domingo, 29 de novembro de 2009

Poema do domingo

Dispersão
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é familia,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem familia).

O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.

A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traíu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.

Regresso dentro de mim,
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo

A sua bôca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)

E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...

E tenho pêna de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

Desceu-me nalma o crepusculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Alcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço...

. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .

Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...

. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .

Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fraude global


Eu nem ia falar mais sobre o assunto, e tampouco tive muito tempo para blogar ultimamente, mas eis que poucos dias depois do meu último post sobre o aquecimento global, hackers de procedência até agora desconhecida entraram no Climate Research Unit da East Anglia University e divulgaram dezenas de documentos e e-mails, revelando uma colossal fraude relativa ao tal "global warming". Coisa séria. Desde dados deturpados a cientistas afirmando diretamente uns aos outros que estariam realizando "truques" e manipulações.

É o fim da ciência?

Tempos atrás Mencius Moldbug, o web-polímata que parece ter outros fãs na blogosfera nacional, observou que ciência ocidental aproximava-se cada vez mais da ciência soviética, no sentido de que, dependendo cada vez mais de grana governamental ou de fundações, acabava tendo maior preocupação em agradar os poderosos do que em buscar a verdade. Lysenko em vez de Einstein (Aqui, uma interessante comparação entre o lisenkoísmo e o aquecimento global).

Independentemente do que você pense sobre o tal "aquecimento" (e tem muita gente que acredita), é inegável que tem muito mais a ver com política do que com ciência.

Mas é assim mesmo. Cientistas também são seres humanos. Por que estariam livres da corrupção? Um dinheirinho para provar que P=P_0 \cdot e^{\frac{-M \cdot g \cdot (h-h_0)}{R \cdot T}} não cai mal.

Afinal, não é como se os leigos entendessem alguma coisa mesmo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O crepúsculo dos deuses ateus

Sou agnóstico e não sei se existe o Deus ou o Diabo. Mas uma coisa é certa: se Deus existe, Ele deve estar rindo da cara do Richard Dawkins.

Um curioso artigo - escrito pelo que parece ser um ateu mal-humorado - observa que, embora Dawkins acredite que a religião seja um "erro da evolução", o fato é que, em termos estritamente evolutivos, os religiosos são mais bem-sucedidos do que os ateus. As famílias religiosas têm muitos filhos; espalham seus genes e transmitem sua religião pelo mundo. Os secularistas ateus preferem viver no presente e não costumam ter muitos filhos. Adivinhe qual grupo é mais apto para sobreviver? É curioso, aliás, que a nova campanha publicitária de Dawkins seja para que a religião não seja transmitida pelos pais aos filhos. Quais filhos? Aqueles chamados Maomé, hoje o nome mais popular entre os bebês de Londres?

Conclui o artigo:
Even if it was granted that the modern world, with its feminism and secularism, produced all the happiness one can imagine, it cannot last. A baby born today may live to see the extinction of the Lithuanians (projected to be a population of 760,000 by 2100, possibly all assimilated into other ethnicities). Any philosophy that guarantees that those that adopt it will be gone within a few generations can only be embraced by nihilists. The patriarchal and god-fearing will inherit the earth, one way or another.
Eu não sei se Deus existe, mas, se as leis da Evolução de Darwin beneficiam os religiosos, Deus realmente deve ter um apurado senso de ironia.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Morte no carrinho de supermercado e outras histórias

Li no blog de uma certa Espectadora um belo post sobre mortos colocados em carrinhos de supermercado, e ao final ela fala o seguinte:

Se nazistas queimam um judeu, é porque são uns monstros, inimigos da humanidade. Se traficantes queimam uma vítima, é porque são uns coitados, crucificados pelo sistema.

De fato. É curioso que os traficantes, assassinos e criminosos sejam vistos como "pobres" e "vítimas do sistema" pela esquerda, quando poderíamos fazer uma analogia e observar que, na realidade, não passam de tiranos, de grandes "capitalistas" que colocam o lucro acima de qualquer ética ou "função social". Matam por nada. Não são nem mesmo "pobres": no contexto da favela (que aliás é bem mais próspera do que muita gente pensa - muitos estão ali apenas para estar mais perto do trabalho e não pagar luz, água e IPTU) são os ricaços, a "burguesia", os "opressores", a classe alta, enfim, aqueles que mandam no sistema.

