sábado, 29 de janeiro de 2011

A esfinge do Egito

Não tenho tempo de blogar e portanto não vou poder elaborar sobre a situação de revolta que está ocorrendo no Egito, Tunísia, e que poderá ainda se expandir por outros países árabes. Para ser honesto, tampouco tenho muita informação a respeito, e nem sei se é o caso de celebrar ou se apavorar. A tendência é acreditar que todas as revoltas populares são boas, mas nem sempre esse é o caso. O povo, às vezes, faz merda.

Certo que os regimes de Mubarak e do seu equivalente tunisino não são flor que se cheire, e a derrocada de ditadores é sempre uma boa notícia. O problema é: e se o que vier depois for ainda pior? Hoje temos saudade do Xá Reza Palevi.  No Egito, se Mubarak cair, o que virá? Irmandade Muçulmana? Sharia e terror? Uma nova guerra?

Segundo alguns analistas, a causa de tanta revolta no Oriente Médio tem a ver mesmo é com os incêndios ocorridos na Rússia. Da seguinte forma: seca e incêndios acabaram com quase 30% da colheita anual de trigo na Rússia, que é o principal fornecedor de trigo aos países árabes. A Rússia passou a limitar severamente a exportação, e o preço do trigo triplicou, o que causou aumento geral do preço da comida nos países árabes, o que gerou por sua vez fome, descontentamento e finalmente revolta política. Uma espécie de "efeito borboleta" internacional.

Não tenho escrito muito sobre o Oriente Médio, que era originalmente quase que o foco principal deste blog. Francamente, cansei das eternas guerras tribais daquela região, e acho que se fala demais sobre o tema. Quem sabe se os articulistas, políticos e imbecis em geral parassem de se meter tanto no conflito Israel vs. árabes, este teria se resolvido há tempos. 

Se bem que, no momento, tanto árabes quanto judeus devem estar igualmente com um pé atrás e um dedo no gatilho, esperando para ver no que isso vai dar.

16 comentários:

Harlock disse...

Salve.
Faz muito bem, Mr.X, muito bem... desde que o notório filósofo e pederasta franco-comuna Fucô se encantou com a revolução dos aiatolás é atividade de alto risco especular sobre o que vai sair dessas "manifestações populares&espontâneas" no mundinho muslo... normalmente uma piora é de se esperar.

Mr X disse...

A experiência ensina que o que vem daqueles lados raramente termina em coisa boa. Melhor deixar como está para ver como é que fica. Vamos ver!

Anônimo disse...

srs., essa revolta ñ é + nem - do que trocar 6 p/ 6/12, ou até pior. Opositores do governo são pró-Hesbolá e Hamás, pregam a destruição de Israel abertamente e a criminosa tal de jihad. Argh!!! Há uma generalização do fundamentalismo islâmico por àquelas plagas. Israel deve ficar + ainda cauteloso.

Mr X disse...

Uma coisa interessante: A Arábia Saudita apóia o Mubarak, enquanto o Irã apóia os manifestantes (é, o mesmo Irã que reprimiu selvagemente seus próprios manifestantes).

Ora, qualquer um que preste um pouco de antenção àquela região sabe que há um conflito lá por dominância regional entre sauditas (árabes sunitas) e iranianos (persas xiitas).

Mr X disse...

http://www.allvoices.com/contributed-news/8036448-pharaonic-mummies-destroyed-in-the-egyptian-museum/

Harlock disse...

Salve.
Sobre a citada destruição de tesouros arqueológicos, em um dos comentários à matéria o leitor acha que o povo está descontrolado... eu não acho. O Islam se pretende absoluto e jamais conheceu qualquer coisa como os estudos clássicos, conforme eram patrocinados pelas Igrejas Romana e Grega do Medievo. Uma sociedade puramente islâmica terá, por força, de eliminar qualquer referência ao passado pagão ou infiel, sob pena de não parecer suficientemente comprometida com a sua fé. Ontem os museus afegãos foram devastados e a arte rupestre budista varrida, hoje mosteiros e igrejas de Kossovo e da Bósnia são queimados, amanhã quem poderá dizer o que será feito dos museus egípcios?

