segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Evolução: sim ou não?

Darwin e sua teoria da seleção natural são muitas vezes utilizados para bater no Cristianismo e na própria idéia de Deus. Eis aqui por exemplo um vídeo ridicularizando as várias Miss America no debate (tipicamente americano) sobre o ensino do Evolucionismo versus Criacionismo nas escolas.

A verdade, porém, é que muitos dos tais defensores do evolucionismo pouco conhecem as teorias e textos do estudioso britânico. Grande parte das idéias darwinianas são, por sua própria natureza, extremamente contrárias a qualquer tipo de igualitarismo, inclusive o racial, já que prevêem a adaptação de todo ser, inclusive o homem, ao seu meio. Eis este trecho de "A origem das espécies":

At some future period, not very distant as measured by centuries, the civilized races of man will almost certainly exterminate, and replace, the savage races throughout the world. At the same time, the anthropomorphous apes ... will no doubt be exterminated. The break between man and his nearest allies will then be wider, for it will intervene between man in a more civilized state, as we may hope, even than the Caucasian, and some ape as low as a baboon, instead of as now between the Negro [sic] or Australian and the gorilla.

Não traduzi por preguiça, mas o trecho apresenta várias idéias que hoje em dia seriam consideradas heréticas, a começar pela noção de que algumas raças estariam mais próximas do macaco do que outras, e embora não o justifique, parece prever o genocídio racial. (Detalhe aos nazistas de plantão: longe de ser um supremacista racial, Darwin era um abolicionista, ferrenho adversário da escravidão). Chama a atenção também a idéia de que o homem com o tempo iria se "civilizando" cada vez mais (mas a seleção natural não era cega e sem propósito?)

A teoria de Darwin nega a existência de Deus? Não necessariamente, embora tente dar uma explicação alternativa para o surgimento das várias espécies de seres vivos que dispensa a idéia de um Criador. Não é à toa que muitos dos ateus militantes sejam também neodarwinistas, como Richard Dawkins. 

Além disso, assumir o darwinismo ou a "sobrevivência dos mais fortes" como filosofia de vida ou de sociedade pode levar mesmo a uma negação da moral e da compaixão cristã. Ainda que, como disse certa vez o saudoso leitor Augusto Nascimento (onde andará ele?), "darwinismo é uma teoria científica, não um programa político", o fato é que o materialismo darwinista pode levar mesmo a uma descrença em qualquer tipo de realidade moral ou espiritual. (Basta um único exemplo: se a "moral" de tudo no darwinismo é apenas deixar o maior número possível de cópias de nossos genes, conclui-se que deveríamos simplesmente tentar procriar o máximo possível com o maior número de parceiros possível. Já a moral judaico-cristã, conforme Tessalonicenses 4, é bastante mais severa.)  Ateísmo e darwinismo andam, em geral, de mãos dadas.

(Pessoalmente, nada contra os ateus; só não suporto algumas pessoas de inteligência medíocre que se julgam superiores meramente por terem feito uma "descoberta" perfeitamente óbvia: "Descobri que Deus não existe. Sou um gênio! E os religiosos são apenas idiotas que ainda acreditam em Papai Noel". E lá vai o imbecil, julgando-se um crânio maior do que Tomás de Aquino. Ora, como bem escreveu Francis Bacon, um pouco de filosofia pode levar qualquer um ao ateísmo, mas ainda mais filosofia certamente levará o indivíduo a pensar também no aspecto espiritual, e nas causas maiores de tudo.) 

Mas onde eu estava? Ah sim, na teoria da evolução de Darwin. Há vários problemas com a teoria, mesmo deixando de lado o aspecto religioso. Darwin formulou sua teoria original quando a ciência da genética mal engatinhava; hoje, longe de confirmar as idéias de Darwin, a genética, em alguns aspectos, parece contrariá-la. De acordo com os neodarwinistas, a evolução seria resultado de inúmeras mutações genéticas aleatórias ao longo de milhões de anos. O problema é o seguinte: as mutações genéticas são extremamente raras e, sendo "defeitos de fabricação" (ou de cópia), também são em 99% dos casos, negativas (i.e. retardamento mental, um cachorro com três pernas, má-formação de órgãos, etc). Há perda de informação genética, não acréscimo. Para se criar uma espécie nova, você teria que ter um número suficiente de indivíduos com a mesma mutação aleatória, e que tal mutação seja de algum modo benéfica. Neste site aqui (em inglês) há a enumeração de alguns argumentos contrários à teoria darwiniana. Não sou biólogo, portanto não sei se eles têm validade ou não, mas me pareceu interessante. (Aqui outro texto criacionista com argumentos similares, mas em texto mais curto e talvez mais fácil de entender). 

