sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Poema do Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Imigração e QI: uma discussão perigosa!

Eis, como presente de fim de ano, o post mais polêmico já publicado neste blog. A imigração e o que fazer com ela é a grande questão do mundo moderno. Quem acha que isso é só problema dos países ricos está enganado: recentemente, na Argentina, tumultos com imigrantes bolivianos levaram a conflitos na rua e à morte de três pessoas.

O mundo não é mais o que era. A globalização econômica é uma realidade, e a evolução dos transportes permitiu um movimento massivo de pessoas pelo planeta que antes não era possível. 

Nem todos sentem-se à vontade com esse novo mundo, e preferem manter as suas fronteiras fechadas. A Suiça agora aprovou medidas mais duras contra os imigrantes. Talvez outros países sigam pelo mesmo caminho. 

Seria fácil acusar esses países de xenofobia, mas o fato é que os imigrantes também trazem seus problemas. Alguns dizem que o problema seja cultural, de assimilação. E, de fato, diferentes culturas têm modos diversos de viver que nem sempre se acomodam com o país hóspede, causando conflitos. 

Mas também há alguns que avançam um outro argumento, mais problemático. É o caso do alemão Thilo Sarrazin, que escreveu um polêmico livro sobre o tema que virou best-seller, com mais de um milhão de cópias vendidas. Segundo Sarrazin, que não é nenhum "nazista de almanaque" mas um ameno Social-Democrata, além do problema do fundamentalismo islâmico, os imigrantes de baixo QI de países muçulmanos estariam tornando a Alemanha mais burra.  

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os bons e os bonzinhos

Existem os bons, e existem os bonzinhos. Isto é, aqueles que são realmente bons e fazem algo de concreto para ajudar os outros, e aqueles que apenas gostam de pavonear a sua suposta bondade, sem no entanto ter que se esforçar muito.

É esta segunda possibilidade, a meu ver, o que mais explica o sucesso da esquerda, especialmente entre os jovens. É difícil ser bom; é fácil ser bonzinho e usar uma camiseta a favor dos miseráveis ou votar no PT e PSOL e achar que fez sua parte.

Como informa a Ann Coulter, ao menos no que se refere aos EUA, são os conservadores cristãos os que mais ajudam os pobres ou mais necessitados. Os esquerdistas gostam de falar e falar, ou de fazer passeata, ou de forçar os outros a pagarem mais impostos, mas jamais tiram o dinheiro do próprio bolso. Eles também são a favor de ajudar pretos, pobres e nordestinos, mas, atenção, nada de morar perto dessa ralé, é claro. Tudo tem limites.

Por que isso ocorre? Acho que é simples. Todos temos empatia com o sofrimento alheio. Nos incomoda. Não queremos ver crianças dormindo embaixo de pontes ou deficientes pedindo esmola. Não queremos saber de opressão e violência. Por outro lado, tampouco queremos passar a noite levando cobertores para os mendigos, ou indo ao Sudão para ajudar na luta contra a fome e as doenças. As únicas pessoas que conheci que realmente faziam essas coisas, arriscando a própria vida, eram cristãos motivados por um sentimento superior. Os outros, ajudam quando podem e olhe lá. Ei, sou o primeiro a admitir, raramente faço caridade e nem mesmo faço voluntariado. Sou um egoísta safado, preocupado mais com o meu bem-estar e o daqueles mais próximos de mim. Fazer o quê?

Outro fenômeno que ocorre é que a prosperidade talvez excessiva do mundo ocidental levou-nos a uma visão distorcida do mundo. Como atualmente uma pequena parte do mundo vive em situação de prosperidade material jamais vista antes, passamos a crer que essa prosperidade, de algum modo, tenha se tornado um "direito universal". No entanto, ainda é válido o que dizia o sábio Milton Friedman: a situação natural da humanidade é a tirania e a miséria. Vivemos em um período de exceção (e tudo isso em grande parte graças ao capitalismo tão execrado pelos esquerdistas). Mesmo que quiséssemos, jamais poderíamos ajudar toda a humanidade. Há no mundo três bilhões de pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia.(*) E aí? Vai encarar?

No entanto, viver em prosperidade frente a um mar de miséria causa desconforto e culpa, ainda que a culpa nem seja nossa (e não o é). Por outro lado, precisamos viver a nossa vida e trabalhar, pois temos os nossos próprios problemas. Se a culpa não vai embora mesmo assim, muitos encontram solução para esse dilema psicológico no "apoio" da esquerda aos "pobres e oprimidos". O problema, claro, é que esse "apoio" da esquerda na realidade é contraproducente. Como explica o próprio Friedman no vídeo acima, soluções como o welfare-state só aumentam a desgraça da população, gerando uma classe dependente e, finalmente, a quebra e crise econômica que leva todos - igualmente, isso sim - à pobreza.

A esquerda ainda desobriga o sujeito de fazer algo útil, ou mesmo de pensar formas eficientes de resolver o problema que ele mesmo critica. Causa preguiça mental e moral. Vejam o blog do Sakanoto. O malandro passa tanto tempo levantando a bandeira de pobres e oprimidos, que nem se dá ao trabalho de, nem digo ajudar concretamente os pobres com ações de caridade, mas de tentar entender a realidade. Esquerda boa, direita má, brancos maus, minorias boas, ricos e classe média maus, pobres bons. É de um primarismo atroz. 

Segundo o filme "Os Suspeitos", o grande truque do Diabo foi convencer o mundo que ele não existe. Pois eu acho que ele tem um truque ainda maior: convencer o mundo de que ele é o Bem. Foi isso que a esquerda e o progressismo conseguiram, ao obter o monopólio da bondade.

A esquerda política, na realidade, é exatamente o oposto do que prega: ela alimenta a miséria, e se alimenta da miséria. Quanto mais miséria e fome, do ponto de vista da esquerda, melhor. A esquerda é quem mais lucra com a "ajuda" a todos esses miseráveis: os políticos, com a obtenção de votos, os funcionários públicos e de ONGs, com o emprego em burocracias que se perpetuam na "luta contra a fome, a miséria e pelos direitos humanos"; os demais, com a satisfação do ego ao se ver como "bonzinho". 

Ser genuinamente bom, isso é mais difícil.


(*) A conta, como todas as feitas pelos progressistas (os dados são da Unesco), é meio trambiqueira, mas não tenho tempo de discutir isso agora.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Três anos de blog

Agradeço aos leitores, velhos e novos: já temos três anos de blog. Três anos podem ser muito tempo e chegam mesmo a cansar. Por ora, resistimos: mas até quando?

Já falamos sobre quase todos os temas possíveis, de política a robôs; algumas vezes até de forma repetitiva ou enfática. 

Tivemos três tristes trolls, um comunista, um antisemita e agora um simpático positivista. Curiosamente, os três jamais apareceram juntos no mesmo post.

O blog evoluiu ao longo do tempo, ou, ao menos, mudou, não sei se para pior ou para melhor. Começou como libertário, mais tarde teria passado para o lado do conservadorismo social, e mais recentemente até mesmo pareceria, segundo um par de leitores pouco atentos, ter flertado com o movimento "white power". Tudo ilusão. O blog não tem uma linha política definida, e repele a maioria dos extremismos. Seu autor é um libertário moderado (ou desiludido?) que acredita em alguns princípios conservadores e, bem mais raramente, religiosos ou místicos. É contrário ao politicamente correto e a grande parte das crenças modernas, o que não quer dizer necessariamente que apóie as antigas. Tem nostalgia de um passado melhor que nunca existiu.


Agora que chegamos a 2011, o blog encontra-se em uma encruzilhada. Ir em frente ou parar?

Francamente, estou pensando seriamente em terminar o blog. Talvez o meio já tenha dado o pouco que tinha que dar. Atenção, isso não quer dizer que eu pararei de escrever, é claro. Quer dizer apenas que talvez aposente o personagem do "Mr X" e o troque por outro autor, quem sabe algum que escreva mais sobre robôs e poemas e menos sobre política. Ou, quem sabe, talvez eu assine alguma coluna em algum outro meio com meu nome verdadeiro, em troca de um vultuoso pagamento (interessados, contatar-me no orbister@gmail). 

Sabe-se lá. Isso é coisa para as resoluções de Ano Novo, aquelas mesmas que jamais são cumpridas. Por ora, desejo a todos um Feliz Natal.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O mundo do contrário

Quando eu era criança, existia uma canção chamada "O mundo do contrário", sobre um mundo em que tudo estava virado de pernas para o ar. É mais ou menos o que está acontecendo hoje em dia, embora nem todos percebam.

Antes, gays eram perseguidos, e nem mesmo figuras importantes como Alan Turing e Oscar Wilde escapavam de duras punições. Agora, há gays no exército americano, gays recebendo dinheiro público para realizar paradas na rua, gays casando e adotando filhos, gays escrevendo os novos livros infantis. O que era impensável há poucas décadas atrás hoje virou o novo normal.

Nem estou fazendo um juízo de valor aqui (afinal não sou a favor da perseguição sistemática a gays), mas apenas observando como os padrões do comportamento moral, do que era considerado certo e errado, praticamente se inverteram.

O problema é que isso é só o começo, é claro. Se você ainda se consegue escandalizar com o homossexualismo, é porque não sabe que já existe um movimento que está legalizando e promovendo o incesto: afinal, se os dois forem maiores de idade é sexo entre duas pessoas adultas, e ninguém tem nada com isso, certo? É o que argumenta um professor universitário que teve sexo consensual com sua filha durante três anos. E não esqueçamos da pedofilia, agora transformada em aspecto cultural.