Mr X disse...

Bem, por sorte entre os franceses e os britânicos tiraram quase tudo de valor que tinha por lá. Temo que se a Irmanadade Muçulmana chegar ao poder, eles vão mesmo destruir tudo o não-muçulmano que encontrarem nos museus. Uma pena.

Lamentável a queima de monastérios antiquíssimos em Bósnia e Kosovo, boa lembrança. Ali não dá pra ter a desculpa que "o povo se descontrolou".

Augusto Nascimento disse...

"Uma sociedade puramente islâmica terá, por força, de eliminar qualquer referência ao passado pagão ou infiel, sob pena de não parecer suficientemente comprometida com a sua fé."
Como se os cristãos não tivessem tentado suprimir textos pagãos, especialmente os de controvérsia contra o Cristianismo. Como se edições dos livros judeus e do Corão não tivessem sido queimadas por fanáticos cristãos. Uma sociedade puramente qualquer coisa fará esse tipo de coisa sempre que tiver oportunidade.

Mr X disse...

Ainda existem os Evangelhos Apócrifos.

E quando os positivistas chegarem ao poder, o que queimarão?

(ou quem...)

Augusto Nascimento disse...

"Ainda existem os Evangelhos Apócrifos."
Que a) não são nem pagãos, nem anticristãos,pelo contrário, são outra versão do Cristianismo, religiãO que levou séculos para definir quais eram os livros "inspirados" canônicos (mesmo um fanático louco furioso como Clemente de Alexandria fazia uso de textos apócrifos). b)Alguns deles, como o Evangelho de Tomé, só reapareceram em tempos modernos. c) Alguns textos foram suprimidos. d) Não se pode superestimar a capacidade de Roma de alcançar o que deseja, afinal, depois de séculos negando, Roma teve que admitir que, "no entanto, ela se move."

"E quando os positivistas chegarem ao poder, o que queimarão?
(ou quem...)"
Como é mesmo aquela lição de Olavo de Carvalho? Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é? Teixeira Mendes, genialmente, ensinou que deve vigorar o "mais vasto sistema de liberdades públicas a que jamais se possa aspirar". Comte ensinou que a autoridade religiosa (isto é, positivista) deve haurir seu poder do apoio das mulheres e dos trabalhadores, nunca do apoio do Poder Temporal, aquele para o qual Roma sempre corre quando quer privilégios.

Mr X disse...

E o Barão de Itararé, genialmente, ensinou: "De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada."

Augusto Nascimento disse...

As promessas (promessas, promessas, promessas) de Cristo e Paulo provam que de onde os trouxas mais esperam é que não sai nada.
Além disso, não me recordo agora se essa frase do barão (o único nobilarca brasileiro que prestava) se referia principalmente ao varguismo (como aquela famosa sobre os animais, por exemplo), mas isso nos leva a um exemplo no qual de onde menos se espera sai muita coisa: o romanismo apoiou a queima das bandeiras estaduais (repudiada pelo positivismo, tendo em vista os ensinamentos de Comte sobre o federalismo) e daí, desceram as trevas fascistas sobre o Brasil, os campos de concentração, a Imprensa amordaçada, o extermínio de dissidentes, as torturas, etc.

Augusto Nascimento disse...

Correção: "nobilIarca" em vez de "nobilarca". Tá, os dicionários não abonam o uso como substantivo, mas por anologia à palavra "oligarca" (nobiliarca está para nobiliarquia como oligarca está para oligarquia), acho justo o uso. Ou fica como neologismo.

Microempresário disse...

A "causa imediata" é a falta de trigo importado da Rússia.

A causa maior é que o petróleo deles acabou.

http://www.theoildrum.com/files/Oil%20production%20exports%20Databrowser.png

Mr X disse...

Segundo o Spengler, tem a ver também com o crescimento da China.

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MB02Ak01.html

Anônimo disse...

http://charges.uol.com.br/2011/02/03/cotidiano-enigma-egipcio/