Em geral, faz-se a comparação da evolução com a "corrida armamentista". Da mesma forma que ocorre com países em conflito, os animais se especializariam para atacar ou se defender. Exemplo: um predador desenvolve presas mais potentes (isto é, um predador que nasce com os caninos mais fortes é beneficiado por estes e deixa maior descendência); a presa em contrapartida desenvolve uma couraça (de novo, através da seleção natural daqueles que nascem com uma pele mais rija). 

Faz sentido, mas a diferença é que, na corrida armamentista real, há pessoas criando as armas, de um e outro lado. Ou seja, um "design inteligente". A seleção natural pode certamente favorecer uma ou outra espécie que já existe, mas não é claro, ao menos para mim, como certos atributos cada vez mais complexos surgiriam do nada a partir de mutações genéticas randômicas, até criar uma nova espécie.

A seleção natural existe e é um fato facilmente observável (i.e., os dinossauros não existem mais). Mas o  que Darwin fez foi atribuir a ela a origem das espécies (justamente o título do livro). E isso, acho, não está empiricamente provado. Embora previstas pela teoria, tais mutações, por motivos óbvios como a necessária passagem de muitíssimos anos, jamais foram observadas em laboratório ou em estudos na Natureza. O mais próximo que se encontrou foi o caso das mariposas inglesas afetadas pela poluição, mas mesmo esse estudo referia-se a um caso de microevolução em espécies já existentes (creio que também há estudos com bactérias).

Atenção. Não estou aqui querendo negar a teoria da evolução nem promover o criacionismo. Ao contrário, a teoria da evolução parece-me bastante útil como explicação para fenômenos que, antes dela, eram desconhecidos. Aliás, aceito de bom grado as suas premissas básicas, sou a favor que seja ensinada na escola e, embora não entenda alguns de seus aspectos, não sou biólogo, e portanto se tivesse alguma discordância, poderia ser mero resultado de minha quase total ignorância do assunto.

Meu pensamento sobre tudo isso está ainda, ahem, evoluindo, e portanto gostaria mesmo é de saber do leitor:

Você acredita na teoria da evolução? Ela é compatível ou não com o cristianismo ou com a crença em Deus? Como vê os aspectos da teoria que negam os dogmas mais queridos (tanto da esquerda, como a igualdade, quanto da direita, como a existência de Deus)? Poderia haver alguma outra explicação científica para o surgimento das várias espécies? Há algum biólogo na sala?

Discutam entre vocês.

20 comentários:

Kryptonita disse...

Muito bom, X. Só uma observação: o trecho é do "The Descent of Man", e não do "A Origem das Espécies", OK?

Chesterton disse...

o assunto do livro (Black Box) é que a evolução se ocorreu, ocorreu em nível molecular, e nenhum darwinista se propõe a imaginar como certas reações complexas poderiam ter "evoluído".
E ele não cai na prematura conclusão: "Darwin está errado, logo Deus criou o universo".
Mas, cadê os darwinistas?

Anônimo disse...

Leiam este interessante texto de Ann Coulter: http://juliosevero.blogspot.com/search?updated-max=2011-09-15T20%3A43%3A00-03%3A00&max-results=21

Jan disse...

Atendendo ao seu pedido, eis um biólogo, unicampiano e que há tempos não comenta por aqui.

Quanto às perguntas, eis as respostas, se de algum valor forem: sim, acredito na teoria da evolução, posto que as evidências a seu favor são maciças como diamante (porém é preciso muito cuidado ao analisá-la à luz da genética). Ela é indubitavelmente compatível com o cristianismo, assim como João Paulo II indicou. Eu deixo a parte da ética e ideologia com quem disso cuida; com a má-fé de praxe, dá pra dobrá-la tanto para direita quanto para a esquerda, e transformá-la no "programa político" da hora. Sim, sempre pode surgir alguma outra explicação melhor para o surgimento das espécies, porém é extremamente difícil acreditar que outra teoria, tão bem observada e solidificada por décadas de pesquisa científica independente quanto a darwiniana, apareça no horizonte - é muito mais provável que ela continue sendo aperfeiçoada futuramente, como ocorreu com o neodarwinismo, mas daí pra desacreditá-la é exagero.

