sexta-feira, 3 de julho de 2009

O incrível fim da civilização européia


Houve uma civilização que, nos últimos 500 anos, espalhou-se pelo globo dominando quase todas as outras culturas, da Ásia à América à África. Muitas vezes seu domínio foi impiedoso e cruel, outras vezes iluminado e emancipador. Tal civilização ainda tinha em si os ecos da cultura greco-romana, mas era fundamentalmente monoteísta, seguindo um culto originado entre os hebreus. Talvez mais do que uma única civilização deveríamos falar em um conjunto de povos, que no entando tinham certas características que os uniam, e formavam de fato algo que podemos chamar uma "civilização". Havia três características que se mantinham sempre uniformes. Essa civilização era:

Européia.
Branca.
Cristã.

Não critico, não elogio, não julgo, apenas observo: tal civilização está hoje desaparecendo. Ou, se não desaparecendo, ao menos em evidente decadência. Recuou de praticamente todas as posições coloniais em que dominava (em uma das últimas, a África do Sul, onde por anos ainda dominou com o injusto apartheid, hoje os brancos fogem, assediados pela violência e pela perseguição governamental. A África do Sul e sua desgraça post-apartheid, o fim da promessa da "democracia racial", aliás, daria um outro post).

Mas se fosse só isso, tudo bem. O problema é que em seus próprios países de origem a cultura européia encontra-se assediada por outras culturas. A seguir a tendência demográfica, em vários países, nas próximas décadas, os brancos europeus serão minoria na própria Europa (nos Estados Unidos, ex-colônia européia, já quase são).

O curioso é que foi a própria civilização branca européia cristã que impingiu esse destino a si mesma, em nome da diversidade cultural, do estado de bem-estar, do aborto, da eutanásia, do homossexualismo, do ecologismo, do ateísmo, do esquerdismo, etc etc etc. Parece que estou falando de coisas díspares, mas não estou não: a "diversidade" é obtida com a imigração massiva de muçulmanos, africanos e asiáticos, que em geral têm mais filhos do que os nativos, e vão suplantando a população local. O estado de bem-estar social se encarrega de sustentar os imigrantes e suas crianças, ao mesmo tempo em que paralisa a economia. O aborto, a eutanásia e o homossexualismo, não importando seus possíveis méritos, conduzem todos a uma taxa de natalidade cada vez menor. Ecologismo, ateísmo e esquerdismo também levam, por motivos diferentes, a uma tendência a ter menos filhos, ao menos segundo pesquisas recentes que mostram que os religiosos e conservadores reproduzem-se mais.

A continuar nesse ritmo, a Europa não chega ao fim do século como tal.

Não é incrível que se tenha chegado a tal ponto?

O que explica o sucesso anterior da Europa, e o seu atual fracasso?

Alguns acreditam que o grande segredo do êxito da civilização européia tenha a ver com o fato de ser branca, ou seja, a raça (segundo as teorias racialistas). Mas não acredito muito nisso. Meu principal contra-exemplo é a Argentina. Eis um país que acabou com quase todos seus índios e negros, que é 90% europeu (espanhóis, italianos e ingleses), e no entanto, é hoje uma das mais incríveis histórias de desastre da América Latina. E, além disso, é a própria elite branca quem está implantando essas políticas suicidas na Europa. Fariam isso se fossem espertos?

Outros acreditam que o motivo seja a religião. De fato, apogeu e decadência de um e outro coincidem. O cristianismo está em franco retrocesso na Europa, com cada vez menos seguidores e importância. Será que a morte de Deus equivale à morte de uma civilização?

Outros ainda acreditam que o culpado seja o marxismo, que criou uma geração que odeia os próprios valores tradicionais ocidentais europeus - ou seja, quer destruir-se a si mesma.

Alguns acham que é simplesmente a exaustão: duas guerras mundiais com milhões de mortos, guerras que trucidaram os melhores jovens de uma geração, de fato, não são de se menosprezar. É possível que a civilização européia esteja morrendo de cansaço e de culpa.

Ou talvez seja apenas um ciclo. As civilizações, como as plantas, como as estrelas, nascem e morrem.

O fato é que é um fenômeno deveras surpreendente, se pensarmos que há meros cem anos os europeus e seus descendentes ainda dominavam completamente o mundo, ainda que a ferro e fogo e exploração.

48 comentários:

Rolando disse...

e os mais engraçado é que a próxima civilização a dominar o mundo não será constituída nem de muçulmanos nem de negros. Serão os chineses, cada vez mais incorporando os valores clássicos da cultura ocidental. E mais à frente, quem sabe, ascenderão também os indianos, se conseguirem resolver seus problemas (enormes) internos.

Cláudio disse...

Idiocracy explica.

DD disse...