Enquanto isso, cristãos são punidos por meramente existirem, ou por promoverem o seu "ódio" contra gays, lésbicas e incestuosos. Soldados heterossexuais são proibidos de tomar banho em um chuveiro separado dos gays, afinal não se abaixar para pegar o sabonete poderia ser considerado discriminação. 

O Richard Fernandez, do Belmont Club, tem um excelente post sobre o tema: ele observa que não é que a moral tenha acabado, é simplemente que substituiu-se a antiga moral baseada na virtude cristã por uma nova moral baseada no Politicamente Correto e nas teorias esquerdistas de igualdade forçada.

O problema é que a antiga moral, ao contrário da nova, tinha uma lógica baseada na experiência e no bom senso. Mesmo se deixarmos de lado o aspecto religioso, podemos observar que existem comportamentos que são mais negativos e comportamentos que são mais positivos, seja para o indivíduo ou para a sociedade.

O homossexualismo, por exemplo, pode até ser divertido para seus praticantes (?), mas tem o inconveniente de não propagar a espécie e causar potencialmente maiores problemas de saúde. O incesto, nem preciso dizer: causa filhos com deformações genéticas e mentais, além de ter repercussões negativas na estrutura social, baseada na criação de alianças entre diferentes famílias. E assim por diante: tomar drogas tem repercussões negativas para a saúde física e mental, a dependência estatal leva à preguiça e à acomodação, et cetera.

Mas vivemos em um momento em que a grande virtude -- talvez a única virtude - é considerada a Igualdade. Todos precisam ser iguais a todos, por bem ou por mal. Os gays precisam entrar no exército e casar entre si -- por quê? Simplesmente porque o contrário seria "discriminar". Todos os cidadãos de bem devem ser igualmente revistados até as cuecas no aeroporto, mesmo que 99% dos terroristas sejam muçulmanos. Por quê? Porque o contrário seria "discriminar". Indivíduos de certas etnias e classes sociais devem ter direito privilegiado a freqüentar uma universidade, ainda que tenham notas mais baixas, por quê? Porque... Bem, acho que você já pegou a idéia.

O grande problema com isso tudo é que essa Nova Moral nada tem de compatível com o Mundo Real. Todas essas mudanças (ou deveríamos dizer experimentos sociais) têm conseqüências, que se farão sentir mais cedo ou mais tarde. Assim como as teorias progreçistas que vêem o criminoso como uma "vítima do sistema" estão certamente por trás do terrível aumento do crime em todo o mundo nas últimas décadas, e as teorias iguali-otárias de Paulo Freire estão certamente por trás do desastre na educação atual, certamente as novas propostas de reengenharia sexual terão seu resultado daqui a alguns anos, e eu não quero nem saber qual será.

Vejam bem, amiguinhos. Não sou nenhum paladino da moral e dos bons costumes, nenhum pregador de moral de calça curta. Acredito que salvo intervenção genética ou divina o homossexualismo sempre existirá, ainda que restrito a um máximo de 10% da população. E o mesmo com outros comportamentos como o incesto, a pedofilia, a poligamia, etc. O desejo humano tem razões que a própria razão desconhece.

Porém, observo que os comportamentos marginais mais excessivos, que antes eram mantidos no seu canto, agora estão sendo transformados na norma de conduta, e seus praticantes transformados em uma classe protegida, a qual não pode sequer ser criticada. Somado a isso, vemos uma moral que inverte vício e virtude (em seus conceitos tradicionais), e que privilegia comportamentos contrários à unidade familiar, e, portanto, contrários à harmonia social. Isso não pode dar certo.  

De minha parte, rezo apenas para que homossexualismo e incesto não se tornem obrigatórios, pois do jeito que vai a coisa, não duvido que venha a ocorrer...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Homem, branco, heterossexual, cristão: espécie em extinção?

Tem lei que protege negro, tem lei que protege índio, tem lei que protege gay, tem lei que protege mulher, e tem lei que protege o mico-leão dourado. Existe uma única categoria que, hoje em dia, não tem direito a qualquer proteção especial. É o homem branco heterossexual e cristão.

Se fazem uma propaganda que  estereotipa os negros (ou os docinhos de chocolate, mas aparentemente é a mesma coisa), todos reclamam. Se fazem uma propaganda tirando sarro do homem branco, não há a quem reclamar.

Eis uma foto triste: uma índia que mais parece versão carnavalesca de uma filha da tribo navajo entregando o prêmio "motosserra dourada" à deputada Kátia Abreu. Coisa de ONG internacional que nem sabe como são os índios locais. A foto tenta requentar o velho mito de que os índios preservariam a Natureza melhor do que o homem branco. Mentira. Os índios antigos foram os que inventaram a queimada e colocaram animais em extinção, eram nômades porque ficavam em um pedaço de terra até exaurir todos os seus recursos naturais, e uma vez esgotados, se mandavam para outro canto da floresta. Já os índios de hoje terceirizam: preferem alugar ou vender ilegalmente suas terras ao homem branco para que este possa cortar a madeira.

O fato é que a civilização ocidental foi criada em sua maior parte por homens, brancos, heterossexuais e cristãos. Sim, houve muitas mulheres que contribuíram para o avanço da sociedade, da tecnologia, da cultura e das artes, e certamente muito homossexuais também. Houve judeus e muçulmanos que tiveram contribuições inestimáveis e invejáveis, e não falemos das milenares civilizações asiáticas e hindus, que também influenciaram o Ocidente. Mas, convenhamos, a maior contribuição é mesmo a de dead white men como Shakespeare e Newton.

Porém, hoje vivemos em uma época em que esse tal Ocidente é visto com desprezo pela grande maioria dos próprios ocidentais. O HBHC não só não tem proteção, como é visto como o culpado por tudo. Mas quem mais odeia o Ocidente são os próprios ocidentais: é um forma de suicídio. Eis uma frase do marxista e pós-modernista (mas me repito) francês Guy Debord: "Meu otimismo se baseia na idéia de que esta civilização cedo ou tarde desmoronará".

Ora, se a civilização realmente desmoronar, o que virá a seguir não é o paraíso socialista, mas o caos, o terror, a violência, a miséria, a morte e a fome. Não dá para entender o entusiasmo desse pessoal. Será que eles acham que continuarão tendo a sua coluninha de jornal quando tudo for para o brejo?

As coisas (perdão pelo trocadilho infame) estão pretas. A raça branca ou caucasiana constitui apenas 10% da população terrestre e parece diminuir cada vez mais devido à sua baixa taxa de natalidade, somada à alta taxa de natalidade de imigrantes de outras extrações. O número de heterossexuais, embora maioria, vive acuado por leis cada vez mais restritivas contra quem ousa criticar o homossexualismo. E os cristãos são violentamente perseguidos em dezenas de países e, mesmo nos países ainda nominalmente cristãos, também estão acuados pelo secularismo, encontrando-se atualmente em plena decadência.

Segundo alguns estudos, o cristianismo será superado pelo islamismo na Europa em 2050, e o homem branco será minoria nos EUA em 2024. E os gays? Bem, segundo recentes pesquisas (quero crer que falsas ou exageradas), já quase 20% dos homens no Rio de Janeiro são viados (e depois falam dos gaúchos...) e há uma troca de sexo a cada 12 dias no Brasil.

A coisa está dura (com o perdão novamente pelo trocadilho infame). Este blog vai terminar lançando um Movimento pela Preservação do Homem Branco Hetero Cristão! Salvem as baleias, e a nós também...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quem está por trás de Assange?

Estou no Brasil, de visita. Durante a viagem, tive a oportunidade de observar a eficiência dos procedimentos de segurança dos aeroportos americanos. Foi tudo surpreendentemente tranqüilo: não fui submetido nem ao scanner pornográfico nem à revista intensiva. Só implicaram com um chaveiro que consideraram perigoso, e não permitiram levar na bagagem de mão. Curiosamente, mesmo após dois exames de Raios X, não viram que havia uma faca, bastante pontuda, dentro da mesma mochila. Sim, amigos: viajei com uma faca na bagagem de bordo. Poderia ter ameaçado o piloto e seqüestrado o avião. Só não o fiz porque acabei me entretendo com o filme e não queria interrompê-lo.

Bem, fora isso, percebo que ainda não falei sobre o polêmico tema do momento, o fenômeno WikiLeaks. Não o fiz por ainda não ter muitas informações sobre o caso, toda a coisa me parece um pouco confusa. Em primeiro lugar, teria primeiro de dar uma olhada nos documentos vazados, que por ora não parecem mostrar nada de muito revolucionário. Em segundo lugar, não sei qual é a do Assange. Mais do que um paladino pela luta da "liberdade de informação", parece um tradicional esquerdinha antiamericano. São suas próprias palavras: "não queremos um mundo com mais transparência, queremos um mundo com mais justiça social."

Seu narcisismo e megalomania também causam antipatia, e o sujeito parece o garoto-propaganda exemplar do que o leitor Chesterton costuma chamar de "subjetivismo epistemológico." Eis o que ele escreveu no seu blog:

The truth is not found on the page, but is a wayward sprite that bursts forth from the readers mind for reasons of its own. I once thought that the Truth was a set comprised of all the things that were true, and the big truth could be obtained by taking all its component propositions and evaluating them until nothing remained. I would approach my rhetorical battles as a logical reductionist, tearing down, atomizing, proving, disproving, discarding falsehoods and reassembling truths until the Truth was pure, golden and unarguable. But then, when truth matters most, when truth is the agent of freedom, I stood before Justice and with truth, lost freedom. Here was something fantastical, unbelievable and impossible, you could prove that (A => B) and (B => C) and (C => D) and (D => F) Justice would nod its head and agree, but then, when you turned to claim your coup de grace, A => F irrevocably, Justice would demur and revoke the axiom of transitivity, for Justice will not be told when F stands for freedom. Transitivity is evoked...
(Traduzindo pro português: a verdade é relativa BLABLABLÁ.)

