terça-feira, 30 de outubro de 2018

E agora?

Bolsonaro ganhou. E agora?

Agora, nada. Provavelmente a vida continuará mais ou menos como antes para a maioria das pessoas e haverá poucas mudanças essenciais. O melhor que se pode esperar é a economia melhorar e o crime diminuir. O resto tem pouca importância e, na verdade, é interessante que tantas pessoas fiquem tão loucas e raivosas em relação à política, quando esta raramente muda a sua vida diária de forma radical (a não ser, é claro, para os novos grupos que sobem ao poder).

É interessante: durante as eleições, mente-se muito, descaradamente, mas o curioso é que depois, acaba-se acreditando nas próprias mentiras. Muitas pessoas estão convencidas que Bolsonaro é um ditador, um novo Hitler. O problema de chamar qualquer político com um discurso mais à direita de "novo Hitler", é que um dia quando surgir mesmo um novo Hitler, ninguém vai perceber, ou se importar. É a história de Pedrinho e o Lobo. Um dia, as pessoas cansam.  

Calma, gente. Não haverá ditadura nem perseguição a negros e gays. Não haverá fuzilamento de petralhas. Mas talvez haja menos promoção de sexualidade nas escolas e um retorno maior ao conservadorismo social.

Os riscos do governo Bolsonaro

O principal risco, que é de certa forma inevitável, é decepcionar o povo. Muitas pessoas colocam esperanças além da conta nos líderes políticos, e quando sua vida não muda para melhor, sentem-se decepcionadas. Mas é impossível que não haja ao menos uma certa decepção. Os problemas do Brasil são muito grandes e é pouco provável que possam ser todos resolvidos, menos ainda em quatro anos. 

Outro risco é o que eu chamaria da "direita idiota". Embora Bolsonaro pareça ser um sujeito bem mais inteligente e moderado do que a mídia deu a entender (basta assistir suas entrevistas recentes), está cercado por algumas pessoas que não são tão inteligentes ou bem-intencionadas, a começar pelo General Mourão e alguns dos evangélicos e maçons do seu séquito, e eles podem começar a fazer besteira. Agora uma jovem deputada olavete recém eleita saiu com uma ideia de que os alunos filmem os professores e os denunciem por esquerdismo, sinceramente não me parece uma boa ideia criar este clima. Existem problemas na educação, certamente, mas acho que há outros modos de resolver. 

Outro risco seria a exagerada subserviência a EUA e Israel. Bolsonaro é sionista e fã de Trump. Só falta agora  ser arrastado pelos seus novos "amigos" para alguma guerra no Oriente Médio, ou pegar um empréstimo do FMI que endividará o Brasil por décadas, ou, invadir a Venezuela. Bolso, se for esperto, deverá se aproximar da Rússia e da China para manter um balanço e não se deixar manipular tão facilmente. Mas será que ele vai ser?

A grande ilusão

O PT errou. Vem errando politicamente desde 2013. O problema principal - além dos roubos bilionários, naturalmente - foi a centralização na figura de Lula. Lula é narcisista. Escolheu Dilma justamente por ela ser uma candidata fraca, que não iria ofuscar sua estrela. Grande erro. Ela terminou derrubada, e Lula preso. Ainda assim o PT em vez de baixar a bola e se aliar com Ciro, continuou insistindo com Lula até quase o início das eleições, e só no fim no segundo turno começou com um discurso "verde amarelo" que não enganou ninguém.

Li um comentário por aí que as eleições foram na verdade um grande teatro, que a vitória de Bolsonaro já estava decidida há algum tempo, e que caso Haddad ganhasse, estava planejado um golpe militar. Não duvido. O PT já havia perdido massivo apoio popular, e uma volta ao poder geraria uma revolta tão grande que levaria sem dúvida a quebra-quebras e um golpe ou uma intervenção. A eleição de Bolsonaro foi um meio de isso não acontecer e manter as instituições funcionando.

Mas será que todo o resto não é também mais uma ilusão? Como Trump nos EUA, o forte de Bolsonaro é o discurso. Mas Trump fala mais do que faz. Disse que ia fazer um muro e até agora não fez. Abandonou o projeto de barrar a entrada de muçulmanos. Agora com a tal caravana de hondurenhos, diz que vai mandar o exército para a fronteira. Para fazer o quê? Atirar em mulheres e crianças? Nada, a mídia veiculará fotos mostrando soldados oprimindo migrantes, e no fim muitos deles pedirão asilo e entrarão, como fizeram da outra vez. Há o perigo de que Bolsonaro seja a mesma coisa, um globalista em pele de nacionalista.

