Hoje me veio uma saudade dos tempos da Guerra Fria… (Peguei mais o finzinho, mas deu para ter uma boa ideia do período.) Eram bons tempos. É verdade, vivia-se sob o risco da Mútua Aniquilação Nuclear Total, mas ao menos as coisas eram mais claras. Sabia-se quem eram os bons, quem eram os maus; é claro que isso variava conforme a pessoa, alguns vendo o lado mau no "capitalismo selvagem americano", outros vendo-o na "ameaça vermelha", mas de qualquer modo havia dois times bem definidos, bastava torcer por um deles.
A competição entre as duas potências também trouxe um que outro efeito benéfico, com grandes saltos tecnológicos. Teriam os americanos chegado à Lua sem que os russos tivessem lançado o Sputnik? É pouco provável. Note que a exploração espacial reduziu-se notavelmente após o fim da URSS. Mesmo a Internet, cria do exército americano, é filha da Guerra Fria. Competição entre potências, como entre marcas, é saudável.
Hoje vivemos em um mundo confuso. Quem é bom, quem é mau? Difícil saber. Mesmo os EUA, que na época da Guerra Fria eram exemplo e modelo para o mundo livre, e defendiam as sociedades tradicionais do assalto dos comunas, apoiando os reaccionários, hoje parecem se inclinar por acções militares confusas, de resultado duvidoso, e sob a bandeira ainda mais duvidosa de um progressismo global. A Guerra do Iraque, no fim das contas, serviu para quê? O Afeganistão tem jeito? Na Líbia era realmente necessária uma operação militar? O bombardeio de Belgrado não foi um crime? Kosovo virou um estado criminoso no centro da Europa, realmente era necessário apoiar sua independência? E apoiar os comunistas em Honduras, será que realmente valia a pena, senhor Obama?
Eu não sei, eu realmente não sei mais.
Os EUA parecem empenhados em democratizar o mundo islâmico, mesmo que isso apenas leve ao poder fundamentalistas islâmicos que odeiam os EUA. Ao mesmo tempo, importam milhões de miseráveis para as suas próprias terras, no intuito de obter trabalhadores braçais baratos e consumidores vorazes. "Invade the world, invite the world", sugeriu alguém como slogan desse novo método americano.
Dizem que os EUA venceram a Guerra Fria. Mas e se fosse o contrário? E se o plano de desmoralização explicado aqui por Yuri Bezmenov tivesse tido um sucesso tão fenomenal, se fosse simplesmente que a vitória dos comunistas foi tão total, tão acachapante, que eles já nem precisavam mais usar o fantoche do malvado Império Vermelho? "Deixem eles pensarem que venceram", pode estar rindo maquiavelicamente hoje algum ex-agente da KGB.
Por outro lado, se a vitória poderia ter sido ilusória, a derrota foi certamente real. Hoje grande parte das ex-repúblicas soviéticas definham. Ué! Mas não deviam ter-se renovado e crescido com a liberdade, com o fim do jugo comunista? Ao contrário, salvo algumas excepções como a República Tcheca, a Polônia ou a Hungria, parecem enfrentar corrupção, pobreza, crise económica, crise demográfica. São líderes hoje apenas em aborto, alcoolismo, drogas e prostituição. Mesmo a Rússia, que saiu melhor da jogada e parece ter um líder nacionalista em Putin, não tem um aspecto assim tão saudável. O que estaria acontecendo?
Mencius Moldbug é um blogueiro que acredita que os EUA eram e são tão comunistas quanto a União Soviética. Que EUA e URSS, ao contrário do que pareceria, eram aliados. Dividiram o mundo entre si, do que podiam reclamar? Ele gosta de citar este trecho do discurso do presidente Woodrow Wilson, realizado em 1917, celebrando a Revolução Russa:
Does not every American feel that assurance has been added to our hope for the future peace of the world by the wonderful and heartening things that have been happening within the last few weeks in Russia? Russia was known by those who knew it best to have been always in fact democratic at heart, in all the vital habits of her thought, in all the intimate relationships of her people that spoke their natural instinct, their habitual attitude towards life. The autocracy that crowned the summit of her political structure, long as it had stood and terrible as was the reality of its power, was not in fact Russian in origin, character, or purpose; and now it has been shaken off and the great, generous Russian people have been added in all their naive majesty and might to the forces that are fighting for freedom in the world, for justice, and for peace. Here is a fit partner for a league of honour.
Does not every American feel that assurance has been added to our hope for the future peace of the world by the wonderful and heartening things that have been happening within the last few weeks in Russia? Russia was known by those who knew it best to have been always in fact democratic at heart, in all the vital habits of her thought, in all the intimate relationships of her people that spoke their natural instinct, their habitual attitude towards life. The autocracy that crowned the summit of her political structure, long as it had stood and terrible as was the reality of its power, was not in fact Russian in origin, character, or purpose; and now it has been shaken off and the great, generous Russian people have been added in all their naive majesty and might to the forces that are fighting for freedom in the world, for justice, and for peace. Here is a fit partner for a league of honour.
Já minha impressão é que a luta entre capitalismo e comunismo era bem real, uma luta entre duas visões de mundo diversas, uma colectivista e totalitária, a outra individualista e libertária. Hoje talvez tenhamos passado a um outro extremo. Os EUA, sem mais rivais à altura, ao menos no campo ideológico, e com a China ainda longe de tornar-se potência de igual força, exacerbou em demasia as tendências individualistas e libertárias, e seu governo virou um arauto do progressismo multicultural multirracial gayzista global. Demasiado focado no indivíduo e na liberdade individual, não vê que os grupos humanos e a colectividade também importam, e que nem toda liberdade é sadia.