"Today we are accustomed to think of the Mohammedan world as something backward and stagnant, in all material affairs at least. We cannot imagine a great Mohammedan fleet made up of modern ironclads and submarines, or a great modern Mohammedan army fully equipped with modern artillery, flying power and the rest. But not so very long ago, the Mohammedan Government centred at Constantinople had better artillery and better army equipment of every kind than had we Christians in the West. The last
effort they made to destroy Christendom was contemporary with the end of the reign of Charles II in England and of his brother James and of the usurper William III. It failed during the last years of the seventeenth century, only just over two hundred years ago. Vienna, as we saw, was
almost taken and only saved by the Christian army under the command of the King of Poland on a date that ought to be among the most famous in history - September 11, 1683. But the peril remained, Islam was still immensely powerful within a few marches of Austria and it was not until the great victory of Prince Eugene at Zenta in 1697 and the capture of Belgrade that the tide really turned - and by that time we were at the end of the seventeenth century."

- Hilaire Belloc, The Great Heresies (1938)

sol_moras_segabinaze disse...

É por aí mesmo.

c* disse...

tsiiiiiiiiiiii

Mr X disse...

atchim! oi confetti.

É, serão os chineses que dominarão.

Zai jian!

Chesterton disse...

http://www.americanthinker.com/2009/06/americas_socialist_past.html

olhe que interessante, MR X, há luz no começo e no fim do túnel.

Diogo disse...

O Google vai dominar o mundo.

Andre Bossard disse...

A meu ver o que está acabando com a Europa e com a civilização ocidental é a mania do 'politicamente correto'.

marcelo augusto disse...

Mr. X!

Enviei o texto do blog tosco da semana! Olha o teu email! :)

Até!

Marcelo

Anônimo disse...

"O que explica o sucesso anterior da Europa, e o seu atual fracasso?"
Ah, tá. Quando a Europa descia o chicote em asiáticos, africanos e em seus próprios pobres, operários e mulheres era um sucesso- mesmo que você diga "não jugar"-, agora, que ela respeita a Democracia, os imigrantes e dá condições de vida decentes a seus habitates(não só aos ricos e reis, ela é um fracasso. Deve ser só coincidência que as pessoas vivam melhor no que você considera fracasso do que viviam no que você considera sucesso. Talvez, o fracasso seja você, não a Europa!

Tiago

Anônimo disse...

Errata: "mulheres, era um sucesso" "não julgar"

CHESTERTON disse...

tiago, prepara teu lombo.

Gerson B disse...

Por outro lado vários paises estão importando valores culturais da civilização europei. E a Internet está tendo um papel que pra mim é surpreendente de difusão cultural. Não sei quanto tempo o Islã e a internet conviverão, já que o Islã é essencialmente ditatorial. O mesmo vale pra China. Não quero ser otimista, mas futurologia é algo em que não acredito. Mas a análise do presente parece correta.

Só sei que (quase) nada sei.

Aluizio Amorim disse...

Tenho pensado muito nisto. E qual o motivo? Criei uma frase que que ensaia a formulação de uma resposta ou é apenas uma hipótese: "a humanidade é pródiga na produção da cretinice e parcimoniosa da geração da genialidade". Sempre foi assim. Ocorre que neste século XXI a população do planeta é calculada em mais de 6 milhões de pessoas!
abs do
aluízio amorim

c* disse...

hya, tiago, concordo !!

finalmente alguém sensato e que nao vê a europa como um cartao postal desbotado !



( ei dabliu,ta em paname morrendo de calor ? ))

Mr X disse...

Está explicado. O problema da Europa é o da mentalidade dos Tiagos. "Tudo está bem, tudo vai dar certo, todos têm direito a tudo, e sempre vai ter dinheiro para pagar tudo isso."

E quanto tempo vocês acham que vai durar essa "festa de igualdade"? Quando o dinheiro do Welfare State acabar, quem vai sustentar as minorias todas? Quando os brancos cristãos forem minoria, quem vai salvá-los dos muçulmanos? Será que todos vão mesmo viver em paz?

Tampouco sei nada de futurologia e é possível que tudo termine bem, em uma sociedade bela e harmoniosa. Mas, a julgar pelos últimos 3 mil anos de história humana, é mais provável que termine mal.

Ah, talvez os termos "sucesso" e "fracasso" não sejam os mais exatos, já que claramente são subjetivos. Quis dizer que antes a civilização européia estava em expansão, e agora está em clara retração.

Detalhe: adoro a Europa, acho uma pena que vá acabar, ou virar alguma outra coisa, que ainda não sabemos bem o que é. Talvez seja até melhor, quem sabe?

AP disse...

Neste momento a Europa está em decadênçia, porque rejeita o seu passado, e quer criar um homem novo!
A Europa é um continente cheio de cicatrizes, onde a luta entre Deus e o Homem, entre o Bem e o Mal tem lugar, infelizmente por omissão e decadênçia dos Bons, e pelo poder dos Maus, esta caminha para a 'utopia', e já não adianta os sucessivos 'Nãos' aos tratados europeus que os sucessivos povos impligem às elites , que estas remededeiam o caminho. Na Europa isto é progresso, no resto do mundo é ditadura, e foi asim, que fizeram com que os povos assassinassem os seus Reis, os seus baluartes, a sua Glória, mas estes nunca desaparecerão enquanto houver povo e saírão deste, quando a utopia transformar-se em inferno. A democracia apenas serve os interesses do poder, do dinheiro, das elites! E por isso as capitais da Europa já começam a arder!

