terça-feira, 3 de julho de 2012

QI não é tudo

Sempre que assisto um filme ou programa de TV brasileiro, sinto que meu QI cai alguns pontos. 

Existe uma parte da blogosfera que é obcecada pelo QI. São fundamentalistas mesmo. Teve um uma vez que até sugeriu que todo mundo com QI menor do que 130 deveria ser executado. Provavelmente, estava assinando sua própria sentença de morte… 


(A maioria dos fundamentalistas do QI não são lá muito inteligentes. Especialmente aqueles que enfatizam as diferenças raciais médias exclusivamente como modo de sentirem-se superiores. Vejam aqui a triste história de um neonazi americano morto a tiros pelo seu próprio filho de 10 anos, talvez bitolado pelo fanatismo paterno, talvez vítima de abusos. Eu, hein?) 

Bom, mas não era disso que eu queria falar. Eu queria falar é do QI em geral. QI, que significa Quociente de Inteligência, é um conceito polêmico para alguns. Mede a inteligência? Não sei. Mede um certo tipo de inteligência, ou de capacidade cognitiva. É apenas um teste. Parece que há estudos que mostram que, se a pessoa treina bastante com vários testes de QI, pode melhorar o seu quociente. Quer dizer que ficou mais "inteligente" ou apenas que aprendeu a fazer melhor um certo tipo de teste? 

Mas também não é disso que eu queria falar. Eu não sei qual é o meu QI. Se for de acordo com os resultados de certos testes que fiz, tenho um QI verbal alto mas um QI matemático baixo. Pouco importa. O que estava pensando é que cresci em uma família de pessoas inteligentes ou relativamente inteligentes (ninguém nunca fez teste de QI) mas que sempre deram muito valor à leitura e à cultura. 

Cultura não é a mesma coisa que inteligência. Está relacionada, mas nem sempre directamente. Por exemplo, aqui nos EUA conheço muitas pessoas de nível universitário mas que tem um nível cultural bastante baixo. Não acho que sejam burras, apenas acho que leram pouco e conhecem pouco sobre o mundo. Nesse sentido, acho que o meu grupo de amigos universitários no Brasil tinha uma cultura maior. Um universo mais amplo, digamos assim. (O americano, no fundo, é em grande parte dos casos um provinciano, um caipira. Mas não é burro.)  

Bom, mas o que eu estava dizendo é que na minha família sempre se deu muito valor à cultura e à inteligência, e portanto achei que todos eram assim. Foi surpreendente quando descobri, anos depois, que havia pessoas burras. Pessoas incultas. Pessoas que não gostavam de ler. Pessoas que não sabiam sequer concatenar uma frase escrita. 

O fato é que, assim como há pessoas com diversos níveis de educação e de cultura, também há pessoas com diversos níveis de inteligência. É lamentável, mas é isso mesmo. É como a beleza. Educação pode ser obtida e cultura também. Mas com inteligência, se nasce ou não se nasce. E há pouco a fazer a respeito depois, ao menos por ora (a engenharia genética e a nanotecnologia talvez ajudem no futuro). 

(Parêntese: mesmo segundo estudiosos fortemente hereditaristas, acredita-se que o ambiente também tem importante influência na formação do QI, de 30% a 50% por cento. Também a nutrição durante a infância é fundamental. Portanto, nem tudo são os genes ou é do berço!) 

Inteligência é tudo? Óbvio que não. Beleza também importa. Não, falando sério: no ambiente universitário no qual me movo, a maioria das pessoas certamente tem QI alto, porém são umas antas pilantras que acreditam piamente no esquerdismo, isso quando não têm, além disso, caráter e moralidade duvidosa e te esfaqueiam pelas costas na primeira oportunidade. Pensem no Sakamoto: PhD e professor da Puc, certamente de QI relativamente alto (acho eu, será?) mas diz tanta barbaridade… Agora esse "intelequitual", num samba do japa doido, está defendendo o direito de drogados e vagabundos de morarem e fazerem suas necessidades, não apenas nas ruas, como na propriedade privada dos outros... E quem reclamar ou tentar proteger sua propriedade, é um malvadão sem consciência social...   

