quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Museu do Fogo

O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro ilustra de forma significativa o que pode acontecer com a cultura de origem europeia quando deixada em mãos incapazes ou pouco interessadas.

Criado originalmente pela família real portuguesa quando se deslocou ao Brasil, em terras tupiniquins ele logo caiu em um lento abandono.

O risco de incêndio era anunciado desde pelo menos 2004, e o descaso com a manutenção vinha desde pelo menos os anos 50. Há relatos de que já nos anos 1970 a estrutura apresentava sérios problemas que nunca foram resolvidos.

Os sucessivos governos alegaram não haver dinheiro, mas este nunca faltou para propinas, benefícios, ou eventos mais midiáticos como Carnaval e futebol. 

No Brasil, a cultura não é prioridade de ningúem. Enquanto os "direitistas" liberais querem eliminar totalmente o orçamento para qualquer tipo de cultura, a esquerda prefere utilizar o dinheiro para obras ideológicas e polêmicas como Queermuseu ou Macaquinhos.

A UFRJ (que administrava o Museu) há anos recebeu a proposta de 80 milhões de dólares do Banco Mundial para reestruturar o Museu, mas não aceitaram, por motivos ideológicos (seria transformá-lo em uma instituição público-privada na qual a UFRJ não teria controle).

O público? Muitos sequer ouviram falar do Museu, e a maioria nem estava interessada. Para eles, Museu é velharia, é entulho. Eles não tem sequer a capacidade de compreender qual o interesse na criação de um museu. Bom na vida é ir no shopping, depois ir no funk, rebolar até o chão, ver futebol e tomar cerveja. Muitos comentários encontrados na rede eram deste estilo:



Um hotel de luxo deixado na África pelos portugueses teve também um destino de destruição parecido, só que de forma muito mais rápida. Aqui foi mais em câmera lenta, mas aconteceu do mesmo modo.

Com o aumento da imigração não-branca para EUA e Europa, o futuro de seus belos prédios poderá ser o mesmo. Praticamente só os brancos europeus tem interesse na alta cultura. (Em Detroit já ocorreu o mesmo, com dezenas ou quem sabe centenas de belos prédios históricos que foram para o beleléu).

É triste, e eu gostaria que fosse diferente, mas parece ser assim mesmo. A cultura e a beleza da civilização europeia foi criada e só pode ser mantida por europeus. Se não houver mais europeus ou seus descendentes, não haverá mais civilização, e pronto. Acostumem-se com isso e voltem para o seu funk, seu futebol e sua cerveja estupidamente gelada. Opa, peraí, a cerveja também foi invento europeu, então, esqueçam. Tomem cauim.

Alguns sugeriram manter o Museu destruído, como memorial à nossa incompetência. Sugiro outra coisa: construir no lugar uma réplica barata. Pode ser de compensado, ou até de cartolina mesmo. Só precisa durar um ano mesmo. E aí, todo 7 de setembro, irá se colocar fogo no prédio e chamar a população para assistir ao belíssimo espetáculo da destruição.


P.S. Desculpem, na pressa e na tristeza pelo ocorrido cometi dois erros. O primeiro é que a cerveja foi inventada na Mesopotâmia muito antes dos europeus. O segundo erro é que, naturalmente, ocorreram varios incendios de predios importantes ou históricos também na Europa ou em países do tal "primeiro mundo". E os próprios europeus se encarregaram de destruir muita coisa em suas guerras fratricidas. No mais... Desastres e tragédias acontecem. O que incomoda e deixa triste é que sejam tantas as que ocorrem no Brasil, sem que nada seja feito, e que se repitam mais e mais. Porém, nenhuma construção humana é perene, como nos lembra o poema de Shelley, Ozymandias.