DD disse...

Alguém ainda tem de explicar um fenômeno histórico intrigante e, ao que parece, universal: por que os povos tornam-se quase totalmente incapazes de produzir "bens culturais" relevantes a partir do momento em que passam a se refestelar no conforto e na reivindicação perpétua de direitos? Está aí uma boa tese; se alguém quiser arriscar-se nela, boa sorte. Sugiro até um título: "A alma do homem sob a social-democracia".

Além disso, acho necessário que se faça uma distinção: não é a imigração, em si, que está trazendo problemas à Europa, mas o fato de que a ideologia que engendrou o Welfare State parte da ideia de que não é justo exigir dos imigrantes nenhum tipo de esforço para assimilar-se à cultura do local.

Curiosamente, alguns dos defensores mais ferrenhos das culturas europeias, hoje, são descendentes de uma imigração um pouco mais antiga, que adotaram a cultura dos países em que nasceram e se consideram adotados por ela. Isso me traz à memória, mutatus mutandis, aqueles judeus alemães, como um Schnitzler, um Döblin ou até mesmo um Kafka, que foram os últimos defensores da grande tradição cultural alemã, num momento em que os próprios germânicos se entregavam ao desespero. Ou, ainda, numa comparação talvez mais exata, aquele momento em que o Império Romano passou a ser comandado por hispânicos e helênicos, uma vez que os próprios romanos já não pareciam ter o vigor de outros tempos.

Chesterton disse...

Além disso, acho necessário que se faça uma distinção: não é a imigração, em si, que está trazendo problemas à Europa, mas o fato de que a ideologia que engendrou o Welfare State parte da ideia de que não é justo exigir dos imigrantes nenhum tipo de esforço para assimilar-se à cultura do local.

chest- eu concordo com isso.

Mr X disse...

Parar de dar cheques a imigrantes que não trabalham seria um bom começo. Antigamente os imigrantes iam a outros países para trabalhar (nada contra isso). Hoje muitos vão para NÃO trabalhar, sendo sustentados pelos outros. Isso, não acho certo. Aliás, nem só para imigrantes, para todos.

Anônimo disse...

"Alguém ainda tem de explicar um fenômeno histórico intrigante e, ao que parece, universal: por que os povos tornam-se quase totalmente incapazes de produzir 'bens culturais' relevantes a partir do momento em que passam a se refestelar no conforto e na reivindicação perpétua de direitos?"
É, tem mais que descer o chicote nesses pobres folgados. Só faltava essa: querem até tratamento de gente. Assim, a Civilização Européia desaba!

"Tudo está bem, tudo vai dar certo, todos têm direito a tudo, e sempre vai ter dinheiro para pagar tudo isso."
Melhor do que nos tempos do "sucesso" de que você tanto gosta. Sucesso de quem? Dos generais em seus cavalos brancos, cobrindo a Europa de cadávers e sangue? A Europa passou- no seu peródo de "sucesso"- por guerras genocidas, tiranias implacáveis e misérias inenarráveis. Mas- vejam só!- Ela vai acabar, agora, porque os brancos-coitadinhos!- têm que conviver com os imigrantes, não podem mais explorar o resto do Mundo, só comerciar, e não podem mais matar seus pobres de fome ou de guerra! O horror, o horror!
Não é questão de "tudo estar bem", é questão básica de proporções mesmo. Se alguém, por exemplo, diz que os negros americanos enfrentam certas dificuldades financeiras, culturais, etc. está sendo sensato. Se sugere que a solução é voltar para os bons tempos do "sucesso" da Escravidão e da Segregação, é só doido mesmo.
Quer malucos reacionários como você gostem ou não, Konrad Adenauer viveu, Konrad Adenauer vive, Konrad Adenauer viverá!
Tiago

Mr X disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
c* disse...

chesto, esse paragrafo que vc destacou, ja conversamos aqui algumas vezes sobre !


"a ideologia que engendrou o Welfare State parte da ideia de que não é justo exigir dos imigrantes nenhum tipo de esforço para assimilar-se à cultura do local."


isso nao é verdade ! ha grandes conflitos culturais por aqui, justamente pq cada pais ( todos os que tem uma politica de imigraçao )ajuda os candidatos a residentes a se integrarem ! pq vc acha que na frança é proibido usar véu e burka ? pq é uma republica leiga e que véu e burka nao fazem parte dos costumes locais ! quer viver na frança? trabalhe, pague impostos, respeite as leis francesas e integre-se!recebem ajuda economica do governo sim, mas os locais tbm recebem...na inglaterra,sao ainda mais "generosos ": casa, comida, saude gratis até o cidadao poder viver as suas proprias custas ( gratis nao, sao meus impostos que pagam, com meu acordo )
nao estou dizendo que seja facil, mas funciona, aos trancos e barrancos, mas funciona !
os grandes fluxos migratorios passam pela europa,a
"abertura"da china congestionou esse trafico...realmente a europa esta mudando, mas nao forçosamente em pior ! alguns paises como a grecia , tem se debatido contra "a invasao"estrangeira....bem,podemos entender... eles foram traumatizados pelos ottomanos..=))

o que me parece utopico é querer que a europa continue petrificada na "belle époque" ! as etnias se deslocam no mundo,é normal... o village global previsto nos anos 70 està rolando...relaxa, we will survive

Mr X disse...

