Então porque tantos cineastas brasileiros adoram explorar a miséria?
Não me entendam mal. Há "filmes de pobre" bons, como "Ladrões de Bicicleta" ou "Feios, Sujos e Malvados". Mas parece que muitos diretores brasileiros acreditam que não é preciso escrever um roteiro, basta mostrar gente pobre sofrendo na tela, e está ganho o prêmio em Cannes, Berlim, ou, se não der, ao menos no Festival de Araraquara. Nem vou fazer uma resenha sobre "Linha", pois a resenha que eu ia fazer já foi feita aqui:
Para Walter Salles e Daniela Thomas ninguém presta, só eles. Nem os personagens principais escapam da sina criminosa que parece se abater sobre a humanidade. A diferença é que seus erros são justificados pela velha lenga-lenga de que a sociedade e as circunstâncias os obrigaram a errar. Se uma mulher sem condições de criar uma criança engravida da quinta, a culpa é da sociedade. E a maldita sociedade, representada pela patroa, não compreende isso. Se um jovem resolve roubar, não se trata de desvio de caráter, são as circunstâncias e as dificuldades que o levaram a cometer seus crimes. Se outro usa drogas, só pode ser porque foi influenciado pelos amiguinhos burgueses, ele é só uma vítima. A culpa é sempre dos outros.O problema do cinema brasileiro é que tem muito cineasta que acha que seu ofício é "resolver os problemas do mundo" (ou, vá lá, aliviar a consciência culpada), em vez de entreter ou emocionar o público por uma hora e meia.
Não acho que a miséria deva ser varrida pra debaixo do tapete. Mas esse tipo de discurso não leva a absolutamente nada. A vida de quem realmente está na condição de pobreza não sofre nenhuma melhoria por conta desses filmecos. Aliás, tende a piorar, porque sempre há emprego de dinheiro público nesses projetos. Ou seja, além de se verem explorados na tela, os pobres ainda precisam disputar com cineastas os caraminguás dos nossos impostos.
14 comentários:
Olha,
não vejo filme nacional "cabeça" nem que depositem cem mil reais na minha conta, para cada filme!
Didi, manda a grana para minha conta.
Bem, eu conheço algumas pessoas que adoram ir assistir a esses filmes "de pobre." Depois tenho que aturá-los discutindo como a vida não é essa "moleza que eu acho, não". Acho que esses filmes é um meio da classe média mostrar que "se importa."
Sem ter nenhum Oscar, já tem e aparecem TANTOS filmes brasileiros com esta temática, imagina quando um destes filmes ganhar um Oscar... Aí sim teremos um filme por mês e com cotas de exibição nas salas do país (estão discutindo isto, é sério...)
Cineasta brasileiro não gosta de público e o público não gosta de cinema, é triste ouvir as pessoas falando sobre Transformers, 2012, algum filme de ação, aquelas comédias pastelão (todo mundo em pânico, american pie, etc).
Pensando bem, eu gosto desta situação, nada melhor do que assistir um filme como "A Partida" ou "Há Tanto Tempo Que Eu Te Amo" numa sala para 200 pessoas mas com menos de 2 e não ter que ouvir cochixos, risadas, celular, opnião sobre o que vai acontecer no filme, etc.
Não sou contra subsídios a filmes, sem eles talvez não teríamos filmes como os que citei acima e vários outros (adoro cinema europeu e não tenho nada contra o cinema americano, apenas não gosto de "blockbusters ruins" [Batman: Cavaleiro das Trevas e Transformers 2, ambos são blockbusters, mas o segundo é ruim...]).
Quanto ao episódio do Robin Williams, lembro que o Tom Zé, certa vez no Programa do Jô Soares, cantou uma versão do hino norte-americano de forma bastante irônica. Não lembro de termos visto norte-americanos por aí se esgoelando por causa disso e/ou políticos dos states dizendo que iriam processar o artista por isso.
É uma atitude que mostra, acima de tudo, a essência de uma mentalidade.
Bom, aí acho que é mais uma questão de complexo de inferioridade, a síndrome de vira-lata brazuca. Foi só uma piadinha infame que passou batida e nem teve graça. Lembra o caso dos Simpsons e outros filmes que estereotiparam o Brasil e já vieram os gritos de censura, claro que todo país tem seu nacionalismo chinfrim, mas acho que só no Brasil há reações tão extremas contra piadas vindas de fora.
Mas X, no ano passado, a partir do pedido de censura de um político argentino, a Fox matriz acabou decidindo não exibir em nenhum país da América Latina (pelo menos nos canais abertos) o episódio 19x10 dos Simpsons. Tudo por causa dessa piada: http://tinyurl.com/y8f79l5.
Outra: no escasso tempo livre, eu e um pessoal tocamos um cineclube (está em recesso, mas não resisto a um merchan descarado). Certa vez, ouvimos essa de um freqüentador: "Quando é que vocês vão sair das velharias de Hollywood e passar umas coisas mais críticas?" Cof, cof, cof. Pedi exemplos, e lá veio ele com as besteiradas de sempre: 'Edukators', 'Ilha das Flores', Michael Moore... ¬¬
É por isso que o cinema nacional é essa m&rda .... só sobrevive por conta das benesses oficiais (lei Rouanet, cotas de exibição obrigatória e por aí vai ...).
Se a competência dos nossos cineastas - temos isso nessas paragens? Acho que não, os daqui são todos intelectuais! - fosse medida pelo sucesso das suas obras - critério justo, diga-se de passagem -, constataria-se o naufrágio do cinema nacional. Mas como aqui é o berço do relativismo, o que mais se vê são estes filmes "cabeça" recheados do abjeto "politicamente correto": ninguém vê, mas mesmo assim são um sucesso estrondoso!
Outro dia, assistindo Jô este notável "pensador" brasileiro, ele cagou filosoficamente, dizendo que:
"quem te aponta uma arma está pedindo socorro"
Falando em filme de pobre me lembrei de "Pixote"
Curioso. Sempre achei que quem aponta uma arma está pedindo é dinheiro... Mas talvez eu tenha entendido mal o sotaque do assaltante.
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1361511-5601,00-FILME+DE+JOSE+PADILHA+SOBRE+O+MENSALAO+TERA+R+MILHAO+DO+BNDES.html
Preconceito contra pobre é o que mais tem.
Playboy é fogo...
Filme de rico: http://www.imdb.com/title/tt0063794/trivia
;-)
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