segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O mundo do contrário

Quando eu era criança, existia uma canção chamada "O mundo do contrário", sobre um mundo em que tudo estava virado de pernas para o ar. É mais ou menos o que está acontecendo hoje em dia, embora nem todos percebam.

Antes, gays eram perseguidos, e nem mesmo figuras importantes como Alan Turing e Oscar Wilde escapavam de duras punições. Agora, há gays no exército americano, gays recebendo dinheiro público para realizar paradas na rua, gays casando e adotando filhos, gays escrevendo os novos livros infantis. O que era impensável há poucas décadas atrás hoje virou o novo normal.

Nem estou fazendo um juízo de valor aqui (afinal não sou a favor da perseguição sistemática a gays), mas apenas observando como os padrões do comportamento moral, do que era considerado certo e errado, praticamente se inverteram.

O problema é que isso é só o começo, é claro. Se você ainda se consegue escandalizar com o homossexualismo, é porque não sabe que já existe um movimento que está legalizando e promovendo o incesto: afinal, se os dois forem maiores de idade é sexo entre duas pessoas adultas, e ninguém tem nada com isso, certo? É o que argumenta um professor universitário que teve sexo consensual com sua filha durante três anos. E não esqueçamos da pedofilia, agora transformada em aspecto cultural.

Enquanto isso, cristãos são punidos por meramente existirem, ou por promoverem o seu "ódio" contra gays, lésbicas e incestuosos. Soldados heterossexuais são proibidos de tomar banho em um chuveiro separado dos gays, afinal não se abaixar para pegar o sabonete poderia ser considerado discriminação. 

O Richard Fernandez, do Belmont Club, tem um excelente post sobre o tema: ele observa que não é que a moral tenha acabado, é simplemente que substituiu-se a antiga moral baseada na virtude cristã por uma nova moral baseada no Politicamente Correto e nas teorias esquerdistas de igualdade forçada.

O problema é que a antiga moral, ao contrário da nova, tinha uma lógica baseada na experiência e no bom senso. Mesmo se deixarmos de lado o aspecto religioso, podemos observar que existem comportamentos que são mais negativos e comportamentos que são mais positivos, seja para o indivíduo ou para a sociedade.

O homossexualismo, por exemplo, pode até ser divertido para seus praticantes (?), mas tem o inconveniente de não propagar a espécie e causar potencialmente maiores problemas de saúde. O incesto, nem preciso dizer: causa filhos com deformações genéticas e mentais, além de ter repercussões negativas na estrutura social, baseada na criação de alianças entre diferentes famílias. E assim por diante: tomar drogas tem repercussões negativas para a saúde física e mental, a dependência estatal leva à preguiça e à acomodação, et cetera.

Mas vivemos em um momento em que a grande virtude -- talvez a única virtude - é considerada a Igualdade. Todos precisam ser iguais a todos, por bem ou por mal. Os gays precisam entrar no exército e casar entre si -- por quê? Simplesmente porque o contrário seria "discriminar". Todos os cidadãos de bem devem ser igualmente revistados até as cuecas no aeroporto, mesmo que 99% dos terroristas sejam muçulmanos. Por quê? Porque o contrário seria "discriminar". Indivíduos de certas etnias e classes sociais devem ter direito privilegiado a freqüentar uma universidade, ainda que tenham notas mais baixas, por quê? Porque... Bem, acho que você já pegou a idéia.

O grande problema com isso tudo é que essa Nova Moral nada tem de compatível com o Mundo Real. Todas essas mudanças (ou deveríamos dizer experimentos sociais) têm conseqüências, que se farão sentir mais cedo ou mais tarde. Assim como as teorias progreçistas que vêem o criminoso como uma "vítima do sistema" estão certamente por trás do terrível aumento do crime em todo o mundo nas últimas décadas, e as teorias iguali-otárias de Paulo Freire estão certamente por trás do desastre na educação atual, certamente as novas propostas de reengenharia sexual terão seu resultado daqui a alguns anos, e eu não quero nem saber qual será.

Vejam bem, amiguinhos. Não sou nenhum paladino da moral e dos bons costumes, nenhum pregador de moral de calça curta. Acredito que salvo intervenção genética ou divina o homossexualismo sempre existirá, ainda que restrito a um máximo de 10% da população. E o mesmo com outros comportamentos como o incesto, a pedofilia, a poligamia, etc. O desejo humano tem razões que a própria razão desconhece.

