quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Já fomos bárbaros

"E este já foi um dos locais escuros da Terra", diz o personagem Marlowe no começo de "Coração das Trevas".

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Elegia

[Obs. Mudei o título do post, que talvez tivesse ficado de mau gosto. Talvez falar sobre a doença de outra pessoa também seja de mau gosto, de modo que não sei se deixarei o post online ou não; de qualquer modo, todos esses detalhes e muitos outros já foram tornados público pelo próprio Auster, de modo que não creio estar cometendo nenhuma indiscrição ou desrespeito.]

Deus está morto, Nietzsche está morto, Lawrence Auster está morrendo e eu não estou me sentindo muito bem. De Deus e Nietzsche, as notícias são velhas, ainda que há quem diga que a notícia da morte de Deus tenha sido levemente exagerada. Lawrence Auster é um reacionário americano, que conduz o blog View From The Right. Ele está com câncer pancreático que agora migrou para o cérebro. As notícias, como se vê, não são nada boas, embora ele pareça estar de bom humor -- melhor do que o meu estes dias. Diz até sentir-se feliz.

Lawrence, que é primo do romancista Paul Auster, é judeu convertido ao cristianismo, e talvez o blogueiro mais lúcido do planeta, ao menos na sua descrição do progressismo. Ninguém explica melhor certas coisas do que ele. Pode-se não concordar com muito do que ele diz, e seus textos sobre raça ou aqueles contrários à teoria da evolução de Darwin ou contra o voto feminino são mesmo controversos, mas fora isso realmente existem poucos indivíduos que escrevam de forma tão clara sobre a sociedade contemporânea.

Não é famoso como seu primo, nem jamais será. Mas tem sido uma leitura diária já há alguns anos, de forma que termina sendo um pouco quase que como uma pessoa que você conhece, e se diverte mesmo quando discorda. No fundo, se passei a falar aqui sobre alguns assuntos tabu, foi por causa dele.

Só que eu não sou um ferrenho tradicionalista, na verdade, acho que não tenho nem mais uma ideologia muito precisa, salvo que não gosto muito do mundo moderno e acho que a maioria das coisas funcionava melhor ou era mais bonita antes. Mas pode ser apenas uma impressão causada pela excessiva nostalgia.

Vejo apenas um mondo com problemas graves como a imigração, a dissolução dos estados nacionais, uma economia baseada apenas no consumo e no estatismo crescente, vejo uma sociedade que descarta todas as lições aprendidas ao longo dos séculos para tentar experimentos como o "casamento gay" ou o "igualitarismo". Mas tenho alguma solução? Não. E às vezes penso que pode ser que eu esteja errado, que o caminho seja mesmo esse, que no andar da carruagem as melancias se ajeitam, ou que as elites tenham um plano secreto para tudo ficar bem no final, ou que não existe plano nenhum e que ninguém sabe de nada -- só Deus e, talvez, o Diabo.

Claro, fica sempre aquela incômoda impressão de que pouco a pouco as últimas luzes do século se apagam, que as poucas vozes lúcidas se calam, substituídas apenas por som e fúria, significando nada. Quem restará?

Não sei se alguém leu "A morte de Ivan Iilich" de Tolstói, mas descreve alguém que, à beira da morte, se dá conta de ter feito tudo errado na sua vida. Uma vida de sucesso e status em termos daquela sociedade, mas que, chegado o fim, não o satisfazia. Não é o caso de Auster, que parte com a serenidade dos cristãos. Quanto a mim, de saúde por ora ando bem (toc, toc, toc), mas sinto que estou perdendo demasiado tempo em coisas inúteis, das quais ainda não sei se este blog faz parte ou não. Talvez precise refletir e tratar de usar o tempo com maior sabedoria.

Este parece ser um post mórbido, mas na verdade, não é não. A morte é algo corriqueiro, acontece todo dia. Este ano mesmo duas pessoas conhecidas minhas, não tão próximas mas tampouco tão distantes, e de idade relativamente jovem, partiram. A questão é meramente o que fazer com os dias que nos restam, sejam muitos ou poucos, e quem é que sabe realmente quantos serão? Uma das moças que escapou ao incêndio de Santa Maria morreu em um acidente de carro dias depois. Vários doentes terminais dados por mortos curaram-se.

E, quanto à civilização, é como diz Yeats em Lapis Lazuli, não é preciso histeria, "todas as coisas desabam e precisam ser reconstruídas, e aqueles que as reconstroem são felizes".


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Adeus à Califórnia

Eu não sei se vou ficar mais na Califórnia, mas isso é irrelevante, já que do jeito que as coisas andam, a Califórnia vai desaparecer antes de mim.

