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domingo, 20 de março de 2011

Os Senhores da Guerra

Prometi a mim mesmo não blogar até segunda, mas o bombardeio da Líbia por forças americanas, francesas e britânicas me intriga e me perturba.

Obama, que tanto prometia ser o "presidente da paz", conseguiu deixar os EUA envolvidos em três conflitos ao mesmo tempo, um recorde: além das tropas que ainda estão no Iraque e no Afeganistão, agora interfere na Líbia.

Minha pergunta é: se era para bombardear algum país, então por que não o Irã? São eles que mais massacraram seu próprio povo (após a fraude eleitoral do ano passado); são eles que estão desenvolvendo armas nucleares; são eles os que recentemente mataram soldados americanos e seqüestraram soldados britânicos, são eles os que mais apoiam o terrorismo internacional. Ou por que não a Arábia Saudita? (Bem, nesse caso já sabemos por que não).

A Líbia? Sim, Kadafi não é flor que se cheire, mas tampouco representa uma grande ameaça internacional. Promoveu atentados nos anos 80 e 90, mas nas últimas décadas estava até quietinho. Pode até estar matando rebeldes em seu próprio país, mas e daí? No mundo pós-Guerra Fria, devem os países mais poderosos intervir em todos os conflitos ao redor do globo? No Sudão, houve matanças muito piores, mas nenhum país ocidental interveio (e olha que há petróleo também por lá). Na escaramuça entre Rússia e Georgia, ninguém foi maluco de se meter.

Sempre desconfio quando dizem que "a razão de tudo é o petróleo", mas neste caso talvez seja mesmo. Em tempos de crise, acreditar que há países que se mexem exclusivamente por "razões humanitárias" é algo que não é muito engolido pelo cínico que estou me tornando ultimamente. A zona ocupada pelos rebeldes, curiosamente, é a parte do país onde tem mais poços de petróleo.

E, no entanto, essa explicação tampouco me convence. De que forma o acesso ao petróleo ficaria mais fácil com os rebeldes no comando? Isso sem falar que, com a guerra, o preço tende a aumentar, o que beneficia ditadores e fundamentalistas árabes e não aos países ocidentais importadores.

O objetivo da ação militar parece ser apenas a de promover uma "zona de exclusão aérea" na parte ocupada pelos rebeldes. Isto é, evitar que eles sejam bombardeados por Kadafi. Ao mesmo tempo, segundo os últimos comunicados, as forças da coalizão não pretendem atacar diretamente Kadafi. Ou seja: estão organizando um "empate". Nem Kadafi vence, nem os rebeldes. A situação pode se alastrar por anos a fio. Quem sabe vire um novo conflito Israel-palestinos, que só existe mesmo porque idiotas de fora insistem em manter um inexistente "processo de paz".

Por falar nisso, quem são os "rebeldes" líbios? Procuro informações a respeito, e não acho. Provavelmente são tão ruins ou piores do que o Kadafi. Não entendo por que EUA, França e Inglaterra apoiam um grupo de pessoas que, claramente, seria ingenuidade acreditar que sejam democratas à maneira ocidental.

E os franceses? Por que os franceses, ou ao menos o Sarkozy, estão tão ansiosos em bombardear o Kadafi? Será que é por isto? Ou tem algo a ver com isto?

Como é que Obama conseguiu ordenar o uso de força militar sem pedir autorização ao Congresso americano? (Lembrem que esta foi necessária para invadir o Iraque, e demorou vários meses). Será que a autorização só é necessária quando soldados entram de fato no país?

Demasiadas perguntas, poucas respostas. Se me perguntarem se sou a favor dessa nova ação militar, digo que não. (Ainda que isso pareça me colocar do lado da esquerda chavista.) É que parece-me um desperdício de dinheiro, de tempo e de vidas, no momento mais equivocado possível. Mas deve haver muita coisa por trás de tudo isso que ainda não sabemos, ou ao menos que eu não sei.

Se alguém souber, me avise.


Esperemos que as famosas guarda-costas de Kadaffi não sejam atingidas.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pensando o impensável

Enquanto Obama falava sobre o desarmamento nuclear total, a Coréia do Norte, às suas costas, lançava um foguete - teoricamente com a intenção de enviar um satélite ao espaço, mas na prática testando o lançamento de mísseis nucleares intercontinentais, afinal o processo é basicamente o mesmo. Não se sabe exatamente a margem de sucesso do empreendimento: alguns garantem que o satélite jamais chegou à órbita, mas o regime coreano declarou o lançamento um "êxito".

Mais do que desarmamento, o que vemos atualmente é a possibilidade de proliferação. A Coréia do Norte tem armas nucleares. A China tem armas nucleares. O Paquistão tem armas nucleares. O Irã, se não for impedido, poderá ter a bomba em poucos anos ou meses, já que o projeto nuclear segue em pleno andamento. A Arábia Saudita, ameaçada pelo Irã, também tem planos de entrar para o clube nuclear. O Japão, ameaçado pela Coréia do Norte e China, pensa em se nuclearizar também, apesar da constituição pacifista. Bem-vindos ao mundo "multipolar", onde qualquer país terá armas nucleares para se proteger do outro.

A estratégia de Obama a respeito? Desarmar os EUA para "dar o exemplo":
It is a strategy based on the idea that if the United States shows it is willing to greatly shrink the size of its atomic arsenal, ban nuclear testing and cut off the worldwide production of bomb material, reluctant allies and partners around the world will be more likely to rewrite nuclear treaties and enforce sanctions against North Korea and Iran.
É uma estratégia arriscada, para dizer o mínimo.

É demasiado terrível sequer contemplar a idéia da guerra (ou atentado) nuclear. Pense ainda que as bombas atuais são centenas de vezes mais poderosas do que as de Hiroshima e Nagasaki. Mas o fato é o seguinte: as armas nucleares existem, estão sendo buscadas por países ditatoriais e organizações terroristas, e é possível que uma bomba nuclear exploda em alguma cidade do mundo nos próximos dez anos. Em Tel Aviv? Em New York? Em Rihad? Em Teerã? Em Mumbai? Em Moscou? Em Tóquio? Em Beijing?

Temos a tendência a preferir não pensar em certas coisas. E, no entanto, fechar os olhos não afasta o perigo.

Aqui, um texto interessante conjeturando o que aconteceria se terroristas ou países islâmicos conseguissem detonar um artefato nuclear nos EUA.

No Doomsday Clock, faltam 5 minutos para a meia-noite, o ponto mais baixo em mais de quinze anos.