terça-feira, 12 de março de 2013

Chavez vive!

Não cheguei a falar sobre a morte do Chávez porque estava muito ocupado abrindo o champanhe. Não, sério, na verdade, foi porque achei que não tinha muito a dizer que já não tivesse sido dito melhor por outros. Mas tem uma coisa que eu fiquei me perguntando que é o seguinte: será que a Venezuela mudou mesmo muito com o Chávez (pra pior ou pra melhor)?

Não conheço a Venezuela, e não acho que jamais tenha sido uma maravilha, mas a impressão que tenho pelas noticias e pelos poucos venezolanos que conheci exilados no exterior foi que piorou para a classe média, melhorou para alguns amigos do Chávez, e que, para os pobres, apesar de todo o discurso, ficou mais ou menos igual. Os dados indicam que houve um leve aumento no poder aquisitivo dos mais pobres (que ocorreu em toda a América Latina no mesmo período), mas o crime e a inflação na Venezuela aumentaram muito (o crime em Caracas, quase 400%). A bonança do petróleo a preço alto perdeu-se quase toda entre a burocracia e a corrupção, o dinheiro sendo utilizado para aparelhar o Estado mais do que para construir uma infra-estrutura decente no país. Ou seja, não mudou muito. Então, qual a razão para a popularidade do Chávez, em especial entre as classes baixas?

Talvez seja que eles se identificam com o líder indígena de origem humilde que chegou no topo. Ou talvez seja que basta pouco para contentar os pobres: um trocado aqui, uma bolsa-família ali. Vemos a mesma coisa em muitos outros países latino-americanos: desconfio até que a falta de escolaridade de Lula foi mesmo um truque para mantè-lo mais "próximo ao povo" do que ele realmente é. Na Argentina, ainda hoje, décadas depois de sua morte, Perón ainda é popular, muito embora tenha praticamente destruído a Argentina, que antes de seu governo já fora um país próspero. Mas é o mesmo sistema que se repete, percebam: um caudilho popular, "amigo do povo", muito embora pouco faça de concreto pelo povo além do que dar algumas esmolas, uma que outra lei, e muitas palavras vazias. 

Chávez morreu e está no Inferno, mas outros líderes similares irão surgir, talvez seja a sina da América Latina, quando o que precisaríamos seria de alguém como o Lee Kwan Yew. E, claro, outro povo.

Herói ou vilão? Nenhum, só mais um caudilho pateta.

5 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Vamos ver o que será a herança chavista, um país onde a grande maioria das pessoas depende para sobreviver da boa vontade de um estado que alimenta antagonismos sociais. Torcemos e rezemos por Capriles, aquele que vai enfrentar o mito embalsamado.

Anônimo disse...

Da mesma forma que surgiu Hitler, dizendo que iria lutar pelos trabalhadores e para o povo, ganhou força e poder, ai nem preciso continuar...

AF disse...

Mr. X: o que está acontecendo? Aprova os comentários aew.

Silvio disse...

http://www.meiahora.ig.com.br/public/uploads/printcovers/06032013.pdf

AF disse...

http://www.meiahora.ig.com.br/public/uploads/printcovers/06032013.pdf

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Muito boa, Silvio!

Essas capas do jornal Meia Hora são super engraçadas e criativas.