sábado, 1 de agosto de 2009

"1984" versus "Brave New World"

George Orwell ou Aldous Huxley, quem acertou mais? (clique na figura para ampliar.) Ou, para uma comparação mais elaborada entre as duas obras e seus acertos e erros, leia o artigo do Theo a respeito.

27 comentários:

Carlos disse...

Sobre as duas opções da guerra fria Huxley, não Orwell, acertou o cavalo vencedor.

Chesterton disse...

"Do you speak English?"

"Yes," I replied.

"I am a student at the Foreign Languages Institute. Reading Dickens and Shakespeare is the greatest, the only pleasure of my life."

It was the most searing communication I have ever received in my life. We parted immediately afterward and of course will never meet again. For him, Dickens and Shakespeare (which the regime permitted him to read with quite other ends in view) guaranteed the possibility not just of freedom but of truly human life itself.

Orwell and Huxley had the imagination to understand why—unlike me, who had to go to Pyongyang to find out.

chest= isso é impressionante.

Anônimo disse...

Mas é necessário fazer a seguinte ressalva: em Brave New World, livros incômodos e novas idéias desestabilizadoras- a Bíblia, Shakespeare, descobertas científicas- também foram banidos. Dissidentes são exilados em ilhas. E, no Mundo de 1984, é evidente que Winston é uma exceção; Júlia, sua parceira no desafio ao Big Brother, mostra muito pouco do desejo dele de entender o sistema.

Fabio Marton disse...

Achei um artigo anti-Huxley bem curioso, escrito por um avançadésimo - pós-humanistas com alguma simpatia pelo utilitarismo a Singer. Claro que eu não concordo com a última parte, mas sim com o seguinte: a visão de Huxley sobre drogas é má psicologia. Classes submissas são DEPRIMIDAS, não ALTIVAS. As drogas contemporâneas libertam você de uma natureza que o progamou via evolução para obedecer e se encaixar numa hierarquia de primatas.

Mr X disse...

It's true that morality in the contemporary sense may no longer be needed when suffering has been cured. The distinction between value and happiness has distinctively moral significance only in the Darwinian Era where the fissure originated. Here, in the short-run, good feelings and good conduct may conflict. Gratifying one's immediate impulses sometimes leads to heartache in the longer term, both to oneself and others. When suffering has been eliminated, however, specifically moral codes of conduct become redundant. On any utilitarian analysis, at least, acts of immorality become impossible. The values of our descendants will be predicated on immense emotional well-being, but they won't necessarily be focused on it; happiness may have become part of the innate texture of sentient existence.

O autor do artigo tem um ponto interessante: se tudo no cérebro é mera química, tal química pode (em teoria) ser constantemente manipulada para obter o perene bem-estar e estados superiores de consciência.

Porém, acredito que ele esteja errado. As drogas não mudam o gênero humano, apenas alteram sua percepção e/ou comportamento, enfim, modificam a química do cérebro, mas não criam nada de novo. Talvez misturando-se com manipulação genética, mas mesmo assim, parece-me que a idéia de criar um ser melhor ou mais perfeito é inútil e impossível, ou só seria possível reduzindo a nossa consciência: isto é, transformando-nos em animais ou vegetais. São os cães ou as pulgas ou os rabanetes mais felizes do que nós? Acho que sim, se é que se pode chamar isso de felicidade.

Mas, mesmo aceitando que a felicidade perene nos humanos seja possível através do consumo de drogas sem qualquer efeito colateral (o que duvido, mesmo Prozac e similares causam diminuição da libido, por exemplo), é isso realmente benéfico?

Uma felicidade que independe completamente do nosso comportamento é realmente felicidade? E se a felicidade independe completamente do comportamento (basta tomar uma droga), para que mudar de comportamento?

Parece-me que a felicidade, como a pobreza, é um conceito meramente relativo. Comparamos constantemente com os outros ou conosco mesmos em outros períodos da vida.

Quanto a classes submissas serem deprimidas ou alegres, parece-me que podem ser ambas as coisas. As subclasses ocidentais atuais praticam o hedonismo, mas não são felizes. Aliás vou escrever sobre isso.

E o que é a descriminalização das drogas se não um meio huxleyano de controlar a população através da administração de soma?

Chesterton disse...

Como é que é Marton, as drogas contemporâneas liberatam você de quê?

Chesterton disse...

Mr X, a crença de que a "felicidade" possa ser obtida quimicamente é realmente ingenua, quase pueril. Então ,pacientes comatosos são o cúmulo da felicidade.
Acreditar que o ser humano é apenas processo químico sobre a matéria é puro determinismo. Cadê o livre arbítrio?

Fabio Marton disse...

X e Chesterton, pensem em pra que serve a dor, um jeito que a natureza obriga a você e qualquer animal a fazer o que ela quer. O sofrimento, que é a dor psíquica, é mais ou menos a mesma coisa.

A dor é muito útil até o momento em que não há nada mais o que se fazer quanto à causa dela. Então tomamos analgésicos.