Ele também foi acusado de estupro e abuso sexual na Suécia, o que causou agora sua prisão, mas isso também é muito estranho, e preocupante por outros motivos bem diversos. Aparentemente, na ultrafeminista Suécia, fazer sexo sem camisinha já é considerado estupro... (E meu sonho que era conhecer as escandinavas... Acho que vai ficar para outra encarnação.) 

Porém, a principal dúvida em relação ao WikiLeaks é: quem está por trás disso? Como bem observou um blogueiro, os custos de armazenamento de dados, as viagens do Assange, e todos os demais gastos associados ao vazamento podem ser bastante altos, na ordem de milhares de dólares por mês. Estaria alguém mais poderoso por trás de Assange? Bem, aí as respostas possíveis são muitas. Alguns dizem que seria a China. Outros afirmam que George Soros é quem está por trás de Assange e mandando ver. Outros, como os líderes dos países muçulmanos, acreditam que seja Israel, afinal para eles Israel está por trás de tudo. E há também quem ache que seja um esquema da própria CIA para enganar seus inimigos e difundir falsa informação.

Seja como for, está tudo um pouco confuso, e ainda estou sob efeito do jet lag. Postarei mais depois. Até.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Poema do Domingo

Basta pensar em sentir 
Para sentir em pensar. 
Meu coração faz sorrir 
Meu coração a chorar. 
Depois de  parar de andar, 
Depois de ficar e ir,  
Hei de ser quem vai chegar 
Para ser quem quer partir. 

 
Viver é não conseguir.  

Fernando Pessoa  (1888-1935)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Federalismo ou separação?

Nunca fiz parte desse pessoal que acha que uma parte do Brasil (Sul e Sudeste) deveria se separar da outra (Norte e Nordeste). No Brasil não existem regiões com una identidade cultural única que seja tão diferente assim do resto do país, e tampouco do ponto de vista econômico a coisa faria muito sentido.

Porém, agora que inicia o governo Dilma, eleito em grande parte graças ao voto do Nordeste, talvez seja uma boa hora para discutir, se não a separação, ao menos um federalismo mais efetivo. Afinal, a grande promessa do governo Dilma é a de "acabar com a pobreza". Mas não pense que isso significa aumentar o emprego, a qualidade educação, desburocratizar a economia para permitir o aumento do comércio e a indústria, combater o crime e a corrupção e melhorar a infraestrutura do país. Não, para essa gente "acabar com a pobreza" significa expandir o sistema de bolsa-família, de modo a que o Sudeste pague pela manutenção de um grande número de pobres no Norte e Nordeste, eternamente ou enquanto durar o estoque.

O que isso significa para o Sul e Sudeste? Vamos aos números (tirado da Internet):

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Leite derramado

Uma mera curiosidade: alguém aí experimentou o leite derramado pelo Chico Buarque?

Confesso que li Estorvo e Budapeste. Do primeiro não gostei. (Depois ainda assisti o filme, que é pior ainda.) Budapeste era mais interessante, embora pouco memorável, tanto que nem lembro da trama. Porém, não era ruim.  

Leite derramado, no entanto, pelo título e pela descrição não me impressionou muito. Velho moribundo de uma elite em decadência... Cronologia desordenada... Revisão da história do Brasil... Sei lá, tudo tem um ar de já visto -- e já feito melhor. Das críticas que li, esta aqui me parece a mais equilibrada, colocando tudo no seu contexto. 

Entretanto, não vejo muito motivo na polêmica sobre o Jabuti. É, de fato, um pouco estranho o método de escolha do vencedor, mas se o regulamento é assim, paciência. As pessoas já deviam saber quando inscreveram.

É verdade que muitos também reclamam que o prêmio dado a Chico Buarque (e não só o Jabuti, como também o Portugal Telecom) tenha sido político. Com certeza -- só que grande parte dos prêmios literários tem algum motivo político por trás. Mesmo - ou especialmente - o Nobel.

Pessoalmente, não entendo essa mentalidade. É como se os jurados estivessem dizendo que escrever bem não é suficiente, que o escritor deve também ter algum tipo de posicionamento político engajado... Bobagem. Boa literatura e política raramente se misturam. Shakespeare e Homero eram de direita ou de esquerda? Pouco importa.

E então, alguém leu?

domingo, 28 de novembro de 2010

Poema do Domingo

I measure every Grief I meet

I measure every Grief I meet
With narrow, probing, eyes –
I wonder if It weighs like Mine –
Or has an Easier size.

I wonder if They bore it long –
Or did it just begin –
I could not tell the Date of Mine –
It feels so old a pain –

I wonder if it hurts to live –
And if They have to try –
And whether – could They choose between –
It would not be – to die –

I note that Some – gone patient long –
At length, renew their smile – 
An imitation of a Light
That has so little Oil –

I wonder if when Years have piled – 
Some Thousands – on the Harm – 
That hurt them early – such a lapse
Could give them any Balm – 

Or would they go on aching still
Through Centuries of Nerve –
Enlightened to a larger Pain – 
In Contrast with the Love – 

The Grieved – are many – I am told – 
There is the various Cause – 
Death – is but one – and comes but once – 
And only nails the eyes – 

There's Grief of Want – and grief of Cold – 
A sort they call "Despair" – 
There's Banishment from native Eyes –
In sight of Native Air – 

And though I may not guess the kind – 
Correctly – yet to me
A piercing Comfort it affords
In passing Calvary – 

To note the fashions – of the Cross – 
And how they're mostly worn – 
Still fascinated to presume
That Some – are like my own –

Emily Dickinson (1830 - 1886)

sábado, 27 de novembro de 2010

Bandido não é vítima e gordo não é faminto

Sei que o título acima parece óbvio, mas, como dizia o Nelson Rodrigues, às vezes você tem que explicar o óbvio ululante para algumas pessoas. 

Um dos blogs mais engraçados que encontrei ultimamente foi o Blog do Sakamoto. Não falha: a cada post, ele fala sobre uma nova minoria oprimida, e como todos (menos ele) são hipócritas e malvados contra esta. Primeiro foram os pobres. Depois os negros. Depois os homossexuais. Agora, é a vez de chorar sobre triste destino das mulheres, dos traficantes e dos esfomeados nordestinos.

Num de seus últimos posts, o famigerado Sakamoto comentou os eventos que estão ocorrendo agora no Rio de Janeiro, e saiu-se com esta:

"Mais do que uma escolha pelo crime, muitas vezes a opção pelo tráfico é uma escolha por uma forma de emprego e pelo reconhecimento social."

É impressionante. O coitadismo do rapaz está chegando a níveis alarmantes, que talvez requeiram internação imediata, e fortes doses injetáveis de Simancol.

Ora, se quisessem mesmo emprego, os meliantes estariam folheando os anúncios classificados. Não querem: o que querem dinheiro obtido de modo fácil, e a vida charmosa e violenta do mundo das drogas. Chame um desses marginais e ofereça-lhes um trabalho no qual tenham que pegar um ônibus todo dia e suar oito horas para ganhar um salário equivalente a dois ou três salários mínimos. É claro que não vão aceitar. Melhor viver das drogas e do roubo, pois ganham muito mais e conseguem mais mulheres. 

O problema é que esse coitadismo que transforma criminosos em vítimas, que surgiu nas classes médias que se sentiam "culpadas" por algo pelo qual jamais tiveram culpa (a desigualdade social), terminou por contaminar os próprios criminosos, que agora se vêem como vítimas do sistema. Ao menos esse é o discurso.

Em reportagens e documentários, não canso de ver traficantes, ladrões, assassinos e outros criminosos falando as mesmas desculpas dignas de criança que não fez seu dever. "Eu não tinha dinheiro para comer"."Não tive pais, fui maltratado quando criança". Blablablá.

Ora, o crime é questão de escolha. Ninguém, nem mesmo a "sociedade" ou o "sistema", força ninguém a cometer crime algum. Ninguém ganha nada de graça, todos têm que trabalhar. Por que para os pobres deveria ser diferente? Se você decidiu se dedicar a atividades perigosas e ilegais, o problema é seu, não meu.

Depois, Sakamoto fala sobre o problema da fome, e de como a causa desta seria a má "distribuição" de alimentos:

"O mais interessante é que o problema na fome no Brasil e no mundo não é de falta e sim de distribuição. Tem riqueza e alimento para todo mundo, a questão é distribuí-los."


Sakamoto nem se pergunta quem é que cria essa riqueza e esse alimento em quantidades tão vastas para alimentar o globo (e de fato, há tanto alimento que o grande problema entre os pobres, hoje, é a obesidade, e não a fome). O que lhe interessa é que Pedro e Maria paguem pelo almoço de Zé, Rose e seus cinco pimpolhos. O problema mesmo aqui é que essas idéias redistributivistas acabam por criar, elas sim, fome.

Vejam o caso da África do Sul, que decidiu fazer uma reforma agrária, dando terras para quem não sabia plantar. (Pessoal de esquerda acha que trabalhar na roça é moleza). Resultado, fome e miséria. O mesmo caminho, lamentavelmente, é seguido no Brasil, retirando terras de agricultores que produzem alimento e riqueza e dando para emessetistas e falsos índios e quilombolas, que só produzem miséria e desmatação.

Finalmente, Sakamoto retorna ao tema do tráfico, mais especificamente aos assassinos em fuga da Vila Cruzeiro vistos pelas câmeras de TV, e se lamenta que policiais sequer pensem em matar bandidos.

