quinta-feira, 29 de abril de 2010

Não fale com aliens

Há uma discussão interessante levantada pelo físico Stephen Hawkings, que afirmou que talvez não seria boa idéia tentar contatar os alienígenas (como faz o programa SETI). Afinal, segundo ele, ao descobrir nossa presença, os E.T.s poderiam querer nos destruir.

Há duas teorias sobre os extraterrestres, ao menos segundo os filmes de ficção científica. A primeira é que os E.T.s são malvados que, após terem destruído o seu próprio planeta, viriam à Terra para saquear seus recursos e exterminar seus habitantes. (Em alguns casos, os humanos e seu sangue fresco é que são os recursos que eles precisam). Pense em "Guerra dos Mundos", ou "Independence Day."

A segunda teoria é que os E.T.s são seres iluminados, bonzinhos, e que viriam à Terra para nos dar bons conselhos e nos ajudar com sua tecnologia superior. Pense em "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", ou "O Dia em que a Terra Parou".

Ambas as teorias pressupõe que os alienígenas são seres muito superiores intelectualmente e tecnologicamente. A única versão que lembro que modificava um pouco essa premissa foi a do recente filme "District-9", onde os alienígenas são meio burros, e tratados pelos humanos com desprezo como imigrantes interplanetários indesejáveis. Um pouco como os mexicanos no Arizona.

Se existem ou não seres inteligentes fora da Terra, não sabemos. (E às vezes há dúvida se existe vida inteligente dentro da Terra também). Tampouco sabemos que intenção teriam se um dia chegassem aqui. Não penso que necessitariam saquear os recursos da Terra. Uma civilização tão avançada a ponto de poder viajar quase à velocidade da luz certamente não teria problemas em manipular os átomos e criar diretamente tudo o que precisasse (na própria Terra já se está chegando perto disso), ou então colonizar e terraformar diversos planetas. Por outro lado, tampouco acredito que teriam a intenção de dividir seus conhecimentos tecnológicos com uma espécie (potencial) rival, e muito menos dar conselhos espirituais -- para isso já temos o Paulo Coelho.

Penso, na verdade, que eles nos veriam como baratas ou formigas, seres irrelevantes mas aos quais tampouco valeria a pena exterminar. Viriam à Terra como quem faz uma visita ao zoológico.

É claro que a outra opção é que estejamos sós no Universo, e que tudo isto sejam meras especulações sem sentido. Snif, snif.

Contatos imediatos do 27o. grau

terça-feira, 27 de abril de 2010

Arizona

Escrevo hoje sobre uma questão complexa, a imigração ilegal aos EUA. Como todos devem saber, o estado do Arizona criou uma nova lei contra os imigrantes ilegais. Ou melhor: a única coisa que fez foi tomar para si o cumprimento de uma lei que deveria ser responsabilidade federal: considerar os ilegais como... ilegais.

É claro que, nestes dias que correm, quase todos os preferem chamar de "indocumentados" e os consideram vítimas de "preconceito", como se fosse apenas a maldade dos Republicanos que os impedisse de ter os mesmos direitos que qualquer outro cidadão. Em recente protesto nas ruas contra a medida, um estudante de Ciências Políticas afirmou: "essa lei criará um estigma contra os indocumentados!". Lamento informar ao rapaz, mas há tempos que existe um estigma contra eles. Todos os que pagam imposto, bem como os imigrantes legais, não estão nem um pouco contentes com quem fura a fila, não paga nada e ainda assim recebe os mesmos direitos do que os outros.

Sim, é verdade que a maioria desses imigrantes são apenas pessoas que desejam melhorar de vida, que saem de um país pobre e terceiromundista em busca de maiores oportunidades, e não há como não ter simpatia em alguns casos. Por outro lado, se todos têm o direito de chegar e se estabelecer no país, quando é que a coisa pára? Afinal, há seis bilhões de pessoas no planeta...

Em recente pesquisa feita no México, 50% da população afirmou que desejava emigrar para o país do norte. Nesse caso não seria mais fácil anexar o México? Ao menos os EUA aumentariam seu território e teriam acesso a praias de água mais cálida.

Tem mais. Se alguém chega ilegalmente, que já desde a entrada burla as leis do país, que tipo de cidadão será no futuro? Acrescente ainda que muitos ilegais estão envolvidos em (outros) crimes, e tem-se uma receita para o caos social.

Obama, curiosamente, não gostou da lei. (Obama é presidente dos EUA ou do México?) Muitos outros políticos Democratas tampouco gostaram. Os muçulmanos não gostaram. Nem a The Economist gostou, para não falar do New York Times.

A lei ilustra ainda uma outra tendência: os Estados querendo cada vez mais legislar em causa própria, contra o que veêm como tirania federal. Vem mais por aí. O Estado da Flórida quer repelir nas suas fronteiras a obrigação do Plano de Saúde de Obama. E o mesmo estado do Arizona instituiu uma outra lei, esta exigindo que os candidatos à presidência apresentem seu certificado original de nascimento. O que complicaria as coisas para Obama em 2012. (Arizona parece estar na vanguarda da luta anti-Obama.)

Simpatizo mais com os mexicanos do que com os muçulmanos, e, como estrangeiro, não posso ser um nacionalista xenófobo. Além disso, acho a cultura popular americana um pouco vazia (prefiro a cultura européia). Mas, por mais que se queira distorcer as palavras, imigrantes ilegais... são ilegais. E em épocas em que não há dinheiro ou empregos, não há como convencer a população local a recebê-los de braços abertos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Praga americana

Os americanos, devo admitir, são um povo muito estranho. Em sua música pop, as cantoras referem-se a si mesmas todo o tempo como "bitches", os negros dirigem-se entre si como "nigga", e os palavrões voam a torto e a direito.