Tiago,
Não desejo retorno a coisa alguma. Não sou europeu, não moro na Europa, e não tenho saudosismo algum por "generais de cavalo branco" (?) ou coisa que o valha. Só acho que a continuar assim a Europa vai ter cada vez mais problemas políticos, econômicos e sociais, e não sou eu quem digo isso, são os próprios europeus, e europeus de esquerda até. Ninguém está tendo filhos, não é a posição de quem acredita muito no futuro de sua sociedade.

Mr X disse...

Ok, Confetti, a imigração pode ser positiva até certo ponto, é verdade que o mundo está mudando e vamos (vamos?) sobreviver de um jeito ou de outro. Mas reproduza-se e tenha filhos, é o que vai salvar a Europa. Podemos ter um juntos se quiser, o chamaremos de Pierre ou Jacques? Se for menina, Camille.

c* disse...

chose,fertilidade baixa é uma das razoes que "justificam" a forte imigraçao ! a italia (taxa mais baixa européia )sem imigrados pra procriar, vai desaparecer ! seria uma pena né...o que vc prefere, gondoleiros somalianos em veneza ou nao mais veneza ?

ta blogando aî, direct live comigo ?
beijoss

c* disse...

kkk*

toi, je t'aime, mas nao quero filhos ! tem que ser doido pra ter filho nesse caos globalizado...

pierre, jacques, camille...nao tou dizendo que vc vive na frança do século 19 !! os nomes atuais por aqui sao mohamed, ricardo, sacha e zheng-hua...:-)))

Mr X disse...

Não vai ser mais Veneza, vai ser uma Mogadishu debaixo d'água. ;-) :-P

Livebloggin' aqui, mas tenho que sair.

Mr X disse...

Mohammed Ricardo Sacha Zheng-Hua será o nome completo de nosso filho. :-) Gostei.

c* disse...

vai pro staples center ? me levaaa ! quero fazer um slide de moonwalk pra mj!!

beijos chéri, fais pas trop le fou avec les bitches hein!

Diogo disse...

A solução é repatriar os filhos dos imigrantes da grande "diáspora" européia, principalmente italiana e alemã.

Eretz Europeian.

[Prefiro ir para a Austrália]

DD disse...

Para a C*:

A França passou a adotar medidas mais duras contra o integrismo - já ouviu falar dos "indigènes de la République"? - dos imigrantes e de seus filhos que não se sentem franceses DEPOIS que percebeu que políticas como a de Mitterrand, a do "Touche pas à mon pote", tinham fracassado. E passou a adotar essas medidas porque é a França, um país ainda razoavelmente cioso de suas raízes, não obstante, hoje, tenha uma população que não sabe honrar o seu passado. Casos como o da Holanda, por exemplo, que está a ponto de renunciar à própria língua e a toda e qualquer noção de identidade, convertida como foi num albergue espanhol, são ainda mais desesperadores.


Para o Tiago:

Essa indignação fingida não me engana. E nem me intimida o seu abuso de pontos de exclamação. Quer colocar-se acima de todos, como se fosse o modelo de virtude e respeito à paz? Terá de fazer melhor do que isso. Aliás, a julgar pela sua adequação à doxa dos nossos tempos, não seria de modo nenhum impróprio supor que uma pessoa como você, no século XIX, pudesse ser mais um dos que dançavam conforme a música, legitimando a exploração e os abusos do colonialismo. Você se crê santificado só porque sabe indignar-se com as injustiças e os "reacionarismos" do mundo; é, na verdade, um conformista feroz, indistinguível de qualquer funcionário de ONG, empenhado em combater todas as coisas que garantem o seu próprio bem-estar. Pode falar de Adenauer o quanto quiser, mas ele era um homem de coragem, ao passo que você não teve capacidade de libertar-se do esquerdismo vagabundo e fraudulento que aprendeu no ginásio.

Diga-me uma só época e lugar que não tenham sido cobertas de "sangue e cadáveres"? Um só país que não tenha "misérias inenarráveis" em sua história? Também não houve utopias no passado, meu caro. O que houve, sim, foram povos que procederam a um exame de consciência histórica e povos que simplesmente deram e estão dando de ombros, porque acham natural praticar uma espécie de Matsyanyaya ou ceder aos apelos da Realpolitik. Por mais arrogantes que os europeus possam ser, eles têm consciência dos absurdos que enodoaram a sua história, o que os árabes, por exemplo, quase não têm. Ou será que os egípcios estão preocupados até hoje com os ocidentais e os coptas perseguidos sob Nasser? Ou será que os sírios têm algum remorso do seu passado filonazista, que gerou um Baath, por exemplo?

