Sei que o título acima parece óbvio, mas, como dizia o Nelson Rodrigues, às vezes você tem que explicar o óbvio ululante para algumas pessoas.
Um dos blogs mais engraçados que encontrei ultimamente foi o Blog do Sakamoto. Não falha: a cada post, ele fala sobre uma nova minoria oprimida, e como todos (menos ele) são hipócritas e malvados contra esta. Primeiro foram os pobres. Depois os negros. Depois os homossexuais. Agora, é a vez de chorar sobre triste destino das mulheres, dos traficantes e dos esfomeados nordestinos.
Num de seus últimos posts, o famigerado Sakamoto comentou os eventos que estão ocorrendo agora no Rio de Janeiro, e saiu-se com esta:
"Mais do que uma escolha pelo crime, muitas vezes a opção pelo tráfico é uma escolha por uma forma de emprego e pelo reconhecimento social."
É impressionante. O coitadismo do rapaz está chegando a níveis alarmantes, que talvez requeiram internação imediata, e fortes doses injetáveis de Simancol.
Ora, se quisessem mesmo emprego, os meliantes estariam folheando os anúncios classificados. Não querem: o que querem dinheiro obtido de modo fácil, e a vida charmosa e violenta do mundo das drogas. Chame um desses marginais e ofereça-lhes um trabalho no qual tenham que pegar um ônibus todo dia e suar oito horas para ganhar um salário equivalente a dois ou três salários mínimos. É claro que não vão aceitar. Melhor viver das drogas e do roubo, pois ganham muito mais e conseguem mais mulheres.
O problema é que esse coitadismo que transforma criminosos em vítimas, que surgiu nas classes médias que se sentiam "culpadas" por algo pelo qual jamais tiveram culpa (a desigualdade social), terminou por contaminar os próprios criminosos, que agora se vêem como vítimas do sistema. Ao menos esse é o discurso.
Em reportagens e documentários, não canso de ver traficantes, ladrões, assassinos e outros criminosos falando as mesmas desculpas dignas de criança que não fez seu dever. "Eu não tinha dinheiro para comer"."Não tive pais, fui maltratado quando criança". Blablablá.
Ora, o crime é questão de escolha. Ninguém, nem mesmo a "sociedade" ou o "sistema", força ninguém a cometer crime algum. Ninguém ganha nada de graça, todos têm que trabalhar. Por que para os pobres deveria ser diferente? Se você decidiu se dedicar a atividades perigosas e ilegais, o problema é seu, não meu.
Depois, Sakamoto fala sobre o problema da fome, e de como a causa desta seria a má "distribuição" de alimentos:
"O mais interessante é que o problema na fome no Brasil e no mundo não é de falta e sim de distribuição. Tem riqueza e alimento para todo mundo, a questão é distribuí-los."
Sakamoto nem se pergunta quem é que cria essa riqueza e esse alimento em quantidades tão vastas para alimentar o globo (e de fato, há tanto alimento que o grande problema entre os pobres, hoje, é a obesidade, e não a fome). O que lhe interessa é que Pedro e Maria paguem pelo almoço de Zé, Rose e seus cinco pimpolhos. O problema mesmo aqui é que essas idéias redistributivistas acabam por criar, elas sim, fome.
Vejam o caso da África do Sul, que decidiu fazer uma reforma agrária, dando terras para quem não sabia plantar. (Pessoal de esquerda acha que trabalhar na roça é moleza). Resultado, fome e miséria. O mesmo caminho, lamentavelmente, é seguido no Brasil, retirando terras de agricultores que produzem alimento e riqueza e dando para emessetistas e falsos índios e quilombolas, que só produzem miséria e desmatação.
Finalmente, Sakamoto retorna ao tema do tráfico, mais especificamente aos assassinos em fuga da Vila Cruzeiro vistos pelas câmeras de TV, e se lamenta que policiais sequer pensem em matar bandidos.