Mas eis que alguém fala alguma dessas palavras fora de contexto, e pronto, parece que o mundo caiu. Jamais vi um povo que se ofenda tão facilmente quanto o povo americano -- ou, ao menos, uma mídia que faça tanto escândalo por questões tão menores. Não esqueçamos que a praga do Politicamente Correto teve origem aqui.

No outro dia, um professor de Estudos Africanos quase foi linchado por chamar duas alunas (que chegaram atrasadas a uma conferência) de "black bitches". Bem, de acordo com a notícia, ele disse, "When you came in late, I thought, 'who are these black bitches?'"

Inadequado, com certeza, embora seja bastante óbvio que ele estava brincando. O professor, originário da África do Sul, provavelmente quis dar uma de "cool", imitando o dialeto dos African-Americans, e se deu mal. (Percebam ainda que, sendo ele também negro, ou ao menos mulato, não foi acusado de "racista", mas sim de "sexista", e não foi demitido, apenas repreendido.)

Meses antes, um outro professor (branco) não teve tanta sorte, e foi demitido no mesmo dia por referir-se a si mesmo como "nigger". A palavra, para quem não sabe, é proibida nos EUA, apesar de um clássico da literatura como "As Aventuras de Huckleberry Finn" estar repleto dela. (O que ainda hoje causa polêmica).

Não é apenas raça. Religião, sexo, preferência sexual ou nacionalidade, tudo virou motivo para declarar-se ofendido. Theodore Dalrymple observou como agora a palavra "mankind" está sendo reescrita em toda parte como "humankind", para não incomodar as pobres feministas. Igualmente, a cidade de Sacramento gastou milhares de dólares para mudar o nome dos "manholes" (bueiros) para "mainteinance holes", de modo a não ofender essas bitches.

(Nada disso é coincidência. É parte do plano de dominação globalista. É a mesma estratégia das ditaduras comunistas, como informa Dalrymple. Controle o discurso e você controlará as pessoas.)

Além disso, o caso é que ofender-se, nos EUA, às vezes paga muito bem. Há quem tenha ganho vários milhares de dólares em processos por "racismo", "machismo", "islamofobia", "antisemitismo", ou até "gordofobia". Eis aqui o caso de um@ transexual que está processando um Hospital Católico que recusou fazer uma operação de implante de seios. E por que procurou logo um hospital católico? "Sou católic@ desde criancinh@", afirma.

Talvez os advogados é que sejam a verdadeira praga americana. Eles, de fato, são os maiores beneficiários do "politicamente correto" e outros processos ridículos, como o famoso caso da mulher que se queimou com um copo de café e processou o McDonald's. Agora, para resguardar-se de processos, o McDonald's coloca avisos em seus copos de café informando que o conteúdo é quente, e quase todas as empresas são obrigadas a incluir longas mensagens ao fim de seus comerciais de televisão, indicando todos os efeitos colaterais do produto, ou avisando para não tentarem isso em casa. Certas lojas também já não perseguem os "shoplifters", pois temem processo dos criminosos por maus tratos. E eis aqui um imigrante ilegal que fez um processo por ter sido chamado de "criminoso", e ganhou.

No Brasil, que está seguindo os mesmos passos com suas leis raciais e politicamente corretas, logo vamos ter uma situação parecida. Chamou o amigo de "negão" ou "viado"? Processo! Epa, mas não foi o que quase aconteceu com um apresentador do CQC, por culpa de uma piadinha cretina colocada no twitter?

Qualquer dia, vão querer censurar até o grande Miles Davis, e mudar o título do seu disco.

domingo, 25 de abril de 2010

Poema do domingo

Neste lugar solitário
Vi uma verdade profunda
A merda bate na água
A água bate na bunda

Anônimo

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Reductio ad absurdum

Obama mente mais uma vez. Depois de afirmar peremptoriamente que jamais criaria novos impostos, agora afirma que está nos seus planos criar o VAT (Value Added Tax), imposto aos produtos similar ao existente nos países europeus. (No Brasil não existe um VAT, existem três: IPI, ICMS, ISS). E ainda ri na cara dos contribuintes.

Enquanto isso, a Comedy Central censura previamente o "South Park", para não citar o nome ou a figura de Ma Aquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado.

E agora ficamos sabendo que o bloqueio total de vôos em metade da Europa (que causou prejuízos de dois bilhões de euros) devido às cinzas do vulcão Eywhwhwhwyahwlla foi baseado em simulações de computador equivocadas, e poderia ter sido desnecessário. (Bem, melhor prevenir do que remediar.)

Os tempos atuais são mais loucos do que os anteriores, ou sempre foi assim?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Coesão social em sociedades multiculturais


No post anterior falei sobre uma sociedade que não parece andar muito coesa, a sociedade sul-africana. O que faz a coesão de uma nação? Apenas a raça? Na verdade, não. Esse é apenas o método mais primário, podíamos até dizer mais primitivo. É o mesmo princípio pelo qual se organizavam as tribos de cavernícolas a centenas de milhares de anos.

Tanto os supremacistas brancos quanto os supremacistas negros (eles existem, na África) querem o retorno a uma organização social coesa, baseada na coexistência entre semelhantes da mesma "tribo". Ei, não há nada de necessariamente errado em sociedades monoraciais ou monoculturais (desde que não envolvam genocídio ou outras formas de violência). Elas são, de fato, mais estáveis do que as sociedades multiculturais.

Mas há outros métodos para manter a coesão, especialmente nesta época em que, até por razões tecnológicas, as distâncias globais diminuíram. A religião, por exemplo. Se toda uma nação segue uma mesma orientação religiosa, é possível que sejam de grupos étnicos ou origens diversas, mas manterão a harmonia por acreditarem nos mesmos princípios básicos. (Por outro lado, as sociedades que se dividem significativamente em religiões diferentes tendem ao conflito interno, mesmo que sejam da mesma origem étnica ou racial - pensem nas antigas perseguições religiosas entre católicos e protestantes em vários países europeus).

