sexta-feira, 15 de maio de 2015

O fim do jornalismo

A Internet, apesar de todas as praticidades que nos trouxe, gerou algo um pouco triste: o fim do jornalismo tradicional.

Eu gostava de folhear jornais, aqueles de papel. Ainda gosto, nas raras ocasiões em que um cai nas minhas mãos. A leitura de noticias na Internet não parece ser a mesma coisa; os textos precisam ser todos curtos, diretos, sem detalhe, afinal a leitura nos computadores ou mesmo nos tablets é mais cansativa.

Outra coisa que a notícia na era da Internet precisa é chocar, escandalizar, de preferência já na manchete. É o que se chama de "clickbait journalism". Isso porque, na era da Internet, o que conta para a publicidade são os acessos de página, então se a pessoa só clica para ver a manchete, mesmo que não leia nada, já está valendo.

Por isso a maioria das matérias hoje em dia é bem superficial, além de, naturalmente, seguir quase sempre a cartilha politicamente correta. 

Finalmente, a Internet desempregou muitos jornalistas e abaixou os seus salários, pois agora concorrem com blogueiros anônimos. Isso pode ter as suas vantagens, mas acredito também que algumas desvantagens: o jornalismo certamente perdeu prestígio.

E outra: o jornalismo se feminizou. Se você assistir filmes antigos como o ótimo "The Front Page" (filmado nos anos 70 mas passando-se nos anos 20-30), ou ler romances de Júlio Verne, o jornalismo era uma profissão feita para aventureiros ou intelectuais, formada quase que exclusivamente por homens.

Hoje é o contrário: as mulheres são maioria no jornalismo. Embora isso não seja necessariamente um defeito, talvez tenha marcado a diferença de um jornalismo cada vez mais interessado nas fofocas, nos relacionamentos, no status do que em fatos e análises mais objetivas.

Mas a principal mudança a meu ver foi a causada pelos comentários. Antes ninguém podia "comentar" uma notícia de jornal, só se fosse na mesa do bar, entre amigos. Agora você pode colocar sua opinião ao pé da matéria, para todo mundo ler.

É uma faca de dois gumes. Às vezes, é uma coisa boa: tem matérias nas quais o mais interessante são mesmo os comentários. E às vezes é o contrário, especialmente quando o público é tomado pela sanha linchadora moralizante politicamente correta que tomou conta de grande parte da população.

Um tema bem complicado é o da homossexualidade. Outro é raça. 

Seguem dois exemplos extremos opostos:

Um, faz uns meses atrás, de um colunista gaúcho crucificado por observar que "não há negros em Punta del Este". Foi duramente criticado nos comentários à matéria e também, não surpreendentemente, no Uruguai. (Nem tanto pela questão dos negros, como por chamar o Uruguai de "inferno", o que realmente foi desconcertante.)

O outro, uma matéria em inglês com título tolo, "Será que a África produzirá o novo Einstein", que foi invadida por racistas reclamando de coisas que não tinham muito a ver com a matéria em si.

Veja bem meus caros, o discurso de que todo negro seja ruim e todo branco seja bom é tolo, quando não ridículo. A nível individual, ninguém é necessariamente melhor do que ninguém.  Conheci brancos ruins e negros bons. Asiáticos burros e mestiços inteligentes. Porém, a nível coletivo, precisamos entender que existem diferenças sim. Se bem que em breve elas irão acabar.

Então, nada disso importa.

De qualquer forma, o problema é que nessas discussões, em geral os extremos se tocam, e o discurso civilizado acaba. Certos temas terminam ficando muito difíceis de se escrever para o grande público.

Enfim, o jornalismo morreu. Bem, talvez já vá tarde. Bye bye. 


Um comentário:

AF disse...

Jornalismo é um curso que tem muito, mais muito contato com a área de humanas e acredito que propositalmente para que com isso eles manipulem mais pessoas e as levem as causas esquerdistas.

Por um lado é até bom ver jornalistas sendo contestados em comentários de pessoas que estão cansadas de ver esse "progreçismo".