quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Afro-americanos e afro-brasileiros

Os americanos, como já observei há algum tempo atrás, são obcecados com a questão racial, e este blog, um pouco por influência disso, começou a tratar do problemático e politicamente incorretíssimo tema. Sei que no Brasil isso dá até cadeia, mas fazer o quê?

Muitos, mesmo na direita, prefeririam nem tocar nesse espinhoso tema. Porém, como os próprios leitores em recente pesquisa pediram para o Blog do Mr X "ser ainda mais politicamente incorreto e chutar o pau da barraca", vou nessa direção. (Já adivinho o Bitt me acusando de racista, reacionário e canalha, dane-se: 60% dos leitores não podem estar errados.)


Este post é ambíguo, por que, por um lado, admiro muito a cultura negra americana, afinal, minhas cantoras preferidas são Billie Holiday, Nina Simone e Ella Fitzgerald, achava geniais o Sammy Davis Jr. e o Miles Davis e hoje acho engraçados o Chris Rock e o Dave Chapelle. Na cultura musical atual, imersa no rap, tenho menos interesse, mas mesmo assim não posso deixar de observar que há muita gente talentosa. E sempre que posso cito o Thomas Sowell, brilhante economista.  

Porém, fora esses luminares, a verdade é que há um grave problema na comunidade afro-americana: altíssimos índices de crime, famílias disfuncionais, violência, estupro, 80% de filhos nascidos de mães solteiras, abuso de drogas, prostituição, péssimo rendimento escolar. Muitos não trabalham, mas vivem de crime ou do welfare check. Não falam inglês, mas ebonics. O que faz sucesso entre a rapaziada é ser um thug, os garotos estudiosos são humilhados por "agir como brancos", quando não mortos de forma violenta.

Ei, quem diz tudo isso não sou eu, mas sim o Bill Cosby, negro criador de um clássico sitcom de saudosa memória.

Será que é tudo culpa dos brancos racistas que os oprimem? Ou há outras razões nascidas na própria comunidade?

Abaizo uma humorista do Youtube, Glozell, satiriza um pouco essa mentalidade:



Mas, do ponto de vista de um estrangeiro, o que mais chama a atenção é a agressividade e/ou ressentimento de muitos negros contra os brancos. Não, todos, é claro, e não de modos sempre extremos. Mas é palpável.

Nunca vi isso no Brasil, nem mesmo a separação extrema entre os dois grupos. Obviamente, tive muito contato com brancos, negros, mulatos, mamelucos, asiáticos, e jamais tive qualquer problema ou observei qualquer agressividade entre um e outro grupo por motivos raciais como existe aqui (Não que eu tenha tido problemas aqui, apenas uma que outra descortesia aqui ou ali, e um certa sensação quando há grandes grupos). Mas a realidade que se lê nos jornais sobre as partes mais pobres das cidades americanas, e que pode mesmo ser vista em um passeio de carro pelo sul de Los Angeles, é arrasadora. (Mas os brancos em sua maioria moram longe; agora os asiáticos são as vítimas preferenciais dos thugs negros, enquanto estes peleiam com os thugs mexicanos.)

Pode ser que seja uma questão mais de classe e cultura do que de "raça" e, de fato, o problema não se encontra apenas na comunidade negra:

* também há a gentalha white trash de bêbados e viciados em crystal meth e moradores de trailer parks que nada têm de invejar aos gangsta e desocupados do gueto.

* há os mexicanos e latrino-americanos que estão dominando as gangues, fazendo limpeza étnica em bairros tradicionalmente negros e que são os campeões em gravidez adolescente e abandono escolar.

* na Inglaterra, os chavs brancos de classe baixa exibem as mesmas patologias dessas mesmas subclasses americanas.

* E, na França, quem representa esse mesmo papel são les jeunes, a racaille de descendentes dos árabes queimando carros todo dia.

Claramente, trata-se de um fenômeno sociológico típico da modernidade entre as classes baixas.

Theodore Dalrymple observa isso no livro (a meu ver fundamental) "Life at the Bottom".