Na Europa, a coesão social era dada pelo nacionalismo (tribos de espanhóis, alemães, franceses, etc.) e pela religião. Em um momento em que a religião está quase que totalmente diluída pelo secularismo, e o nacionalismo é atacado pela imigração e pelo fim das fronteiras internas, a sociedade inicia a perder a coesão. O que tem em comum um francês católico do interior da Bretagne com um imigrante muçulmano dos banlieues?

Bem, há outra forma de manter a coesão social - através do autoritarismo. O Estado Superpoderoso que impede conflitos internos através da força bruta, ou da ameaça de força bruta. Foi assim que a União Soviética pôde se manter coesa, bem como a Iugoslávia comunista, ambos "países" formados por vários povos de etnias e religiões diversas. Sintomaticamente, ambos modelos ruíram com o fim do comunismo. (Não sei se a Europa escolherá esse caminho autoritário, que é o que quer a esquerda, ou se retornará ao velho nacionalismo étnico, que é o que quer a direita).

Os EUA não são como a Europa. Aqui o que segura a sociedade é outra coisa -- a Constituição. Sim, a maioria de religião cristã é também importante (o país não funcionaria da mesma forma se tivesse, digamos, 20% de muçulmanos), mas o fato é que aqui existe uma porção numerosa de judeus, hindus, católicos e protestantes, sem que hajam conflitos religiosos de marca maior. E as "tribos" que o formam são numerosíssimas. Nem raça nem religião (ainda que, atenção, ambos sejam importantes, e não é nem um pouco certo que um EUA de minoria branca e cristã siga coeso): porém, a Constituição Americana é que é o documento que é citado de forma quase religiosa por quase todos os americanos, e é um dos principais fatores de coesão no país. Por isso os ataques de Obama à Constituição, sobre a qual afirmou que seria "defeituosa" por não prever a distribuição de renda, são tão perigosos. Parece que os Democratas preferem o método de coesão do "Estado superpoderoso".

E o Brasil? Aqui não tem religião única, muito menos raça única, e a Constituição é pouco mais do que uma piada. O que explica a sua manutenção como país? Eu diria que a grande idéia sobre a qual o Brasil se organizou é justamente a mestiçagem. Existem pessoas de todos os lugares no país. Todos somos misturados e, se não somos, certamente parte de nossos amigos e parentes o são. A religião, através do sincretismo religioso, segue o mesmo modelo (que só agora, com a chegada dos evangélicos, parece estar dando os primeiros sinais de conflito). Se há divisão, é acima de tudo entre classes sociais e, secundariamente, entre regiões. A raça aparece apenas como terceiro fator (ainda que a própria divisão social tenda a gerar uma divisão parcialmente étnica).

Por isso também a idéia de Lula de separação racial - dar "terras indígenas" para índios que nem mesmo são mais índios, mas descendentes, e expulsar os fazendeiros "brancos" (que tampouco são exatamente brancos, mas misturados -- o próprio presidente da Associação de Arrozeiros de Roraima é de origem japonesa) - é estúpida e contraproducente, criando uma divisão e um ressentimento que não existiam antes no país, além de ter sido péssimo para a economia da região, como bem aponta o Reinaldo Azevedo. Tendo vivido tanto no Brasil como nos EUA e na Europa, posso dizer com certeza que o Brasil é o menos "racista" e "xenófobo" desses países (uso os termos entre aspas porque são termos que de tão abusados quase perderam seu sentido hoje em dia), ainda que tenha também seus problemas. Mas medidas demagógicas como essa não ajudam à coesão social.

Se os índios podem ter suas terras exclusivas em Roraima, isso quer dizer que alguns colonos de origem alemã em Santa Catarina poderão finalmente criar seu volkstaat? E, se não, por que não? Como mostra a situação na África do Sul, o pêndulo da divisão racial e social pende para os dois lados. Lula e seus amigos deveriam pensar melhor no tipo de Brasil que desejam criar. Poderão se arrepender amargamente de suas escolhas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Copa do Mundo explosiva

Como estou longe do Brasil há algum tempo, não sei muito como vai a seleção do Dunga. Será que eles têm alguma chance?

Bom, mas o que eu ia falar é que esta Copa do Mundo vai acontecer em um país em ebulição. Embora as notícias sobre a África do Sul que chegam à mídia internacional sejam poucas desde o final do apartheid, o fato é que o país enfrenta sérios problemas e está muito longe da utopia racial que foi prometida após o fim do sistema de separação.

No último dia 4 de abril, foi assassinado o militante separatista branco Eugene Terreblanche. Não sei se ele tinha esse nome ridículo de nascença (significa "terra branca" em francês) ou era uma espécie de pseudônimo. O fato é que o homem de 69 anos, líder de um grupo que desejava a separação dos brancos, foi morto a golpes de facão. E tudo isso poucas semanas depois de um funcionário do partido do governo ANC cantar uma música conclamando os negros a "matar os Boers" (fazendeiros brancos).

Alguns ficarão felizes com a morte de um racista, pois ele de fato o era. Mas o fato é que racismo, embora tenha virado crime em alguns países incluindo o Brasil, que eu saiba ainda não é punido com a pena de morte.

Se fosse apenas Terreblanche, seria um caso isolado. Mas, desde o fim do apartheid, mais de 3100 fazendeiros brancos (de um total de 40.000) foram assassinados, em crimes muitas vezes horríveis e extremamente sadísticos e brutais. Sem motivo. Ou, melhor, por um motivo específico: racismo. Por parte dos negros.