Você sabe muito bem que a palavra "civilização", com o sentido que a temos empregado aqui, nada tem de racista ou "etnocêntrico". Está fingindo não entender o que estamos discutindo. Estamos falando de uma modalidade de associação humana, de um complexo cultural historicamente construído, com base numa herança e numa religião comuns, e não dos absurdos que se cometeram em nome do sentimento de superioridade civilizacional. Se você é um nominalista obstinado, sugiro que faça um estudo comparativo das línguas euopeias, no qual notará que as mesmas ideias foram "traduzidas" de uma língua para outra, ainda que elas tenham conservado suas particularidades de gramática e estrutura. Faça o mesmo com outras línguas e verá uma disparidade flagrante de ideias. Essa homogeneidade OBJETIVA, VERIFICÁVEL, nada tem a ver com questões étnicas, nem com uma suposta origem comum: trata-se de um trabalho realizado por eruditos, que procuravam enriquecer sua cultura com as descobertas dos povos vizinhos.

São essas, a meu ver, as duas grandes lições da Europa: a da luta pela transparência histórica e pelo enriquecimento cultural. As carnificinas, terríveis, não a distinguem de outros grupos humanos, que foram excelentes em outros pontos. Somos brasileiros, jovens, sedentos por conhecimento: temos de aprender com quem sabe ou soube. É pouco para você? Continue, então, vociferando.

Anônimo disse...

Sei, o pessoal tinha perspectivas e motivos para colocar filhos no Mundo na época das Guerras Napoleônicas, durante o III Reich, durante a Peste Negra, durante a Guerra Fria-com o urso soviético pronto para o ataque-,nesses momentos de sucesso. Afinal, qual a graça de ter filhos se não for para matá-los de fome ou enviá-los para uma Guerra? Ou para as fogueiras da Inquisição, já que sem Cristianismo-dizem os fanáticos-, não há Europa. E,realmente, os europeus estão muito insatisfeitos, é por isso que "change" foi o mote das eleições nos... EUA! Já os eleitores europeus continuam mantendo o curso. Como diria Pelé, europeu não sabe votar.
O mal de se tocar em um assunto do qual não não entende nada é falar bobagens. Queda da taxa de nascimentos não indica perda de perspectivas. Na URSS, o período de Brejnev foi o mais próspero e mais tranquilo e nele se registrou queda acentuada da natalidade. Será que o Povo estava com falta do "sucesso" (se é bom para os poderosos de turno, é sucesso, né?) dos Expurgos, da Guerra com os nazistas, da fome causada pela coletivização? Não, estavam só aproveitando a relativa prosperidade alcançada. Prosperidade causa queda de natalidade (inclusive no Japão que fica fora da Europa e nos EUA, que estão enfrentando uma de suas mais baixas taxas de natalidade). Se ter um monte de filhos fosse prova de perspectivas, os favelados do Brasil e os africanos seriam os senhores do Futuro. Obrigado, mas eu prefiro paternidade reponsável mesmo.
É fácil selecionar um dado isolado. Por outro lado, Emmanuel Todd, o demógrafo que havia previsto com enorme antecedência a derrocada soviética, analisando vários dados, inclusive demográficos, previu a derrocada da América. Mas, como a Meca das Olavetes, dos rednecks (estarei me repetindo?) e do Capitalismo Selvagem está acima de críticas...
A taxa de natalidade dos negros e latinos na América é maior que a de brancos e asiáticos. Eles têm mais esperenças? Por falar nisso, a taxa de natalidade dos americanos brancos cristãos- sem brancos cristãos, o Mundo acaba, né?- é muito menor que a dos imigrantes e minorias- que já respondem por aproximadamente metade do crescimento populacional, não muito diferente do que aconteceu com os soviéticos europeus em comparação com os asiáticos nos tempos da derrocada da URSS. Será o incrível fim da Civilização Americana-supondo que tenha havido alguma um dia?
É maravilhoso ver como o retumbante sucesso de uma alternativa humana e equilibrada-como o modelo europeu- enlouquece de raiva os fanáticos e os vendilhões do Templo. Como justificar a defesa dos interesses dos ricos e poderosos como indispensável se uma região inteira triunfa ajudando os fracos e protegendo os pobres. A Civilização Européia não está acabando,Ela está fazendo o que faz de melhor: irritar os bárbaros.
"Diga-me uma só época e lugar que não tenham sido cobertas de 'sangue e cadáveres'? Um só país que não tenha 'misérias inenarráveis' em sua história?"
A Europa de hoje com sua política pacífica, tolerante e igualitária é o melhor exemplo possível. Bom motivo para não desprezá-la só para exaltar a Europa do pasado, cheia dos "sucessos" que tanto encantam os egoístas e os mesquinhos. Essa Europa, a que venceu seu passado e superou seus defeitos, é que tem lições a nos ensinar. Pena que aqueles que mais precisam delas prefiram teimar em defender os tiranos e colonialistas do Passado.
Tiago

Anônimo disse...