Seu post é essencialmente correto. Darwin estava muito longe de ser um "progressista", mas também era contrário a diversas ideologias comuns à sua época, porém hoje vistas como coisas de reacionário - é o caso do escravismo.
Não analisei o texto de sua fonte, porém é correto afirmar que, em níveis genéticos, o darwinismo é problemático, para dizer o mínimo. Existem até correntes lamarckistas (aquele do pescoço da girafa!) modernas, todas estritamente científicas, que fazem bastante sentido. Em nível mais “macroscópico”, contudo, a teoria darwiniana é um primor em sua capacidade de explicar a natureza. E estas duas vertentes não são necessariamente excludentes. Nosso conhecimento atual do funcionamento dos genes é tão ridiculamente baixo que eu não me arrisco a pender pro lado detrator de Darwin nem pra defensor. Falta muita informação para basearmos nossas opiniões.

Por estes motivos, não me estenderei questionando alguma informação pontual incorreta sobre o processo evolutivo que apareça no seu texto, mesmo porque a lógica por detrás dele é boa. Mas gostaria que todos prestassem muita atenção nas palavras do Augusto Nascimento. Infelizmente, tanto defensores quanto “atacadores” de Darwin mal conhecem as maravilhosas idéias e fascinante ciência por trás deste homem tão mesquinhamente usado como joguete político.

Anônimo disse...

DEFINA SUPREMACISMO BRANCO,X!

... ATE PORQUE ,HOJE, ACREDITAR EM RAÇAS E NAS SUA DIFERENÇAS ,E QUE ,ESTAS IMPLICAM NO SUCESSO ,OU FRACASSO,DE UMA SOCIEDADE ,PRA MUITOS(ESQUERDISTAS) JÁ É SUPREMACISMO!

Chesterton disse...

Em nível mais “macroscópico”, contudo, a teoria darwiniana é um primor em sua capacidade de explicar a natureza.

chest- macroscópico se traduz por aparência?

Mr X disse...

Ao anônimo:

Supremacismo, acho, é acreditar que uma raça ou grupo humano deve comandar sobre as outras/os.

É verdade que hoje meramente acreditar em diferenças raciais (que era o senso comum até o início do XX) virou anátema.

Pessoalmente, acho que é perfeitamente possível acreditar em diferenças raciais sem contudo apoiar políticas opressivas ou discriminatórias, ser contrário à escravidão, etc. É o meu caso, é o caso do Darwin, é o caso do Steve Sailer, que apoia um certo "citizenism".

Mr X disse...

chest- macroscópico se traduz por aparência?

Acho que quer dizer que explica o geral, mas perde-se nos detalhes. Quer dizer, faz sentido para explicar a diversidade de plantas e animais, mas não é claro como o processo acontece na prática, a nível genético/molecular. Ao menos é a minha interpretação.

Mr X disse...

Ah e tem outra coisa da qual só agora me dei conta, lendo o trecho de Darwin no contexto:

Embora ele cite diferenças raciais e afirme que Caucasianos são mais "civilizados" do que Africanos e aborígenes Australiamos (E acredite que no futuro vá surgir ainda uma raça ainda mais "evoluída"), o trecho na verdade está ali apenas para justificar a falta de "elos perdidos", ou mutações intermediárias, entre certas espécies. Como muitos críticos reclamavam disso, Darwin então diz que esses seres intermediários que nunca foram encontrados provavelmente foram extintos pela espécie superior, assim como macacos e raças humanas serão também exintas um dia, aumentando a distância entre nós e nossos "antepassados antropóides". Em resumo, é uma desculpa barata do Darwin para justificar o problema da falta das "espécies intermediárias".

Rovison disse...

É verdade que hoje meramente acreditar em diferenças raciais (que era o senso comum até o início do XX) virou anátema.

X, na tua opinião, o que provocou essa mudança tão profunda na mentalidade das pessoas no Ocidente no que se refere à questão racial? Como uma ideia banal, óbvia para a quase totalidade das pessoas torna-se, em poucos anos, anátema?

