A Internet é do mal?

Desde os anos 90, a grande moda entre os educadores é colocar mais e mais computadores nas escolas. Segundo reportagem recente, o governo brasileiro planeja colocar computadores com internet banda larga em 55 mil escolas até o final de 2010, e "Lula disse que sonha em dar um computador para cada uma das 34 milhões de crianças da rede pública do país." É computador pra burro (perdão pelo duplo sentido). Até a favela do Morro Santa Marta já tem wi-fi grátis (isto é, paga pelo contribuinte não-favelado).

Todos, naturalmente, assumem que é uma coisa positiva, já que o computador ajuda ao desenvolvimento intelectual e cultural da criança. Quer dizer... E se não fosse bem assim? 

Recentes estudos informam que, desde a introdução do computador e da internet nas escolas, o desempenho escolar dos estudantes piorou. Em um estudo comparativo realizado na Romênia, aqueles que tinham computador em casa tiveram notas piores do que os que não tinham computador. A razão é simples: o computador era utilizado para jogos ou outras atividades recreativas, tirando ainda mais tempo dos estudos.

Um outro estudo indica que a criatividade das crianças americanas estaria em baixa. Como o processo começou nos anos 90, alguns também relacionam essa crise com o advento dos computadores pessoais, que fazem tudo por nós. Pra que pensar? Basta usar o Google.

Curiosamente (ou não), foram justamente as classes "menos favorecidas" as que mais foram prejudicadas pelo advento do computador e da internet. Muitos pobres e oprimidos, não tendo supervisão de uma família educada, utilizam o computador para atividades para dizer o mínimo pouco educativas, e os estudos acabam relegados a terceiro ou quarto plano. Os computadores tampouco ajudam na redação e gramática, basta observar o anarfabetismo da maioria dos comentários realizados em sites de notícias ou de vídeos.  

Bem, isso não se dá apenas entre as classes baixas, não. Há alguns que afirmam que a Internet estaria nos emburrecendo a todos. Eu mesmo perco um tempo considerável que poderia utilizar em atividades mais produtivas assistindo vídeos como este aqui (se você achou o jogo entre Holanda e Espanha violento, não conhece o futebol feminino):




É verdade que também aprendi muitas coisas úteis graças à Internet, e posso estar bem informado sobre o que acontece em todo o planeta. Mas será que é tão importante assim saber que Roman Polanski foi liberado e que Mel Gibson brigou com sua amante russa, ou assistir em tempo real o último terremoto no Kazaquistão? Por outro lado, a Internet me tira tempo dos livros. Aliás, quase não leio mais romances: devido ao vício da leitura de blogs, perco a concentração em textos mais longos. Preocupante.

Ninguém nega que a Internet e os computadores pessoais revolucionaram o mundo e o modo como nos relacionamos com a informação e entre nós mesmos. Facebook, Twitter, e toda a parafernália de aparelhos eletrônicos têm a sua utilidade, com certeza. (Se Hitler tivesse Facebook, talvez o mundo seria diferente.) Mas nada disso é substituto para a educação formal. Assim como a ação afirmativa e as cotas raciais, não realizam milagre. Para aprender, é preciso estudar. 

Lula, com a ajuda de Bill e Melinda Gates, pode até dar um computador para cada criancinha brazuca. Continuaremos últimos em educação, mas ao menos todos terão acesso imediato ao último vídeo da popozuda dançando rebolation.