segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quem governa o mundo?

A maioria das teorias conspiratórias apresenta alguém - pode ser uma só pessoa, mas em geral é um pequeno grupo - que controla o mundo. Presidentes, ditadores, terroristas: todos são meras marionetes dessa elite de verdadeiros governantes.

A teoria, a princípio, é interessante e plausível. Quer dizer, alguém acredita mesmo que Barack Obama seja "o homem mais poderoso do mundo"? É claro que não. Ele está ali porque a elite que o financia entendeu que um homem negro, articulado, Democrata, seria o personagem ideal para o papel de vingador Politicamente Correto. Mas é apenas um papel. Outros o colocaram ali, e podem livrar-se dele quando seja necessário, talvez apresentando um certificado de nascimento escondido em algum cofre.

Outro exemplo: observem a foto abaixo e perguntem-se: mas os sujeitos abaixo não eram inimigos políticos? Não era um de "esquerda" e outro de "direita"? Um da "elite" e outro do "povo"?


Claramente, ambos, hoje aliados, também apenas representaram papéis, meramente papéis. Collor fingiu abraçar a ideologia dominante dos anos 90 (ainda que seu confisco da poupança teria horrorizado Adam Smith). Lula hoje faz o papel de presidente-operário social-democrata "moderado", salvador das classes minoritárias mas com bom-senso econômico (nem uma coisa nem outra é verdadeira, mas o importante é representar o papel). Há quem argumente que ambos presidentes eram e são apenas fantoches da mesma cleptocracia dominante. Note que as figuras de fundo não mudam. No Brasil, as ideologias quase sempre são só disfarces para o roubo. Alguém acredita mesmo que um operário ignorante realmente tome todas as decisões financeiras e políticas da nação?

Em um romance de Kurt Vonnegut, um presidente americano tinha no banco de trás de sua limusine um volante de brinquedo. Era para se lembrar que tudo o que ele podia fazer é fingir que estava dirigindo, isto é, governando.

Mas, se os presidentes não governam o mundo de fato, ou nem mesmo seus países, então, quem o faz?

A teoria mais popular é que os que governam o mundo são os banqueiros.

Não acredito muito nisso, mas casos como os da família Fugger ou Rothschild realmente podem dar essa impressão. Os Fugger, banqueiros alemães desde o fim da Idade Média, e que - atenção! - não eram judeus, mas católicos (embora Jakob Fugger tivesse uma coleção de valiosos manuscritos que incuía antigos textos hebreus), estiveram financiando grande parte dos eventos do século XVI, inclusive a descoberta da América. Jakob Fugger, através de seu representante Fernando de Noronha, foi o primeiro indivíduo a investir no Brasil. Jakob Fugger teve tanta fortuna e poder que era conhecido em algumas nações apenas como "O Rico". Abaixo o vemos em pintura de Albrecht Dürer:


Os Fugger foram poderosos, mas mesmo seu poder tinha limites. Como todos os indivíduos humanos, tiveram seu apogeu e decadência. Os Rothschild também. Hoje são apenas sombra do que foram.

Será que os banqueiros são também marionetes de outras forças? Ou estabelecem uma relação simbiótica com outros poderes, como os líderes políticos e o clero? Nesse caso, teríamos três formas de poder (o político, o financeiro e o religioso/ideológico), que muitas vezes coincidem entre si nos objetivos, mas nem sempre. Seriam tais desacordos que fazem mover o mundo.

Outra teoria popular é que os verdadeiros governantes são os maçons. De fato, tal organização esteve presente não apenas fundação da América, como em grande parte dos eventos mundiais, e mesmo em eventos brasileiros como a Independência ou a Revolução Farroupilha. Um número considerável de líderes mundiais foi membro da maçonaria. Mas, e daí? Isso realmente quer dizer alguma coisa? Grande parte dos líderes mundiais também era fã do xadrez. E se tudo o que ocorre no mundo fosse na verdade uma conspiração mundial de enxadristas?

Talvez a primeira pergunta que temos que nos fazer é: o mundo é mesmo governado, ou não? Antes de afirmarmos que há uma pequena elite que está por trás de todos os grandes eventos, devemos considerar a teoria de que não haja ninguém em especial, ou ao menos ninguém com controle total. Há diversas forças e influências que combatem entre si. Há grupos poderosos que têm, de fato, enorme influência, mas nem sempre conseguem ter seus desejos atendidos.

