quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quem controla a mídia?

Ôuquei, este é um blog filosemita e filoisraelense, mas a questão apareceu aqui por estes dias na mídia americana e precisa ser discutida, ainda que possa terminar por chamar de novo alguns aloprados antisemitas aqui para o blog, o que seria lamentável.

Basicamente, o apresentador de televisão Rick Sanchez, cubano de nascença, ficou irritado com as piadinhas sobre ele realizadas pelo colega comediante (judeu secular) Jon Stewart. Além de acreditar estar sendo perseguido e discriminado por ser latino, Sanchez choramingou contra a CNN e afirmou ainda que os judeus estariam muito longe de ser uma minoria oprimida nos EUA, e que, de fato, praticamente controlariam não só a CNN como praticamente toda a televisão.

Pouco tempo depois, Sanchez receberia um bilhete da CNN dizendo "You are fired".

A partir daí, muitos passaram a afirmar que esta seria a prova definitiva que os judeus controlam a mídia, mas a questão é mais complicada. De fato, Jon Stewart é judeu, mas Stewart nada teve a ver com a demissão de Sanchez. De fato, um grande número de judeus trabalha na mídia americana, mas isso é diferente do que controlar. É verdade que, ao menos em uma coisa, Sanchez está correto: os judeus americanos, hoje, estão longe de ser uma minoria oprimida. Se décadas atrás tinham entrada fechada em vários clubes e sofriam discriminação, hoje pouco têm do que se queixar. Praticamente os únicos que os atacam abertamente hoje nos EUA são os imigrantes muçulmanos. Ou então, acredite, os latinos.

Mas também é verdade que várias outras verdades contrárias ao politicamente correto tampouco podem ser ditas hoje em dia. Larry Summers, judeu, perdeu seu emprego em Harvard ao sugerir que as mulheres teriam menor aptidão para as matemáticas do que os homens. A radialista Laura Schlessinger, judia, teve que abandonar o rádio ao afirmar que os negros costumam utilizar com freqüência uma certa palavra pejorativa proibida aos brancos. O cronista esportivo Don Imus também perdeu seu emprego por ter utilizado uma expressão que em bom português poderia ser traduzida como "negonas do cabelo duro". Mel Gibson não perdeu seu agente quando afirmou que os judeus seriam responsáveis por todas as guerras, mas perdeu-o quando saíram as fitas gravadas por sua ex-amante em que ele utilizava palavras proibidas contre negros e latinos. Ou seja, não é que não se possa criticar judeus: não se pode criticar nenhuma suposta minoria.

De fato, Sanchez, na entrevista, não apenas criticou os judeus, mas também uma suposta "elite do Nordeste" (Nos EUA, o Nordeste é a região rica que inclui New York e Boston, nada a ver com os "nordestinos" brasileiros), a quem acusou de discriminar contra os latinos, e indiretamente criticou a própria CNN, sua empregadora, o que seria motivo para demissão em qualquer lugar do mundo.

Dito isso, é verdade que os judeus americanos estão presente na mídia em proporção muito maior do que a sua população de apenas 2% poderia indicar. Ainda assim, mesmo que cheguem a 15 ou 20% (nas estimativas mais altas e incluindo aqueles com apenas vaga herança judia já distante, e que não são nem um pouco praticantes da religião, ao contrário), os restantes 80% são ocupados por anglo-saxões. (A própria CNN foi fundada pelo anglo-saxão Ted Turner, embora hoje faça parte do grupo Time Warner. A Fox News, curiosamente, é fundada em grande parte com dinheiro árabe). Além disso, ninguém força o restante da população a assistir seus trabalhos. Se os judeus estão super-representados na mídia, é porque o restante da população deve estar interessada no que eles têm a dizer. Jon Stewart é um sucesso porque é considerado engraçado, não por ser judeu (pessoalmente não vejo seu programa e não sei se é engraçado ou não).

O fato é, queira-se ou não, não é de hoje que os judeus costumam ter talento para o mundo do espetáculo e do entretenimento, e de certa forma criaram um nicho nessa categoria. Isso não é exclusivo dos judeus, aliás. quase ninguém reclama que nos EUA os coreanos dominem completamente o mercado de manicures, assim como anteriormente os chineses dominavam o mercado das lavanderias, ou que hoje os indianos praticamente dominem o mercado da informática e certos ramos da engenharia (segundo recentes estatísticas, ocupariam entre 28% e 40% da força de trabalho nessas áreas nos EUA, e todos os estudantes de origem indiana que conheci estudavam informática ou engenharia). Cada um se especializa em um nicho.

Porém, é verdade que muitos dos judeus na mídia costumam ser de esquerda (exceções feitas a Charles Krauthammer, Robert Weissberg e outros). E que muitos, curiosamente, são bem críticos de Israel. (Às vezes os judeus são os maiores inimigos dos judeus; uma coisa por exemplo que não consigo entender são os ativistas judeus que apóiam ardentemente a causa palestina, alguém pode me explicar?)

Era isso. Na próxima semana, falarei sobre a máfia nipo-brasileira, que apesar de representar apenas 0.5% da população de São Paulo, ocupa 20% das vagas nos melhores cursos da USP.

5 comentários:

Vitor disse...

Jon Stewart é engraçado e inteligente. Mas sofre daquele esquerdismo americano que não dissipa nem com doses cavalares de realidade (se bem que ele faz piadas com Obama com bem pouca cerimônia).

Tem tempo que não vejo o programa dele, mas é sempre garantia de risadas.

Jan disse...

Você acertou em cheio o motivo real da demissão do Sanchez, mr. X: ele era praticamente a personificação da verborréia, e já deu muitos motivos de vergonha à CNN. Mas, compreensivelmente, foi a tirada com os judeus que a grande mídia utilizou para justificar sua saída da emissora. Aham...

Quanto ao Stewart, não entendo como alguém tem saco de assistir aquele humor fajuto e baseado nas invencionices que todo esquerdista adora espalhar.

Silvio disse...

X, existe um filme porrada sobre um judeu que vira antissemita: Tolerância Zero (The Believer, no original).

Gunnar disse...

Silvio, esse filme é excelente e faz uma abordagem interessantíssima sobre o tema.

Anônimo disse...

O ser humano deve ser assim mesmo, sempre tentando se defender e atacar de forma arrasadora um indivíduo, apela para sua natureza, origem, algo que identifique o alvo globalmente, separando-o do conjunto da humanidade, eu mesmo às vezes lanço fúria contra alguém nordestino, mas na verdade é o sujeito que me irrita não "os nordestinos".