Será que Sakamoto é pobre? Afinal, é só rico que se preocupa com direitos humanos de bandidos. Garanto que 90% dos "pobres e pardos" ia aplaudir de pé ver essa corja de bandidos sendo exterminada. Sakamoto continua:
Mesmo no pau que está comendo hoje no Rio, sabemos que a maioria dos mortos não é de rico da orla, da Lagoa, da Barra ou do Cosme Velho.
É impressão, ou detecto aqui um desejo reprimido? É o sonho de 10 entre 10 esquerdistas ressentidos ver os bandidos matando ricos...
Enfim, deixemos para lá. Bom sábado a todos.
sábado, 27 de novembro de 2010
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22 comentários:
Depois de dois governos brizolas, intercalados por um moreira franco (com meses do notório advogado de bandidos nilo),um marcello alencar, um garotinho e uma garotinha (entre estes meses de uma benedita) e agora o segundo do sérgio cabral, todos de esquerda e assessorados por genéricos sakamotais, qual o resultado sairia???
R. Um lixo na área de segurança pública, pois as idéias sinistras para a segurança pública são justas, humanas, lindas mas carregam um pequeno defeito;
NÃO FUNCIONAM!!!
Sakamoto ou é um gozador, ou um comediante ou um alienado.
Lendo uma entrevista do Lobão, noto que o problema tb atinge a MPB.
"Lobão acusou de falta de "virilidade" do pop atual. Um dos problwemas estaria na formação dos jovens, submetidos a "chantagem emocional" na escola. Sempre tem um professorzinho de história para incutir uma mentalidade marxistóide no garoto, que não consegue ser visto como uma pessoa inteligente e sexy se não rezar pelos clichês da esquerda. Você entra na escola ouvindo Led Zeppelin e sai fã de Edu lobo . Ou de Chico Buarque, o baluarte da esquerda conservadora"
Já folheei de relance esse sakamoto. Nem eu nem você deveríamos estar dando ibope para ele. O rapaz não pensa e não deveria existir, intelectualmente falando, é claro.
Este outro blogueiro é melhor, mas tem menos ibope:
http://felipemourabrasil.blogspot.com/2010/11/mandem-gasolina-para-lula.html
Pessoal, estou no Rio desde segunda-feira e só parto na próxima terça à noite. No dia que estourou em todos os telejornais, plantões e sites de internet, eu fui à Lapa de ônibus às 22:30 e só voltei a Copa de táxi às 2:30 da madruga. Não estou acompanhando por dentro o que ocorre, vim a trabalho e agora estou a lazer. Mas todas as esquinas têm PMs, que devem dar graças a Deus por estarem na Zona Sul e não na linha de fogo, e vira-e-mexe helicópteros sobrevoam a praia com ponta de fuzil do lado de fora.
De resto, novamente, sugiro que me acompanhem no twitter, @Rolando_Brian; lá teço alguns comentários sobre o que estou vivenciando.
Uma colega de trabalho mandou-me um torpedo perguntando se estava tudo bem; minha família não mandou nem e-mail, ehehe.
A duas quadras de onde estou hospedado há uma rua, vejam vocês, chamada Julio de Castilhos. Augusto Nascimento se visse a placa estaria às lágrimas. Abaixo de seu nome, anos de nascimento e morte, mais abaixo uma breve explicação sobre o homenageado: "pensador brasileiro".
"A duas quadras de onde estou hospedado há uma rua, vejam vocês, chamada Julio de Castilhos. Augusto Nascimento se visse a placa estaria às lágrimas."