(É verdade que a maior parte das vítimas de crime no país são negros, que afinal representam mais de 80% da população, mostrando que os marginais não discriminam ninguém. O país está hoje entre os dez mais violentos do mundo, e é o campeão absoluto em estupros. Mas os chamados "crimes rurais" são um caso específico, motivado mais por violência do que por ganância, já que em muitos casos pouco ou nada é roubado.)

Se parte da população negra ainda sente desejos de vingança pelos anos de injustiça e sofrimento, a minoria branca sente-se acuada e procura se armar. Pelo menos 2 milhões já fugiram para outros países. Restam hoje apenas 4 milhões de brancos no país. Há quem tema que o governo atual da África do Sul tente repetir a triste história do Zimbabwe, confiscando terras e indústrias dos brancos.

O problema é que, com a expulsão dos brancos do Zimbabwe, quem mais acabou perdendo, paradoxalmente, foram os negros: hoje milhões de refugiados de um apocalíptico Zimbabwe tentam imigrar ilegalmente para... a África do Sul. Sendo recebidos muitas vezes com violência por seus irmãos negros, que não querem esses intrusos que roubam seus empregos. Alguns já têm saudades do colonialismo, e até mesmo do apartheid, quando havia injustiça e humilhação mas também, aparentemente, mais emprego e menos crime.

É também preciso observar que a divisão na África do Sul não é apenas entre brancos e pretos: no país há Zulus, Xhosa, Khoisan, brancos Afrikaaners, brancos descendentes dos ingleses, indianos, asiáticos e os coloured (como são chamados os mestiços). Um caldeirão. Que, na realidade, até que convive relativamente em paz, se você considerar como é a situação na maior parte da África.

É provável que eles façam como o Rio e coloquem batalhões de Polícia em todas as cidades por um mês. Todos poderão assistir à vitória do Brasil na Copa do Mundo em paz. Mas, e depois? Se os diversos grupos não encontrarem um jeito de conviver, e os problemas de crime e corrupção não forem resolvidos, a coisa pode ir piorando cada vez mais.

domingo, 18 de abril de 2010

Poema do domingo

O pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

No entanto, há
filhos-da-puta que nascem
grandes e filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
De resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos, diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

Alberto Pimenta (1937)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pedofilia, homossexualismo e catolicismo

Father Ted e amigos

Faz pouco tempo, o católico Reinaldo Azevedo manifestou-se, surpreendentemente, contra o celibato dos padres católicos. Não vou entrar agora na questão, embora seja verdade que o costume foi instituído séculos após o início do cristianismo, e que na Igreja Ortodoxa, de tradição anterior à Católica, os padres podem casar. Isso sem falar em pastores protestantes, rabinos, imams e quetais, todos casamentáveis.

Porém, essa questão da pedofilia na Igreja Católica está dando o que falar.

É verdade que oitenta e tantos por cento dos abusados eram garotos do sexo masculino, pós-púberes, entre 11 e 17 anos, e trinta por cento destes tinham entre 15 e 17. (Pedofilia, strictu sensu, é com menores de ambos os sexos que ainda não atingiram a puberdade. Lolita tinha 12.). Não que isso torne o crime menor ou menos repreensível, mas causa uma discussão interessante. Se a maioria das vítimas são adolescentes ou pré-adolescentes do sexo masculino, o que está ocorrendo é, acho, uma coisa que pouco tem a ver com o celibato em si.

Ora, se você é um heterossexual celibatário continuará - imagino eu - tendo desejos por mulheres. De fato, os padres nunca foram santos. Bocaccio, no Decameron, conta dezenas de histórias de padres e freiras fornicando por aí. Alguém condenado ao celibato poderia tomar uma amante, ou prostitutas, ou até abandonar o sacerdócio e casar. Por que escolher garotos? A resposta é simples. Esses padres são gays. Sentem atração por homens, isto é, garotos. Eram gays antes de entrar na Igreja, e continuaram sendo depois.

O problema é que aí entra-se numa cilada. Os gays, que criticam a Igreja católica, poderão criticar os padres por serem gays? Quando, anos atrás, a Igreja Católica tentou verificar e impedir a entrada de seminaristas com possíveis tendências homossexuais nos seminários, houve gritos dos grupos gays.

Admitir padres gays seria uma solução, ou aumentaria o problema? E permitir o casamento, resolveria? Não esqueçamos que grande parte dos pedófilos (e homossexuais) são casados, com filhos. Isso não lhes impede de continuar procurando garotinhos/as, ou até de abusar dos próprios filhos e sobrinhos.

Outros argumentam que a culpa é sim do celibato, e que os padres não eram necessariamente pedófilos ou homossexuais, mas atacaram meninos apenas porque é o que tinham mais à mão. Mas, nesse caso, por que não contratar uma prostituta, ou até um michê, como nobremente fez o padre Sir Lancelott?

Vivemos em uma época esquizofrênica. Por um lado, as crianças e adolescentes são bombardeados com sons e imagens explicitamente sexuais, da dança da vassoura à suposta arte moderna. Por outro lado, o mesmo mundo horroriza-se quando essas mesmas crianças erotizadas passam a interagir com adultos no mundo real.

Claro que o sexo de adultos com crianças pré-adolescentes é uma aberração, e seus praticantes deveriam ser imediatamente castrados a facão (de preferência, enferrujado e sem fio). Ou então se deveria fazer como fez este pai aqui.

O problema é que a suspeita de pedofilia contaminou tudo. Mesmo os contatos mais inocentes, como por exemplo tirar fotos de crianças em um parque, hoje são vistos com extrema suspeita. Nos EUA, mesmo encostar em uma criança alheia por acidente pode dar problema. Li que há alguns anos, um menino de 9 anos foi atropelado, e nenhum adulto aproximou-se para ajudar - por medo de serem acusados de pedofilia!

