Ser ou não ser: a questão do suicídio

Alguns curiosos casos de suicídio têm chamado a atenção da mídia nas últimas semanas, em maior ou menor grau.

O primeiro deles é o do designer Tobias Wong, que enforcou-se em New York. O detalhe é que isso ocorreu enquanto ele dormia: Tobias era sonâmbulo, podendo realizar atividades complexas mesmo não estando em completo controle do seu corpo. Tobias era um artista em ascenção e aparentemente não tinha problemas sentimentais; o suicídio pode ter sido um mero efeito da sua vida sonhada. O que será que Wong sonhou? Jamais saberemos. Partiu do mundo dos sonhos para o sono eterno.


O segundo caso é o de um jovem de 35 anos, Mitchell Heisman, que também tinha uma vida aparentemente normal, sem problemas sentimentais ou profissionais. No entanto, decidiu que a vida não fazia sentido algum. Escreveu um livro, ou, quem sabe, o mais longo bilhete de suicídio da história, com 1905 páginas. Depois, foi para Harvard, e, na frente de centenas de pessoas que assistiam uma cerimônia do Yom Kippur, deu calmamente um tiro na testa. Lembrou-me o filme "30 anos esta noite", que era mais ou menos sobre o mesmo tema: um jovem que calmamente decidia que a vida não fazia sentido algum e se matava, sem drama, sem depressão. Não era Camus que dizia que a única questão filosófica era a do suicídio? O fato de que a vida não faça sentido é suficiente para se acabar com ela?

Outro caso, e certamente o que mais chamou a atenção e causou polêmica por estas bandas, foi o de Tyler Clementi, um jovem e talentoso violinista de apenas 18 anos. Seu colega de quarto na universidade, não se sabe se por mera brincadeira ou por despeito, colocou uma câmera escondida e filmou-o em segredo enquanto Tyler se encontrava e passava a noite com outro rapaz. As imagens foram colocadas, como é de praxe hoje em dia, na Internet, para que todos pudessem assistir ao vivo. Ao descobrir o ocorrido, Tyler atirou-se de uma ponte. Não se sabe se foi vergonha por se ver pego em um ato homossexual ou por algum outro motivo, mas o fato é que o lobby gay criticou fortemente o ocorrido. Teria sido diferente se o encontro fosse com uma moça? Provavelmente, mas não é certo. Por ora, seus colegas de quarto foram acusados de invasão de privacidade e poderão ir parar na cadeia.

(A filmagem de cenas privadas e sua posterior publicação na Internet está virando uma verdadeira praga. Não são apenas ex-namorados raivosos que disponibilizam vídeos de suas ex-namoradas para se vingar. Houve por exemplo o caso de uma garota de 15 anos que foi filmada realizando sexo com cinco rapazes maiores de idade. O vídeo foi parar na Internet, e a garota passou a ser conhecida como "vadia". Ao contrário de Tyler, não se suicidou e nem mesmo parece ter se perturbado muito, embora o vídeo possa mais tarde se tornar um problema para a sua vida pessoal e profissional. Por outro lado, Paris Hilton ficou famosa pelo mesmo motivo.) 

O último caso, e talvez o mais perturbador de todos, é o de um garoto que se matou por não suportar o bullying no colégio. Detalhe: tinha apenas 11 anos. Embora raros, os suicídios de crianças acontecem; ultimamente, com maior freqüência, e em grande parte dos casos devido a não suportar humilhações públicas na escola.

Desculpem pela temática algo mórbida, mas são as notícias destes dias. Não acredito no suicídio, a vida já é breve o suficiente.