quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Democracia não é suficiente

A "democracia" na Líbia está prendendo e arrebentando. Depois de linchar Khadafi, a turba muçulmana no comando já executou uns outros 53. Agora afirma que a nova lei do Estado será baseada na sha'ria islâmica. Veja você, sob o terrível ditador Khadafi, o cidadão não podia ter mais do que uma única esposa. Agora vai poder ter quatro, como manda o Corão... Liberdade!

Certo, eles vão ter eleições. E daí? A União Soviética tinha eleições. Cuba tem eleições. Até a Venezuela chavista tem eleições.

Estamos vivendo em um tempo em que a forma substitui o conteúdo. Se um país tem eleições, é considerado uma "democracia", não importa que oprima os opositores, que tenha leis estúpidas ou que seja corrupto até o tutano. 

No Brasil, nos garantem, temos uma "democracia". Para mim, vai ficando cada vez mais parecida ao fascismo mussoliniano, com a diferença que Mussolini era provavelmente melhor. Getúlio Vargas e Perón continuam sendo o ideal de governo de todo presidente latrinoamericano que se preze.

Vejam o Lula. Não há dúvida alguma que queira voltar ao poder. A sua recente pose com cocar de cacique mostra bem as suas intenções. O PT quer "democracia", claro. Mas a antiga Alemanha Oriental não se chamava "República Democrática"? É esse o estilo de "democracia" que eles querem. Pode escolher o candidato de qualquer cor, desde que essa cor seja vermelha. 

Os terroristas dos anos 60 perderam a batalha, mas venceram a guerra. A demonstração mais cabal é a condenação à prisão perpétua de dezenas de generais argentinos. Não tiveram perdão. Tudo bem, eram criminosos e torturaram -- mas e os terroristas de esquerda que explodiram, seqüestraram, assaltaram, mataram, trucidaram? Ora, esses estão no comando, e continuam assaltando, só que agora em outro nível. Ninguém perguntou sobre o enriquecimento ilícito da "presidenta" Cristina Kirchner, nem sobre suas constantes tentativas de silenciar a imprensa local. 

Cada vez mais, no Ocidente e alhures, a democracia torna-se uma farsa, um teatrinho montado para divertir os imbecis. Os verdadeiros caciques fazem e acontecem debaixo dos panos. "O povo tem mais liberdade", garantem. "O povo pode votar e escolher quem quiser." E riem, sabendo que a população só pode escolher entre 6 e meia-dúzia (ambos comunas ou ladrões, mas me repito), e que as verdadeiras decisões são tomadas muito longe, sem qualquer apelo à vontade popular. Mas o povo? Feliz. Tem seu pão e seu circo garantidos, e a juventude jura que é "transgressora", mesmo repetindo unanimemente a cartilha repetida dia a dia por todos os meios de comunicação.

A democracia é um sistema bom, mas, por si só, não é suficiente. Não bastam eleições para fazer um país democrático. Seja a Líbia, sejam os EUA, seja o Brasil.

23 comentários:

Chesterton disse...

Democracia E Estado de Direito (onde os honestos são livres e os desonestos vão presos).

Mr X disse...

"Sir, what have you given us?"
"A Republic, ma'am, if you can keep it." (Benjamin Franklin)

http://www.youtube.com/watch?v=YGL8CiUtXF0

Edu disse...

O erro da Democracia é partir do pressuposto que qualquer pessoa que tenha mais de 16 anos saiba votar.

Antes só os ricos homens, depois incluíram os pobres, e depois as mulheres.

Não há nada de errado nisso, inclusão social democrática. O problema é a ignorância política. Se eu não me sinto confortável em decidir pra quem vai meu voto, o máximo que eu posso fazer é votar em branco.

Deveria haver um mecanismo de procuração, onde eu pudesse ceder meu voto para quem eu acredito que tenha mais conhecimento polítido do que eu para votar no meu lugar.

Claro que o problema de haver um mecanismo assim é a certeza de que haveria venda de votos.

No entanto, assumindo que não houvesse venda de votos, seria muito interessante. Porque eliminaria essa obrigação de votar só pelo voto.

Mr X disse...

Bem, uma coisa que nunca entendi é o voto do analfabeto. O cara não sabe ler nem escrever, vai saber em quem ou por quais propostas está votando?