Não é tanto uma questão de pobreza quanto de atitude. Por exemplo, os gangsta do gueto podem não ter dinheiro para educação de seus filhos, mas podem "pimpar" seus carrões assim:


A "thug culture" é um fenômeno recente e, na verdade, como os exemplos mostrados acima indicam, não se limita aos negros. Dalrymple dá dezenas de exemplos sobre a população de classe baixa branca britânica. Talvez tenha a ver mais com a decadência cultural geral do Ocidente do que com qualquer outra coisa. (Observo por exemplo um fato quase irrelevante, a utilização de tatuagens e piercing, antes território exclusivo de marginais, prisioneiros, membros de gangues, marinheiros e figuras do submundo, que virou moda entre a classe média, bem como um certo estilo de vestir. Não seria uma tentativa de posar de "thug" e assim atrair fêmeas?)

Outro problema curioso na América é a indústria do racismo. Há certas palavras que são proibidas, e nenhuma o é tanto como a (realmente ofensiva) palavra n****r, muito embora os negros a utilizem toda hora entre eles. Toda hora alguém perde o emprego ou se mete em confusão por falar essa palavra maldita. A última vítima foi a radiofonista judeo-católica Laura Schlessinger, a popular Dr. Laura, que cometeu a imprudência de utilizar a palavra várias vezes em uma discussão com uma ouvinte e foi forçada a pedir desculpas, e agora avisou até que vai abandonar o rádio.

O problema é que o Brasil, ao menos sob os recentes governos, parece querer  imitar os americanos no que eles têm de pior. Em primeiro lugar, a questão cultural. Antigamente os negros no Brasil tocavam samba. Tínhamos figuras legendárias como Nelson Sargento, Pixinguinha e Cartola. Hoje não, mermão. Hoje tocam rap, "funk" (na verdade, Miami bass) e hip hop, com letras da pior qualidade. Tudo importado duzamericano.

Mas mais do que isso, com a militância explícita e com as leis de cotas raciais e de criação de quilombos e o linguajar politicamente correto, parecem empenhados em criar o racismo ao estilo americano no Brasil. Começa a surgir o que não havia antes nessipaís, uma divisão extrema entre brancos e pretos (que na verdade são quase todos mistos), a censura a certas palavras e uma cultura de "blame whitey", como observa o Diogo Mainardi.

Acham que exagero? Vejamos:

* Um jornalista gaúcho foi condenado a pagar 20 mil reais por ter insinuado que os índios não gostam de tomar banho (crítica que me parece improcedente, já que os índios tomavam bem mais banho que os europeus que chegaram aqui).

* A Xuxa chegou a ser acusada de racismo por um desenho animado em que havia personagens macacos (a acusação era tão ridícula que não foi levada adiante, de qualquer modo as Paquitas sempre foram loiras, será racismo?)

* Mais de um jovem já foi preso por racismo devido a mensagens colocadas no Orkut.

* Já existem até grupos que lutam contra o "racismo ambiental" e pela "justiça climática", seja lá o que isso for.

Ah, antes tampouco tinha esse negócio de "afro-brasileiro", como o filme abaixo mostra muito bem. 

8 comentários:

Harlock disse...

Salve.
No caso do jornalista gaúcho nem sei o quanto se aplica o que escreveu Debret sobre os charruas, afeitos a viverem na sujeira, no caso os "ofendidos" são caingangues e ainda de outro grupo lingüistico, mas nem todos os índios cultivavam essas altas noções de higiene pessoal observadas pelos velhos cronistas entre os tupis.
Quanto aos mulatos pernósticos que se querem negros aqui no Brasil, fazer o que? Sei lá... Por mim já resolvi que filhos, se tiver, só os terei com uma branca.
Não me viesse um filho quarteirão ou oitavão, fantasiado de marginal... como essa molecada bem-criada que vira cultora da "periferia"... se proclamar "negro" na minha cara, como se a herança cultural européia fôsse inferior e o sangue "branco" sujasse. Virava-lhe a cara p'rás costas.

