura e simples.

Chesterton disse...

todo viciado (adotei o vocábulo) que conheço se justifica como vítima de uma força maior.

iconoclastas disse...

e a estupidez é mesmo uma força maior.

já os usuários que eu conheço (lote) não se dizem viciados, só os alcóolatras (loteS) se reconhecem assim.


;^/

Meu nome não é Tiago disse...

A coisa não é bem assim!
Esta sociedade porca, capitalista, cria ilusões de consumo e cria a avidez na sociedade.
Uns tem demais e, devido a isso procuram nas drogas mais emoção.
Outros tem de menos e, as drogas servem para o esquecimento.
Ambos os casos são fruto de famílias desestruturadas, coisa que não acontece no socialismo, um regime fraterno.
Vocês, que conseguiram ser libertos de vícios, deveriam ter compaixão por aqueles que não tiveram esta sorte.
E é de se perguntar, quais vícios ocultos vocês tem? Vício não é só cigarro, cocaína, etc. Existem, também, os vícios da intolerância e o da soberba (se achar o bom, porque não tem vícios).
Vão se catar, fariseus!

DD disse...

Não-Tiago:

Vou responder como Chamfort. Eu sei que fraternidade o socialismo quer fundar. A fraternidade de Caim.

Chesterton disse...

familia dfesetruturada não existe no socialismo? Então você não viu o Adeus Lenin...

Gunnar disse...

Por quê a gente não proíbe o alcool?