O curioso é que, há meros séculos atrás, garotas de apenas 13 anos já casavam, ainda que tivessem que ter a permissão dos pais. No Sul dos EUA, esse costume durou até poucas décadas atrás. Edgar Allan Poe casou com uma prima de 13 anos. Jerry Lee Lewis, idem. (E Woody Allen casou com a filha adotiva, embora isso nada tenha a ver com a história.)

Hoje, ao contrário, tanto homens quanto mulheres casam muito mais tarde, portanto exigir celibato pré-nupcial é algo muito difícil, que ocorre apenas com pessoas muito religiosas. E, mesmo assim, nem sempre.

O que é diferente é que, hoje, quase todas as aberrações sexuais são vistas como normais, e até mesmo celebradas. A única exceção, o último tabu, é a pedofilia. (Até incesto, se feito por maiores vacinados, já é aceito por alguns.)

Será que essa atmosfera de liberação geral, e essa erotização precoce das crianças, não contribui para os desvios sexuais de nossa era? Por exemplo, a questão da "troca de sexo". Sempre me pareceu que isso era uma anomalia, uma aberração. Quer dizer, genéticamente, você tem seu sexo determinado antes mesmo do nascimento. "Sentir-se mulher num corpo de homem" é um problema, mas, em vez de modificar o corpo (com uma cirurgia que tudo o que dá é a aparência de um outro sexo, mas não a essência), não seria mais fácil modificar os pensamentos? (Não esquecendo que os transexuais tornam-se estéreis após a operação, e podem ter toda uma série de problemas físicos).

Porém, hoje em dia, trocar de sexo é um "direito", muitas vezes até pago pelo contribuinte. Na Austrália, um garoto de 15 anos teve o direito de transformar-se em garota, mesmo contra a ordem expressa dos pais. Na Alemanha, com 12 anos, um menino iniciou o procedimento para virar menina (hoje tem 16 e já é uma "mulher", ainda que não possa menstruar, e jamais terá filhos). Nos EUA, os pais de um garoto decidiram criar seu filho de 8 anos como uma menina, pois ele assim pediu.

É tudo uma loucura.

Mas qual a solução?

Acabar com o celibato não vai, provavelmente, resolver todos esses problemas. O furo, com perdão do trocadilho, é mais embaixo.

(*) Por outro lado, o poeta Rainer Maria Rilke foi criado como menina na sua infância, e depois parece ter tido uma vida normal, sem qualquer troca de sexo, que aliás não existia na época.

Sem trocadilhos, por favor.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mitos e verdades da era contemporânea

1. Os EUA são a maior potência capitalista do mundo --> MITO.

Os EUA, em muitos aspectos, não são mais um país capitalista, daqueles que seguem fielmente as regras do livre-mercado. Bem, talvez nunca tenha existido um país assim. Nada é 100% nesta triste vida. Mas a América, sendo a principal potência ocidental, é assim mesmo o país que demonstra em maior grau os defeitos desse mesmo Ocidente em decadência. É também o país onde os revolucionários neormarxistas transnacionais - que têm a seu dispor toda a riqueza produzida pelo capitalismo global - estão mais avançados. Não é preciso ler os artigos do Olavo de Carvalho sobre o Council of Foreign Relations e outros institutos esquerdistas agindo em pleno coração dos EUA. Baste saber que o país tem dezenas de políticas de caráter claramente socialista, como o chamado "rent control", e muitas outras políticas redistributivas, algumas que vêm desde os tempos de FDR.

2. O melhor modo de ajudar os pobres é dando-lhes comida e auxílio financeiro, sem exigir responsabilidades. --> MITO

Uma vez, no velho blog do PD, o nosso leitor Chesterton causou escândalo ao afirmar que chutara um mendigo. Na verdade, quem tinha chutado o mendigo era o Janer Cristaldo, a quem eu posso perfeitamente ver nessa situação (chutar é com ele mesmo), o Chesterton havia apenas copiado e colado o artigo. Bom, o caso é que ninguém mais nestes dias de politicamente correto fala em "mendigo", virou tudo "homeless" ou "sem-teto", até mesmo no Brasil. Nos EUA, eles são um grave problema, enfeiando muitas cidades com sua presença. Não podem ser retirados, nem mesmo dos locais chiques onde decidem se deitar, pois isso iria contra os seus direitos humanos. Podem passar a noite em abrigos comunitários, e muitos voluntários auxiliam levando sopa, pizza e dando vários benefícios. Porém, ocorre uma coisa curiosa: quanto mais benefícios você dá, o número de homeless, em vez de diminuir, mais aumenta. As cidades que mais ajudam os homeless, são, paradoxalmente, as que maiores problemas tem com essa "chaga social". (É verdade que a maioria dos homeless aqui são pessoas com problemas mentais, e estariam melhor em uma instituição adequada - o fechamento dos hospícios pelos foucaltianos foi outro grave crime da esquerda).

