quinta-feira, 4 de abril de 2019

A questão da corrupção

Um vereador do supostamente moralizador PSL está sendo acusado de um esquema de "rachadinha", que não é algo sexual relacionado com o "me too", mas trata-se de um esquema de corrupção na qual o sujeito se apropria de parte do salário de seus subordinados. Aparentemente esse esquema é extremamente comum no Legislativo e no Judiciário brasileiros. Basta contratar conhecidos em troca de um salário menor do que o oficial, pagar a parte deles em dinheiro e ficar com o resto.

A corrupção não é exclusividade do Brasil, no entanto. Nos EUA, recentemente, um grande escândalo está envolvendo universidades de elite como Harvard e Yale, que receberam propina para aceitar como estudantes filhos de pessoas ricas, incluindo alguns atores e atrizes de Hollywood.

Os americanos porém fazem as coisas de modo mais elegante. Lá não tem rachadinha, e a corrupção pode ser até mesmo legal ou semi-legal. Por exemplo, em muitos casos, as universidades aceitam doações beneficientes, em troca, elas aceitam os filhos de milionários. Em teoria é algo legal pois fica muito difícil de comprovar a relação entre a doação e o favor recebido. 

É possível acabar com a corrupção? Parece uma tarefa quase impossível, hercúlea, como limpar os estábulos de Áugias!

Mesmo a China, que supostamente condena à morte os corruptos, enfrenta graves problemas nessa área. Aliás, os chineses talvez sejam um dos povos mais corruptos do mundo. O Japão nos anos 80 e 90 também teve alguns famosos escândalos de corrupção no mundo corporativo. E até a Alemanha, recentemente, se viu envergonhada por casos de corrupção envolvendo as fraudes na Volkswagen e desvios no Deutsche Bank.

Isto não quer dizer que a corrupção seja igual em toda parte. De acordo com os dados da Transparency International, os países menos corruptos são os norte-europeus. Os mais corruptos, os africanos subsaarianos e do oriente médio. No meio, o leste e o sul europeu, e os latino-americanos logo abaixo destes. Mas há variações. Mesmo na América Latina, alguns países como o Uruguai aparecem na mesma faixa de corrupção que EUA ou França, lá pelo número 22. 

Se acabar é impossível, o que se pode fazer, no entanto, é reduzi-la. Para fazer isto o caminho básico é diminuir a impunidade e aumentar a transparência. O Brasil deu passos adiante com a tal Lava-Jato, ou é tudo encenação?

O grande problema a meu ver é que a maioria das pessoas tende a ver a corrupção exclusivamente na grande escala, nos grandes escândalos dos políticos, nos juízes, nos empresários. Mas a corrupção é na verdade algo muito mais generalizado, estando presente até mesmo no comportamento das camadas mais pobres da população, na pessoa que joga lixo ilegalmente em terrenos baldios, no guardinha que aceita um trocado para fazer vista grossa, no sujeito que vende atestados falsos, na madame que estaciona na vaga reservada aos deficientes.

Enquanto o problema não for resolvido e punido na escala menor, tampouco o será na maior.

 

Um comentário:

AF disse...

Certamente como os libertários fazem: reduzir ao máximo o Estado.

Há tantas evidências por aí que o comunismo não dá certo, que resultou em morte, fome e miséria e mesmo assim as pessoas optam por isso e nos Estados Unidos tem havido uma mudança de mentalidade bem forte para esse lado e a mídia comemora.

É incrível como que diante de tantas as evidências as pessoas ainda insistem nisso e fazem malabarismos lógicos para justificar essas coisas.

Mas, como o Rafael Lima do Ideias Radicais falou, no fundo eles até sabem que essas políticas dão errado. Eles sabem e têm evidências de que taxar os ricos dá errado e que no fundo o que atordoa os governantes, segundo ele, é ser rico.

Na verdade é ser branco, ocidental e cristão.