Fui um pouco injusto com os EUA no post anterior; a grande nação certamente ainda tem muitas coisas de que se orgulhar que podem servir de exemplo para outros países, e ainda pode ser um lugar bastante bom para se viver, não obstante a crise aumente e em muitos lugares a vida piore um pouco todo dia.
Sim, mas…. Ah! Que saudades da Guerra Fria, da cachorra Laika, do Yuri Gagarin, do Gorbachov com sua mancha na cabeça e do Nikita Kruschev batendo com o sapato na mesa, do Ronald Reagan falando em "Evil Empire", dos tanques em Praga, dos vilões russos com acento carregado nos filmes de espionagem, de quando os comunas estavam na Praça Vermelha e não na Casa Branca…! Bons tempos, ah! Bons tempos!
9 comentários:
"Demasiado focado no indivíduo e na liberdade individual, não vê que os grupos humanos e a colectividade também importam, e que nem toda liberdade é sadia. "
Não entendi X... eu até concordo (parcialmente) com o conteúdo da sua frase, mas ela não se aplica ao que aconteceu nos EUA. Eles não foram ao "extremo" do individualismo libertário, pelo contrário, deram meia volta e passaram a seguir ideais coletivistas, estatistas, totalitários, de repressão à iniciativa individual.
Justamente por isso é que é de se questionar se o comunismo realmente perdeu. Aliás, o Olavão escreveu sobre o assunto recentemente: http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/estados-unidos/13224-burrice-americana.html
Tá certo. Acho que o movimento foi para os dois lados. Um, um enfoque na liberdade individual progressista (liberação gay, uso de drogas, mutilações corporais, travestismo, tatuagens etc), e do outro lado uma volta ao totalitarismo, coletivismo, repressão, etc.
sobre as ex republicas comunistas ainda estarem na merda,a respota é simples: eles ainda continuam no poder.
mas quem são eles?
AD sabe a reposta!
putin, nacionalista?! não!
no forum russo do stormfront tem um link só para denunciar os "crimes" do mesmo contra a russia eslava!
o EUA sempre foi uma nação que mesclou totalitaismo com liberdades individuais,sempre ouve um meio termo que evitava que um extremo se sobressaisse totalmente sobre o outro.outrora esta balança que equolibrava as idelogias era assegurada com a mão forte do conservadorismo ,ja hoje é o progressismo que a detem!
O ponto era q as ex-republicas sovieticas estavam melhores com o comunismo do que agora, bem, melhores e' modo de dizer. Mas hj nao tao muito bem pelo que vi. Se voce se refere aos judeus, hj sao menos de 0,2% nesses paises, a maioria emigrou para EUA e Israel. Acho q o problema e outro, natalidade esta baixissima, etc. Heranca do comunismo, em parte.
Achei que o Putin fosse nacionalista, ao menos passa essa imagem.
Bezmenov explicou detalhadamente todo o processo de subversão ideológica adotado pela URSS.Hoje, no Pós Guerra Fria,o Black Run America (BRA), América Gerida para os Negros é uma prova incontestável da vitória da KGB nos EUA.
Pode ser, mas sempre achei esse negocio de BRA exagerado, os negros sao apenas peoes neste jogo, e nem os mais importantes. Continuam sendo aprisionados a rodo e enchendo as prisoes. Mas sim ha um problema
Pode ser, mas os soviétticos achavam, na época da Guerra Fria, que o multiculturalismo era a maior fraqueza do Império Americano e que os negros americanos poderiam ser uma quinta coluna, dentro dos EUA.
Isso fez com que a elite americana, com medo de que os negros pudessem ser cooptados pelo comunismo, implantasse, em 1965, o BRA, que nada mais foi que, a aprovação, pelo congresso, da Lei de Direitos Eleitorais e da Lei de Imigração.
Com isso, Jim Crow foi para o espaço, e o BRA, passou a ser um ideal ético, moral e de reparação aos "supostos danos" que a raça branca infringiu aos negros.
Enquanto todo esse processo, complexo e traumático, era digerido pelos brancos americanos, os soviéticos davam gargalhadas comemorando e fazendo piadas com os babacas politicamente corretos.
P.S.
Na Rússia, hoje, o Racialismo é matéria didática e caso um dos liberais e bem intencionados habitantes dos EUA lessem qualquer um dos livros adotados, chamariam os russos de nazistas, racistas e outras coisas mais!
O ponto era q as ex-republicas sovieticas estavam melhores com o comunismo do que agora, bem, melhores e' modo de dizer.
sera? a URSS em nada se distanciava da coreia do norte .e oque sabemos sobre a coreia alem de suposições?
Se voce se refere aos judeus, hj sao menos de 0,2% nesses paises, a maioria emigrou para EUA e Israel.
depois da desintegração soviética,muitos russos ficaram bilionários "herdando" grandes empresas do estado .acontece que dos primeiros 7 "sortudos" 6 eram judeus.
soma-se a isto ,o fato do anti semitismo (qual seria o motivo deste sentimento?)ainda ser muito forte na Russia
Achei que o Putin fosse nacionalista, ao menos passa essa imagem.
é só propaganda.
sob o regime de putin , vários lideres nacionalistas foram para prisão ,´partidos racialistas e religiosos foram extintos ,uma lei que criminaliza o discurso de "ódio" foi estabelecida...etc,etc
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