3. O racismo dos brancos é o que mais prejudica a vida dos negros, índios e latinos. --> MITO.

O racismo, por definição, só existe em sociedades multiraciais. A Suécia, antes da chegada de imigrantes muçulmanos, provavelmente não conhecia o racismo. Existe sim um problema de desarmonia racial nos EUA, mas nem sempre se trata de ódio à cor da pele ou aos olhos puxados do vizinho. O "racismo" acabou virando, hoje, uma mera arma para atacar aqueles com quem se discorda politicamente. É contra Obama? Seu racista! Participa de protestos contra o governo? Seu racista! É contrário às "cotas raciais"? Seu racista! Fez uma piada inofensiva com um colega? Seu racista! (Será demitido! É, e você também.) Ora, nem tudo é culpa do "racismo". Por exemplo: segundo as estatísticas, lamentavelmente, negros e latinos cometem a maioria do crime nos EUA. Cometem crime porque sofrem racismo, ou sofrem racismo porque cometem crime? (*) É irrelevante. O fato é que nenhum branquelo se arrisca a andar por certas horas da noite em certos locais, por medo das gangues de negros ou mexicanos (que, aliás, se odeiam entre si). Menos problemático é andar pelos bairros asiáticos. É forçoso e triste reconhecer, mas grande parte dos problemas nas comunidades negras (e, em menor grau, latinas) tem origem nessas próprias comunidades, e nada tem a ver com o racismo dos brancos. Ou são os brancos os que os obrigam a participar de gangues e envolver-se com drogas e prostituição?

(*) Uma das teorias afirma que negros e latinos apresentam maior número de jovens entre 18-25 anos não-escolarizados, que são fatalmente os que mais cometem crime segundo as estatísticas (os brancos têm proporcionalmente idade mais elevada), e por isso sua criminalidade é maior: o fator não seria a raça ou a condição social, mas a juventude.

4. O islamismo é a maior ameaça atual ao Ocidente. --> MITO.

O problema não é o islamismo. A maioria dos países islâmicos são países pobres e fracassados. O únicos países islâmicos ricos são os que têm petróleo e, mesmo assim, sua extração é realizada por empresas internacionais. A maioria da tecnologia produzida por esses países não é própria, mas vem da Europa, América ou Ásia. Um Irã nuclear é uma ameaça, de fato, mas mais pelos seus poderes de chantagem do que por tornar-se uma superpotência a nível global. Então, o problema não é o islamismo em si, mas o fato de que o Ocidente, por motivos incompreensíveis, tenha aberto a sua porteira para milhões de imigrantes islâmicos, não reaja quando provocado, e se recuse mesmo a agir com presteza contra os agitadores e terroristas em seu meio. Pois, para a esquerda, o inimigo não é o jihadista, o inimigo é o fundamentalista cristão. Observe que, no governo Obama, meramente falar em "radicalismo islâmico" é proibido.

5. Obama é queniano e muçulmano. --> VERDADE?

Michelle Obama afirmou que o país natal ("home country") de Obama era o Quênia. Lapso freudiano? Mas a avó queniana de Obama falou o mesmo, assim como o embaixador do Quênia. Lá, o herói é celebrado como só um nativo poderia ser. O amor de Barack pelos muçulmanos também já foi diversas vezes documentado. "I stand with the muslims", disse ele em sua autobiografia. Isso sem falar que foi educado como muçulmano em uma madrassa na Indonésia, e, para os muçulmanos, uma vez muçulmano, sempre muçulmano.



Tudo está em como você vê.

domingo, 11 de abril de 2010

Poema do domingo (com prefácio)

Normalmente publico aqui os poemas sem explicação nenhuma, já que a única leitora é a Confetti. No entanto, o presente poema tem a ver com a temática do blog - política e tal - e portanto ofereço uma espécie de explicação. O poema é "The Gods of the Copybook Headings", de Rudyard Kipling. Ou, "Os deuses dos cabeçalhos dos cadernos", algo assim. É que nos tempos de escola de Kipling, os estudantes praticavam a caligrafia repetindo antigos ditados que apareciam no cabeçalho da página: "Deus ajuda quem cedo madruga", "Quem não trabalha não come", essas coisas.

O poema de Kipling é, então, uma alegoria sobre o bom senso, sobre como podemos até ser enganados por algum tempo por utopias que prometem "saúde grátis" ou "justiça social", mas que no fim das contas o bom senso é que sempre têm razão, puxando-nos de novo para o duro chão da realidade.

É claro que os falsos deuses utópicos também aparecem às vezes na Direita, prometendo "liberdade total" ou "prosperidade imediata com o livre mercado" ou "democracia perfeita no Iraque, em Bangladesh e no Cazaquistão". Ilusões, tudo ilusões. Os pedestres deuses do bom senso sempre vencem.

(Notem entretanto que quando ele fala em "Gods of the Market Place" nada tem a ver com os "deuses do livre-mercado", seria melhor traduzido como "Deuses à venda no mercado", isto é, ele se refere às idéias da moda em cada época que enganam os otários - socialismo, comunismo, nazismo, feminismo, obamismo etc etc etc.)

* * *

The Gods of the Copybook Headings

AS I PASS through my incarnations in every age and race,
I make my proper prostrations to the Gods of the Market Place.
Peering through reverent fingers I watch them flourish and fall,
And the Gods of the Copybook Headings, I notice, outlast them all.

We were living in trees when they met us. They showed us each in turn
That Water would certainly wet us, as Fire would certainly burn:
But we found them lacking in Uplift, Vision and Breadth of Mind,
So we left them to teach the Gorillas while we followed the March of Mankind.

We moved as the Spirit listed. They never altered their pace,
Being neither cloud nor wind-borne like the Gods of the Market Place,
But they always caught up with our progress, and presently word would come
That a tribe had been wiped off its icefield, or the lights had gone out in Rome.

With the Hopes that our World is built on they were utterly out of touch,
They denied that the Moon was Stilton; they denied she was even Dutch;
They denied that Wishes were Horses; they denied that a Pig had Wings;
So we worshipped the Gods of the Market Who promised these beautiful things.

When the Cambrian measures were forming, They promised perpetual peace.
They swore, if we gave them our weapons, that the wars of the tribes would cease.
But when we disarmed They sold us and delivered us bound to our foe,
And the Gods of the Copybook Headings said: "Stick to the Devil you know."