Essa parece-me a teoria mais correta. O mundo é caótico. A vida é caos. E nós, meros plebeus sem qualquer poder político ou econômico, somos apenas espectadores, pequenos vermes que mal conseguimos governar nossas próprias vidas enquanto rastejamos por este Vale de Lágrimas.

11 comentários:

Anônimo disse...

Eu por ser super cético com as coisas, fui pesquisar e realmente acredito nesse plano da "Nova Ordem Mundial".
O pior cego é aquele que não quer ver, ou o que finge não ver, mais vê.

DD disse...

Mister X:

Gostei de "cleptocracia". Quase coincidimos: eu costumo usar "ineptocracia", mais indicado ao timoneiro que temos. Você teve a decência de não apelar a um hibridismo; manteve-se nas puras fontes gregas. Kudos! Aquele terrível Conde de Maistre usava "canalhocracia", que é bem mais direto e expressivo. Enfim, um papista enragé como ele podia tudo...

Quanto aos Rothschild, sem dúvida que já não são o que foram. Ainda produzem bons vinhos, como tive oportunidade de constatar. Lord Evelyn de Rothschild apareceu por esses dias, numa TV inglesa, pedindo maior regulação na economia. Nem é preciso dizer quanto o pessoal ficou ouriçado no setor de comentários do YouTube.

Estou entendendo melhor algumas coisas a respeito dos exageros das teorias conspiratórias. É muito interessante ver como elas começaram justamente com supostos iniciados em círculos esotéricos ou sociedades secretas (todos os "arrependidos" dos sécs. XVIII e XIX), ou se alimentam de ideias surgidas dentro do "pensamento" esotérico (a coisa dos reptilianos, até onde pude verificar, nasce com a própria Elena Blavatsky).

Pô, há teorias que envolvem até a Ayn Rand, veja só.

cfe disse...

Caro Mister x,

A referência que faz aos maçons, não sei se é devida ao que comentei sobre os mesmos anteriormente, em todo caso esclareço que nunca disse em parte alguma que "governam o mundo".

Sua comparação dos mesmos aos que jogam xadrez, desculpe-me, mas é descabida pois de certo não desconsidera que aquilo que os ocupantes do poder acreditam, suas ligações, lealdades e interesses seja importante para perceber suas ações. E diga-se de passagem que tenho sérias dúvidas se há tantos jogadores de xadrez ocupando cargos de referência quantos maçons...

Quando refere que muitos poderosos foram membros da maçonaria utiliza o pretérito mas deveria ser o presente: são.

A questão dos maçons está por descobrir porque seus membros muitas vezes não se identificam em público, seus rituais são secretos e escondem-se numa penumbra.

Cumprimentos,

cfe

PS: na foto lá de cima, um deles é maçon.

DD disse...

Talvez vocês se interessem por esta história: http://en.wikipedia.org/wiki/Propaganda_Due

Daniel F. Silva disse...

Falando em paranoicos, nosso blogueiro de esquerda favorito, Idelber Avelar, anunciou a "hibernação" de seu blog por tempo indeterminado, por falta de tempo.

Anônimo disse...

Tem gente que pensa que maçonaria é só festas.....tem membros que passam de um simples universitário até mesmo delegados,juízes,desembargadores,governadores,presidentes e etc
Quando se fala em Teorias da Conspiração aparece rapidinho gente p comentar que é paranóia, loucura e etc
Assistam Wake Up Call e me provem FATO POR FATO com provas e argumentações, que aquilo ali são teorias.....

c* disse...

kurt vonnegut ? k-k-k-k*

c* disse...

"Tem gente que pensa que maçonaria é só festas..."


tem tbm as fantasias, aquela hierarquia do triangulo, aquelas najas carecas...rsss*

sera que no proximo carnaval vao desfilar ?

Mr X disse...

Tem festas da maçonaria, é? Poxa, nunca fui convidado. Será que é tipo aquela festa do "Eyes wide shut"? ;-)

Confettiiii!!!! :-P

DD disse...

Festinhas de grupos gnósticos são do balacobaco desde, pelo menos, a época romana.

Anônimo disse...

vão sair fantasiados de boiooolas que são por ficarem fazendo manifestozinhos e ñ tomam parte do campo da ação.