Matheus Carvalho disse...

Eu acho que a teoria da evolucao faz sentido. Dito isto, tenho alguma bagagem de biologia e, na verdade, as vezes e' bem dificil acreditar que foi tudo por acaso. Se o mecanismo da fotossintese e' estudado em detalhe, por exemplo, se ve que para as coisas darem certo no nivel molecular a precisao das reacoes quimicas e atividades enzimaticas tem que ser incrivel. E isso sao moleculas. Imagine a complexidade de celulas e organismos comparado a isso. Pra mim e' mesmo um grande misterio...

iconoclastas disse...

"o trecho na verdade está ali apenas para justificar a falta de "elos perdidos", ou mutações intermediárias, entre certas espécies. "

os elos não estão, necessariamente, perdidos, ao menos não para todos. ;)


http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5553808,00.html

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4618906-EI238,00.html

Mr X disse...

Íconos,
Sim, mas acho que o neandertal não era anterior, mas contemporâneo ao homo sapiens (corrija-me se estou errado), e de fato talvez fosse até mais inteligente, ao menos tinha cérebro maior. Será que foi um caso de "involução"? E outra, não é por querer implicar, mas segundo o estudo asiáticos e europeus (e papuanos) têm traços de DNA neandertal, mas os africanos não têm. O que isso prova? Não sei exatamente, mas é interessante...

"X, na tua opinião, o que provocou essa mudança tão profunda na mentalidade das pessoas no Ocidente no que se refere à questão racial?,

Rovison,
Respondo com outra pergunta: como pode o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, algo que até onde sei jamais existiu em qualquer civilização (*) (mesmo não-cristã), que até os anos 1950 seria provavelmente considerado uma aberração, hoje ser considerado um direito humano e até uma necessidade? Simples. O igualitarismo, seja econômico, racial, sexual, cultural, é a ideologia principal de nossos dias. A maioria das pessoas acredita nisso porque cresceu com essas idéias. Porém, as idéias humanas mudam como o vento. Pode apostar que a ideologia igualitarista não durará mais do que algumas décadas, sendo substituída por alguma outra moda.

(*) Evidentemente o homossexulismo e as relações sexuais sempre existiram, estou falando do matrimônio oficial. E sem qualquer julgamento moral: só observando como o pensamento a respeito disso mudou muito rápido.

André Costa disse...

Não sou biólogo, mas li um pouco sobre o assunto e estou como o Jan: são muitas as evidências que a evolução das espécies existe e que ocorre pelo mecanismo da seleção natural. De fato, a teoria vale para o nível macroscópico mas não há nenhum problema nisso, como muitos querem fazer crer. Os engenheiros trabalham apenas com leis macroscópicas (i.e, são muito boas para descrever o comportamento dos materiais com volume apreciável) que absolutamente não são válidas quando consideramos interações atômicas. E ninguém vê problema nisso! Além do mais, quando se fala em problemas com mecanismos genéticos e ocorrências de mutações, deve-se recorrer a Ernest Mayr e outros que fizeram (ou tentaram fazer) a síntese entre teoria da evolução e teoria genética, e não a Darwin. No que tange ao conflito com dogmas religiosos, eu penso que seria muito mais digno de Deus criar uma lei ou mecanismo para evolução das espécies (assim como há um mecanismo de nascimento e evolução das estrelas), do que limitar seu poder a algumas milhões de espécies. Ou seja, para mim o conflito darwinismo x criacionismo é um falso conflito, uma vez que a teoria da evolução é só um aspecto (o macroscópico - o mais visível) da ação divina da criação.

Rovison disse...

X, também tenho a mesma opinião. O igualitarismo esquerdopata é a base de todas essas aberrações. Creio que é só uma questão de tempo para a pedofilia ser legalizada em vários países do Ocidente. Estamos vivendo tempos tenebrosos.

Kryptonita disse...

Puxa vida, ninguém para dizer que Darwin era um charlatão? Na ausência de um melhorzinho, então digo eu. Não me levem a mal (se me levarem, danem-se). Gosto de ler Darwin, gosto das suas observações, mas o leio como a um romancista ou a um autobiógrafo. Como teórico, francamente!

Mr X disse...

Por que diz isso, Kryptonita?