Porém, observo que os comportamentos marginais mais excessivos, que antes eram mantidos no seu canto, agora estão sendo transformados na norma de conduta, e seus praticantes transformados em uma classe protegida, a qual não pode sequer ser criticada. Somado a isso, vemos uma moral que inverte vício e virtude (em seus conceitos tradicionais), e que privilegia comportamentos contrários à unidade familiar, e, portanto, contrários à harmonia social. Isso não pode dar certo.  

De minha parte, rezo apenas para que homossexualismo e incesto não se tornem obrigatórios, pois do jeito que vai a coisa, não duvido que venha a ocorrer...

13 comentários:

Chesterton disse...

A grande questão é que essa experiência de engenharia social é falsa. Fingem ser algo que não são (Pondé, no seu livro "Contra um Mundo Melhor). Na minha opinião uma boa invasão islâmica cura essa frescura (ou outro caos qualquer).

maisvalia disse...

"é simplemente que substituiu-se a antiga moral baseada na virtude cristã por uma nova moral baseada no Politicamente Correto e nas teorias esquerdistas de igualdade forçada."
Esta sua definição foi direto ao alvo de maneira condensada.
A esperança que sobra é que como toda idéia esquerdista, solidária e humanista, esta também carrega um pequeno detalhe viral que pode levar anos mas aparece:
NÃO FUNCIONA, HEHEHEHEHEHE

Chesterton disse...

http://townhall.com/cartoons/ChuckAsay/2010/12/3/74270

Mr X disse...

Na minha opinião uma boa invasão islâmica cura essa frescura (ou outro caos qualquer).

Sim, até porque essa invasão é facilitada pela metrossexualização e gayzificação do Ocidente, mas queremos essa invasão? Às vezes a doença é melhor do que a "cura"... Ou tão ruim quanto.

Gunnar disse...

"Contrário" e "contradição" são palavras de ordem do esquerdismo.

Os caras não se dizem os paladinos da liberdade de expressão, enquanto defendem o controle da imprensa? Não se dizem os paladinos do laicismo, enquanto apóiam ditaduras islâmicas? Não se dizem os paladinos da igualdade, enquanto defendem tratamento diferenciado para determinadas cores de pele? Não se dizem os paladinos do anti-autoritarismo, enquanto suas amadas revoluções sempre resultam em ditaduras? Não dizem que o bandido é "vítima da sociedade", mas quando o crime do "bandido" é simplesmente ter trabalhado o suficiente para se tornar rico, ele passa sim a ser imputável de culpa individual (aliás, da pior que existe)?

Num primeiro momento parece não fazer sentido, mas Olavo explica.

Flavio Morgenstern disse...

Se há algo que destrói uma tentativa de melhorar o mundo, seja ela qual for, é quando a idéia chega num radicalismo tão grotesco que mesmo toda a parte boa dela tem de ser jogada na famosa lata de lixo da História de Trotsky, simplesmente para não recairmos numa idiotia pior ainda.

O que ferra a direita é justamente esse tipo de texto. Veja que nunca conseguem refutar dados do capitalismo, nunca conseguem negar que até os miseráveis hoje têm um nível de vida melhor do que sem o capitalismo. Mas refutar esse conservadorismo piegas e, jogando o bebê junto com a água suja, se livrar do lado bom do conservadorismo num só golpe, é o que mantém a esquerda no poder há tanto tempo.

Envida-se um esforço maçante para tentar tratar o ódio ao homossexualismo como algo "lógico", e não como mero fanatismo religioso. Então, chega-se ao cúmulo de usar um "argumento" chumbreca como esse:

""O homossexualismo, por exemplo, pode até ser divertido para seus praticantes (?), mas tem o inconveniente de não propagar a espécie e causar potencialmente maiores problemas de saúde."

Ora, o primeiro "inconveniente" é ÓTIMO. Não é só porque alguns regimes totalitários se preocuparam com o controle populacional que ele é ruim. Eles também bebiam água, e beber água continua sendo bom. Inclusive em termos liberais (curioso como é moda da direita agora falar mal de Malthus sem tê-lo lido).