Júlio de Castilhos, inspirado nas ideias geniais de Comte, defendeu o fim imediato da escravidão sem indenização para os senhores de escravos (enquanto a Igreja defendia a nossa "instituição peculiar") e defendeu a incorporação do trabalhador à sociedade industrial. Em vez disso, tivemos um imperador que fazia bela figura de amigo da cultura na Europa enquanto matava seu povo de fome e condenava os sobreviventes ao analfabetismo. Depois, tivemos uma oligarquia (e seus fantoches) que, desprezando as ideias de Comte, resolveu que, se os doutores do FED e os ricaços de Wall Street ficam ricos com suas fraudes, a culpa só pode ser desses pobres chatos que querem um tetos sobre suas cabeças. Só uma revolução dentro da revolução, levando à retomada dos ideias positivistas que deram origem à nossa República, pode incorporar os pobres à sociedade moderna, livrando-os (e livrando o resto da sociedade por tabela) da violência e do medo.
"... que querem um tetos sobre suas cabeças."
Correção: "... que querem um teto sobre suas cabeças".
Pelo que tenho visto e ouvido, acho que muitos cariocas de classe média não querem o fim do tráfico. Querem continuar fumando e cheirando, o que querem é que isso possa ser realizado em paz, sem balas perdidas ou tiroteio com a polícia. Talvez as UPPs resolvam os problemas deles, ao custo de mais roubos e seqüestros (por soldados do tráfico desempregados).
Ah, o cara era contra a escravidao. meio mundo também era. uma coisa é ser, outra é lograr.
coisa que a primeira república, positivista, golpista e auto-golpista, fracassou em seus intentos. embora sem escravidao, o zé povao continuou a merce de quase tudo. até a tao falada educacao básica.
Antes que venham me corrigir, o teclado tem comandos de acentuacao estranhos.
... assim como o almanaque de certas gentes.
"Ah, o cara era contra a escravidao. meio mundo também era."
Diga isso aos padres, papas (prontos a rejeitar o governo legítimo da Itália e a excomungar líderes políticos independentes de Roma, mas que nunca tiveram tempo para fazer o que quer que fosse em defesa dos escravos), imperadores, princesas, senhores de escravos e outros exploradores que lutaram com unhas e dentes pela manutenção da escravidão e, falhando isso, por recompensas para senhores de escravos (amai-vos uns aos outros, mas negócios à parte, claro).
"... primeira república, positivista, golpista e auto-golpista, fracassou em seus intentos. embora sem escravidao, o zé povao continuou a merce de quase tudo. até a tao falada educacao básica."
Nem fale, abundância o povo só teve quando o Trono e o Clero escravizavam-no, o Rio de Janeiro (a sede do Governo de um dos maiores impérios do Mundo!) era uma cidade tão pobre e imunda que ficava frequentemente fechada aos visitantes (para que eles não morressem em uma das constantes epidemias), a polícia política do Imperador matava dissidentes à luz do dia e mais de quatro em cada cinco dos nossos compatriotas não podiam ler. Afastar um pouquinho o Brasil da África já foi uma conquista da República. Além disso, você está convidado a contar o número de positivistas na Primeira República (estará a se referir ao Barão de Lucena, alma e vida do governo de Deodoro, ao Barão do Rio Branco ou ao Conselheiro Affonso Penna?). Se você quer saber onde encontrar os positivistas na nossa história- supondo-se que seu caso seja de ignorância, não má-fé-, é simples: eles estavam na Escola Militar, declarando que a Escravidão (tão amada pala Santa Madre) era inaceitável.
esse método de argumentação do AN é incompreensível.
"esse método de argumentação do AN é incompreensível."
1) A República, mesmo não tendo cumprido todas suas promessas, salvou o Brasil de continuar sendo um paiseco africano governado por um ridículo soba.
2) Só a ignorância e a má-fé explicam que alguém responsabilize os positivistas pelo que fizeram os oligarcas e os monarquistas "reformados". Teixeira Mendes, sabiamente, sugeriu ao governo provisório que proclamasse a república positivista, mas foi rechaçado e ridicularizado. Acabaram chegando ao poder monarquistas como Rio Branco e o Barão de Lucena.