De qualquer modo, acho que não é esse o problema da democracia atual, se não o fato de que não faz diferença em quem você vote. O Estado cresce igual; medidas totalitárias ou negativas são implementadas da mesma forma. Mas talvez então o problema não seja a democracia em si, mas a cultura de fundo. Um filósofo ou talvez um dos "pais fundadores" dos EU (não lembro quem) disse certa vez que uma democracia precisa de um povo virtuoso. Talvez o povo não seja mais tão virtuoso, talvez já seja tão corrupto quanto seus líderes.

Mr X disse...

Também o voto obrigatório é uma contradição.

Mr X disse...

"And so, as we study the beginnings of our nation, we understand that to have a virtuous kingdom it is enough perhaps to have a virtuous king, but you cannot have a successful democracy without a virtuous people."

http://www.heritage.org/research/lecture/virtue-in-democracy

Mas tem uma frase original, parecida, acho que do Lincoln.

Mr X disse...

E tem esta, também:

A democracy cannot exist as a permanent form of government. It can only exist until the majority discovers it can vote itself largess out of the public treasury. After that, the majority always votes for the candidate promising the most benefits with the result the democracy collapses because of the loose fiscal policy ensuing, always to be followed by a dictatorship, then a monarchy.

(autor desconhecido)

Microempresário disse...

“So one may say that the theory of universal suffrage assumes that the Average Citizen is an active, instructed, intelligent ruler of his country. The facts contradict this assumption.”

James Bryce


Assino embaixo.

iconoclastas disse...

"Deveria haver um mecanismo de procuração, onde eu pudesse ceder meu voto para quem eu acredito que tenha mais conhecimento polítido do que eu para votar no meu lugar."

hummm, o que significaria vc escolher alguém, para votar em alguém...

interessante.

mas aí a sua escolha não seria política? ou seria por camaradagem, admiração ou seja lá o que for? aí seria melhor...

;^/

iconoclastas disse...

"A democracia é um sistema bom, mas, por si só, não é suficiente. Não bastam eleições para fazer um país democrático. Seja a Líbia, sejam os EUA, seja o Brasil."

sem dúvida, mas ainda assim alguma escolha é possível.

mesmo que seja pouco, o comportamento debochado do molusco em relação as insituições deixou isto bem claro, há espaço para discordância e, bem ou mal, vez por outra ele, o inimputável, teve que retroceder por causa da reação da sociedade. imagina uma peça desse naipe sem ter que prestar um mínimo de satisfação.

na Venezuela é mais complicado, pois o tiranete local tem boa parte do exército consigo e, talvez por já ter sido vítima de um golpe, tem liberdade para agir com mais agressividade.

mas enfim, o estado de direito é mesmo fundamental, mas ter eleições, com todos os riscos que existem, mesmo sendo minoria na maior parte dos pleitos, ainda é melhor do que ficar vulnerável a escolha de 1/2 dúzia.

;^/

Anônimo disse...

Monsieur K

Ficar vulnerável a uma meia dúzia ou à mercê de uma massa de manobra?

Será que não tem um meio termo?

Acho que o perigo da democracia é justamente ela ser uma faca de dois gumes. O resultado depende da quantidade de bocós envolvidos.

Chesterton disse...

Será que não tem um meio termo?

chest- é o estado de direito...de onde vem o estado de direito?

Rovison disse...

E o que dizer de uma democracia na qual os eleitores são obrigados a escolher entre o ruim e o péssimo para os cargos-chave do Executivo e Legislativo. Os bons não têm a menor chance de se sobresair num ambiente assim.

DD disse...

A democracia é uma forma de governo tão confusa que os seus diversos participantes não conseguem chegar a um acordo quanto ao que ela de fato seja.

Mr X disse...

Uma das características da democracia, ao menos da democracia moderna, é que força o candidato a mentir, a ser demagógico. Devido às eleições, o líder tem que estar permanentemente em campanha e, portanto, tem que estar constantemente prometendo coisas que não poderá cumprir. O político é mais parecido a um vendedor de carros usados.

Um rei não tem esse problema: é escolhido por nascimento e fica ali até ser substituído pelo filho, não precisa mentir para a população sobre o que vai fazer ou deixar de fazer.