"Quer colocar-se acima de todos, como se fosse o modelo de virtude e respeito à paz? Terá de fazer melhor do que isso."
Aqueles que querem julgar-mesmo dizendo que não pretendem- o sucesso ou o fracasso de uma Civilização inteira e para isso vomitam falácias, não respeitando os rudimentos da honestidade intelectual, não se consideram acima dos outros ou modelos de virtude. Sei, sei... São tão humildes. Se o Mundo não seguir suas sábias ordens, a Ira de Deus desabará sobre nós, mas não é culpa deles, né?
" Por mais arrogantes que os europeus possam ser, eles têm consciência dos absurdos que enodoaram a sua história, o que os árabes, por exemplo, quase não têm"
Por isso mesmo, eles abandonaram o modelo imperialista e opressor cheio dos "sucessos" que fazem seu amigo salivar de gosto. Ao fazer isso, se tornaram o "fracasso" que tanto chateia os sabujos da plutocracia.

Anônimo disse...

"Você sabe muito bem que a palavra "civilização", com o sentido que a temos empregado aqui, nada tem de racista ou 'etnocêntrico".
"Talvez mais do que uma única civilização deveríamos falar em um conjunto de povos, que no entando tinham certas características que os uniam, e formavam de fato algo que podemos chamar uma 'civilização'. Havia três características que se mantinham sempre uniformes. Essa civilização era:

Européia.
Branca.
Cristã."

Européia, branca e cristã, mas não-etnocentrica, claro!

Sempre achei que a Plutocracia podia comprar cães mais espertos. Estava enganado.
"Aliás, a julgar pela sua adequação à doxa dos nossos tempos, não seria de modo nenhum impróprio supor que uma pessoa como você, no século XIX, pudesse ser mais um dos que dançavam conforme a música, legitimando a exploração e os abusos do colonialismo."
Melhor que fazer isso no Século XXI.
Tiago

Mr X disse...

DD,

Excelente comentário, obrigado.

Tiago,

Você mora na Europa? Parece que você só conhece a Europa da televisão, é bacana mas não dá para dizer que não tenha nenhum problema, ou que as pessoas que moram lá não estejam preocupadas com temas como a economia, a violência crescente (claro que ainda minúscula comparada com o Brasil) ou, sim, a imigração. Cidades como Rotterdam hoje são 50% muçulmanas. Vamos ver até quando dura a "tolerância", de um e outro lado.


Européia, branca e cristã, mas não-etnocentrica, claro!

Ué? Bem, também estavam os judeus, certo, e os ciganos e os muçulmanos em alguns países durante certo período, em especial Espanha, mas fora isso a Europa era mesmo majoritariamente branca e cristã. Claro que dentro desse grupo de brancos cristãos havia diversos povos descendentes de antigas tribos pagãs. Mas que a maioria da população da Europa sempre foi branca e cristã, é verdade, não estou inventando, nem estou necessariamente defendendo.

Aliás, ninguém acha estranho que no Japão quase só haja japoneses, ou que no Egito quase só haja árabes muçulmanos, etc. Mas por algum motivo dizer que a Europa é (Era) branca e cristã parece ser um crime. De qualquer modo, nem defendo isso, já expliquei que não quero voltar a passado nenhum, muito menos à idéia da pureza racial que foi a justificativa do nazismo.

Acho que você não entendeu o post, não "exalto" o "passado de glórias" europeu, é óbvio que é um continente que teve uma grande parcela na história de horrores da humanidade, das guerras religiosas ao terror do nazismo.

Apenas observo que uma civilização que se espalhou pelo mundo, que dominou a cultura, a tecnologia, a economia mundial por anos, hoje está em franca retração, tendo cada vez menor importância internacional e com seu povo tornando-se minoria populacional em seus próprios países. Acho isso um fenômeno incrível. Se você não vê nada de extraordinário nisso, paciência.

Abraços,

c* disse...

tiago e dd, continuem o debate por favor,esta excelente ! mas nao se trata de nenhum concurso, ninguém ganha nada no fim, so conhecimentos e materia pra refletir...portanto nada de insultos..:))

bom domingo !


poema atrasou...:((

c* disse...

chose, tiago tem uma visao perfeitamente "real" da europa...nao sei se ele mora por aqui, mas eu moro e viajo...concordo com ele em quase tudo

Mr X disse...

Ok.

Anônimo disse...

