Já que estamos falando em guerra, vou dizer uma coisa que vai ser antipática até para os "neocons" que costumam freqüentar este bucólico espaço. Acho que, a esta altura, os EUA deviam voltar para casa e deixar o Afeganistão e o Iraque entregues à própria sorte.
Há oito anos ocorriam os atentados de 11 de setembro e os EUA, em represália, invadiam o Afeganistão. Retrospectivamente, teria feito mais sentido ter jogado um Boeing 747 contra Meca. Teria sido bem mais barato e, creio, teria tido mais sucesso em evitar futuros atentados.
Recentemente, alguns militares americanos morreram no Afeganistão devido às novas regras militares que tentam salvar a vida de civis afegãos, mas colocando em maior risco a vida de soldados. Segundo as regras obamianas, o soldado só pode atirar quando tiver certeza que o fundamentalista à sua frente está mesmo armado e vai atirar. Ou seja, para o governo Obama, a vida de civis afegãos é mais importante do que a de soldados americanos. Ora, não dá para se ganhar uma guerra assim. Está certo que se deve minimizar ao máximo a perda de civis, mas guerra não é piquenique. Se é para lutar assim, melhor ir para casa. Afinal, se os Aliados tivessem lutado a II Guerra de forma politicamente correta, hoje se falaria alemão em Londres.
E digo mais: a troco de que gastar tanto dinheiro e vidas em uma empresa que, de qualquer modo, é impossível? Alguém acha mesmo que o Afeganistão vai virar uma Suiça da noite para o dia? Mais valeria os EUA invadirem a Amazônia, que tem riquezas naturais. O Iraque ao menos tinha a desculpa do petróleo. No Afeganistão, só tem pedra e papoula. Salvo que o governo dos EUA tenha interesse em dominar o tráfico de heroína, sua presença lá tem pouco sentido econômico.
Além disso, não se entende porque os EUA devam continuar a ser polícia do mundo em plena crise mundial. Convenhamos: ninguém gosta de polícia, mesmo os que mais são ajudados por ela. Apesar da implantação de uma espécie de democracia, o Iraque não virou aliado dos EUA. Fui a favor de ambas as guerras e, sim, o Iraque atual é, sem dúvida, uma melhora sobre o Iraque de Saddam Hussein. Ótimo. Mas ainda está muito longe de virar um país decente. E xiitas, sunitas e curdos continuam matando-se, e continuarão até o final dos tempos, ou até a chegada do décimo-segundo imam, o que vier primeiro. Então, vale a pena?
Eu não sei. Em qualquer guerra deve-se ter uma estratégia e um objetivo claro, o que não é o caso do que ocorre agora no Afeganistão. Qual é o objetivo de Obama nesta "guerra estúpida"? (Foi ele mesmo quem anteriormente a chamou assim). Ou os EUA lutam pra ganhar, ou caem fora. Ou dá ou desce. Não há meio-termo. O resto é desperdício de dinheiro e vidas. E nem mesmo impede que outro atentado contra os EUA possa estar sendo gestado em algum outro lugar, como Paquistão, Bósnia, Kosovo, Irã ou até mesmo o México.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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2 comentários:
Complicado, de fato.
A entrada dos EUA no Afeganistão, à época, foi legítima. Ocorrem atentados nos EUA. Os terroristas se abrigam no país dos talibãs. Os talibãs dizem que não os entregarão aos americanos. Ficaria por isso mesmo apenas se o presidente fosse o Lula, óbvio. Mas o pior é que até hoje, não capturaram bin laden vivo ou morto, embora alguns cabeças da Al-Qaeda tenham virado presunto... Logo, essa guerra tornou-se dispendiosa sem nenhum retorno. Mesmo que o Afeganistão se torne uma democracia laica e civilizada, o mundo não ficaria diferente. O Afeganistão é insignificante... e pelo menos os talibãs dariam dor de cabeça a iranianos e paquistaneses (fundamentalismo é bonito quando contra EUA e Israel, na nossa casa nem pensar!).
A guerra no Iraque foi inventada por Bush e sua camarilha. Invadiu-se sob argumentos errados. Sob mentira. Mas já que invadiram, se tornassem a região curda independente, além de ganharem um novo bastião pró-EUA em pleno oriente médio, faria com que os sunitas, com medo dos xiitas, se voltassem para o lado menos radical e para o ocidente. Mas o problema aí eram os curdos da Turquia, velha aliada dos EUA. São 10 milhões naquele país. Com a região ao lado independente, uma insurreição logo viria à tona. Embora se os turcos abrissem mão de seu território curdo, menos 10 milhões de muçulmanos do oriente médio em sua população absoluta, ficaria mais fácil entrar na União Europeia.....
E se os EUA tivessem criado artificialmente um estado autônomo para a pequena comunidade árabe cristã do Iraque(indagação). Um estado nos mesmos moldes de Israel: laico, porém protegendo responsável pela proteção do cristianismo e recebendo e dando cidadania a todos os árabes de confissão cristã do oriente médio. É claro que paz não haveria. Mas seria um outro bastião americano e pró-ocidente naquela conturbada região.
Mas são só especulações. De certo mesmo, é que ninguém verá solução nesta primeira metade de século. E talvez nunca.
Desculpem por escrever demais e de forma embolada.
Ótimos comentários, Rolando. É mesmo complicado. A idéia de criar um enclave cristão não seria má, porém, tampouco sei se funcionaria. E, na prática, requereria também a guerra civil ou separação nos moldes, sunitas - xiitas - curdos - cristãos. O que também terminaria, creio, em violência.
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