Uma vez passei umas férias numa aldeia de pescadores. Gente simples, humilde, com pouca instrução e, provavelmente, baixo QI. Aliás, provavelmente nem sabiam o que significava "QI"! Porém, eram pessoas honestas, generosas, com um forte senso comum. Jamais acreditariam nos delírios de um Sakamoto, por exemplo. É como disse certa vez o George Orwell, certas coisas são tão estúpidas que só um intelectual poderia acreditar nelas. Tem algumas pessoas que são tão inteligentes que se tornam burras! 

Mas é fato que pode haver uma relação bastante direta entre o nível de QI e o nível de riqueza pessoal, ou mesmo de desenvolvimento econômico. Por exemplo, tem um livro, "QI e a riqueza das nações", que tem uma teoria polêmica por que certas nações são mais desenvolvidas do que outras. Bastaria verificar o QI médio de cada nação... Simplista? Sim. E tem alguns probleminhas com as fontes.

Porém, e se o QI tivesse influência?

Claro, há muitos outros fatores. A Coréia do Sul e do Norte, caso sobre o qual já falei aqui. E o diverso nível de riqueza entre países árabes pobres e países árabes ricos, devido ao petróleo e à densidade populacional. Enfim, existem muitas outras variáveis, como sistema político, riquezas naturais, cultura, religião, coesão social, etc, isso é certo. Nunca existe um único motivo. Porém, o QI é importante, certo? Eu diria que não dá para ignorar completamente... Ou será que dá? 

Ou então, pense um pouco, por que as novelas e os blockbusters de Hollywood e o Paulo Coelho fazem tanto sucesso, e só uns poucos gostam de Shakespeare ou de Bergman ou de Joyce? De novo, é o QI. O espectador ou leitor médio é "burro" e não tem capacidade para absorver certas coisas, apenas isso.  (É claro que os melhores filmes e livros são aqueles que tem vários níveis de leitura e atingem tanto os burros quanto os inteligentes). 

(OBS.: Estou usando a linguagem "burro" e "inteligente" por brincadeira, mas não quero ofender ninguém. Será que seria melhor falar em pessoas com QI abaixo da média e pessoas com QI acima da média?)  

Bem, mas como o QI leva a gente de novo a pensar em ideias não-igualitárias, não se pode falar sobre isso. Melhor pensar que a educação resolve tudo. Vamos gastar mais alguns bilhões para tornar todos mais "inteligentes", certo? 

O triste disso tudo é que a Natureza é contra a inteligência. Tem a ver com a selecção K / r. A teoria é do Rushton, acho. Em linhas gerais, é o seguinte, na reprodução, alguns priorizam a quantidade, outros a qualidade. A pessoa mais burra não se importa com o destino ou cuidado de seus filhos, então tem muitos (busca da quantidade). A pessoa mais inteligente se preocupa e muito, então tem poucos ou às vezes até nenhum (busca da qualidade). A longo prazo, no entanto, o número de pessoas burras torna-se maior do que o das pessoas inteligentes. O começo do filme "Idiocracy" mostrou esse sistema muito bem! 

O psicólogo japa-americano Satoshi Kanazawa, em novo livro, argumenta que a inteligência, ou alto QI, não é necessariamente um benefício. Ao contrário, talvez, em termos darwinianos, seja até um problema... Os mais aptos nem sempre são os mais espertos. 

O fato é que foi só relativamente recentemente que a inteligência passou a ser algo importante, sendo necessária hoje em dia na maior parte dos empregos. Pela maior parte da história do homo sapiens, era provavelmente mais importante saber correr para fugir de uma fera selvagem, ou ter boa visão para ver o animal que se vai caçar, ou ser atraente para traçar mais fêmeas. A inteligência, sendo algo novo, ainda não é suficientemente valorizada pela fêmea, que ainda prefere o fortão e o atlético ao nerd inteligente.

De qualquer modo, como mostra Kanazawa (o Sakamoto que deu certo), o fato é que as pessoas mais inteligentes tendem a ter menos filhos, e as menos, mais filhos. Não sei se isso sempre ocorreu na história humana ou é um fenômeno mais recente. Segundo algumas teorias, a decadência é coisa velha: para alguns antropólogos, o próprio homem de Neandertal seria mais inteligente do que o homo sapiens! Bem, certamente tinha um cérebro maior. Mas foi exterminado pelo mais ágil sapiens. (A mesma coisa ocorrerá com o homem branco caucasiano, que será eliminado pelas raças mais ágeis e autoconfiantes?) 