Não é de todo exagero: um ótimo (mas longo, e em inglês) artigo do City Journal fala sobre os problemas da comunidade de origem mexicana, os chamados "hispânicos", que já são 40% da população desse estado e 60% da população de Los Angeles. ("Hispânicos" é um péssimo termo que inclui qualquer idiota que fala espanhol, o antigo termo "chicano" era até melhor para descrever a população à qual se refere o artigo.)

Para quem visita apenas as partes turísticas do Golden State, isso ainda não se nota tanto, mas se você for para o chamado Central Valley, estará no México. Há mesmo várias partes de Los Angeles nas quais só se fala espanhol. (Em outras, por sorte, ainda se fala coreano, chinês, armênio e farsi!)

Como alega a reportagem, muitos latinos são trabalhadores incansáveis. E são menos agressivos e revoltados do que a comunidade afro-americana. Ôu-quei, parabéns para eles. Mas calma aí, eles também causam problemas, especialmente considerando a enorme escala de sua imigração.

O artigo nos informa que muitos abandonam a escola e se afiliam a gangues; que eles lideram nas estatísticas de mães solteiras e gravidez adolescente; que estão em geral abaixo de brancos e asiáticos no desempenho escolar; e que em termos de poder aquisitivo mesmo na segunda e terceira geração não sobem muito de vida.

Bem, é claro: eles eram a classe baixa no México, e continuam sendo a classe baixa nos EUA. Foram e estão sendo importados apenas por duas razões: votos para os Democratas, e mão de obra parata para os Republicanos.

Converso com hispânicos todo dia. São em sua maioria gente simples e bacana. Eu mesmo, segundo me informam, apesar da bela aparência nórdica e da inteligência branca superior (*), tenho algumas gotas de sangue ameríndio (**) e sou culturalmente latino, então não posso reclamar. E, no mais, acho que a cultura anglo tem muitos defeitos, como a extrema competição por status e classe social, entre outros, então não sou tão negativo assim em relação aos latinos. Não, são mis "hermanos". Viva la Raza!

Mas, justamente por vir parcialmente dessa tribo, também posso ver os problemas que ocorrem entre essa população. Alguns são mentirosos e corruptos, além de péssimos vizinhos. E, no geral, uma Califórnia mexicana vai ser uma Califórnia mais pobre e menos educada, simples assim.

Em uma recente lista das cidades mais e menos literatas dos Estados Unidos (i.e. cidades nas quais as pessoas lêem mais e têm maior cultura e educação), as piores da lista foram cinco cidades californianas. Por coincidência, eram cidades com maioria de população de origem mexicana. O Vale do Silício, ao contrário, é literato, nerd e (ainda) predominantemente branco e asiático. Coincidência, também, tenho certeza. Afinal, todos somos iguais! Certo? Certoooooooooo?

O pior de tudo é o seguinte: há uma promoção absolutamente insana dessa imigração, que é em sua maioria ilegal. Imigrantes ilegais têm já mais direitos do que imigrantes legais. Por exemplo, graças ao estúpido governador Jerry Brown, imigrantes ilegais não somente podem estudar do jardim de infância ao nível superior, como tem até direito a pagar matrícula reduzida nas universidades, no mesmo valor do que os habitantes nativos da Califórnia. (Em compensação, um imigrante estrangeiro legal ou um americano nativo de outro estado, paga 12 mil dólares anuais a mais.)

A maioria dos cartazes e avisos no transporte público na Califórnia já são bilíngues. (Onde eles acham que estão, no Canadá?) Nunca se viu uma população nativa se dobrando tanto às exigências de uma população estrangeira ilegal, basicamente abaixando as calças e ficando de quatro para eles. Pior, fazem de graça, pois nem é exigência, afinal os mexicanos ilegais estão pouco se lixando se os cartazes são bilíngues ou não. Acho que alguns mal sabem ler em espanhol.

O curioso é que os otários dos Republicanos agora estão passando a aceitar a imigração e até perigam aceitar a anistia de Obama para os ilegais. Eles juram que os hispânicos são "conservadores nativos" e mais dia menos dia passarão a votar no Partido Republicano. Agora os infelizes até acharam um cubano-americano, Marco Rubio, para tentar seduzir esse eleitorado (por que um cubano seduziria mexicanos, é um mistério, pelo que sei os dois povos se odeiam).

Os Republicanos podem esperar deitados, e de preferência na cova. Esse dia nunca vai chegar. Os tais "hispânicos" votam nos Democratas por um motivo muito simples, ganham mais benefícios com eles, ao custo de altos impostos que são pagos pelos outros. (Para financiar a educação dos hispânicos ilegais, o canalha do Jerry Brown aumentou todos os impostos californianos neste ano).