3) Fica como saldo da ação positivista no Brasil o fato de ter sido instrumental no fim do reinado de horror de D. Pedro II e no combate à escravidão em um tempo em que as pessoas que dizem que amam o próximo como a si mesmas ficaram do lado do chicote.
pena que os positivistas chegaram em 1889, e náo antes. Será mesmo que aboliriam a escravidao (indagacao).
Se salvaram o Brasil, sei nao. Mas que o país nao saiu de sua mediocridade e provincianismo pelas maos dos positivias, isso é fato.
aliás, ser positivista hoje é tao pitoresco quanto pessoas que encontramos e que dizem favoráveis ao restauro da monarquia.
historinhas de almanaque é o que nao falta a essas gentes.
A escravidão acabou graças à Inglaterra... Nada a ver com positivismos ou monarquismos.
"pena que os positivistas chegaram em 1889, e náo antes. Será mesmo que aboliriam a escravidao (indagacao)."
Realmente, a República está em falta: ainda não ensinou história aos monarquistas ignorantes... A pregação abolicionista nas ruas, jornais e quartéis, que obrigou a Regente a abandonar os amigões escravocratas foi feita, em boa parte, pelos republicanos. Deodoro, em carta à Regente, deixou claro que o Exército- àquela altura influenciado, entre outros fatores, pela pregação positivista- não iria caçar escravos fugidos ou participar da defesa da Escravidão. Incapaz de manter a escravidão pela força e tentando desesperadamente salvar o Trono, a Regente é obrigada a aceitar a libertação dos escravos. Não que seus defensores não tenham desesperadamente tentado torná-la a responsável pelo fim da escravidão no Brasil (a "Redentora", vejam só!).
"A escravidão acabou graças à Inglaterra..."
Verdade seja dita, a ação inglesa golpeou a escravidão e forçou nosso mui cristão império a proibir o tráfico (que até já tinha sido proibido no passado, mas quem liga?), mas o imperador tinha planos de manter a escravidão no século XX (os políticos imperiais falavam em "não perturbar a marcha do elemento servil"). A Abolição do jeito que aconteceu quando aconteceu foi obra da propaganda abolicionista interna (favorecida pelo Zeitgeist mundial, pois o Brasil imperial foi, afinal, o último país ocidental a abolir a escravidão).
"historinhas de almanaque é o que nao falta a essas gentes."
É o que dizem aqueles a quem a História condena pela covardia, pela ganânica, pela hipocrisia. Estes não tem escapatória além de desprezar a História, que os condena, e fazer coro com o santo padroeiro dessa ralé, o general José Millán-Astray no seu ¡Muera la inteligencia! ¡Viva la Muerte!"
"Não é fácil entender que a pobreza existe por falta de ricos, de pessoas com dinheiro que disputem o serviço dos mais pobres. Mais difícil ainda é admitir que o melhor jeito de diminuir a pobreza é facilitando a vida dos geradores de riqueza. Quem é “contra burguês” também é contra os pobres – e contra o próprio país." (Leandro Narloch, autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil)
Mr. X, é claro que a classe média do Rio não quer o fim do tráfico. Faz parte do "jeito de ser" carioca, digamos assim.
Lembra quando a PM resolveu andar pelas praias procurando maconha e os cariocas inventaram os apitaços ?
Gente que nem sequer fumava apitava para ajudar o pessoal bonzinho a não ser flagrado com a Maria Joana na mão.
Se perguntassem para um apitador desses o porquê, ele diria algo como "Aí, nada a ver a polícia ficar pegando os cara". E se questionassem que o consumidor de Ipanema financia a violência, a resposta provavelmente seria "Como assim ? Não tou intendeindo..."
http://charges.uol.com.br/2010/11/29/cotidiano-no-fogo-cruzado-2/
o problema dos seus argumentos é que são homogeneizantes demais além de desconsiderarem a complexidade da realidade, tanto ele como você fazem isso,apesar de a partir de pontos de vista diferentes.
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