Porém, no passado, a fertilidade maior dos burros e pobres era controlada com a morte por doenças ou fome. Hoje em dia, a medicina moderna e o estado de bem-estar social garantem que quase ninguém morra. O que é bom, entendam bem, mas tem lá seus efeitos.  

E vejam que ironia: o Kanabrava, ops, Kanazawa, e também o Lynn, outro estudioso do tema, dizem ainda que os ateus são mais inteligentes (ou os mais inteligentes viram ateus, sei lá). Só que, curiosamente, outro factor relacionado com alta fertilidade é a religiosidade. Quanto mais religioso, independentemente do QI, mais filhos. O curioso é que isso não depende da religião: amish, cristão fundamentalista, mórmon, judeu ortodoxo, todos costumam ter muitos filhos. Crescei e multiplicai-vos, disse Deus. Já os ateus, "inteligentes", definham e morrem... Eh eh! 

Dois dos blogueiros mais inteligentes que leio, Larry Auster e Half Sigma, são solteiros sem filhos. Já estão na casa dos 40 e tantos ou 50 e tantos é pouco provável que venham a ter. Sigma é ateu e diz que não gosta de crianças, porém, Lawrence é religioso,  não sei o que aconteceu aí.

O que importa é que, a continuarem as tendências atuais, no futuro, haverá cada vez menos pessoas inteligentes e cada vez mais pessoas burras. 

Talvez seja o equilíbrio que a Natureza achou para que não nos tornemos espertos demais! 



18 comentários:

Microempresário disse...

Bem, X, se tem a ver com meu ateísmo não sei, mas vendo o nível mental, intelectual, moral e social dos jovens e crianças, fico feliz em ter tomado a decisão de não ter filhos.

Na escola ninguém mais aprende. o tal do QI é atacado como um conceito "elitista". (Aliás, como que elite virou um termo pejorativo?) Inventaram a tal da "inteligência emocional" para consolar os de Qi baixo. Mas inteligência emocional também parece estar em falta, já que ninguém consegue tratar inteligentemente suas emoções.
Em poucos anos creio que ver jovens trocando tapas e tiros nas ruas será uma cena corriqueira.

Mr X disse...

Eu acho que existe sim inteligencia emocional, embora seria melhor dar outro nome a ela.

Existem muitas outras caracteristicas humanas como empatia, capacidade de comunicacao, etc, que sao importantes e nao tem a ver com o raciocinio analitico. Por exemplo, acho que a maioria dos politicos nao sao la muuuito inteligentes (Apesar de ishpertos), mas tem carisma, boa capacidade de se relacionar, etc.

Agora, concordo que hoje em dia ate a inteligencia emocional esta em falta no mercado.

Ter filhos ou nao, nao é uma decisao facil, ainda mais neste mundo! Será que vai ser um mundo bom para nossos filhos e netos crescerem... Acho que não...

autor desconhecido disse...

''Especialmente aqueles que enfatizam as diferenças raciais médias exclusivamente como modo de sentirem-se superiores.''

Rushton e Lynn por ex, que vc citou
por acaso eles são burros também

X,
por favor, generaliza não tá


Com relação a filhos, o microempresário tem razão, ter filhos neste ambiente não dá,
temos de pensar porém que os homens ao contrário das mulheres continuam férteis até a terceira idade.
Mas o mundo está caminhando rapidamente para a ruína, pior seria se definhássemos lentamente, tal como a prostituta velha da ''vadia dos vietkongs'' tanto quer...
não vai dar tempo para exterminar os caucasianos da maneira como querem,
temos de ter calma, não passou 40 quarenta anos de imigração em massa e multiculturalismo,no máximo os efeitos dessas ''práticas'' só estão a começar a fazer efeito agora...

Chesterton disse...

Bergman, não, argh!

Mr X disse...

AD,
É óbvio que o Rushton não está entre os idiotas né, se o cito como um dos especialistas no estudo do assunto. Aliás, vou colocar o link pro livro dele em português, qual é mesmo? Passa aí.

Mr X disse...

Rss, citei Bergman e Joyce porque são "difíceis", mas jamais consegui ler o Ulisses. De Bergman até gosto, ou será que gosto mesmo é da Liv Ullman quando jovem?