Será que Sakamoto é pobre? Afinal, é só rico que se preocupa com direitos humanos de bandidos. Garanto que 90% dos "pobres e pardos" ia aplaudir de pé ver essa corja de bandidos sendo exterminada. Sakamoto continua:

Mesmo no pau que está comendo hoje no Rio, sabemos que a maioria dos mortos não é de rico da orla, da Lagoa, da Barra ou do Cosme Velho.

É impressão, ou detecto aqui um desejo reprimido? É o sonho de 10 entre 10 esquerdistas ressentidos ver os bandidos matando ricos...

Enfim, deixemos para lá. Bom sábado a todos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Upepês

Não sei muito sobre como funciona essa história das UPPs, mas esse negócio de "Polícia Pacificadora" sempre me pareceu mais jogada de marketing do que qualquer outra coisa. Agora parece que os marginais cariocas, talvez entediados com tanta paz, resolveram ir para o asfalto para promover arrastões e queimar veículos.

No começo do filme "Ônibus 174", um dos (s)ociólogos entrevistados fala uma coisa assim: "Os policiais são mal pagos, têm baixa auto-estima, e não são bem treinados para a sua função. Por isso eles passam a achar que o seu trabalho é prender bandido, é matar marginal".  

Ora, seu ociólogo de araque, o trabalho da Polícia é justamente esse! Prender bandido e, se ele resistir, mandar bala. O único modo de combater o crime é prendendo criminosos. O resto é conversa para ruminante repousar.

Porém, parece que as UPPs vieram para ficar, sendo vendidas pelo governo de Dilma e Cabral como soluções para a violência nas favelas. O curioso é que, graças às UPPs, os traficantes conseguiram cortar gastos e "funcionários" e ter maiores lucros. Políticos felizes, favelados felizes, traficantes mais ainda.

O único problema é que alguns desses "soldados do tráfico" desempregados continuam precisando de dinheiro. Ainda bem que existe a gentil população do asfalto, sempre disposta a ajudar.

domingo, 21 de novembro de 2010

Poema do Domingo

A Slice of Wedding Cake

Why have such scores of lovely, gifted girls
Married impossible men?
Simple self-sacrifice may be ruled out,
And missionary endeavour, nine times out of ten.

Repeat 'impossible men': not merely rustic,
Foul-tempered or depraved
(Dramatic foils chosen to show the world
How well women behave, and always have behaved).

Impossible men: idle, illiterate,
Self-pitying, dirty, sly,
For whose appearance even in City parks
Excuses must be made to casual passers-by.

Has God's supply of tolerable husbands
Fallen, in fact, so low?
Or do I always over-value woman
At the expense of man?
Do I?
It might be so.

Robert Graves (1895-1985)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Post de uma frase só

A esquerda precisa da pobreza como os jumentos precisam do capim.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Feios, sujos e malvados

Gosto do filme de Ettore Scola que dá título a este post. Acho que a razão que gosto mais deste filme do que outros filmes neorealistas (embora haja vários filmes bons nesse período também) é que ali os pobres não são representados como criaturas santas, dignas de pena ou identificação simplesmente por virtude de sua pobreza. Não: são mostrados muitas vezes como avaros, gananciosos, preguiçosos, alcólatras, malandros e, como o próprio título informa, feios, sujos e malvados. Porém, o filme tampouco os desumaniza, ao contrário: nos identificamos com seus personagens justamente por eles serem mais reais. Têm defeitos iguais aos do resto da população, se não piorados devido à falta de educação e recursos materiais.

Nem todos têm essa percepção, tudo bem. Mas há muitos que utilizam a pobreza dos outros como mero pedestal para exibir a própria benevolência. Eis por exemplo um artigo do jornalista da Folha Leonardo Sakamoto, que lamenta que a cidade de São Paulo construa seus espaços públicos de modo a tentar impedir a presença de mendigos e marginais. Prédios com grades; bancos de paradas de ônibus que não permitem que alguém se deite; prédios sem marquises ou com sistemas de jatos de água automáticos que afugentam dorminhocos e drogados: para Sakamoto, tudo isso são absurdos arquitetônicos: temos é que "aceitar que, se há pessoas que querem viver no espaço público por algum motivo, elas têm direito a isso. A cidade também é deles, por mais que doa ao senso estético ou moral de alguém."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Guerra ao terror ou guerra ao cidadão?

Sou, naturalmente, um crítico do islamismo e de sua expansão imperialista nos países ocidentais. Sou contrário à imigração massiva de muçulmanos ao Ocidente e a favor de operações militares contra jihadistas malvados (mas contrário ao "nation-building"). No entanto, devo observar que alguns dos métodos utilizados na suposta "guerra ao terror" são contraproducentes e, eu diria até, imbecis.

A questão da segurança dos aviões e aeroportos é uma dessas questões. Nos EUA, agora, há uma grande polêmica com novos scanners de raio-X que podem ver você e sua mulher peladões. Se você se recusar a passar pelo aparelho (que ainda por cima talvez cause danos à saúde), será hostilizado e apalpado extensivamente por brutamontes.

Nos tempos que correm, nove entre dez terroristas são muçulmanos. No entanto, segundo os ditames do políticamente correto, "não devemos discriminar." Assim, os selecionados para a revisão mais detalhada (e, segundo muitos, obscena) não são pessoas que de algum modo gerem suspeita, mas definidos por mera escolha randômica. Pode ser uma freira de 90 anos ou um adolescente japonês.  

O método é caro, complicado, inútil. Gastam-se bilhões, com resultados duvidosos. Os agentes de segurança nos aeroportos, além disso, não são as pessoas mais brilhantes do planeta, mas seres com a inteligência e a simpatia do funcionário público médio: isto é, quase nenhuma. Tudo o que sabem é seguir regras ao pé da letra e, dessa forma, se um menino de quatro anos aleijado tem aparelhos de metal nas pernas que o ajudam a andar, e o metal é proibido, então os aparelhos devem ser retirados.   

Os terroristas conseguem a sua maior vitória sem realizar ataque algum, e acredito que seja esse mesmo o objetivo. Forçam os infiéis a gastar bilhões de dólares e causam inconvenientes a milhões de civis com meras ameaças. As garrafinhas de água proibidas a bordo? Tudo o que foi necessário para isso foi a mera suspeita de um possível plano, jamais realizado, de utilizar líquidos explosivos. E os líquidos foram banidos para sempre. 

Houve recentemente um plano de terrorismo islâmico na Arábia Saudita de realizar um ataque com uma bomba enfiada no rabo. Tremo ao pensar que a segurança dos aeroportos talvez decida fazer inspeções contra esse novo tipo de perigo.  

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Alfas, Betas e Gamas: a Guerra dos Sexos no Século XXI

O leitor Chesterton deu a dica de um blog, por assim dizer, antifeminista. Eu já desde algum tempo acompanhava um blog americano de tema similar, ainda que bem mais sério e menos escrachado, que fala sobre a mesma questão: a perda do poder masculino no mundo pós-feminista. O blog americano discute o motivo pelo qual as mulheres urbanas americanas em geral odeiam mulheres Republicanas como Sarah Palin, Christine O'Donnel, etc, sem manifestar ódio igual pelos homens Republicanos. (A conclusão do blogueiro é que mulher costuma ser muito mais crítica de mulheres, e gosta é de votar em homem bonito e gostoso, independentemente de sua política, o que tambem explicaria a vitória de Obama sobre Hillary). Já o blog brazuca fala sobre a iminente chegada dos robôs sexuais femininos, que acabarão com a utilidade da mulher.

Exageros e delírios à parte, o que ambos blogs passam é um aparente ressentimento contra as mulheres modernas, e contra as mudanças sociais causadas pelo feminismo exacerbado.

Se vários blogueiros, nos EUA e no Brasil, falam sobre a mesma questão, não se trata de uma coincidência, mas de um fenômeno social real e palpável.

De fato, a grande conquista para as mulheres com o feminismo, ou quem sabe apenas com a pílula (da qual o feminismo foi apenas uma conseqüência) foi a independência financeira e sexual. As mulheres, não mais dependendo de um marido para seu sustento, poderiam ter a liberdade de escolher parceiros mais sarados e descolados, sem a preocupação de que estes tivessem que sustentá-las. Mas o que aconteceu? Quem ganhou e quem perdeu com essas mudanças?

Bom, a moda é falar em "alfas" e "betas". Alfas seriam os cafajestes gostosões, preferidos por 9 entre 10 mulheres. Homens fortes e bem-sucedidos que no entanto não ofereceriam estabilidade ou fidelidade. Já os betas seriam os homens mais sem-graça que, no entanto, com um emprego estável e boas intenções poderiam ser bons companheiros, embora sem a fonte de sexo selvagem, emoção e aventura proporcionada pelos alfas.

Pessoalmente, não gosto muito desse tipo de análise. Acho que funcionam bem para estudar o comportamento dos chimpanzés. Mas não somos chimpanzés. Como humanos, nossas relações são bastante mais complexas. E dividir os homens em apenas "alfas" e "betas" tira toda uma enorme graduação de deltas, gamas, etc, categorizando ainda as mulheres como sendo todas igualmente fúteis. E, além disso, com esse negócio de alfas e betas, onde é que fica o Amor na equação?

(Mr X, por baixo do seu aparente cinismo, é na verdade o último romântico, como sabem os poucos que lêem o Poema do Domingo).

Mas é verdade que o feminismo foi bom, digamos, para uns 20% dos homens (os tais alfas) e ruim para uns 80% (os tais betas), que hoje tem dificuldade em arranjar parceiras, ou acabam com relações que terminam em frangalhos e famílias disfuncionais. O feminismo foi bom para as mulheres? Aí também há motivo para discussão. Se permitiu maior independência e acesso a profissões até então proibidas, também é verdade que terminou por conduzir a uma maior insegurança e a um número enorme de mães solteiras.