Já o sofrimento, um análogo da dor de partes mais altas do cérebro, é um bocado mais complexo que isso. Sofremos, por exemplo, de solidão. Ora, que a aversão à solidão fosse naturalmente inculcada na mente de um homem das cavernas, que se arriscava a ser comido por um urso de andar sozinho, parece algo de evidente utilidade. Hoje, no entanto, estar sozinho não é um problema que mereça tanta chantagem psíquica - às vezes é mesmo uma forma de vida. Há muitas outras situações em que nossa psique, forjada durante 200 mil anos para um estilo de vida que foi mudado radicalmente há 6 mil e ainda mais ainda há 100, se mostra inadequada ao mundo em que vivemos. Pense na obesidade, por exemplo, o quanto os instintos e a fisiologia que levam a ela foram desejáveis até ontem e hoje são uma desgraça - a ser corrigida pela tecnologia.

Pessoalmente, acho que, de tomar uma lambada da vida do tamanho que eu tomei, senti-me caindo na hierarquia social. Ordem das bicadas mesmo. Claro que não há como provar nada disso, mas o fato é que a depressão torna você submisso. Os remédios não me tornaram um bobo-alegre satisfeito com qualquer situação, muito pelo contrário, me deram disposição, energia para enfrentá-la - e inclusive coragem de enfrentar as pessoas se necessário.

De modo que, apesar do tom utópico, que eu rejeito, acho que há algo de original e verdadeiro nessa filosofia exótica.

Chesterton disse...

troféu Hellmasn para você, Marton.

:)

Fabio Marton disse...

Chesterton, pare de aplaudir só quando eu digo o que você já sabe.

c* disse...

( lendo atentamente, aprendendo e degustando esse debate interessantissimo ! )

Chesterton disse...

Você fala sério? Natureza não obriga alguem a fazer o que ela quer porque vontade é uma particularidade humana. Os humanos fazem parte da natureza, mas são uma excepcionalidade da natureza. Não é possível voltar.
A dor física é uma defesa , faz parte da reação de fuga e alerta. Qualquer animal produz adrenalina e se afasta da fonte de estímulo doloroso. Taquicardia, abertura das pupilas, o nariz abre, sangue nos músculos, menos sangue no cérebro, os esfincteres se fecham.

Fazer ilações com o sofrimento psíquico, chamá-la de "dor", dor de alma, não torna a "dor" psíquica física. Então chamar o sofrimento psíquico de dor é um erro.

Em pessoas sadias o sofrimento e suas consequências sistêmicas são normais. Como na guerra onde o médico entrevistando soldados covardes os mandavam de volta ao front, uma vez que medo é uma reação humana normal. O covarde é sadio e portanto apto. Já o soldado que não apresenta medo deve ser retirado do front, pois está em desacordo com a norma humana (mais disso depois).

Sofrimento psíquico é normal em humanos, já que a vida é imperfeita e estamos todos sujeitos a frustrãções. Pílulas? Essas são novidades, se formos pensar em termos utilitaristas, a ciração intelectual era muito maior antes da invenção dos diazepínicos.
Bem, se você acha que Paradise Engeneering possa ser solução, não posso evitar a comparação com Matrix. Dali tiro a fala: humanos não podem viver (como baterias vivas) se não tiverem uma vida mental ativa, e isso inclui sofrimento e alegria.

Chesterton disse...

After all. o agente Smith (8:00)está enganado

http://www.youtube.com/watch?v=Qcp4Y5v2eGU&feature=related

Anônimo disse...

Admirável Mundo Novo é muito mais próximo da Nova Ordem Mundial, do que 1984.

Anônimo disse...

Veneno: Vacina contra a H1N1 conterá mercúrio!

O Washington Post confirmou hoje que a vacina contra "gripe suína" está definida para ser lançada a nível nacional e que alguns temem que, em última instância, poderia tornar-se um programa de vacinação obrigatória, irá conter mercúrio, uma toxina que provoca autismo e transtornos neurológicos.
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O Epidemiologista Tom Verstraeten e o Dr. Richard Johnston, um pediatra e imunologista da Universidade do Colorado, ambos concluíram que thimerosal foi o responsável pelo dramático aumento nos casos de autismo.
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Casos de autismo os EUA aumentaram em 1500 desde 1991, que é quando vacinas para crianças dobrou, e o número de imunizações só aumentou. Apenas uma em 2.500 crianças foram diagnosticadas com autismo antes de 1991, enquanto que uma em cada 166 crianças agora têm a doença, depois da aplicação do thimerasol.
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O mercúrio é classificado pelo Ministério da Defesa(EUA) como um material perigoso que poderia causar a morte se for ingerido, inalado ou absorvido através da pele e a agência de proteção ambiental está tentando agora limitar as emissões de mercúrio das fábricas, porque a toxina "pode causar danos ao cérebro e ao sistema nervoso e é especialmente perigosa para fetos e crianças pequenas.

