domingo, 23 de maio de 2010

Poema do domingo

Último Soneto

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
--- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço ---
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...
 
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

7 comentários:

c* disse...

" Um lápis e uma régua
Um resfriado me pega
Um flash quase me cega
Um memorando que nega

Um vento forte, um chuvisco
No olho me entra um cisco
Um som de casa de disco
Uma cobrança do fisco

Um desejo por vitrina
Uma moça por esquina
Hoje eu te pego menina
Ao me sentar na latrina

Um cartaz de mulher nua
O cego atravessa a rua
Garçom, a carne está crua
A mãe de quem é a sua?

Um ódio que me destrói
O sangue corre, corrói
Eu quero ser um herói
Vida de porra, My Boy

PORRA
PORRA
PORRA "


(os mutantes)

Mr X disse...

pois é, sou da mesma opinião.

c* disse...

fala sério, meu bem...

Anônimo disse...

...e Woland, poetando: eu disse... poetando ! O poema " Saudade que nada, tá na testa, quer dizer, na cara ! Uma ordinária " !

" E o poeta apaixonou-se pela jovem dama !
Não esperavam que tudo acabasse num dramalhão...
Era um jovem inteligente, esperto e bonito, esta era a sua fama
Alguns exageravam e diziam: " Um pavão "!
A mocinha era de familia, bem educada, bonitinha
Só que nela se escondia algo de "sapequinha" que toda a torcida do Rio Cricket sabia: nada a detinha.
Nelson Rodrigues entendia do assunto, mas era um garoto ainda, ajudar não poderia,
Portanto, o poeta estava em maus lençóis !
Quando descobriu casado estava, ou seja, era tarde. Exclamou: " Pelos rouxinóis "!
A sacana, às escondidas, saía com meio mundo e meio: policiais mineiros, médicos franceses e comerciantes espanhóis !
Conversas repentinamente cortadas no mercado.
Risinhos na repartição.
Todos fitavam o jovem enrolado, coitado.
Só restava à ele uma maneira de acabar de vez com aquela situação.
Dar um tiro no meio da testa ...
Adeus, poeta ". Triste... da próxima vez eu melhoro. Juro.

c* disse...

:-))


chose, como vc tava lendo keats esses dias, procurei algo pra te agradar...achei no site do antonio cicero (http://antoniocicero.blogspot.com/) um baratinho, com uma traduçao perfeita !


" A thing of beauty is a joy for ever:
Its loveliness increases; it will never
Pass into nothingness; but still will keep
A bower quiet for us, and a sleep
Full of sweet dreams, and health, and quiet breathing.
Therefore, on every morrow, are we wreathing
A flowery band to bind us to the earth,
Spite of despondence, of the inhuman dearth
Of noble natures, of the gloomy days,
Of all the unhealthy and o'er-darkened ways::
Made for our searching: yes, in spite of all,
Some shape of beauty moves away the pall
From our dark spirits. Such the sun, the moon,
Trees old and young, sprouting a shady boon
For simple sheep; and such are daffodils
With the green world they live in; and clear rills
That for themselves a cooling covert make
'Gainst the hot season; the mid forest brake,
Rich with a sprinkling of fair musk-rose blooms:
And such too is the grandeur of the dooms
We have imagined for the mighty dead;
All lovely tales that we have heard or read:
An endless fountain of immortal drink,
Pouring unto us from the heaven's brink. "

( from "endymion" )


aqui a traduçao :

"O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida."

( trad de augusto de campos )


curtiu chose ?

c* disse...

( esse blog ta cheio de conversas nao terminadas, de perguntas nao respondidas, de vontades nao satisfeitas...)

Mr X disse...

Como a vida, conffa.