É possível que o feminismo tenha sido, assim, o responsável pela conversão de algumas mulheres ao Islã, como comentei antes e agora a Dicta & Contradicta também comenta. Após uma vida "liberada" que termina sem relações duradouras, é natural a busca de consolo na religião. Mas por que voltar-se para o Islã e não para o Cristianismo, religião de seus antepassados? Minha teoria é que converter-se a uma religião estrangeira e polêmica é ainda uma forma de "rebeldia", de busca do exótico, quem sabe até dos alfas orientais. O Cristianismo é visto como uma religião careta e atrasada. O Islamismo é muito mais repressivo em termos de costumes, mas ainda tem o fascínio do "exótico". Mulher adora exotismo. E, se é verdade o que dizia Nelson Rodrigues, que mulher no fundo adora apanhar e ser dominada, então também o caráter repressivo e poligâmico do Islã joga a seu favor. Que ironia: as feministas foram queimar o sutiã e voltaram usando uma burca... 

Mulheres, não levam a mal este post. Eu nada tenho contra as mulheres e não sofro do mesmo ressentimento antifeminista, e, se alguma coisa deu errado em meus relacionamentos, jamais foi por culpa da mulher. Ainda assim, acho que é uma questão atual que precisa ser discutida. Há ainda mulheres lendo o blog? Sua opinião a respeito seria bem vinda.

domingo, 7 de novembro de 2010

Paulistas que odeiam nordestinos e brancos que odeiam brancos

Sou provavelmente um dos poucos que acha que esse negócio de crime de racismo (e a planejada lei anti-homofobia) é uma estupidez.

No outro dia, por exemplo, chamou a atenção da imprensa internacional o caso da pobre moça paulista, Mayara Petruso, que pode ser condenada a até dois anos de prisão por uma mensagem tola contra os nordestinos no Twitter e Facebook. Nem a família ficou do seu lado! (E, como ela esteve longe de ser a única a escrever mensagens do tipo, tampouco fica claro porque foi escolhida como única vilã). Vai aqui minha solidariedade a ela. O Reinaldo Azevedo fez um bom texto sobre o tema, embora ele não discuta a questão da injustiça da lei anti-racismo em si. Lei que não deveria existir.

Os nordestinos, diga-se, contribuíram muitíssimo para a cultura do Brasil e o crescimento de São Paulo, e a visão destes como meros ignorantes mortos de fome está muito longe da atual realidade.

Porém, que uma jovem possa ser presa e ter problemas por toda a vida devido a uma mensagem cretina enquanto tantos outros matam e roubam e não são punidos, é um absurdo. Imagine que, aqui nos EUA, todos os que escrevessem mensagens racistas contra os "rednecks" fossem presos. Não haveria cadeia que bastasse!

Não entendo esse preconceito dos paulistas contra os nordestinos, mas as rivalidades regionais existem em todo e qualquer país, Itália, EUA, França, Alemanha. E o preconceito contra gaúchos, acusados de homossexuais? Vamos prender todos os que contam piadas de português também?

Além disso, há racistas e há "anti-racistas" que são ainda mais chatos. O positivista aqui da casa no blog vive incomodando sobre os supostos brancos americanos que odiariam o negro Obama. De acordo com ele, um presidente negro deveria ser intocável. A mim mais chama a atenção o caso dos brancos que odeiam os brancos, ou melhor, que odeiam a si mesmos.

Eis por exemplo aqui um branquelo "anti-racista" americano que está pregando alegremente o genocídio de brancos. Torce para que o seu país fique logo pardo e mexicano, e os malditos brancos racistas desapareçam. 

Sou contra as leis anti-racismo por que, se você pensar bem, são na verdade leis que protegem apenas certos grupos, tidos como vítimas, e não outros, tidos como opressores. São leis contra os paulistas, contra os brancos, contra os asiáticos, contra os heterossexuais, contra os cristãos.

E, além disso, já existe uma lei que protege nos casos de injúria e difamação. Para que é necessária outra específica para cada grupo étnico ou cada preferência sexual?

 Um presente para Mayara.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Será que você é marxista?

Eu ia dar o link para o artigo original do PJ Media, mas alguém fez a tradução pro português e colocou no MSM.

Se você nunca leu Marx mas acredita em "redistribuição de renda" ou "justiça social", pode ser que você seja um marxista. Você pode achar que é petista, pessedebista ou positivista, mas se acredita em certas idéias de equlização de resultados, é provável que seja um marxista sem saber.

Marx era um vagabundo sem-vergonha, mas teve uma sacada que rendeu frutos para todo o sempre: dividiu o mundo em "exploradores" e "explorados", entre uma classe trabalhadora e uma classe de capitalistas que controlariam os "meios de produção". Infernizada pelos patrões, a classe trabalhadora um dia tomaria as rédeas, na tal "ditadura do proletariado", e todos viveriam felizes para sempre (menos os patrões, que iriam para as minas de sal).

Essas idéias e expressões de Marx envelheceram mais do que Matusalém, mas ficou a idéia dos "explorados" que teriam direito a uma "distribuição mais equalitária das riquezas". (Naturalmente, tal redistribuição seria realizada por um Estado todo-poderoso e "neutro"...)

A verdade é que quase todo mundo prefere se ver como vítima do que como incompetente. Se você é pobre, certamente prefere pensar que é por culpa de algum capitalista malvado que roubou aquilo a que você tinha "direito", e não devido à sua própria incapacidade, ignorância, preguiça ou burrice.

Eis o grande legado de Marx. Hoje todo mundo acha que nasce com "direito" a casa com piscina, saúde para a toda vida, e ajuda financeira para criar seus sete filhos, quando não pediu ajuda para ninguém na hora de gerá-los.

Mas por que parar na desigualdade econômica? O que nem Marx previu foi que a busca da igualdade atravessaria a questão de classe e iria parar nas questões comportamentais, como preferência sexual e religião. E por que não avançar ainda mais e pregar uma "redistribuição da obesidade"? Afinal, por que alguns devem ser gordos e outros não? Foi provavelmente com isso em mente que, em São Francisco, proibiram o Happy Meal do McDonald's. É dever do Estado, e não dos pais, cuidar o que as crianças comem ou aprendem.

Será que você é marxista?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Berlusconi, as mulheres e o Islã

Berlusconi, o político que os italianos adoram odiar, deve acreditar nas teorias que dizem que o poder é um afrodisíaco. Um improvável Don Giovanni, com sua calvície e seus já quase 75 anos, no entanto teve nos últimos anos uma série de badalados escândalos sexuais, desde festas com jovens modelos na sua residência a um recente caso suspeito com uma stripper marroquina menor de idade que atende pelo nome de "Ruby Rubacuori", ou Ruby Roubacorações.

Mas Berlusconi, que perdeu a esposa e pode perder o governo mas não perde a piada, saiu-se com esta: "melhor estar apaixonado por belas garotas do que ser gay." Hilariante. Conseguiu irritar esquerdistas, gays, feministas, intelectuais e quase toda a corja politicamente correta de uma tacada só.

No entanto, o que há de errado em seu pronunciamento? Se os gays são orgulhosos de serem gays, por que um heterossexual não pode ser igualmente orgulhoso? Do ponto de vista dos gays, é melhor estar apaixonado por belos rapazes do que ser hetero. Por que não vice-versa?

Enquanto isso, a cunhada do Tony Blair converteu-se ao islamismo. O curioso é que a tola sequer leu 60 páginas do Corão, e pouco parece saber sobre a religião em si. Tampouco converteu-se por casamento. O que explica a conversão?

Muito simples: queria aparecer. Feminista na juventude, a senhora parece ter tido uma crise de consciência após um divórcio penoso, vendo-se sozinha e desesperada. Acontece com muitas mulheres "liberadas", que posteriormente voltam-se à religião. Pensem em Mara Maravilha ou na Tiazinha, que agora são crentes. Mas, se no Brasil retornam ao cristianismo (normalmente alguma denominação evangélica), o mesmo não acontece nos países europeus, onde preferem religiões "exóticas" ou ao menos não-ocidentais como o hinduísmo, o budismo ou até mesmo o islamismo. Lauren não é a primeira feminista convertida ao islamismo, não. Talvez algum dia as vedetes de Berlusconi façam o mesmo. Quem diria: o feminismo e a liberação feminina termina por conduzir ao Islã, a religião que mais reprime as mulheres.

Mas por que, ao contrário das strippers marroquinas, o cristianismo não seduz mais? Nada mostra melhor a decadência do cristianismo na Europa do que essa rejeição às próprias raízes, e a busca ilusória de uma "verdade" alheia, não-ocidental. Como disse Chesterton, quem não acredita mais em Deus passa a acreditar em qualquer coisa. Vejam o caso deste pobre casal suiço, que resolveu celebrar suas segundas núpcias em um país muçulmano (Maldivas) e, sem conhecer o idioma local, foi sem saber humilhado e insultado em uma tosca e falsa cerimônia religiosa. Tudo filmado e colocado no Youtube. Enquanto acreditavam estar ouvindo sábias palavras orientais, estavam na verdade ouvindo o regulamento do hotel, sendo chamados de "porcos infiéis" e ridicularizados pela própria ingenuidade.

Assim caminha a humanidade.

Berlusconi: melhor ser hetero.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora, Brasil?

Agora, nada. Relaxa e goza. O povo quis Dilma. Quis a continuidade do PT. O que nos espera? Nem a catástrofe prevista pelos serristas mais afoitos, nem a glória incandescente suposta pelos petralhas.