O lado bom

O lado bom é o PT estar definitivamente fora do governo, ao menos por um tempo. Mesmo muitos petistas reconhecem que o PT roubou demais e desiludiu o povo. O governo Bolsonaro, seja como for, tem a oportunidade de fazer uma coisa diferente do que foi feita nos últimos 15 ou até 30 anos. 

Agora, veremos o que acontece. 


domingo, 14 de outubro de 2018

Estamos ficando todos loucos?

Eu sei que estou, mas no meu caso, deve ser a devido à idade, somada com as recentes atribulações da vida e uma genética inicial ruim. Mas o resto da sociedade parece estar indo pelo mesmo caminho: recentes estudos indicam que nos últimos anos (2012-2018) o número de jovens americanos que alegam sofrer de distúrbios psíquicos subiu 150%.

No Brasil, a discordância política extrema das redes chegou ao mundo lá fora e gerou episódios de violência real, mesmo em pessoas que anteriormente pareciam pouco dadas a isso. O mesmo ocorre nos EUA, onde a nominação do juiz Kavannaugh, acusado de - pelo que entendi - ter dado uma cantada mal sucedida em uma jovem quando ambos eram adolescentes há 35 anos atrás - deu lugar a uma série de esdrúxulos protestos, em especial por parte de mulheres, em uma histeria raramente vista desde, bem, desde a vitória de Trump.

Em resumo, estamos vivendo momentos muito doidos. E realmente os problemas psíquicos, desde depressão e autismo a crises de pânico e derivados, parece ter aumentado.

Mesmo fora da política, os casos de violência assassina se multiplicam: os "incels" matam mulheres, os estudantes que sofrem "bullying" matam seus colegas, casais se espancam e se matam, pequenas brigas familiares terminam tendo desfechos trágicos.

As pessoas constantemente se auto-mutilam, seja "trocando de sexo", seja realizando tatuagens gigantescas e modificações corporais cada vez mais horríveis ou bizarras.

Sim, pode ser que sempre foi assim mas a coisa parece ter piorado nos últimos anos.

Qual seria a causa? Alguns culpam as mídias sociais e a tecnologia em geral, que tem reduzido a interação social "ao vivo" e aumentado a interação exclusivamente virtual, bem como o aumento da solidão urbana. 

Aplicativos como Tinder distorcem o mercado sexual, a fúria do "Me Too" impulsiona mais ainda que as pessoas se fechem em si mesmas e se dediquem a pornô e a videogame mais do que a procurar um parceiro e a estabilidade familiar.

As mídias sociais como Facebook e Instagram geram inveja e ressentimento naqueles que passam a observar diariamente as fotos dos vizinhos com grama mais verde. As pessoas parecem ter esquecido (ou, no caso dos jovens, nunca aprendido) como se relacionar com as pessoas "de verdade", e passam a agir no mundo real como agem no virtual. As agressões e os xingamentos que antes se limitavam às telas dos computadores saem às ruas. Os jovens esperam da namorada o comportamento de uma atriz pornô, e as mulheres não aceitam como parceiro ninguém menos do que um Tony Stark ou um James Bond.

Outros culpam a própria degeneração social e sexual do Ocidente: o fim da religião e de qualquer tipo de moralidade (todo tipo de sexualidade e comportamento é aceito) aumentou o número de problemas psicológicos. As pessoas, eles dizem, precisam de limites. Na total liberdade de desejo, muitos descobrem que não é aquilo que os leva a qualquer tipo de felicidade ou sequer serenidade. O mesmo acontece com o feminismo, que gerou o paradoxo de mulheres mais infelizes do que antes, e para combater mais essa infelicidade, se jogam mais ainda no feminismo, e assim ad infinitum.

Outros falam na questão alimentar, nos elementos químicos na água, na poluição, na vacinação, na radiação, enfim, coisas que podem ou não ser possíveis mas cuja relação de causa e efeito é muito difícil de provar.

O fato é que realmente estamos assistindo - no Brasil, na Europa, nos EUA - ao que talvez seja a maior crise de identidade desde o fim da Segunda Guerra Mundial, algo que pode, no pior (ou melhor?) dos casos levar a um colapso social. A ordem estabelecida parece estar ruindo. As pessoas estão enlouquecendo, ou, então, clamando por algum novo tipo de ordem. Mas "qual besta rude, vinda enfim sua hora, arrasta-se até Belém para nascer?"



sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Fascismo ou fakeismo?