Dom Moleiro disse...

Bem , de tudo que aqui foi dito (ou escrito como querem os mais antenados)o melhor mesmo foi a Liv Ullman quando jovem .Que mulher maravilhosa !!!

Anônimo disse...

'O melhor é não ter filhos'... e depois vcs reclamam que os pobres e os burros vão tomar conta, quem esta sendo burro aqui?

MrX... vc acha que os homens são mais inteligentes que as mulheres?

Mr X disse...

"quem esta sendo burro aqui?"

Bem, isso eu ja disse, mas ter filhos hoje em dia é mesmo uma escolha complicada. Às vezes tampouco é escolha.

"MrX... vc acha que os homens são mais inteligentes que as mulheres?"

Nao. As mulheres sao apenas um pouco mais emocionais, é tudo. E dizem que existem mais gênios homens, os homens apresentam maior variação (mais gênios, mas também mais toupeiras. As mulheres ficam mais perto da média, mas há gênias tbm.)

Anônimo disse...

"E dizem que existem mais gênios homens, os homens apresentam maior variação (mais gênios, mas também mais toupeiras. As mulheres ficam mais perto da média, mas há gênias tbm.)"

Média-baixa então, vejamos os números analisando os ganhadores do Prêmio Nobel:

Física: H - 190
M - 2

Química: H - 159
M - 2

Medicina: H - 193
M - 6

Literatura: H - 101
M - 7

Paz: H - 94
M - 13
instituições: 17

'Economia': H - 69
M - 0

Total: Mulheres - 30
Homens - 806

Desproporcional, não?!

Mr X disse...

É como eu disse, há mais gênios homens, mas, proporcionalmente, há mais mulheres inteligentes do que homens inteligentes. Os ganhadores do Nobel são todos pessoas de QI 140+ certo?

Por que isso acontece, não sei. Algum dia talvez se possa investigar.

Mr X disse...

Grupo do Mensa reunindo-se, em teoria as pessoas mais inteligentes do mundo, ou de QI mais alto, na prática parecem uns nerds gordões. Um até tatuou o símbolo da Mensa no peito...

http://www.youtube.com/watch?v=FvUcs-BNWV0

Anônimo disse...

Os caras do Mensa são patéticos... passam num teste e acham que são os melhores (não contribuem com nada)... um QI mediano-alto não é um QI alto ou superior...

O teste adotado pela Mensa consiste de questões de análise lógica de padrões e figuras, com alternativas de múltipla escolha, e deve ser completado em 40 minutos. Nenhum conhecimento específico é necessário, incluindo qualquer língua estrangeira, ou mesmo o Português.

Uma associação inútil e ególatra... até a Maçonaria é mais inteligente!

Mr X disse...

...até? Muitos maçons estiveram envolvidos em eventos históricos importantes.

Mr X disse...

Não dá pra dizer o mesmo da Mensa...

Chesterton disse...

QI não é nada

http://www.youtube.com/watch?v=ERj3QeGw9Ok&feature=endscreen&NR=1

direita disse...

aqui ,mrx:


http://www.charlesdarwinresearch.org/portuguese.pdf

Anônimo disse...

O que será inteligência, o que será QI? Não sei, só sei que eu te consideraria burro (com todo o respeito, ou pelo menos com o mesmo respeito que você demonstrou ao questionar o QI de outros grupos no seu texto) só com base nesse texto que você escreveu. Espero que esteja errado, já que você diz que lê muito e é uma pessoa de alto nível cultural (eu questionaria o que você considera cultura, e se a cultura que consome não é de cunho elitista e 100% branca, mas aí é outro papo).

De qualquer forma, já realizaram estudos peer-reviewed sobre o tema e descobriram que há uma correlação significativa entre o QI baixo (que eu creio ser o seu caso) e a adoção de ideologias conservadoras e atitudes/pensamentos preconceituosos (que eu também creio ser o seu caso). Aqui um ponto de partida: http://www.livescience.com/18132-intelligence-social-conservatism-racism.html

Acho que depois de ler o artigo e o estudo você poderá opinar melhor sobre o tema e inclusive realizar uma autocrítica, esse sim um comportamento de pessoas muito, muito inteligentes.