Não, nem horror, nem glória. Apenas mediocridade. E uma lenta marcha em direção ao totalitarismo. Aguarde mais confiscos de terras. Mais limites à propriedade. Maior intervenção estatal. Mais ações afirmativas e mais leis de censura anti-homofobia, anti-racismo, anti-petismo, etc. Mais bolsa-demagogia. Mais crime e violência. Mais de cem mil assassinatos por ano. Mais controle da mídia (já começou). Mais tempo para o PT ir colocando os tentáculos da sua máfia em todos os setores da sociedade brasileira.

Espere muitas gafes de uma pessoa despreparada, e a continuação da política externa de relação com "aliados" como Amadinejade, Chávez, Ortega, Mugabe, etc. Espere também uma crise econômica (cedo ou tarde virá, ainda que o Partido tenha aprendido bem a utilizar o capitalismo para financiar o petismo, ou, como diria Lenin, "enforcaremos os capitalistas com a corda que eles próprios nos venderem"). Espere corrupção a escala nunca vista ignorada por uma mídia cúmplice ou medrosa.

Seria diferente com Serra? Serra e Dilma, ou PT e PSDB, não são lá tão diferentes. O PT é pior, por certo, sendo revolucionário até a medula. Mas, ideologicamente, os dois partidos estão comprometidos com o mesmo programa progreçista e estadólatra. É mais ou menos a diferença que existe entre os terroristas fanáticos e os moderados. Uma alternativa política liberal não só está distante do horizonte, é totalmente inexistente.

É possível, porém, que o PT tenha visto esta eleição como um mero referendo de apoio popular ao seu programa revolucionário, e decida partir de vez para o chavismo mais explícito. Dilma prometeu respeitar as instituições e a imprensa livre, mas não há nessa promessa um quê de mau agouro? Se ela vai mesmo respeitar, para que a promessa? Lembre-se ainda que, para os revolucionários, não há moral: Bem o que é bom para o Partido, Mal é o que é ruim para o Partido. Apenas isso. Fraude, roubo, assassinato, tudo é válido: "a História nos absolverá".

E, nesse caso, o PT jamais sairá do poder.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eleições nos EUA e no Brasil (2)

A campanha para as eleições está esquentando, aqui e lá. O Reinaldo Azevedo já tem uma boa cobertura das cada vez mais disputadas eleições brasileiras. Falo então das americanas.

Um dos comerciais políticos mais polêmicos recentes é o que mostra um professor chinês em 2030 falando a seus estudantes sobre o trágico fim do império americano. A idéia é que, a continuar gastando assim, o colosso americano logo vai estar na mão da China. 

O comercial, de uma associação contrária ao aumento de impostos, teve efeito. Os progressistas odiaram e acusaram o vídeo de - adivinhem! - racista, acusação ridícula que apenas mostra o nível de seu desespero. É que, para os Democratas, a coisa não está indo bem. Ao contrário do toque mágico de Lula, nos EUA o apoio de Obama está virando uma maldição. Vários candidatos Democratas até tentam se afastar do presidente e suas políticas. Para se ter uma idéia do desgaste presidencial, Frank Caprio (sem relação com o Leonardo), candidato Democrata ao governo de Rodhe Island, até mandou Obama enfiar o seu apoio naquele lugar... 

Do lado Republicano, surgem candidatos populistas, representantes da classe média branca e ferozes críticos das elites políticas, a quem consideram traidoras do ideal americano. Christine O'Donnel, à maneira de Sarah Palin, ostenta com orgulho seu ar de dona de casa e o fato de não ter se formado em Harvard. A engenheira de foguetes Ruth McClung garante ser uma trabalhadora e não uma política profissional. O comercial de um folclórico candidato Republicano no Alabama, de chapéu de caubói, cavalo e rifle, tornou-se viral. Bom, a verdade é que esse negócio de "não sou político profissional" já tivemos por aqui, e não funcionou direito. Porém, é o modo que os candidatos tem de se afastarem de uma elite política que responde apenas a si mesma e efetivamente tornou-se distante dos anseios da maioria da população.

(Depois, cada povo é diverso, e o povo brasileiro é diferente do povo americano. No Brasil, como o Fábio Marton observou, todo político precisa de certa forma se fingir de mais simplório do que realmente é para seduzir o povão, e em especial as classes baixas. Às vezes penso que o sucesso de Lula talvez tenha menos a ver com o bolsa-família do que com essa identificação a nível popular: Lula não precisa fingir: ele é tão burro, ignorante, malandro e ishperto como grande parte do povo brasileiro... Por outro lado, talvez essa seja uma visão elitista. A verdade é que, até há pouco mais de uma década atrás, pobre não gostava do Lula. Pedreiros, porteiros e empregadas tinham ojeriza ao PT. O tal "Partido dos Trabalhadores" era um fenômeno exclusivo da classe média. Mas é como diz o Olavão: o tal Partido dos Trabalhadores só virou isso uma vez no poder, retroativamente, construindo um fabuloso esquema de propinas e bolsas-auxílio. Mas voltemos aos EUA...)

Por aqui, entre os temas mais discutidos pelos candidatos estão o aumento de impostos e gastos públicos, a imigração ilegal, o desemprego. O aborto, discussão sempre presente nos EUA, curiosamente (e ao contrário do que ocorre no Brasil) desta vez passou a segundo plano frente a tantos problemas econômicos. Também está na pauta, assim como a legalização da maconha e o casamento gay, mas de forma menos intensiva. O que preocupa é o bolso. 

Assim como ocorreu em 2008, o que mais motiva os eleitores é a situação econômica. Obama teve dois anos para resolver a situação: falhou miseravelmente. Em estados como a Califórnia, o desemprego já chega a 17% da população. (Mesmo assim, é provável que os californianos elejam um Democrata para seu governo, o jurássico Jerry Brown).

Seja quais forem os números exatos, é provável que os Republicanos obtenham a sonhada maioria do Congresso, efetivamente transformando Obama em um "pato manco". Porém, eles não devem cantar vitória antes de tempo, já que ainda há água para rolar. Quanto ao Brasil, quem sabe? Pelo desespero dos petistas, é possível que a coisa tampouco seja tão fácil.

  
Pato manco.

domingo, 24 de outubro de 2010

Poema Piada do domingo

Um ateu estava passeando em um bosque, admirando tudo o que aquele "acidente da evolução" havia criado.
- Mas que árvores majestosas! Que poderosos rios! Que belos animais! - lá ia ele dizendo consigo próprio. À medida que caminhava ao longo do rio, ouviu um ruído nos arbustos atrás de si. Ele virou-se para olhar para trás. Foi então que viu um corpulento urso-pardo caminhando na sua direção. Ele disparou a correr o mais rápido que podia.
Olhou, por cima do ombro, e reparou que o urso estava demasiado próximo.
Ele aumentou mais a velocidade.
Era tanto o seu medo que lágrimas lhe vieram aos olhos.
Olhou, de novo, por cima do ombro, e, desta vez, o urso estava mais perto ainda.
O seu coração batia freneticamente. Tentou imprimir maior velocidade.
Foi, então, que tropeçou e caiu desamparado.
Rolou no chão rapidamente e tentou levantar-se. Só que o urso já estava em cima dele, procurando pegá-lo com a sua forte pata esquerda e, com a outra pata, tentando agredí-lo ferozmente.
Nesse preciso momento, o ateu clamou: - Oh meu Deus!....
O tempo parou.
O urso ficou sem reação
O bosque mergulhou em silêncio.
Até o rio parou de correr.
À medida que uma luz clara brilhava, uma voz vinda do céu dizia:
- Tu negaste a minha existência durante todos estes anos, ensinaste a outros que eu não existia, e reduziste a criação a um acidente cósmico. Esperas que eu te ajude a sair desse apuro? Devo eu esperar que tenhas fé em mim?
O ateu olhou diretamente para a luz e disse:
- Seria hipocrisia da minha parte pedir que, de repente, me passes a tratar como um cristão, mas, talvez, possas tornar o urso um cristão?!
- Muito bem - disse a voz.
A luz foi embora.
O rio voltou a correr.
E os sons da floresta voltaram.
E, então, o urso recolheu as patas, fez uma pausa, abaixou a cabeça e falou:
- Senhor, agradeço profundamente por este alimento que me deste e que agora vou comer. Amém.

(Autor anônimo, encontrada na Internet)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Burrocracia

Um espectro assombra o mundo: o espectro da burocracia. Todos sabemos a desgraça que é ter que realizar algum trâmite, e ter que preencher o formulário A e entrar na fila B para depois passar no guichê C, cujo ocupante saiu para almoçar com X.

O que poucos sabem é que a burocracia, por sua própria natureza, tende a aumentar, independentemente de qualquer outro fator. Segundo um recente estudo ue agora lamentavelmente não consigo encontrar, todo órgão estatal aumenta de 5% a 7% anualmente em número de funcionários e orçamento, mesmo nos casos em que o volume de trabalho diminui.

Isso ocorre por vários motivos. Em alguns casos, o próprio órgão não tem qualquer utilidade a não ser servir como cabide de empregos para ex-terroristas, como é o caso do ridículo Ministério da Pesca no Brasil. Em outros casos, mesmo o órgão tendo uma utilidade inicial, esta logo se perde e a burocracia se torna um fim em si mesma. Afinal, os burocratas também precisam comer. A vida deles depende de que as coisas fiquem como estão. 

A burocracia é um monstro que se alimenta de si mesmo, crescendo até não poder mais. Quando os erros fatalmente acontecem, cria-se uma comissão para investigar porque não deu certo e, quando essa investigação falha, cria-se uma nova comissão para investigar porque a primeira não funcionou, e assim por diante, ad infinitum.

