Bem, não posso fazer uma crítica de verdade pois só vi algumas cenas totalizando alguns minutos. Porém o filme parece bem fraco. Achei que, além da polêmica por questões políticas, o filme pudesse ser interessante, afinal não se deve avaliar uma obra de arte pela ideologia de seu criador. Mas o filme não parece se sustentar por si mesmo.
Em primeiro lugar, a história me pareceu tola: uma mulher não quer vender seu apartamento para construtores malvados. Fim. Sério, não tem muito mais do que isso. E nem fica claro por quê ela gosta tanto daquele apartamento, que não é grande coisa em termos de arquitetura, e a personagem no filme é dona de outros cinco, ou seja, poderia se mudar a qualquer momento. Se fosse uma casa de praia antiga a ser demolida para a construção de um edifício enorme faria mais sentido do que a mera substituição de um edifício feio por um outro feio também. Realmente a história não faz muito sentido, nem mesmo como crítica à urbanização. Aliás, até a animação da Pixar "Up" tratou o mesmo tema de forma mais sucinta e melhor.
Os diálogos são canhestros, com algumas supostas frases de efeito que sequer fazem muito sentido: "Nós exploramos as empregadas, e elas nos roubam de vez em quando". "É melhor dar um câncer do que ter um câncer". Confesso que não entendi o que esta última frase quis dizer.
Como em todo filme nacional que se preze, tem várias cenas de sexo gratuitas que nada acrescentam à história, inclusive de Sônia Brega com um garoto de programa, e de uma tia velha lembrando de quando era jovem e lhe lambiam a vagina. E esteticamente (fotografia, atuação, som) parece ser apenas medíocre. Porém, isto também pode ser um problema da cópia disponível no Youtube.
Li duas críticas negativas que me pareceram acertadas: aqui e aqui.
No entanto, a crítica internacional adorou o filme. Um crítico inglês até afirmou que o filme "dará ao espectador vontade de se mudar para o Brasil". De verdade? Achei que o filme fosse uma crítica ao país e não o mostrasse de forma muito positiva.
Não sei bem o motivo da apreciação do filme pelos críticos internacionais, então é possível que contenha algumas qualidades. Como só vi alguns minutos, realmente não posso julgar. Peço aos caros leitores que por favor assistam por inteiro e me contem depois.
Falando de uma maneira mais geral, por que o cinema brasileiro é quase sempre tão tosco? Por um lado, temos as embromações esquerdistas. Pelo outro, temos as comédias ainda mais toscas da Globofilmes, que tem maior sucesso de público, mas não necessariamente maior qualidade. Na verdade, o cinema brasileiro sempre foi assim: de um lado os filmes experimentais sem sucesso desde o Cinema Novo, de outro as chanchadas e pornochanchadas de maior sucesso popular mas qualidade duvidosa.
Não acho que o problema seja necessariamente esta vocação que o cinema brasileiro tem em mostrar pobres. Nem mesmo a pobreza do próprio cinema nacional, forçado a filmes de baixo orçamento.
O cinema italiano das antigas fez belíssimos filmes sobre pobres, usando poucos recursos. E o cinema iraniano dos anos 80-90 também fez alguns filmes sensíveis e belos sobre pobres, com menos recursos ainda.
Acho que o problema é que cineastas brasileiros colocam a ideologia deles em tudo. Querem porque querem colocar as suas mensagens politizadas, ao invés de contar uma história ou de procurar a beleza. Este é um problema geral do cinema moderno, a dizer a verdade. Hoje todo e qualquer filme tem que falar sobre racismo, gays, transexuais. No Brasil, cineasta que se preza tem que fazer filme reclamando da "zelite". Mas falta-lhes imaginação, além de melhores recursos e bons atores.
De qualquer forma, acho que o cinema em geral está em crise, não apenas o brasileiro. Ou, então, sou eu que envelheci e não gosto de mais quase nada.
Não vi nenhum dos filmes indicados ao Oscar, mas parecem ser bem tolos também.
O mais cotado é "La La Land", que me interessa muito pouco. Odeio musicais. Os outros parecem todos ser filmes com "mensagem" esquerdista. Racismo, homofobia, feminismo... Por mais bem-intencionados que sejam, tudo isto termina por cansar. A própria cerimônia do Oscar ficou tão ridícula que não a assisto há anos.
O único filme recente que vi foi o "Silêncio" do Scorsese, que me pareceu interessante, ainda que um pouco longo demais e prejudicado pelo casting equivocado de alguns atores como o horroroso "Kylo Ren". Coincidentemente, Scorsese também acredita que o bom cinema acabou.
Fazer o quê? Tudo acaba nesta vida.
Cena final de Acúarius impressiona e choca. Acima, Lucélia Santos no papel de espectador médio. |
Até a deputada Maria do Rosário já foi atriz nos bons tempos do cinema nacional. |