No Brasil e em outros países considerados de "3° mundo", o mercúrio é utilizado em larga escala, alcançando quase que a totalidade de vacinas que são aplicadas na população, sem falar em diversos outros componentes nocivos. Por isso volto a repetir: busquem e espalhem a informação para o máximo de pessoas que conseguirem, pois só com uma população consciente e informada nós conseguiremos detê-los. A vacina contra a H1N1 é uma conspiração.
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Fonte: http://www.prisonplanet.com/washington-post-swine-flu-vaccine-will-contain-mercury.html

Fabio Marton disse...

Não estou falando em Paradise Engeneering (utopia), nem em determinismo absoluto, apenas concordando que vencer a parte inadequada de nossa psique é uma libertação, não um Brave New World. Bem, isso é um tópico inteiro.

Mr X disse...

Bem, se tiver alguma pílula da felicidade, vou comprar. ;-)

DD disse...

O problema, parece-me, é que "vencer a parte inadequada de nossa psique" talvez ponha em risco algumas partes muito adequadas de nossa psique.

E para os conspiratórios, que gostam de coincidências extraordinárias, lembro que Julian Huxley, irmão de Aldous e entusiasta moderado de Galton & Cia., esteve envolvido na fundação da Unesco e do WWF.

Fabio Marton disse...

Nem, Équis, eu não estou feliz - não tenho motivo pra isso. Só não estou travado, prostrado e incapaz de tentar me conduzir a um futuro melhor que o presente - o que a depressão e outras reações pefeitamente naturais causam. Talvez essas reações tenham surgido num contexto "aldeia tupy" neolítica, onde ficar jururu obtivesse a piedade da tribo. Hoje são coisas fora de lugar, completamente inúteis.

Anônimo disse...

Fatos da História para quem esqueceu, ou nunca soube:

Em 1929, a União Soviética desarmou a população ordeira. De 1929 a 1953, cerca de 20 milhões de dissidentes, impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1911, a Turquia desarmou a população ordeira. De 1915 a 1917, um milhão e meio de armênios, impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1938, a Alemanha desarmou a população ordeira. De 1939 a 1945, 13 milhões de judeus e outros "não arianos", impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1935, a China desarmou a população ordeira. De 1948 a 1952, 20 milhões de dissidentes políticos, impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1964, a Guatemala desarmou a população ordeira. De 1964 a 1981, 100.000 índios maias, impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1970, Uganda desarmou a população ordeira. De 1971 a 1979, 300.000 cristãos, impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Em 1956, o Camboja desarmou a população ordeira. De 1975 a 1977, um milhão de pessoas "instruídas", impossibilitados de se defenderem, foram caçados e exterminados.

Chesterton disse...

Marton, vencer a parte inadequada de nossa psique é uma coisa, tratar uma doença ( e eu as tenho ) é outra completamente diferente.

Fabio Marton disse...

Chesterton, já parou pra pensar que há algo errado em se dizer que 70% (ou mais) das pessoas nascem com "doenças" genéticas? Como pode a doença ser mais frequente que a "normalidade"? Se a normalidade é exceção então temos um problema de conceito, não é doença a "doença", é caracterítica, talvez indesejável, como a calvície, mas ainda assim algo que provavelmente foi útil ou inofensivo e não é mais.

Chesterton disse...

100% das pessoas nascem com alterações de algum tipo. O ser humano não é perfeito, apesar de ter mecanismos de autocorreção muito eficientes.
Discordo da medicalização da vida moderna, ( e do uso recreativo de drogas psicoativas)mas acho que uma das maiores cagadas da saude publica brasileira ( e de outros pa[ises) foi a política de desmanche de manicomios.
Soltaram os malucos na rua, por questóes ideológicas, numa tentativa de deixar que a familia, a sociedade, tomasse conta. Ora, sabemos (quem tem contacto com esses pacientes) que muitas vezes eles se tornam agresivos, entram em surtos que socialização alguma vai resolver. O que houve foi um abandono da saude publica de pacientes que muito mais precisam dela que outros, pois esses realmente são incapazes de se cuidar, de serem autônomos e emancipados.
Isso dito, a depressão não é um estado da alma, é uma doença que tem tratamento medicamentoso e assim deve ser encarada. Como disse ontem no roda viva o diretor do HC de SP, da mesma maneiura que um diabético tem que tomar insulina como um hipertenso tem que tomar remédio que baixe a pressão.
Abaixo o preconceito contra a psiquiatria e contra o paciente que sofre - em graus variados - de distúrbios psiquiátricos!

DD disse...

OK. Chegamos, então, à conclusão de que todos somos cronicamente deprimidos? Será que somos incuráveis?

Chesterton disse...

estar deprimido não é ter DEPRESSÃO.

Mr X disse...

Acho que estou ficando deprimido. :-(

confetti* disse...

( é raro os duroes residentes do blog deixarem aparecer alguma "falha" na carapaça de aço....da até vontade de dar colo....

debate continua otimo, btw )