Claro, por outro lado, não quer dizer que o rei vá fazer um bom governo, e pra retirar ele de lá, só com revolução e olhe lá.

Melhor eleições, com todos os seus problemas.

Agora, o voto obrigatório e voto para analfabetos, sou contra.

Anônimo disse...

[i]"Deveria haver um mecanismo de procuração, onde eu pudesse ceder meu voto para quem eu acredito que tenha mais conhecimento polítido do que eu para votar no meu lugar."[/i]

Democracia representativa?

Gerson B disse...

X, haveria algum lugar no seu blog onde se encontram os títulos de todos os seus posts pra facilitar a procura?

Beto disse...

Por falar em AN, Mr. X,
tudo bem, ele "às vezes" era meio xarope, mas, quem não tem lá suas manias? O que será que houve com ele. Pena que ele não dá as caras.

Abraço a todos.

*democracia, além do voto é muitas outras coisas, entre elas, respeito às minorias. Se não há respeito, não privilégios às minorias é sinal de que tal democracia tem sérios problemas.

Silvio disse...

X, teu post me lembrou de 2 trechos do magistral 'A Cartuxa de Parma', de Stendhal:

"Acredita: tanto para ti como para mim, seria uma triste vida essa da América. - E explicou-lhe o culto do deus dólar, e esse respeito que é preciso ter pelos artífices da rua, cujos votos decidem de tudo."

"O homem que se aproxima da corte compromete a sua felicidade, se for feliz, e em qualquer caso torna o seu futuro dependente das intrigas duma criada de quarto. Por outro lado, na América, na república, é necessário passar o dia a fazer a corte aos lojistas da rua, e ficar-se tão estúpido como eles; e lá não há ópera."

Isso foi um francês reconstruindo ficcionalmente opiniões italianas do final do século XVIII. Quer dizer, os sujeitos viviam em meio às intermináveis sucessões violentas de tiranetes aristocratas, mas ainda assim davam um jeito de esnobar a democracia na América (para usar a famosa expressão de Tocqueville), a qual, na concepção deles, não passava de um disfarce barato para "submeter-se à vontade do populacho". O que é uma visão muito curiosa do assunto. Para não dizer controversa!

Mr X disse...

É, sempre tem esse esnobismo europeu. Mas hoje em dia (sem o saber), a Europa é quase mais americana do que os americanos, ao menos nos aspectos negativos.

(O que vejo como positivo na América é a cultura de empreendedorismo, a meritocracia, a energia, o dinamismo. O que vejo de ruim é o materialismo desenfreado, uma certa superficialidade, e, hoje em dia, o politicamente correto e a promoção do progressismo globalista. Nesses dois últimos aspectos, a Europa hoje está talvez até mais avançada.)

Mr X disse...

E a doença do Lula? Será que até isso ele quis copiar do Chávez?

Bem, não sejamos malvados, espero que ele se recupere logo, ao menos no câncer devemos ser solidários.

Mr X disse...

Esse Luiz Carlos Prates...

http://www.youtube.com/watch?v=9gbOP3zQHDM&feature=related

pirestroika disse...

que tipo de governo é que vai governar esses países ? Duvido muito que sejam democráticos. Na Líbia, se a NATO não desse ajuda à oposição, eles nunca conseguiriam vencer, mas tiraram de lá o ditador para agora abrir as portas à entrada da lei islãmica, e de terroristas, disfarçados na "Primavera Àrabe" e de regimes muito piores que as ditaduras que os governavam. O mesmo se passará com a Síria, quando acabarem com este regime quem irá governar ? A religião e suas leis: a Sharia. Ficará o norte de África conquistado pelos muçulmanos radicais. O Maior problema será o cerco a Israel, que vai ficar rodeado de países islâmicos em todas as suas fronteiras, menos pelo lado ocidental, pelo mar Mediterrâneo. As relações entre Israel e esses países vão endurecer, muito mais daqui para a frente, e mesmo com a Turquia, que está atenta e à espera da evolução das revoluções, e ver para que lado vai pender o fiel da balança. Tudo isto foi previsto, com muitos meses de antecedência, pelo primeiro ministro de Israel, Netayhau.