Depois, fala-se como se todo sexo heterossexual fosse propagar a espécie. Não tenho Deus a quem dar graças por isso ser falso! Fico imaginando se os faniquitos e ataques de pelanca de cada cristão fossem à guisa de "oh, meu deus! gays estão transando! Não darão continuidade à espécie!!"

É preciso maior rigor demonstrativo para provar que isso é hipocrisia?

O segundo "inconveniente" é verdade, mas não por causa do homossexualismo em si, e sim por comportamento promíscuo. Por razões higiênicas que não valem a pena ser explicadas, gays sofrem mais se não usarem camisinha – e há o fator cultural, da onda oba-oba em que os gays se metem para poder encontrar parceiros; onda esta que pode ter uma rotatividade muito maior. Novamente, isso nada tem a ver com homossexualismo: urge ignorar a rotatividade de pitboys de balada e a pequenez cultural das patricinhas que lhes servem de camelo no deserto – mas, ainda mais, a sua falta de "perpetuação da espécie".

É uma pena que esse tipo de argumento seja usado: sempre que um "progressista" quer atacar os reacionários, ao invés de lidar com números, com os quais é muito mais difícil mentir do que com palavras, ele sempre tum texto de gosto discutível como esse para apontar a superioridade das suas crenças tão fanáticas quanto – e com um grau de estupidez não muito mais elevado, há-de se notar.

Lúcio disse...

A verdade sobre os homossexuais: http://gospelbrasil.topicboard.net/teologia-f11/homossexualidade-nao-e-normal-nem-benigna-t2493.htm
Por favor, espalhem. Deus seja louvado.

Mr X disse...

Caro Flávio,

O que está sendo criticado aqui, ao menos de minha parte, não é o homossexualismo em si, que sempre existiu/rá, mas sim a transformação dos gays em classe protegida, e mudanças radicais como o casamento gay e a promoção de soldados no exército, e especialmenta a censura anti-homofóbica.

Sobre este último caso, uma anedota real que mostra que aqueles que querem "gays no exército" não estão nem aí nem para os gays, nem para o exército. No outro dia, uma amiga esquerdista celebrava a entrada dos gays no exército americano. Perguntei-lhe, mas por que diabos os gays querem entrar no exército? Sua resposta: não sei porque qualquer pessoa entraria no exército americano, é uma instituição horrível, assassina e maligna.

O que mostra que eles não estão preocupados com a eficiência do exército (afinal o odeiam), e ficariam felizes com a sua destruição. Mas nem mesmo com os gays estão preocupados, querem apenas mostrar como são mais bonzinhos do que os outros.

Eu, pessoalmente, nada tenho contra os gays e tenho mais de um amigo gay. Nem por isso apoio o casamento gay, e não acredito ter nenhuma "crença fanática".

Flavio Morgenstern disse...

Caro Mr. X,

Obrigado por entender minha mensagem.

Mas do que estou falando é do que está nas entrelinhas. Não vejo você, é claro, incitando nada contra homossexuais – mas esse discurso é vago, e todas as contraposições que coloquei ao seu argumento continuam inteirinhas valendo.

Você fala de um típico argumento de esquerda, sobretudo do pior tipo de esquerda (que já é pior por si), que é a esquerda gramscista, aquela que quer ir destruindo tudo, tudo do capitalismo, mesmo as coisas essenciais, just for fun, como alguém querendo destruir o Exército americano (sem o qual a Europa estaria falando alemão e usando bigodinhos ridículos).

O problema é que esse discurso é overreacting. Se ainda fosse um problema público, no sentido de ser um problema "de todos", a overreaction seria um problema tão ignorável quanto o seu gatilho inicial. Mas isso só deixa vulnerável TODO o discurso da direita (conservadora, e também liberal, já que no Brasil não se sabe nem o que diabos defende a direita).

Por que, então, perder tanto tempo inventando argumentos falhos contra algo tão ignorável quanto os faniquitos gays? Por que encher a esquerda com munição, apenas por ter ojeriza estética pelos gays? Por que tentar encontrar uma reversão moral, onde tudo o que existe é apenas modinha inconseqüente, que, desde Sodoma e Gomorra, sempre existiram?

Não é preferível deixar a religião de lado e ganhar a batalha política, ao invés de manter um discurso que só dá vitória àqueles que se julga combater, apenas para poder misturar religião com política nos discursos.