É curioso ainda que, na mentalidade progressista, tudo seja permitido ao Estado - menos matar. Para eles é horrível que o Estado, com a pena de morte, mate um criminoso (salvo que se trate de um Estado comunista, mas aí é outro papo). No entanto, à iniciativa privada (criminosos), matar é permitido. Quando um desses assassinos é preso, grita-se para respeitar seus "direitos humanos". Mesmo sua prisão é considerada em muitos casos um ato abominável. Mas a verdade é que existe pena de morte no Brasil. Ou ela é realizada por criminosos na cadeia, que têm seu próprio código de ética, ou ela é realizada pelos traficantes na favela que executam quem não respeita suas leis, ou então ocorre nas ruas - contra os inocentes.

Mas essa história de desculpar os crimes mais violentos dos "pobres" - ou mesmo de achar que o crime e a violência são mero resultado da pobreza - vai longe. No outro dia o presidente filho do Brasil disse que "policial aceita propina porque ganha pouco". Não é o primeiro nem será o último a afirmar isso, mas o raciocínio tem dois problemas. Um, assume que honestidade depende exclusivamente de quanto a pessoa ganha, além de qualquer valor moral. Somos todos ladrões, parece dizer Lula parafraseando G. B. Shaw, a questão é apenas negociar o preço. Dois, quem garante que o policial corrupto, mesmo com um salário maior, não continuará roubando? Afinal, jamais conheci ninguém que estivesse completamente satisfeito com o salário que recebe: todos sempre pensam que deveriam ganhar mais. Mesmo o mais famigerado CEO da Forbes 500, tenho certeza, não se incomodaria em ganhar alguns trocados extra.

Daí vemos que o problema não é a pobreza, mas a impunidade, e a falta no Brasil do que em inglês se chama "rule of Law". O mesmo poder que ignora o favelado que constrói em lugar inadequado também faz vista grossa para o policial corrupto, afinal se acabarmos com a polícia corrupta, quem garante que um dia não se virarão contra a corrupção dos parlamentares também, e aí onde iríamos parar?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Viva o aquecimento global

A maioria das notícias fala com horror sobre as catástrofes do (largamente mitológico) aquecimento global. Ainda que hoje até a BBC admita que a temperatura do planeta não aumenta há dez anos, e a população acredite cada vez menos na idéia, os políticos, na contramão ha história, insistem com leis cada vez mais excessivas contra o problema imaginário.

Uma coisa que os políticos não levam em conta é o seguinte: e se o famigerado aquecimento global fosse uma coisa boa? Pesquisas indicam que o aumento de carbono na atmosfera é extremamente benéfico para as florestas, afinal qualquer um sabe que as plantas alimentam-se de CO2. Com mais CO2, haveria maior produção de alimentos, e maiores porções do planeta se tornariam habitáveis.

Além disso, o aquecimento global faz bem para a economia. Al Gore, por exemplo, nos últimos dez anos aumentou seu patrimônio de 2 milhões para 60 milhões de dólares.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O significado

Depois de curvar-se ao rei saudita, agora Obama curvou-se ao imperador japonês, de forma curiosamente excessiva. Nenhuma das mais de 50 líderes mundiais que visitaram o monarca nos últimos anos demonstraram a mesma deferência, como pode ser visto neste elegante vídeo. Obama só faltou beijar os pés.

Muitos blogueiros estão se perguntando o significado de tal ato. Acho que os mais possíveis motivos são dois:

a) É um pedido de desculpas pelos EUA terem vencido a guerra jogando duas bombas atômicas no Japão.

b) é a admiração pela realeza: como Lula, que mal disfarçou sua admiração por tiranos africanos há vinte anos no poder, Obama tem o sonho secreto de ser um Rei.

domingo, 15 de novembro de 2009

Poema do domingo

NEVER give all the heart, for love
Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that's lovely is
But a brief, dreamy, kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.

W. B. Yeats (1865-1939)

sábado, 14 de novembro de 2009

Is there a plan?

Às vezes me pergunto se o caos atual do mundo é resultado de um plano preciso, ou se é mero resultado de uma estupidização coletiva. As utópicas idéias progressistas subiram à cabeça das melhores mentes de uma geração, ou há elites maquiavélicas com um plano secreto por trás de tudo?