Don't Tread on Me disse...

Ah, Mister X! Se nós, leitores deste blog, quiséssemos saber de politicamente correto, iríamos seguir palhaços como Túlio Vianna ou ler NY Times!
Estamos aqui também para sermos informados sobre esse nojento neo-racismo politicamente correto. Eu, particularmente, fico abismado quando vejo a cara de incredulidade de pessoas a quem eu falo sobre as odiosas idéias de recalcados como Noel Ignatiev (o que luta para abolir a raça branca), de Susan Sontag ou de Malcom X. A lavagem cerebral é tanta que há pessoas achando até que Omar Thornton, o racista que cometeu uma chacina há poucos dias nos EUA, não era racista nem assassino: era uma vítima da sociedade branca opressora...
O seu blog é uma boa fonte de informações para se desintoxicar de idéias politicamente caretas.
Keep kicking the ass of politically corrects!

Klauss disse...

Nossa, vc falou do Bill Cosby e... Bem, o link não abre pq aqui no Brasil há problemas com os direitos autorais.

Mas se é o Bill Cosby Show que eu assistia na TV a cabo, era bem legal! E ele tinha muito essa coisa de valores familiares, bem diferente dos "thugs" como você fala no post.

Mas a verdade é bem essa... A coisa não é uma questão de racismo, mas de ódio à cultura superior, ódio à sabedoria, aos valores tradicionais, à inteligência. Aí colam um rótulo odioso - "racista" - em quem tem as características citadas, que é pra terem orgulho da própria ignorância.

Mas daí eles dizerem que as coisas elevadas são "coisa de branco", para justificarem a opção pelo imoral, o baixo, o ignóbil -- isso não é racismo?

No fim não é uma questão de ser racista ou não, mas criar políticas de controle do pensamento através do controle da linguagem... Proibindo algumas palavras, incentivando determinadas políticas, criam-se essas aberrações e, conseqüentemente as profecias autorrealizáveis.

Ser preto, branco, latino, pobre, nunca é justificativa para agir assim, mas à medida que aparecem "iluminados" que criam um "cultura" que justifique a escolha pelo crime e tudo o mais, cria-se um bom pretexto pra que as pessoas não façam mais a escolha certa.

Racismo? Nahh, isso é socialismo mesmo. É a guerra de classes numa roupagem mais contemporânea...

Mr X disse...

Bem, o jornalista gaúcho se referia a um grupo de índios "civilizados", isto é, praticamente favelados rurais (visitei uma vez uma aldeia de guaranis e viviam em tristes condições), com pouco restando da cultura original e vivendo da ajuda governamental. Pode ser que não fossem lá muito limpos mesmo, não sei:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=293ASP013

Mr X disse...

Curiosamente, a palavra "thug" (tugue em bom português) é de origem indiana, mas os indian-americans (justamente com os asian-americans) são minorias-modelo por aqui, exemplos de cidadania.

Chesterton disse...

Belo post, parabens. Oitenta % de bastardismo. Assim não tem civilização que não caia.

Mr X disse...

Hehe no fim o Bitt nem apareceu. Pra chamar a atenção do Bitt, só com posts sobre a II Guerra Mundial.

Bruna Amaro disse...

Eu acho que o assunto racial entre Afro Brasileiro e Afro Americanos são muito diferentes pela questão de ser outra cultura. Veja um exemplo simples, no Brasil Apesar de haver um preconceito entre a minoria da população as diferentes raças se misturam amigável e em relação de familia. Nos EUA as raças raramente se misturam, na questão de não haver somente o branco racista mas sim todas as diferentes raças alimentando principalmente o pensamento de ser diferente, imigrante, opressor e inferior. Nos EUA o governo não se preocupou com a questão racial tanto quanto o Brasil desde o início. Acredito que a raça mais isolada desse mundo seja os Asiáticos. mas isso envolve também acima de cores as diferentes religiões e culturas o principal causador do racismo, em minha opinião não justa mais normal para nós imperfeitos humanos.