Novamente, a esquerda não tem nem nunca vai ter argumento contra o capitalismo, em números. Mas argumento contra "sexo gay tem o inconveniente de não perpetuar a espécie"... ah, isso mantém a esquerda invicta no poder, infelizmente, há muitas décadas.

Abs.

Mr X disse...

Novamente, a esquerda não tem nem nunca vai ter argumento contra o capitalismo, em números. Mas argumento contra "sexo gay tem o inconveniente de não perpetuar a espécie"... ah, isso mantém a esquerda invicta no poder, infelizmente, há muitas décadas.

Discordo ao quadrado. A esquerda pode não ter argumento lógico contra o capitalismo, mas isso não impede que todo esse papinho de "justiça social" vença no fim. A maioria das pessoas não entende nada de economia nem quer entender, e quer mesmo é obter facilidades do governo.

Já modificações sociais como o aborto ou o casamento gay são mais difíceis de vender, ao menos no Brasil, onde a grande maioria é contra.

Gunnar disse...

Flávio, são dois aspectos diferentes da direita, economia e política.

A saber, a direita defende o liberalismo econômico (ou livre mercado, ou capitalismo) e o conservadorismo na política e ordem social.

O liberalismo econômico já ganhou de lavada, mesmo o comunista mais ferrenho não é burro de abrir mão do poder do capitalismo (exceto bizarrices como Cuba e Coréia do Norte, talvez).

O problema é que a direita não se resume à economia - e esse é o grande erro do empresariado no Brasil, a meu ver. "Ah, o Lula se converteu ao capitalismo, ele está mantendo a política econômica liberal, então está tudo bem", e aí todo mundo bota a bunda na cadeira e deixa o barco andar.

Ninguém se importa com o que está acontecendo com a cultura (morreu há décadas), com a moral (indo pelo ralo), com a política, o estadão inchando... o novo socialismo está atacando em todas essas frontes e por falta de uma autêntic direita no Brasil, está ganhando.

(como você mesmo disse, brasileiro NEM SABE o que a direita defende)

Augusto Nascimento disse...

"Já modificações sociais como o aborto ou o casamento gay são mais difíceis de vender, ao menos no Brasil, onde a grande maioria é contra."
E é por isso que Serra fez bem em conseguir o apoio de Silas Malafaia (enquanto fugia do representante da velhice abandonada pelos eleitores, populista cambial e trambiqueiro nas horas vagas, FHC) e jogar todas as suas fichas no tema aborto (em vez de em temas em que ele perde de muito ou empata em um zero a zero vergonhoso para situação e oposição). Até ganhou a eleição, vejam só. Daniel Dantas está até cantando aquela música da campanha de Roosevelt, Happy Days Are Here Again. Ah, não, espere aí, não foi bem assim.
Levando-se em conta doze anos ininterruptos de desastres político-culturais da "direita", o que eu posso dizer? Como diria o estrategista militar favorito do Astrólogo: "Stay the course". Ele não gosta de Colin Powell: é que o general Powell costuma GANHAR guerras. Depois de quarenta anos no deserto, talvez, os fanáticos religiosos recuperem o juízo e aprendam que "a sã política é filha da moral e da razão".

Microempresário disse...

Flávio, só um comentário ao seu comentário. Vc fala em "faniquitos gays ignoráveis". Não é só isso. Existe hoje um ambiente de discriminação contra não-gays, que por enquanto é na maior parte não-escrito, mas que aos poucos está se "institucionalizando", isto é, virando lei.

Falando claro:
Se eu reclamar ao meu vizinho por ele jogar lixo no meu quintal, e ele se declarar gay, me chamar de homofóbico e chamar a polícia, eu é que passo a ser o suspeito.

Se eu demitir um funcionário incompetente e ele recorrer à Justiça do trabalho alegando que foi demitido por ser gay, ele tem grande chance de ganhar. E se ao contratar alguém eu perguntar se ele é gay, também estou em maus lençóis.

Como o Mr. X disse no post (não é o primeiro, aliás), minorias que antes se quixavam de ser discriminadas agora tem o poder de discriminar, e o fazem. Isso inclui gays, muçulmanos, negros, baixinhos, idosos, etc.