Vejam o caso do Ministério da Educação, que até 1979 sequer existia nos EUA (foi criado pelo maldito Jimmy Carter). Antes disso, será que todos nos EUA eram analfabetos e ignorantes? Longe disso. Ao contrário: de 1979 pra cá, os números da educação americana só pioraram. O que aumentou, isso sim, foi o orçamento do departamento, que quintuplicou, bem como o número de funcionários: dos iniciais 400, hoje emprega 4.800 pessoas.

Mas todos sabem, criar um organismo estatal é fácil: o difícil, quase impossível, é aboli-lo.

Naturalmente, os gastos vão aumentando cada vez mais, e nos projetos mais absurdos. Por exemplo, no ano passado os americanos gastaram centenas de milhares de dólares para estudar o comportamento dos gays em bares de Buenos Aires, e dois milhões e meio de dólares para ajudar as prostitutas chinesas a moderarem o uso da bebida.

Os absurdos gastos do governo brasileiro, nem procuremos saber... Baste saber que Lula aumentou exorbitantemente os gastos federais em seus oito anos de governo. É um bom motivo para não votar no PT.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eleições, mentiras e videotape

Ia parar de blogar por um tempo, mas um post do ressuscitado Fábio Marton no Not Tupy me inspirou. É sobre a necessidade da mentira na democracia. Será que democracia sempre implica em demagogia? Talvez seja um dos males deste sistema que é o pior com exceção de todos os outros. Como o político depende do voto do povo, precisa se disfarçar de Zé Povinho, mesmo que esteja muito distante físicamente, espiritualmente e financeiramente deste. Marton discute especialmente a questão do aborto, sobre a qual ambos candidatos precisam mentir para não desagradar 70% do eleitorado, mas esta é apenas a mentira mais óbvia. Um tema mais interessante é a questão do uso do dinheiro público. 

Há eleições em breve nos EUA e no Brasil, e o contraste entre os dois países não poderia ser mais grotesco. Nos EUA, há eleições parlamentares nas quais os Republicanos perigam ganhar em uma lavada histórica. Há uma atmosfera muito grande de rejeição aos Democratas estatistas, à gastança excessiva e ao elitismo dos políticos em geral. Já no Brasil, o grande vencedor entre os deputados foi Tiririca, que prova que "o grande mérito no Brasil é subir na vida sem ter mérito algum", e a eleição no segundo turno é entre dois candidatos estatistas, que lutam para decidir qual é mais contrário às privatizações. (Um dos poucos políticos que defende as privatizações, curiosamente, é o ex-comunista Roberto Freire, presidente de um partido que se declara "Popular Socialista").

Dilma mente sobre o aborto: mente também Serra quando diz que não irá privatizar? (Mas temo que Serra não minta, que seja mesmo contrário à privatização). Se eu sou contrário ao aborto e a favor das privatizações, deveria considerar a primeira uma mentira danosa e a segunda uma mentirinha válida? Não. Do ponto de vista dos princípios, seria melhor que ambos candidatos, em vez de tentar se acomodar ao desejo do público, tentassem convencer o eleitorado da validade de suas próprias idéias, que são as que colocarão em prática no final.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, é patente a busca de identificação do candidato com o povo: o que muda é que, nos EUA, o "povo" é a classe média revoltada com a falta de melhoria econômica que quer menos gastança do governo, e no Brasil o povo é a maioria da população que quer mais governo e mais benefícios para si. 

Atire a primeira pedra quem nunca pecou ou recebeu dinheiro do Governo. Muitos criticam o bolsa-família como compra de votos, mas, de fato, não é um saco de farinha ou um auxílio no fim do mês um benefício econômico mais tangível do que vagas promessas de melhoria econômica através do liberalismo?

Todos gostam de receber dinheiro do "governo", isto é, dos impostos. O que incomoda é que outros recebam sem merecer. Mas quem é que define quem merece o quê?

Caiu em minhas mãos, por acaso, um texto de um cineasta e professor universitário declarando-se a favor da Dilma. Seu argumento é que o PT deu dinheiro ao cinema e às universidades. Que, por mera coincidência, constituem o seu ganha-pão. O cineasta é autor de filmes experimentais de "vídeo-arte", tão chatos que só poderiam ser produzidos com dinheiro público mesmo. Mas o sujeito é tão cara-de pau (ou tão esperto) que chegou a realizar um vídeo com dinheiro público no qual mostrava justamente como gastava o dinheiro do prêmio viajando para a Europa e EUA e comendo nos melhores restaurantes. A obra-prima pode ser assistida aqui. A crítica, naturalmente, elogiou:
O que o espectador presencia então é praticamente um homem em sua missão: queimar R$13 mil e fazer um filme deste seu processo. No meio tempo ele cruza o oceano duas vezes, se hospeda em belos hotéis, passeia por Europa e EUA, come do bom e do melhor. Tudo, conforme o logotipo da patrocinadora no início e no final deixa bem claro, às nossas custas. No final da sessão em que eu estive presente, uma mulher levantou revoltada: "Vagabundo! É o meu dinheiro também!"

Desse grito (desejado e conseguido pelo filme) começam as inúmeras e necessárias perguntas que ele levanta: vagabundo por quê? O cineasta fez um filme com o dinheiro do prêmio, que era o que se exigia dele. Apresentou seu resultado final, com a duração pedida, dentro do orçamento proposto. Qual o problema, portanto? Que ele tenha se beneficiado pessoalmente deste dinheiro? Bom, pelo menos nós vimos como ele o fez. Quantos belos jantares e viagens foram pagas nos outros filmes produzidos com este prêmio e nós nem sabemos? Quantas contas de motel? Então, supomos que a revolta não pode ser no campo da ética, já que antiético seria fugir com o dinheiro sem fazer o filme ou escamotear prestações de conta escondendo tais gastos, coisas que Migliorin não fez.
É claro, o cineasta poderia ter sido ainda mais "ético" e devolvido o dinheiro, ou realizado um outro vídeo de protesto pagando do seu próprio bolso, mas isso talvez seria "provocativo" demais: também não devemos exagerar. No fundo, o videoartista não difere muito de tantos outros cineastas brasileiros, que adoram criticar o governo e a sociedade enquanto são financiados por este e esta.

Seria fácil dizer que o eleitor americano é mais politizado e consciente do que o brasileiro, mas não sei se é isso mesmo: eles estão, como todos, apenas defendendo o que é seu. Não querem dividir o dinheiro ganho com seu trabalho com as minorias parasitárias do welfare e com imigrantes ilegais, especialmente em uma época de crise econômica que só foi piorada pelos Democratas. E têm razão. Talvez a diferença seja apenas que essa equação (dinheiro público = dinheiro do contribuinte) ainda não tenha sido compreendida pela maioria dos brasileiros, mesmo os de classe média e alta.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ai, que preguiça!

Textos e temas repetitivos. Poucos leitores e comentários. Falta de idéias e de emoção. Tristeza e apatia. Cansaço geral e desolação. O blog vai fazer uma pausa por alguns dias.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Exército de gays

Uma juíza americana bloqueou o "Don't Ask, Don't Tell". Já havia acontecido o mesmo com a lei contra a imigração ilegal no Arizona, e com a determinação contrária ao casamento gay na Califórnia, muito embora esta última tenha sido colocada na lei estadual justamente devido ao voto popular. Em uma virada preocupante, cada vez mais juízes se advogam o direito de decidir quais leis valem e quais não, normalmente por motivos políticos.

O que é o "Don't Ask, Don't Tell"? É uma lei que permite a presença de gays no exército americano, desde que eles não sejam declaradamente gays. Ninguém vai perguntar sua preferência sexual, e você tampouco pode sair cantando ela aos quatro ventos. Se declarar abertamente sua homossexualidade, pode ser expulso.

Curiosamente, o "Don't Ask, Don't Tell" (ou DADT) foi um compromisso entre conservadores e liberais: afinal, anteriormente os gays eram simplesmente expulsos do exército sem apelo. Agora os liberais não acham a medida suficiente, e querem que todos aqueles que são assumidamente homossexuais possam entrar nas Forças Armadas, sem sofrer qualquer preconceito.

Anos atrás, lembro de uma polêmica do movimento gay devido a certa política do Vaticano para tentar impedir que homossexuais entrassem no seminário. Nunca entendi a razão da polêmica. Claramente, se você gosta de dar o rabo, com o perdão da expressão, seu lugar não é na sacristia. Da mesma forma, se você se excita vendo homens musculosos de uniforme, provavelmente seu lugar não é no exército.

Ou será que é? No Brasil, há alguns anos, houve um caso de dois sargentos homossexuais que assumiram publicamente sua relação, para grande escândalo midiático. Vejam algumas das declarações da dupla:

* "Para um gay as Forças Armadas são um paraíso". 
* "Existe coisa melhor para um homossexual do que tomar banho com um monte de homem pelado e sarado?"
* "Há muito mais homossexual no Exército do que se imagina. O problema é que muitos são enrustidos. Eu mesmo já fui assediado várias vezes, até por um general."

Se eles mesmos afirmam que um dos motivos para entrar no Exército é a presença maciça de homens sarados que podem ser vistos nus no banheiro, quem sou eu para discordar. Agora, imagine o outro lado, o dos os soldados heterossexuais que precisam se abaixar para pegar o sabonete sob o olhar ávido de seus colegas. É, no mínimo, algo constrangedor. Mulheres e homens no exército utilizam vestiários separados, justamente para evitar tais problemas. Homossexuais não podem ser igualmente isolados.