Aqueles que comparam favoravelmente os EUA com a Europa é que provavelmente só conhecem o Mundo pela televisão. O problema é o recuo da cultura "branca e cristã"? Os EUA estão enfrentando uma invasão de ilegais, uma drástica diminuição da proporção dos brancos na composição da população e uma queda catastrófica da natalidade dos brancos. O problema é o efeito das diferenças culturais e dos imigrantes pendurados no Welfare? Nos EUA, os negros e latinos formam uma larga underclass dependente de ajuda do Governo com várias gerações recebendo os benefícios do Welfare. O problema é a insatisfação? Não foi na Europa que um candidato populista se elegeu prometendo mudar tudo- da política externa ao financiamento de pesquisas com células-tronco-, mas sem ser muito específico sobre a natureza das mudanças. Não é a Europa-ou não só ela- que enfrenta uma dívida muito superior-se incluirmos o Medicare e o Medicaid- ao PIB. Não é a Europa que tem uma taxa de poupança tão medíocre e desperdício tão grande- especialmente com o Welfare e o Warfare, leia-se, complexo militar-industrial- que precisa depender da caridade de estranhos, os bancos centrais japonês e chinês. O problema é a violência? Os EUA possuem uma das maiores taxas de violência do mundo industrializado, só perdendo de buracos do Tercerio Mundo, como o Brasil. O problema é a falta de perspectivas e a percepção do Povo de que as coisas vão mal? Leia a imprensa americana! Leia as críticas devastadores ao Welfare State, ao Corporate Welfare, ao sistema de ensino, às Forças Armadas, aos lobies, etc. A cada semana, estoura outra crise moral. Veja como o país está dividido e como conservadores e liberais estão insatisfeitos uns com os outros. Nenhum país europeu- mesmo a Alemanha, com seu governo de coalizão de dois partidos muito rivais- está tão amargamente dividido quanto a América.
A Europa, por sua vez, encontrou um modelo de desenvolvimento harmônico, democrático e igualitário, servindo como principal exemplo e inspiração para aquele que acreditam e liberdade e prosperidade e no nosso dever de construir um mundo melhor e mais solidário.
Tiago

Mr X disse...

Tiago,
Se você tivesse lido meus outros posts, inclusive o último, veria que não vejo os EUA como paraíso, e sei que enfrenta problemas tão ou mais graves do que a Europa.

Agora, quanto a:

"A Europa, por sua vez, encontrou um modelo de desenvolvimento harmônico, democrático e igualitário, servindo como principal exemplo e inspiração para aquele que acreditam e liberdade e prosperidade e no nosso dever de construir um mundo melhor e mais solidário."

Me desculpe, mas isso é utopia. A Europa não encontrou "modelo mágico" algum. Isso não dura mais duas décadas. Ou talvez seja eu que não acredite em utopias.

Anônimo disse...

Não se trata de um modelo "mágico", trata-se de um modelo mehor. É tão mágico quanto um avião é para um índio. O fato de você não entender não torna mágico.
"Isso não dura mais duas décadas. Ou talvez seja eu que não acredite em utopias."
Questão de gosto, claro. Quanto tempo os EUA podem durar com o pior sistema educacional fundamental dentre os países ricos? Por quanto tempo os EUA podem durar gastando muito mais do que arrecadam? Quanto tempo pode durar um modelo baseado em baixíssimas taxas de poupança e em uma moeda dramaticamente desvalorizada? Quanto tempo até a bomba previdenciária explodir? Por quanto tempo os EUA podem durar com uma classe subalterna que se expande rapidamente com a imigração e as altas taxas de natalidade de negros e latinos? Por quanto tempo essa subclasse pode ter negadas suas esperanças de uma vida decente antes que a violência-já insuportável pelos padrões europeus- destrua de vez o pouco que sobrou do tecido social americano? Por quanto tempo os EUA podem queimar dinheiro e desperdiçar vidas em atoleiros militares? Por quanto mais tempo a população vai suportar ver seus direitos civis restritos porque uma clique governante paranóica e autoritária resolveu apoiar regimes intolerantes como o saudita, atraindo a ira de todos os descontentes do Oriente Médio? Por quanto tempo um país pode permanecer amargamente dividido graças à ganância e à ignorância dos republicanos, que desmoralizaram o conservadorismo e levaram à eleição de um candidato populista e inexperiente que nunca teria sido eleito para nada na Europa?
Achar que, apesar desses desastres, a situação da Europa é pior que a dos EUA é, sim, utopismo.
Tiago

Mr X disse...

Não, utopismo é outra coisa.

A situação da Europa é pior do que a dos EUA apenas porque lá está cheio de muçulmanos, e aqui cheio de mexicanos. E, pessoalmente, prefiro os mexicanos. Hihihi, just kidding.

:-P


Confetti! Me ajuda aqui. Você tem muitos amigos árabes aí em Paris? Cuidado, cherie.

DD disse...