Saio do ostracismo para comentar um breve fato. Salvo que ocorra fraude massivo, Bolsonaro deve ganhar as eleições no Brasil. Acho pouco provável que o PT volte a ganhar depois do impeachment de Dilma e da prisão de Lula, e com um candidato fraco como o Haddad. De mais a mais, planejada ou não, oposição controlada ou mero reflexo do cansaço geral com a esquerda mais caricata, a onda do momento é de candidatos ao estilo Trump. Não duvido que o mesmo ocorra em alguns países europeus e latino-americanos, candidatos "populistas" sendo criados.

Na política, as coisas ocorrem por ondas. Na época do fascismo (o verdadeiro dos anos 20 e 30, não o que chamam de "fascismo" hoje, que pode ser qualquer coisa), este se espalhou por vários países. Nos anos 60 e 70, as ditaduras militares foram a moda. Com o fim da guerra fria, a democracia (neo) liberal se instaurou, e com sua falência posteriormente tivemos uma onda esquerdista que agora está dando as suas últimas remadas. O trumpismo é o que está agora sendo promovido. Tudo isto é, em parte, planejado, e em parte, parte do modo que as coisas ocorrem na sociedade humana. 

Isto pouco muda os planos de quem realmente tem o poder, os nossos amigos globalistas. Eles continuam e continuarão no comando tentando dizimar o que resta do Ocidente tradicional, provavelmente até que ocorra uma catástrofe, que poderá ser social, econômica ou bélica, a qual eventualmente mudará o sistema de governo ou a cultura em uma outra direção além da atual (falsa) democracia globo-homo-progressista. Mas isto cedo ou tarde deve ocorrer, são os ciclos da história humana. Nós cronistas pacíficos que não gostamos de violência pouco temos a fazer a não ser agir como Cassandras que nunca são ouvidas.

De qualquer maneira, parece que o esquerdismo está finalmente em retrocesso entre a população e isto ao menos é uma coisa boa, ainda que o que importe no fim das contas seja a questão da imigração. Se os europeus não expulsarem os imigrantes e, pior, se misturarem com eles, nada sobrará, apenas ruínas e lixo. Se conseguirem manter seus países, parabéns a eles. 

No caso do Brasil, o problema é outro, não a imigração, e o povo já está misturado, mas o crime e a economia, dois aspectos que podem ser melhorados. O Brasil talvez não poderá ser jamais um país de "primeiro mundo", seja lá o que isso for, mas ainda pode ser um país bem mais razoável e próspero e pacífico do que é agora. (Não sei se Bolsonaro é a solução, mas certamente um candidato como o Haddad é menos ainda.)

Uma coisa curiosa que está ocorrendo neste momento são as supostas agressões "nazistas" por "apoiadores de Bolsonaro", o que é esquisito já que ele falou várias vezes ser sionista e apoiar Israel. Muitos desses ataques são com certeza fakes e criados por militantes de esquerda (dois casos bem óbvios de fakes: a jovem "marcada com faca" (de plástico?) por neonazistas, e cartazes impressos que poderiam ter sido criados por qualquer um).

As mídias sociais parecem ter gerado uma nova forma de propagação de boatos, mais rápida e superficialmente mais fidedigna ("eu vi na Internet ou deu no jornal, é verdade"), que leva a grandes confusões. Ao mesmo tempo, a desconfiança das pessoas em relação à mídia tradicional nunca foi maior, e com razão: é a velha história do menino que gritou "lobo". Acredita-se uma vez, duas vezes, talvez três. Mas quando vira hábito, o pessoal desconfia. Portanto pouco provável que esses casos levem a qualquer mudança no voto das pessoas, de um lado ou de outro.

Também é particularmente estranho ver a esquerda reclamando de violência e de mentiras. Ninguém mais do que a esquerda sabe que o objetivo único é o poder, e, para isso, não se hesita em mentir, acusar, e, quando necessário, matar. Com toda a suposta violência do candidato de "extrema direita", o único político a ser vítima de violência, até agora, foi ele.

Para a esquerda, todo grupo pode ser manipulado para seu fim. A esquerda dizia defender os trabalhadores: hoje os abandonou, defendendo mega-corporações e salários baixos com imigração massiva. Também já está abandonando os gays e as mulheres em troca da defesa de estupradores muçulmanos. A esquerda não tem valores fixos, imutáveis. Tudo é artifício, tudo é jogo pelo poder, nada mais. Claro, a direita também pode ser fake, e o próprio jogo democrático um brinquedo, como dois times de futebol opostos, ou um teatro de fantoches, que podem ser manipulados de um lado ou do outro.

A história se repete. E a regra é sempre a mesma: "Não coloque sua fé em príncipes, em humanos, nos quais não há salvação". Em outras palavras, não confie em ninguém.

Volto a sumir. Bom feriado a todos, e boa vida.