Mostrando postagens com marcador tortura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tortura. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de abril de 2009

"Tortura mas não mata?"

Preciso falar uma coisa sobre a tortura, e todo esse blablablá do Obama sobre os EUA recuperarem a "estatura moral", e a crítica e perseguição ao governo Bush, que teria usado "tortura", ou ao menos waterboarding para extrair confissões.

Não sou de modo algum a favor da tortura, e a princípio concordaria com a proibição obamística do seu uso, mas devemos admitir - a tortura existe.

Existe na Jordânia, existe na Arábia Saudita, existe no Brasil, existe nos EUA, existe na Europa, existe em todo o mundo.

Às vezes, como nos países do Oriente Médio acima mencionados, a tortura é realizada por funcionários do Estado, militares ou policiais, seja seguindo ordens diretas ou não. Em outros países, a tortura é na maior parte das vezes realizada por entidades não-estatais de bandidos, traficantes, terroristas, guerrilheiros, rebeldes e criminosos. Mas é tortura, e tem o mesmo objetivo de extrair confissões.

Segundo ponto: a tortura funciona. Se não funcionasse, ninguém a usaria.

Então o dilema moral é: se é urgentemente necessário obter informação de um criminoso / terrorista / seqüestrador para salvar a vida de um ou de milhares (milhões?) de pessoas, é permissível usar a tortura?

Richard Fernandez escreveu um ótimo post a respeito, questionando os vários aspectos da questão. E ele pergunta: embora hoje todo mundo seja naturalmente contrário à tortura de prisioneiros da Al-Qaeda, será que se amanhã uma bomba nuclear explodisse em NY, todos seriam ainda da mesma opinião? Se alguém tivesse um filho seqüestrado, e fosse possível torturar um cúmplice do seqüestrador para reavê-lo, será que todos seriam tão contrários à tortura assim?

E ainda: não é lícito torturar, mas bombardear pode? Afinal, o governo Obama segue mandando pelos ares alguns talibãs. O que pode e o que não pode? O que é moral e o que não é?

São questões sérias.

O moralismo esquerdista resume-se em dar o máximo de proteção aos maiores criminosos, torturadores e assassinos, desde que estes não sejam "de direita" (aí podem ser até fuzilados). O próprio ato de querer perseguir mais a CIA e o Bush do que os terroristas (chegando até a publicar memos secretos, pondo em risco à nação) dá a medida dos verdadeiros inimigos da esquerda.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao controle de armas. Para o progressista, que um cidadão tenha o direito de se defender de criminosos é errado, por isso as leis de controle de armas. Mas tal controle, embora tire a proteção armada do cidadão respeitador da lei, não a tira do criminoso, já que este está se lixando para a lei - não respeita a lei da propriedade, porque deveria respeitar a lei do controle de armas? Sendo assim, as leis de controle armamentista têm um único resultado - desarmar o sujeito que pretende apenas defender sua família e propriedade, e armar aquele que quer roubá-lo.

Do mesmo modo, as leis que protegem o terrorista da tortura (ou mesmo que transformam em "tortura" todo tipo de questionamento mais árduo), que dão direitos excepcionais e proteção da convenção de Genebra a bandidos e terroristas que não respeitam qualquer convenção e que operam fora de qualquer respeito aos direitos humanos, que dão a piratas somalis o direito de ser julgados sob um sistema sob o qual eles não tem cidadania - tudo isso, embora nobre, talvez tenda a um único resultado a longo prazo: aumentar o número a selvageria dos terroristas e criminosos, aos quais a tortura é permitida já que não perdem direito nenhum com isso, e enfraquecer o cidadão comum.

Bandidos que não respeitam a convenção de Genebra não têm direito à sua proteção.

E tem outra coisa: é fácil falar uma coisa e fazer outra. Lembram do "ninguém é mais ético do que o PT" ao mesmo tempo em que se roubava? Da mesma forma, o governo Obama diz frases nobres sobre moral e ética, ao mesmo tempo em que faz exatamente o contrário, como mostra aqui Victor Davis Hanson.

Por ora, em relativa segurança, é fácil pontificar sobre nobres ideais. Mas, se houver um novo ataque fulminante aos EUA que ameace sua própria sobrevivência, aposto que o governo Obama vai ser o primeiro a torturar terroristas, ainda que chame de outra coisa e não de "tortura".