Tiago:

Bem, já que você me acusou de não entender nada do que me lancei a discutir, além de valer-se daqueles slogans e frases feitas que servem a todo propósito quando uma discussão está fugindo do controle - "cães da Plutocracia", "chicote no lombo", etc. -, vou explicar-lhe como procedo. Não reajo sentimentalmente a um elenco de atrocidades, coligidas sem muito critério, porque não acho que a história se resuma a isso. Procuro entender o que foram esses abusos e o tipo de mentalidade que os legitimou como normais. Em seguida, pergunto-me se a mesma cegueira que acometeu os homens do passado não se produz agora, sob outras formas, e nos têm impedido de ver as armadilhas em que nos metemos. Sim, porque eu não acredito em "evoluções" ou "rupturas"; acho, ao contrário, que a história é fundamentalmente feita com a mesma "matéria-prima" humana. Se estou errado, procurarei emendar-me com mais estudo e observação.

Existe um dado indiscutível: casais que têm dois filhos apenas põem no mundo uma quantidade de pessoas suficiente para "anular-se". Um país em que todos os casais tivessem dois filhos manteria sua população constante, mas é esse um modelo hipotético, porque, na realidade, existem inférteis, homossexuais e pessoas que não querem constituir família. (Sem contar o crescimento demográfico exigido pela expansão econômica.) Podemos e devemos respeitar a condição dessos últimos, mas não me parece que louvar a escolha daqueles que pretendem não ter filhos seja um indício de "saúde cultural". É preciso distinguir o respeito do louvor. Assim como é necessário diferenciar o conceito de civilização com o seu uso como pretexto. Todas essas coisas andam sendo muito confundidas.

DD disse...

Vamos ver o caso europeu. Desde que Marx e Engels escreveram aquele panfleto imundo denunciando o reacionarismo da família "burguesa" (ideias largamente aplaudidas por boa parte da elite europeia); desde que os think-tanks malthusianos, sustentados por plutocratas de verdade, conseguiram convencer a mídia internacional de que o mundo se encaminhava para uma catástrofe demográfica (uma fraude primária, pois só há crescimento populacional quando há aumento da oferta de alimentos); desde que os Estados europeus passaram a taxar pesadamente os seus contribuintes, aumentando o seu espectro de responsabilidades; desde que o veio hedonístico da cultura ocidental pôde, enfim, libertar-se das amarras que o obrigavam a entrar em contraste com outras tendências, levando a crer, por exemplo, via mídias de massa, que o sexo infértil é um ato político - quando, na verdade, é apenas um ato banal, como são banais todos os atos que não nos confrontam com responsabilidades imediatas; desde todas essas coisas, enfim, ficou muito difícil afastar das famílias europeias a ideia de que ter poucos filhos é fazer um bem a si mesmas e ao mundo, mesmo vivendo no conforto e em países organizados, cheios de futuro.

Mas o que tornou possível que essa farra niilista, essa sabotagem festiva à vida verdadeira (que é expansão, e não só autopreservação) e ao futuro do país, não fosse desmascarada depois de uma geração? Os imigrantes. É possível censurá-los? De jeito nenhum. Eles saíram de condições muito adversas e foram instalar-se em ilhas de prosperidade. Eu teria feito o mesmo; creio que você, idem. As elites políticas dos países do Norte da África aproveitam-se dessa situação para ver-se livres de um contingente de miseráveis ao qual elas não pretendem dar oportunidades, e, entre os islâmicos, a coisa toda ganha um espírito de conquista religiosa que os europeus parecem não querer compreender, porque estão programando sua próxima viagem a Bora Bora. Khadafi disse-o explicitamente: você acha que um árabe faz bravatas quando fala da sua fé? Você acha que um homem que consegue manter-se 40 anos no poder sem parecer encarnar alguma tendência em sua civilização e joga palavras ao vento?

E, aqui, volto à questão da cegueira. A Europa interessa-me porque, se já não é o farol do mundo ocidental, talvez ainda seja o seu termômetro. Sem dúvida que se vive muito bem por lá, sem dúvida que os avanços sociais que ela empreendeu são exemplares em muitos aspectos. Eu seria louco se não o admitisse. Mas o problema é que a Europa de hoje parece comportar-se como a Atenas de Demóstenes, em que seus cidadãos já não eram capazes, já nem digo de combater, mas apenas de reconhecer a ameaça que estava ali, às suas portas. Os imigrantes talvez não sejam os macedônios, talvez saibam fundar uma nova Europa, talvez não sejam nenhuma ameaça, mas não dá para negar que esses europeus de hoje são atenienses demasiado tardios.

Será mesmo que a Europa de hoje é menos orgulhosa do que foi? E você conhece algum povo que, ao tornar-se orgulhoso demais, foi capaz de preservar-se intacto? Eu conheço um precedente curioso: o dos germânicos que, ao invadirem Roma, e desejando ser parte dela, levaram quase um milênio para atingirem o mesmo patamar administrativo e cultural que aquelas terras já haviam visto.

É isso o que está em jogo. Se o casal hedonista holandês vai para Bora Bora ou não, já não é da minha conta.

DD disse...

Saíram uns errinhos no que escrevi; paciência!

Mr X disse...

Valeu, DD. Vou citar seu comentário em outro post, achei bacana.