Gays podem ser bons soldados? Sim, que o diga o exército de Esparta. E as temidas SA de Hitler lideradas por Ernst Rohm, antes da "noite dos longos punhais". Mas também há problemas com a presença de gays assumidos no exército, como por exemplo a reação dos soldados cristãos, aliás mais numerosos do que os gays. Além disso, não vejo por que os gays gostariam de entrar para o Exército, fora os motivos de desejo sexual declarados acima e que, aliás, são os mesmos que induzem pedófilos a se tornar líderes escoteiros. Mas é claro, faço a ressalva que para mim a guerra é uma coisa terrível e violenta, da qual prefiro distância. Para ser sincero, tampouco vejo utilidade na presença de mulheres nas Forças Armadas, acho que não deveriam estar em posições de combate, simplesmente porque são mais valiosas vivas do que mortas. Talvez o mesmo argumento poderia ser utilizado para os soldados gays, como sugere esta reportagem da The Onion.


 Tropa de elite.

Muito além de Goebbels

Ensinou Goebbles que uma mentira, repetida mil vezes, torna-se verdade. Mas e uma mentira que é desmascarada no dia seguinte, mas ainda assim continua a ser repetida, mesmo que todos saibam que é mentira? E uma mentira que suplanta outra mentira, contradizendo-a? E a contínua repetição de mentiras, repetidas não para enganar, mas apenas para atordoar o ouvinte?

Como vemos, a propaganda revolucionária petista está muito além de Goebbels. O Olavo de Carvalho escreveu várias vezes sobre esse fenômeno da aparente contradição da propaganda revolucionária, e não preciso repeti-lo aqui. Baste-me observar alguns casos recentes, bastante interessantes para os estudiosos dos recônditos mais malignos da alma humana.

Um, a atual posição de Dilma de ser contrária ao aborto. Ora, até os fetos sabem que Dilma e o PT são a favor da liberação do aborto. A propria Dilma assumiu isso em declaração de 2007. O problema é que, com 70% da população brasileira sendo contrária, isso não pode ser admitido diretamente. Mas pode apostar que, caso ganhe a eleição, serão feitos todos os procedimentos possíveis para legalizar o aborto no menor tempo possível. Afinal, o mesmo caso deu-se, de forma similar, na declaração da candidata de que "jamais vestiria o boné do MST". Menos de um mês depois, eis que estava a candidata fazendo discurso com o boné do MST na cabeça...

Nada disso é novidade para quem acompanha a política no Brasil. Mais interessante é o caso em que os revolucionários atacam seus adversários por serem a favor daquilo que eles próprios são. Todo o mundo sabe que o PT é a favor da legalização da maconha, do aborto e da prostituição. Porém, como tais medidas são impopulares, o que o partido faz? Nega ser a favor delas e até critica os adversários do Partido Verde como defensores de tais práticas. "Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é", indeed.

Uma das coisas mais curiosas de tudo isso é que o povo brasileiro, dentro de tudo, talvez por religiosidade, talvez por tradição, talvez por não ter sido bem "educado" -- isto é, educado com o abecedário marxista -- o povo brasileiro é conservador, ao menos no que se refere aos costumes: segundo pesquisas, 70% são contrários ao aborto, 55% a favor da pena de morte, 57% contrários à eutanásia e 52% contra a adoção de crianças por homossexuais. Coloque um candidato presidencial defendendo tais valores e será eleito com maioria de votos, no primeiro turno. E, no entanto, isso nunca acontece. Por quê?

domingo, 10 de outubro de 2010

O fim da era do escândalo

Após a propaganda ecológica tiro-no-pé dos britânicos, vi agora uma outra propaganda supostamente chocante, esta contra a obesidade. A propaganda, de novo apostando na linguagem do choque, compara o ato de injetar heroína com o ato de comer um hambúrguer. É uma das propagandas mais idiotas de todos os tempos, até porque os atores são magros, bonito e saudáveis. A junk food não deveria fazer mal?

Sempre tive dúvidas se essas propagandas enfatizando imagens fortes ou grotescas funcionam. São especialmente comuns em campanhas públicas contra as drogas, a AIDS ou o aquecimento global. Jamais vi algum estudo comprovando que tivessem algum efeito; na minha opinião, o seu efeito provavelmente é exatamente o contrário. Por exemplo, após ver a propaganda acima, fiquei com vontade de comer um hambúrguer, coisa que não faço há muito tempo.

No mundo da suposta "arte" moderna, ocorre a mesma coisa. Há tempos que a única linguagem que os "artistas" parecem entender é a do escândalo. E, no entanto, o público cada vez menos se interessa por esse tipo de arte. Na Bienal de São Paulo, que está ocorrendo agora, o escândalo da vez foi uma obra com urubus, que terminaram tendo sido retirados por ordem do IBAMA. A maioria dos comentários nas notícias é de críticas veementes ao artista.

Na boa: a arte moderna com suas instalações e seus ready-mades e seus épater la bourgeousie já encheu. Duchamp enviou seu urinol para o concurso há 93 anos, acredite. Quase um século! E os artistas de hoje continuam repetindo o mesmo velho truque. Chega! Cansou!

A melhor performance artística ocorrida recentemente foi quando uma faxineira, por engano, jogou fora uma das peças da coleção de uma galeria de arte moderna, achando que fosse lixo. De fato, era. Seu erro foi não ter jogado fora o restante das obras do local. É importante reciclar.

E no mundo pop? Pior ainda. É quase engraçado ver imbecis como Lady Gaga e similares tentando tudo o que podem para chocar um público bocejante, completamente anestetizado, sem conseguir. Who cares?

Escandalizada ficava a sua avó. Hoje, o suposto escândalo só causa tédio. Ou, curiosamente, é o anti-politicamente correto a única coisa que, hoje, consegue escandalizar. Que tal este comercial dos Flinstones fumando e sendo abertamente "sexista"? Hoje em dia, jamais poderia ser feito, pois de fato chocaria as sensibilidades modernas, que odeiam cigarro e qualquer coisa que indique que não somos todos iguais.


sábado, 9 de outubro de 2010

Poema do domingo sábado

Meru

Civilisation is hooped together, brought
Under a rue, under the semblance of peace
By manifold illusion; but man's life is thought,
And he, despite his terror, cannot cease
Ravening through century after century,
Ravening, raging, and uprooting that he may come
Into the desolation of reality:
Egypt and Greece, good-bye, and good-bye, Rome!
Hermits upon Mount Meru or Everest,
Caverned in night under the drifted snow,
Or where that snow and winter's dreadful blast
Beat down upon their naked bodies, know
That day brings round the night, that before dawn
His glory and his monuments are gone.

W. B. Yeats (1865-1939)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Megalomania ou ingenuidade?

Enquanto aguardava uma consulta médica, meus olhos caíram sobre uma revista chamada "American Prospect". É uma revista progressista americana. A edição, como é natural em salas de espera, era de vários anos atrás, mais precisamente dois anos atrás, logo antes da inauguração de Obama. O título exultava com o fim da era Bush, e perguntava: "O que fazer para resolver os problemas da América e salvar o mundo."

Desnecessário dizer que a manchete, como a reportagem, era absolutamente séria, sem qualquer pingo de ironia.

Nunca sei se atribuir o pensamento progressista à megalomania ou à ingenuidade, ou a uma indigesta mistura de ambas. O progressista acredita piamente que suas políticas insanas não só melhorarão, como salvarão o mundo. Aliás, a única coisa que impede o avanço da História em direção à perfeição igualitária são os malditos reacionários, pessoas que precisam ser eliminadas a qualquer custo, pessoas que nem mesmo têm direito à sua opinião. O explosivo comercial ecológico (ver abaixo) é apenas o último e mais extremo exemplo dessa tendência, mas há muitos outros. Baste observar como a esquerda exulta com a inexistência de candidatos de direita em uma eleição. Parece-lhe o justo e o correto. Não entendem a possibilidade de qualquer comportamento ou crença contrária aos seus dogmas: quem não pensa com o grupo é, por definição, o inimigo a ser eliminado. Aperte um botão: bum!

Não é que os progressistas sejam todos malvados. Muitos até que são pessoas decentes. É simplesmente que enxergam as coisas de forma parcial: na sua dicotomia mental, quem não é a favor do "progresso" só pode ser um canalha racista que odeia os gays ou a Natureza. É simplesmente que - logo eles que tanto valorizam o Outro, o Diferente! - não conseguem enxergar alguém que não seja progressista como Outro. É curioso: tentam sempre entender o lado dos criminosos, das minorias, dos terroristas, dos pobres, mas jamais vi que tentassem entender os motivos dos conservadores, da classe média ou dos "fundamentalistas cristãos".

Em um artigo de um importante jornal italiano, um jornalista de esquerda observou a falta de representantes da direita nas eleições presidenciais brasileiras e - acredite - afirmou que esse deveria ser o exemplo a ser seguido pela Europa. Do ponto de vista do progressista europeu, a corrupta política brasileira é que estaria virando um modelo de civilidade, sem os maldito reacionários que tudo atrasam.

O outro lado da moeda do progressismo é sua extrema ingenuidade. Aqueles que apontam Brasil ou Venezuela como modelos normalmente vivem muito longe e não conhecem de perto a realidade. Como, naturalmente, as políticas progressistas pouco fazem para salvar o mundo, aliás, em geral só o pioram, o progressista só pode concluir que, ou o mundo ainda não foi à esquerda o suficiente, ou então são de novo os malditos direitistas que estão bloqueando a passagem. A solução, assim, é repetir de novo os mesmos erros, na esperança que desta vez dê certo. Essa, aliás, é a mesma definição da loucura.