Por causa disso, a classe média branca está lentamente indo embora da Califórnia para o Texas, onde há menos impostos e o custo de vida é mais baixo. O problema é que o Texas está também lotado de hispânicos, então em poucas décadas é possível que o processo se repita por lá também, ainda mais com os ex-californianos brancos tornando o estado do Texas mais liberal. É o eterno processo: brancos burros gostam de progressismo, brancos burros progressistas facilitam a entrada imigrantes ilegais, imigrantes ilegais são pobres e dependentes do governo, o governo local Democrata aumenta os impostos para ajudá-los, a vida piora, os brancos burros progressistas Democratas se mudam para outro Estado, onde repetem o processo.

Quanto a mim, estou pensando em me mudar para Guadalajara, onde dizem que há mais brancos do que na Califórnia. E, ao contrário do que na Califórnia, lá ser branco de origem espanhol tem suas vantagens, aliás você é a elite e só se dá bem. Que viva México!

(*) Só pra esclarecer, esta é uma piadinha, tá? Aliás o post é todo meio tongue-in-cheek, ou, como dizem aqui na Califórnia, no es del todo serio. Mas algumas pessoas na Internet levam tudo ao pé da letra, então, esclareço. (**) Aliás, segundo os últimos resultados do meu teste genético que foi recentemente revisado, caí na escala e tenho entre 5 e 10% de genes não-europeus, o que é um choque, confesso. Ay ay ay amigos.   


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Brasil, país de corruptos!

Eu nem ia comentar sobre o caso Renan Calheiros porque é algo já tão batido, mas talvez ele seja instrutivo sobre uma certa mentalidade muito comum no Brasil.

Calheiros é corrupto e ladrão, e merecia ser espancado e jogado numa cela escura, mas também ladrões são os 55 que o votaram como presidente do Senado, e também é corrupto o povo que os elegeu. A corrupção vai muito além do roubo, é um modo de pensar. Por que tal ou tal deputado é o mais votado? Por que o eleitor pensa naquilo que vai ser bom apenas pra ele: se é pobre, que vai ganhar um saco de arroz ou um bolsa-família, se é rico, benefícios ou conchavos.

Como diz Thomas Sowell, "Se você votou por um candidato que lhe prometeu benefícios tirados de outro alguém, então não reclame quando esse mesmo político tomar o dinheiro e der para terceiros, ou usar em benefício próprio."

Claro que a política é apenas uma pequena parte de tudo isso. Lendo sobre a tragédia que ocorreu em Santa Maria, por exemplo, descobrimos tristemente que a nata da juventude local foi incendiada por motivos absolutamente fúteis, resultado da soma de pequenas corrupções, de uma mentalidade pequena e estreita, mas grande na sua expansão.

O membro da banda que iniciou os fogos impróprios para local fechado podia ter comprado um fogo de artifício específico para interiores, mas achou que era "muito caro" (custava 50 reais...) e preferiu economizar, mesmo colocando em risco a sua vida e a de seu público.

O dono da boate também quis economizar com uma espuma altamente inflamável que era mais barata do que aquela com retardante anti-incêndio.

O plano de prevenção de incêndios não foi assinado por engenheiro nenhum, mas apenas pela irmã do dono da boate e, mesmo assim, foi aprovado. Os bombeiros e as autoridades que deveriam fiscalizar também deixaram passar vários absurdos, como a falta de saídas de emergência e a inexistência de sistemas de prevenção adequados. Como isso aconteceu? Uma reportagem mostra que uma empresa de arquitetura realizou obras de decoração na boate; a dona de tal empresa era a esposa de um bombeiro reformado...

Começam a perceber a jogada?

Por falta de um cravo de ferradura, a guerra foi perdida, e por alguns tostões, 236 jovens morreram.

É triste perceber que precisava muito pouco para isso não ter acontecido. Mas a mentalidade tosca do brasileiro é assim mesmo: "Que se dane a segurança, eu quero é ganhar o meu!"

No fundo, é como dizia metaforicamente um amigo meu do colégio em um poeminha mordaz, "é por isso que o Brasil não vai pra frente, porque cortam o pau da gente pra fazer cachorro quente."

O pior é que, se deixarmos, eles cortam mesmo, e ainda vendem de volta para nós a preços extorsivos (são os impostos, dizem).


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Poema do Domingo

The Four Ages of Man

He with body waged a fight,
But body won; it walks upright.

Then he struggled with the heart;
Innocence and peace depart.

Then he struggled with the mind;
His proud heart he left behind.

Now his wars on God begin;
At stroke of midnight God shall win.

W.B Yeats

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Diversidade ou igualdade?