Eu não sou biólogo e, para dizer a verdade, tampouco li nenhum livro completo do Darwin, apenas trechos e capítulos aqui e ali (acho que vou começar a ler o Descent of Man). Mas acho que o Darwin era um cientista sério. O Freud é que era um charlatão, embora ele tenha alguns textos interessantes, mas é mais literatura do que ciência.

Anônimo disse...

Não sou biólogo, mas cientista da computação.
Do ponto de vista estritamente abstrato a teoria da evolução é algo certo e uma idéia extremamente elegante. Sendo mais claro: não tenho certeza de que o princípio da seleção natural se aplica ao caso da origem das espécies, mas tenho certeza matemática de que é possível obter sistemas altamente complexos e ordenados pela ação conjunta de variações aleatórias cumulativas (e o fato de serem cumulativas é, de fato, o ponto central da teoria) aliada a uma seleção dos espécimes mais aptos.
O mesmo princípio explica ainda outros fenômenos naturais, e é largamente utilizado na engenharia moderna, em projetos desde asas de aviões até em algoritmos de busca na web e tradução automática.
Não creio que a evolução prove a inexistÊncia de Deus. Deus pode reger o mundo com as leis que bem entender. Seria como pensar que a descoberta de que 1+1=2 prova a inexistÊncia de Deus, já que fica claro que não é necessária a intervenção divina para que os seres se reproduzam.
SE, no entanto, for demonstrado que *toda* a complexidade do universo pode ser explicada pela evolução, perde-se um bom argumento a favor do Deus pessoal (embora um deus abstrato como o de Einstein não sofra um arranhão).
Do modo como as coisas estão, no entanto, me parece um tanto exagerado e dogmático (como são muitas das afirmações dos ditos céticos) partir de "é teoricamente possível obter complexidade e a aparÊncia de algo projetado sem um projetista explícito, ao menos em alguns casos que estudamos" para "tudo o que vemos, todas as espécies, toda a inteligência humana, tudo, tudo tudo é mero fruto da ação cega da seleção natural", como diz o Dawkins.

abs
Lucas

Kryptonita disse...

Olá X,

Charlatão talvez seja uma palavra forte demais. Fato, porém, é que Darwin demorou, o que?, de 20 a 30 anos para publicar a sua teoria. Um pouco por receio de chocar o senso comum, mas principalmente porque sabia que não tinha evidências suficientes para sustentá-la no meio científico. (Pouco antes, Lamarck recebeu sapatadas de todo lado na academia de ciências.)

Embora convencido do gradualismo (os acréscimos do mais simples para o mais complexo), não possuía elementos para explicá-lo e estava consciente de que ainda não havia descobertas de fósseis intermediários que suportassem o processo de transmutação das espécies. (De resto, até hoje ambos permanecem em aberto, beirando à impossibilidade pura e simples. "Variações aleatórias cumulativas", no sentido de se criarem novas espécies, são contos da carochinha. Não ocorrem na natureza, senão apenas em processos artificiais.) Somente resolveu pela publicação, após a morte de sua mulher, o que o levou a perder a fé, insuflado por amigos como Hooker, Lyell, Owen e Huxley.

Posso estar enganado, mas um fato curioso de sua biografia é que Darwin nunca deu a cara a tapa em debates públicos sobre a sua teoria. O serviço ficou por conta desses seus escudeiros. Outro aspecto a se considerar é a extrema fluidez e elasticidade dos conceitos da teoria. "Evolução" (que não foi cunhado por ele, mas por Kant), "espécie" e - mais tarde, via Mendel - "mutação" contam hoje com as mais díspares e equívocas significações. Uma teoria que se presta a tal plasticidade conceitual não é de forma alguma científica. Chegaram a propor que o darwinismo fosse uma filosofia. Seria muito. É ideologia pura. Não à toa, após a sua morte, seu primo, Francis Galton, lança as suas teorias eugenistas e pouco depois surge o darwinismo social.

É bom ressaltar que as pesquisas de Darwin têm o seu mérito no que respeita à microevolução. Mas quanto à macroevolução, a "origem das espécies", é cascata pura. Esse, inclusive, é um dos maiores truques dos evolucionistas: trazer os méritos da primeira para encobrir a absurdidade da segunda.

Reinaldo Barcelos Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.