On the first Feminian Sandstones we were promised the Fuller Life
(Which started by loving our neighbour and ended by loving his wife)
Till our women had no more children and the men lost reason and faith,
And the Gods of the Copybook Headings said: "The Wages of Sin is Death."

In the Carboniferous Epoch we were promised abundance for all,
By robbing selected Peter to pay for collective Paul;
But, though we had plenty of money, there was nothing our money could buy,
And the Gods of the Copybook Headings said: "If you don't work you die."

Then the Gods of the Market tumbled, and their smooth-tongued wizards withdrew
And the hearts of the meanest were humbled and began to believe it was true
That All is not Gold that Glitters, and Two and Two make Four
And the Gods of the Copybook Headings limped up to explain it once more.

As it will be in the future, it was at the birth of Man
There are only four things certain since Social Progress began.
That the Dog returns to his Vomit and the Sow returns to her Mire,
And the burnt Fool's bandaged finger goes wabbling back to the Fire;

And that after this is accomplished, and the brave new world begins
When all men are paid for existing and no man must pay for his sins,
As surely as Water will wet us, as surely as Fire will burn,
The Gods of the Copybook Headings with terror and slaughter return!


Rudyard Kipling (1865-1936)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um país dividido

Li faz algum tempo uma interessante discussão sobre a possibilidade de separar os EUA em dois países: metade com os estados tradicionalmente Democratas (Blue States) e metade com os estados tradicionalmente Republicanos (Red States). Uma divisão, hoje apenas ideológica, de acordo com a proposta se tornaria geográfica. (Aqui uma visão mais otimista e de centro sobre a questão)

É fato que na era obâmica, os EUA estão mais divididos do que nunca. De um lado, o pessoal de esquerda quer cada vez mais controle estatal sobre saúde, economia, direitos individuais. Também querem casamento gay, aborto ilimitado, imigração ilimitada, luta contra aquecimento global e divisão equitativa das riquezas entre todos os membros a sociedade. Do outro lado, os conservadores tradicionais que desejam um estado menor e fiscalmente responsável, com menos poder. Não querem forçar casamento gay, aborto e nem "justiça social", e acreditam que o "aquecimento global" seja uma mera trapaça para conseguir dinheiro e poder.

Como separar esses dois grupos, que pouco ou nada tem a ver um com o outro, que não parecem se ver mais como concidadãos?

O autor da idéia propõe um divórcio. Conservadores de um lado, progressistas do outro. Cada um com seu país.

A idéia é divertida, e, em princípio, lógica. Os conservadores poderiam viver em seu mundinho de sociedade tradicional e estado mínimo, e os progressistas se livrariam desses capitalistas cristãos, caretas, atrasados, chatos e racistas, podendo perseguir suas utopias apenas entre pessoas de mesma índole. (Os libertários poderiam escolher em qual dos dois paises ficar). A divisão, que na mente de um esquerdista mais exaltado incluiria até mesmo o Canadá, seria assim:


A idéia poderia ser adaptada a vários outros países. Por que não separar o Brasil de Direita do Brasil de Esquerda, por exemplo? Petistas para um lado, o resto do outro.

O problema é que a idéia, fascinante na teoria, jamais funcionaria na prática. Em primeiro lugar, a esquerda é universalista e totalitária. Enquanto os conservadores ficariam felizes de poderem se livrar dos progressistas e viver a seu modo sem interferências, os esquerdistas têm a necessidade de impor o seu modelo a todos, por bem ou por mal. Não lhes basta o isolamento entre seus semelhantes, como os amish: querem forçar os cristãos a aceitar o casamento gay, obrigar as minorias a lutar contra o racismo, exigir aos recalcados conservadores a aceitação dos direitos dos transsexuais, e assim por diante. Seu projeto transformador não exclui ninguém.

(Para sermos justos, devemos observar que também os conservadores pretendem em alguns casos impor normas de comportamento aos esquerdistas, como proibir o consumo de maconha, ou impedir desagravos à religião, e isso é vivenciado pelos progressistas como uma tirania; mas, ainda assim, raramente os conservadores impõe idéias radicais de transformação social)

Mas é claro que o principal problema é outro. Embora os demonize constantemente, a esquerda precisa dos conservadores -- ou ao menos dos seus impostos. Sem o dinheiro dos conservadores, a esquerda não consegue fazer "redistribuição de renda" nem nenhum de seus projetos megalomaníacos de transformação social.

Assim, se a separação física e demográfica de fato ocorresse, poderíamos antecipar um de dois prováveis resultados: um, o fracasso econômico e posterior conflito social no País de Esquerda, que devido às idéias econômicas de jerico e ao gasto exorbitante de dinheiro público, em poucos anos entraria em colapso. Milhões de refugiados emigrariam para o País de Direita, e o ciclo se repetiria. Ou, então, dois: o ditador esquerdista - esquerda, cedo ou tarde, sempre termina em ditadura - poderia tentar invadir o País de Direita para saquear seus recursos, ou sabotá-lo internamente.

Assim sendo, parece claro que tal divisão física é impossível. O problema é que, cada vez mais, tampouco parece possível que Esquerda e Direita, conservadores e progressistas, cheguem a um consenso sobre o rumo a seguir. Como um casal que se odeia mas é obrigado a conviver, conservadores e progressistas deverão continuar sob o mesmo teto. Ao menos até que a casa caia.

Red State, Blue State.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Tempos confusos

"Se você não está confuso, é porque não está prestando atenção" - disse certa vez um executivo americano. Acho que o mesmo se aplica à política internacional atual.

Recentemente, Obama afirmou que os EUA não utilizariam a bomba atômica como recurso de defesa nem mesmo se fossem atacados massivamente com armas químicas ou biológicas.

