Douglas disse:De fato, muitos psicólogos e estudiosos da natureza humana já observaram que os seres humanos quando em multidões comportam-se de modo muito diferente do que individualmente. Observando-se o mais recente vídeo dá para ver a magnitude do protesto contra a "indecente" moça e de como as pessoas, nesses contextos, reduzem-se ao comportamento mais básico, mais primitivo: os homens, à luxúria ou à violência contra a "puta" que os provocava sexualmente sem se entregar; as mulheres, à inveja e à raiva pela "concorrência desleal".Não sei se você vai me entender, espero que sim. Não vi nada de estranho neste vídeo. Só a natureza humana na sua forma mais pura.
O ser humano vive em permanente guerra entre a sua natureza e a sua inteligência. A natureza humana é capaz de fazer uma pessoa se sacrificar por outra. A natureza humana é capaz de fazer isso que se viu.
Eu não estava lá, mas me identifiquei com aqueles estudantes. Eu poderia ser um deles? Acho que sim. Eu me sentiria arrependido depois? Com certeza.
Chamar esses estudantes de animais e colocar nas costas deles as nossas culpas é fácil. Acho até que o que estão fazendo com eles aqui e em outros blogs é quase o mesmo que eles fizeram com a moça.
Aqui acho que entra de novo a questão dos conservadores vs. libertários (e progressistas), e de como estes últimos idealizam a natureza humana. Afinal, para o libertário, "cada um pode se vestir como quiser e ninguém tem nada com isso". Para o progressista, "homens e mulheres são iguais e têm os mesmos direitos de ir e vir como desejarem." Na prática, no entanto, uma moça que vai vestida com roupas sumárias à universidade pode terminar sendo brutalmente hostilizada por uma multidão. É a natureza humana em seu estado mais bruto.
Sim, seria bom que as mulheres pudessem ir a qualquer lugar que quisessem, vestidas como quisessem, sem ser importunadas. Seria bom que drogados não matassem os outros ou a si mesmos. Seria bom que todos pudessem controlar seus instintos e ninguém fosse preconceituoso, cretino ou psicopata. Infelizmente, vivemos no mundo real, onde garotas de 15 anos podem ser estupradas coletivamente em uma festa na escola pelos seus próprios colegas.
Há ainda um segundo elemento que causa reflexão, que é a questão tecnológica. Todo o evento foi filmado por câmeras de celulares e colocado imediatamente na Internet, onde repercutiu ainda mais, somando-se a dezena de casos folclóricos, como a da professora primária que dançava o "Todo Enfiado", ou o caso recente de jovens adolescentes anos praticando sexo oral no banheiro da escola. Os vídeos acabaram indo parar online, onde foram baixados por milhares de pessoas. Com a repercussão, a professora de um caso foi demitida e a aluna do outro caso terminou tendo que ser transferida de escola, pois todas as demais estudantes do colégio ficaram com fama de "boqueteiras". A Internet influencia o mundo real. (E já tem petista afirmando que o que faltou foi mais aula de "educação sexual", como se os adolescentes não soubessem já o suficiente).
De qualquer modo, é possível que, em um país esquizofrênico como o Brasil, a moça da UNIBAN, que já conquistou fama virtual, termine ganhando uma pequena fortuna ilustrando as capas de uma revista masculina, ou apresentando algum programa televisivo para crianças.