Eu sou meio lento, então só agora me dei conta de uma coisa óbvia: o que os esquerdistas pregam são duas coisas totalmente contraditórias. Quer dizer, os mais altos valores na escala progressista são "diversidade" e "igualdade", certo? Mas tais valores são tão opostos como água e óleo.

Afinal, se você realmente quisesse uma sociedade igualitária, o que faria mais sentido seria manter a sua homogeneidade étnica, cultural, religiosa, etc. Se pelo contrário você quer uma sociedade diversa, tudo bem, mas deve aceitar que naturalmente haverão muitas diferenças, justamente devido à essas diferenças primordiais. Uma sociedade diversa pode até ser boa, mas raramente será igual. Correto?

Mas o que os esquerdistas fazem é justamente tornar a sociedade cada vez mais diversa, em todas as suas formas - cultural, racial, religiosa, sexual, etc. - e depois, paradoxalmente, insistir e fazer incríveis malabarismos de reengenharia social para tentar fazer com que "todos sejam iguais."

Ora, mas o jeito mais fácil de acabar com o "racismo", a "xenofobia", a "homofobia" e a "islamofobia" seria acabar justamente acabando com a tal "diversidade", em vez de misturar os povos como se tudo fosse um grande experimento científico. Mas não, eles metem juntas pessoas de todos os cantos do globo e depois reclamam quando um não se acerta com o outro; eles incentivam o homossexualismo e a transformação de gênero e depois reclamam quando algumas pessoas não gostam; eles insistem em proteger os muçulmanos e depois reclamam quando estes não se acertam com seus outros grupos preferidos como as mulheres e os gays.

Não faz o menor sentido, é ridículo e absurdo, portanto só podemos concluir que o verdadeiro objetivo é o de ferrar com tudo: JOGAR A SOCIEDADE NO LIQUIDIFICADOR.

Porém, como sou uma pessoa que acredita no diálogo franco e aberto, vai abaixo minha mensagem pacífica aos ativistas de esquerda e em especial à elite globalista imperial que os financia.


Mensagem para a esquerda militante.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Por que não criam logo o Movimento Gayscoteiro?

Há um movimento nos EUA (e que logo deve chegar ao resto do mundo, se é que não chegou) para que o Movimento Escoteiro (Boy Scouts) aceite gays. E os Escoteiros estão quase capitulando.

Eu pouco me importo o que eles fazem "entre quatro paredes", como dizem, mas este tipo de ativismo
é bem a coisa que passa uma péssima imagem do tal movimento gay, e parece indicar que os objetivos são outros além da mera "inclusão".

Afinal, nada impediria que os gays, ou os progressistas, criassem seu próprio Movimento Gayscoteiro, que aceitasse pessoas de todas as identidades sexuais possíveis. Mas não, eles querem porque querem entrar no movimento criado por Baden Powell, que era cristão e careta de marca maior - ele era até contrário à masturbação, imaginem o que não diria do sexo gay. É óbvio que a intenção é subverter um movimento tradicional, da mesma forma como fazem com o Exército e com a Igreja Católica.

Eu cheguei a ser escoteiro por um breve tempo. Havia um dos líderes que, segundo diziam as más línguas, gostava de garotinhos... Bem, nunca nada ficou provado nem aconteceu nada que eu saiba, mas ele foi silenciosamente expulso do grupo tempos depois.

Agora imagine que o Movimento Escoteiro passe a aceitar pessoas abertamente gays, quanto tempo será que vai demorar até que comecem os primeiros casos de abuso sexual de crianças? Aí, claro, os progressistas todos vão se levantar em coro, horrorizados: "Mas cooooomooooo é possííveeeelllll!?"

Francamente, é bastante claro que o interesse aqui é simplesmente acabar de vez com o Movimento Escoteiro. Não existe outro motivo lógico para querer que pessoas abertamente gays possam entrar, afinal de contas, primeiro que ninguém nunca precisou declarar qual era a sua orientação sexual ao ingressar, portanto não é algo necessário; segundo, que os escoteiros não são campo de orgias, mas grupos de aprendizado para jovens entre 9 e 16 anos. Eu, pessoalmente, não gostaria de saber que estava dividindo uma barraca com um homossexual, e imagino que o sentimento seja comum para a maioria dos garotos heteros. Há coisas que é melhor não saber, ainda mais nessa idade.

Porém, meus amigos progressistas acham todos um absurdo que os gays "sejam impedidos de ser escoteiros". Bem, e por que não criar um movimento para permitir que os zoófilos sejam veterinários ou donos de pet shops? Sinceramente, dá raiva ouvir tamanhas barbaridades.

Se isso passar, o Movimento Escoteiro não dura mais dez anos. E o objetivo terá sido atingido!