Não dá para entender o objetivo de tal fala de Obama. A que serve? A convencer o Irã a abandonar a produção de armas nucleares -- e investir pesadamente em um programa de armas químicas e biológicas? A estimular terroristas a atacarem os EUA? Ou é uma mera manobra de distração para continuar com o projeto de saquear o contribuinte americano enquanto todos discutem outra coisa?

Obama parece ter uma fixação em desinventar as armas nucleares, o que seria até compreensível se não fosse completamente delirante. Os EUA poderão até acabar com o seu arsenal. Não quer dizer que russos, chineses, paquistaneses, indianos, israelenses, iranianos etc farão o mesmo. Aliás, o mais provável é o efeito oposto. Se os EUA diminuírem seu arsenal, pode apostar que todos os outros vão se armar, de europeus a asiáticos, até ditadores africanos.

Mais preocupante é a total falta de reação de Obama a um hipotético ataque com armas químicas e biológicas, as quais, pessoalmente, parecem-me mais terríveis do que as bombas nucleares. Um ataque biológico pode matar mais do que um ataque nuclear, dependendo como for realizado. Obama fala como se tratasse de uma brincadeira de crianças travessas.

Evidentemente, não há - não pode haver! - interesse de Obama e da elite esquerdista-chique americana em sofrer devastantes ataques ao próprio país. Afinal, não só eles próprios poderiam morrer, como isso seria péssimo para os negócios. Portanto, deve haver algo por trás disso além da mera ingenuidade pacifista. Ou será que não?

Acho que as teorias da conspiração estão na moda hoje em dia por uma razão muito simples: das políticas insanas de imigração à economia global, existem simplesmente muitas coisas que acontecem hoje em dia que não parecem fazer sentido algum. (Há comerciais bizarros japoneses que fazem mais sentido.)

É natural que as pessoas procurem explicações esotéricas, misteriosas, ou que vejam os invisíveis tentáculos de uma organização secreta controlando tudo. Faria mais sentido do que muita coisa que se vê por aí.

domingo, 4 de abril de 2010

Poema do domingo

That she forgot me was the least
I felt it second pain
That I was worthy to forget
Was most I thought upon.

Faithful was all that I could boast
But Constancy became
To her, by her innominate,
A something like a shame.

Emily Dickinson (1830-1886)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quem é Mr X?

Já que o blog começa a ficar ligeiramente conhecido, tendo alguns de seus artigos republicados em mais importantes portais, é justo dar a saber um pouco mais sobre a história do misterioso autor destas notas. Reproduzo abaixo trechos da única biografia autorizada, a ser publicada em breve.

Mr X nasceu em um pequeno vilarejo próximo à cidade de P..., lá pelo início dos anos 20 (ele próprio esqueceu qual ano exatamente).

Participou ativamente da Segunda Guerra Mundial, lutando ao lado dos Aliados, tomando parte inclusive na famosa Operação Husky. Ao retornar da Guerra, com milhares de agruras e ferimentos (inclusive uma bala que ainda hoje está alojada no seu crânio, o que causa ocasionais ataques de epilepsia), descobriu com horror que a sua mulher morrera em um acidente. Pior: tendo sido vilmente seduzida por um militante comunista e vegetariano que a induzira a viajar com ele para a França -- terra dos queijos, da Confetti e dos covardes --, os dois no entanto morreram em um trágico acidente automobilístico ao chocar-se contra um ônibus escolar (no acidente também morreram 15 inocentes criancinhas).

Mr X, amargurado, decidiu dedicar a sua vida à luta contra as injustiças e à defesa dos fracos e oprimidos, bem como à perseguição implacável a comunistas, vegetarianos e maus motoristas. Desde então, suas únicas permanentes e fiéis companheiras foram a garrafa de Whisky escocês e sua Smith & Wesson.


Trabalhando como agente mercenário, Mr X participou da caçada aos nazistas na América do Sul, para onde se transferiu, bem como a uma série de outras atividades (ainda secretas) a mando da CIA e outras agências internacionais. Foi o autor do "suicídio" de Mengele, e dizem alguns que ele estaria por trás do assassinato de JFK, mas provavelmente sejam apenas boatos infundados.


Nos anos 90, aposentou-se, e passou vários anos vivendo tranquilamente em uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul, criando cavalos de raça e plantando girassóis. Os atentados de 2001 às Torres Gêmeas, no entanto, o acordaram de seu merecido descanso.

Chamado às pressas aos Estados Unidos, instalou-se na Califórnia. Com a cobertura de acadêmico universitário honoris causa, Mr X na verdade participava de violentas operações de caça e tortura aos terroristas da Al-Qaeda.

No entanto, ao investigar mais a fundo os atentados, Mr X observou uma série de incongruências aparentemente inexplicáveis. Aos poucos, ele iria descobrir uma vasta conspiração que atravessava os corredores do Pentágono e envolvia as mais brilhantes mentes criminosas do mundo, da CIA à máfia italiana passando pelo Principado Saudita, a Coroa Britânica, a Maçonaria e o Clube Bilderberg. Uma verdadeira Aliança do Mal, em pleno coração do seu amado Ocidente.


Horrorizado, abandonou a CIA e juntou-se a uma organização secreta (tão secreta que nem mesmo tem nome) que tem o único objetivo de combater a
Nova Ordem Global. A organização, embora de pequeno porte, tem no entanto obtido algumas significativas vitórias, a principal delas a frustração do plano de eliminar metade da população mundial através da gripe suína. (Mas tais histórias heróicas só poderão ser contadas muitos anos depois.)

Hoje, do alto de seus 90 (?) anos, ele naturalmente não participa mais de atividades de combate, mas dedica-se ao planejamento estratégico, bem como à atividade de informação e desinformação, da qual este blog é apenas uma pequena parte.