Mas o que eu queria falar agora é que acompanhei também o fenômeno #Yesallwomen e uma série de artigos informando que a "cultura machista" e a "cultura do estupro" é que eram as verdadeiras culpadas e coisa e tal.
O paradoxal é o seguinte: a maioria desses artigos cita o estupro e as cantadas na rua como alguns dos principais males que afetam as mulheres vítimas da tal "cultura machista". Porém, o problema de Elliot era exatamente o oposto: vítima de uma timidez patológica, é pouco provável que pudesse abordar uma mulher na rua, ainda mais com cantadas vulgares. Seu problema era que, longe de ser um machista que tratava as mulheres como objetos, ele era um "loser" que mesmo com um BMW e família pseudo-hollywoodiana, conseguiu ser rejeitado por 100% das mulheres.
É verdade que, tendo crescido em meio a uma cultura superficial baseada nas aparências e no status, e não tendo tido bons modelos nos adultos ao seu redor (tudo indica que seus pais divorciados e sua madrastra não eram os melhores adultos-modelo), terminou tendo um complexo monstruoso, que o fazia acreditar ter direito a sexo com mulheres loiras, quando, claramente, essa era uma impossibilidade técnica para alguém como ele. Por muito que se diga que muitas mulheres são materialistas só preocupadas com riqueza, minha impressão é que carisma e atração física (que não é necessariamente beleza, mas masculinidade) contam mais do que dinheiro, no fim. A um empresário rico mas sem demasiado charme como o Bill Gates, 9 entre 10 mulheres prefeririam o Brad Pitt, ou até um gordinho careca mas carismático como o Louis C.K. Ou não? Mas Elliot, coitado, achava que era só ter dinheiro que iria chover mulher, sem que ele precisasse fazer mais nada.
A outra coisa paradoxal é que, por todo o seu suposto ódio contra as mulheres, ele matou quatro homens e apenas duas mulheres. As mulheres, aparentemente, esqueceram totalmente esse fato, ou talvez as vítimas do sexo masculino nem importem. É aliás bem provável que, se ele tivesse matado apenas seus três colegas de quarto chineses, o evento nem teria saído de uma nota de rodapé no jornal, tão insignificantes tornaram-se os coitados.
Eu não sei se vocês notaram isso também, ou é um fenômeno apenas norte-americano, mas parece estar dando a impressão que, quanto mais a sociedade se feminiza, e quanto mais as mulheres avançam em termos de direitos, mais elas reclamam da "cultura machista". Se eu fosse machista, ou um psicólogo freudiano, diria que elas estão querendo mesmo é "um macho de verdade" que lhes dê um cala-te-boca. Como não sou nem um nem outro, fico meio sem entender esse ódio feminista cada vez maior, ao mesmo tempo em que mais aumenta a presença feminina em tudo.
Isso não quer dizer, é claro que o rapaz não fosse (ou não tivesse se tornado) misógino, ou até misantropo, já que odiava os homens que transavam com mulheres também.
Será que era inevitável que ele tivesse virado um monstro? Ao contrário de outros esquizofrênicos como Adam Lanza ou o maníaco do cinema, eu acho que, se ele tivesse tido melhores modelos adultos, uma educação longe da subcultura materialista hollywoodiana, e se tivesse desenvolvido amizades e hobbies, e um tratamento psicológico adequado, nada disso precisaria ter acontecido. Mas vai saber.
Rejeição é uma coisa difícil, mas raramente de todo traumática. Todo mundo passou por isso. Mas parece-me que as mulheres (ou as feministas de hoje) adoram ver-se como vítimas, mas parecem não entender que o homem também sofre - não com estupro, mas com o abandono, com a rejeição, com o bullying, com o ostracismo social, com a traição, com a perda de guarda de filhos, com as mentiras, etc, etc, etc.
Eis um quadrinho desonesto, do tipo "todo homem é um assassino e estuprador em potencial":
De todos os ismos, o feminismo sempre me pareceu o mais falso de todos, simplesmente porque tendo crescido cercado por mulheres fortes (que eram as que realmente mandavam na família), parecia-me absurdo conseguir enxergar as mulheres como meras vítimas indefesas dos homens malvados.
Tem um livro, escrito nos anos 70 por uma mulher, chamado "O Homem Domado" (acho que existe versão em português em pdf) que tem um argumento interessante: tudo isso é truque. A mulher manipula constantemente o homem para obter benefícios e para ser sustentada. Talvez o livro seja um pouco exagerado, mas tem alguns momentos válidos. Quem jamais foi manipulado por alguma namorada, ou até por uma mulher desconhecida querendo um drinque gratuito em troca da vã (e quase sempre falsa, nesses casos) promessa de sexo?
Talvez o problema dos dias de hoje seja que, não existindo demasiados casos de real preocupação para as mulheres no primeiro mundo (não, ao menos, da mesma forma que existe opressão e até perigo de vida em países como a Arábia Saudita, o Iêmen ou a Índia), elas tendam a exacerbar "first world problems".
No outro dia, por exemplo, alguma moça no meu Facebook reclamou sobre artigos de jornal que falavam sobre o penteado da atriz X ou o vestido da cantora Y, e disse que tais artigos de "machistas". Observei que tais artigos não podiam ser "machistas" já que, além de raramente serem escritos por homens, o público que tinha interesse em saber sobre o penteado ou o vestido de mulheres famosas, era formado por 90% de mulheres (e os outros 10% de gays). Ela ficou sem saber o que responder. Acho que me deletou do Facebook.
Mas é verdade que, como informam as notícias, os casos de (homens) perdedores no mercado sexual matando mulheres parece ser um triste fenômeno em aumento, e nesse sentido não posso criticar de todo as feministas pela sua preocupação. De fato, trata-se de uma preocupante reação de homens (de alguns homens) contra o feminismo.
Minha interpretação, no entanto, não é que isso tenha a ver com o "patriarcado" (ou tais assassinatos seriam bem mais comuns nos anos 50 ou antes, época de "patriarcalismo" maior), ou nem mesmo com o ódio as mulheres ou à desigualdade tendo crescido na sociedade, mas com o fato de que, após o fim do tal "patriarcado" e da revolução feminista, existem alguns homens que saíram ganhando, e outros que saíram perdendo. Quando antes o normal era que quase todo o mundo terminasse casando, ainda que não com a mulher ou os homens dos sonhos (salvo os muito esquisitos, mas esses seriam internados, ou talvez encontrariam consolo na religião), hoje em dia existem alguns homens de maior sucesso que obtém mais mulheres, e outros que ficam sem nenhuma. Sempre foi assim, na verdade; tanto que algumas culturas, como a islâmica, até são polígamas, e alguns acreditem que a poligamia seja mais "natural" para o ser humano do que a monogamia (certamente a poligamia é comum no reino dos primatas).
Sempre vai existir esse desequilíbrio. A vida é injusta, etcétera e tal. Algumas culturas solucionaram esse problema com os casamentos arranjados, que ainda são comuns na Ásia ou na Índia. O Ocidente europeu foi quem introduziu a idéia do amor romântico, a idéia de que, para toda pessoa, existe uma alma gêmea, da busca do amor como ideal, associado ao casamento monogâmico.
Talvez agora estejamos migrando para algum outro modelo, quem sabe?