sábado, 20 de março de 2010

Saúde pública ou não?


Há muita discussão nos EUA sobre o Obamacare, o plano de saúde que Obama e os Democratas querem empurrar goela abaixo (para não usar uma metáfora mais grosseira) do cidadão estadunidense, e cuja votação está prevista para este domingo.

Confesso que não entendo bem o que está acontecendo. Tudo o que sei é que a lei é um trambolho de mil páginas cujo conteúdo muda constantemente, que não foi lido em sua completude por nenhum político (diz-se até que algumas partes estão em branco para ser completadas depois), e que os Democratas querem passar com voto ou sem voto.

A maioria do povo americano é contrário às reformas (que incluem a obrigação de ter um plano de saúde sob pena de prisão) mas isso não parece importar aos Democratas. O próprio Obama já falou que esse negócio de democracia é um saco, que ele preferiria ter um grupo de acadêmicos decidindo tudo. Thomas Friedman, colunista do New York Times, sonha em implantar o modelo chinês nos EUA.

Em quase todos os países em que há "saúde pública", o que acontece é o seguinte: há na verdade dois planos de saúde, o plano "gratuito" e vagabundo (para os pobres), e o plano privado ou especial (para os políticos ou para quem pode pagar). O problema é que você paga pelos dois: pelo plano público com seus impostos, e pelo plano privado com o pouco dinheiro que resta.

Pode apostar que o mesmo vai acontecer nos EUA: o Obamacare vai eventualmente criar um sistema de saúde "gratuito" de qualidade medíocre, com doutores "multiulturais" eleitos por cotas raciais. Como mesmo assim não dá para atender trezentos milhões de pessoas (mais os ilegais), tudo vai ser racionado, e teremos as imagens que já conhecemos bem do Brasil: espera de meses, falta de camas nos hospitais, etc etc. Não que o sistema atual seja uma maravilha, mas as reformas tirânicas de Obama o transformarão em um Titanic.

Políticos, é claro, adoram vender soluções falsas para problemas imaginários, sempre com o dinheiro alheio. Vejam o caso do estacionamento "gratuito" nos shopping centers, tema deste excelente ensaio aqui. Os políticos não estão interessados nas conseqüências danosas de seus atos, apenas em prometer benefícios "gratuitos" e obter votos dos otários.

Só há dois tipos de pessoas que apóiam o Obamacare: os ignorantes, que não têm a menor idéia de como o plano vai ferrar com tudo, e os fdps, que sabem que vai ferrar com tudo, mas que têm justamente a idéia de mandar a sociedade às favas. ("Some people just like to watch the world burn.")

O Obamacare, se passar, vai destruir a América como a conhecemos. Não exagero. Leiam as seguintes citações de dois heróis da independência americana:
"If ye love wealth greater than liberty, the tranquility of servitude greater than the animating contest for freedom, go home from us in peace. We seek not your counsel, nor your arms. Crouch down and lick the hand that feeds you; May your chains set lightly upon you, and may posterity forget that ye were our countrymen."
(Samuel Adams)


"Is life so dear, or peace so sweet, as to be purchased at the price of chains and slavery? Forbid it, Almighty God! I know not what course others may take; but as for me, give me liberty, or give me death!"
(Patrick Henry)
O Obamacare é justamente o oposto. É a aceitação da escravidão.

5 comentários:

Chesterton disse...

Hoje no Rio de janeiro os médicos autônomos que prestam serviços aos hospitais sofrem uma pressão do Ministério do Trabalho para "assinar a carteira". Estão pouco se lixando para os pacientes, para os administradores dos hospitais e para osd médicos. Tenho um prazer meio mórbido em esfregar na cara deles uma carta dizendo que não pretendo ser empregado de ninguém, e que pretendo apenas dar satisfações a meus pacientes.

Mr X disse...

Um médico fala sobre as conseqüências do Obamacare:

http://www.freerepublic.com/focus/news/2475223/posts?page=1

A maioria dos médicos são contrários. Vários pensam em se aposentar logo se o negócio passar. É indiscutível, a qualidade vai piorar.

Chesterton disse...

Esse cara matou a charada, se somos responsáveis pelo custeio dos tratamentos de toda vizinhança, vamos começar a policiar o comportamento de toda vizinhança.
http://pajamasmedia.com/zombie/2010/03/20/why-america-hates-universal-health-care-the-real-reason/

Mr X disse...

“The budget should be balanced, the Treasury should be refilled, public debt should be reduced, the arrogance of officialdom should be tempered and controlled, and the assistance to foreign lands should be curtailed lest Rome become bankrupt. People must again learn to work, instead of living on public assistance.”

~ Marcus Tullius Cicero (55 BC) Roman statesman, lawyer, political theorist, and philosopher.

Chesterton disse...

Marco Tulio anda fazendo falta. Pelo jeito, as raízes do fascismo são bem antigas.