Vejam o caso dos muçulmanos. Há um plano para islamizar a Europa e, se há, qual sua razão? Afinal, como se não bastasse a imigração descontrolada, a União Européia e EUA fazem pressão para que a Turquia entre na Europa e traga ainda mais muçulmanos. Por quê? A Sérvia foi rotulada de vilã da história e bombardeada por Europa e EUA devido à sua guerra com os albaneses muçulmanos, e uma parte original de seu país, Kosovo, foi extraída e dada de presente aos mesmos muçulmanos, que cometeram tantos ou mais crimes de guerra do que os sérvios. Por quê?

Nos EUA, está proibido sequer sugerir que possa ser perigoso ter muçulmanos nas Forças Armadas, mesmo tendo ocorrido um bem-sucedido ataque que matou 13 militares. Por muito menos, na Segunda Guerra, civis japoneses foram internados em campos de relocação em pleno solo americano. Em 1942, sabotadores alemães que nem chegaram a realizar um atentado foram executados 30 dias após a descoberta do plano.

Mas agora treze soldados morrem e continua-se falando em aumentar o número de muçulmanos nos quartéis, afinal, como disse o General Casey, "seria uma tragédia ainda pior se isto tudo acabasse com a diversidade". E o governo Obama não só cometeu a palhaçada de decidir realizar um julgamento-show para KSM, como apontou um "muçulmano devoto" para trabalhar com a vigilância contra o terrorismo no Departamento de Segurança Nacional. É como colocar a raposa para cuidar do galinheiro, só para provar que não se tem preconceito contra as raposas...

Quantos mais ainda precisarão morrer sacrificados no altar das boas intenções desses canalhas?

Há um plano por trás de toda essa loucura? E, se há, é um plano suicida?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A queda do muro

Imperdível a série na Dicta sobre os vinte anos da queda do Muro de Berlim.

Uma das perguntas que ficam é: como é possível que, mesmo depois de evidenciado fracasso comunista, estejamos assistindo hoje a um renascimento de políticas socialistas, seja na América Latina com o mais descarado chavismo e similares, seja na Europa e nos EUA com controle estatal cada vez maior?

Há duas respostas possíveis: uma, a de que é justamente o fim da existência do modelo negativo comunista a que permite a continuação do delírio utópico. Não havendo mais Guerra Fria nem União Soviética nem dissidentes, não há mais um modelo de referência negativo contra o qual contrastar a prosperidade ocidental. Existe apenas o "capitalismo", e tudo é culpa deste. Portanto, "precisamos de socialismo". E, se alguém criticar as políticas socialistas em base ao que ocorreu no passado, basta dizer: aquilo não era socialismo, era "stalinismo".

Mas o bom doutor Anthony Daniels/Theodore Dalrymple nos lembra que, na verdade, mesmo durante o mais abjeto comunismo soviético, era bem sabido o que ocorria na Rússia. Apesar das mentiras de Walter Duranty, a fome na Ucrânia causada pela coletivizacão forçada foi largamente documentada por outras fontes. O que havia não era ignorância: era vontade de acreditar em lorotas mesmo. A fé na utopia é mais forte do que a razão. De acordo com esta segunda explicação, portanto, nem mesmo a existência dos mais atrozes sistemas comunistas acabará com o pensamento mágico.

"Mr. Gorbachov, tear down this wall!", disse famosamente Reagan. Mas mais difícil é acabar com os muros mentais.

Porque o multiculturalismo não funciona

O que mais chama a atenção no caso do atentado de Fort Hood é a insistência em ignorar as lições do evento e manter o multiculturalismo a todo custo.

Somente um país demasiado acostumado à supremacia militar pode ter um General no comando das Forças Armadas que acha que manter a "diversidade" e "não discriminar os muçulmanos" é mais importante do que a segurança de suas tropas. Mas é justamente isso que está acontecendo.

Enquanto isso, o presidente muçulmano em exercício B. Hussein afirma que "we should not jump to conclusions". Nada está provado; mesmo que o assassino tenha gritado "Allahu akbar" e utilizado roupas rituais islâmicas no dia do atentado, e dado um Corão de presente a uma vizinha afirmando que "hoje iria realizar um trabalho bom para Alá", nada disso nos pode fazer chegar a conclusão nenhuma. Pode mesmo ser que o atirador seja um fundamentalista cristão que agiu dessa forma apenas para incriminar os muçulmanos e gerar um clima de ódio...

A grande preocupação da Secretária de Estado de Obama é, você adivinhou, "impedir represálias contra muçulmanos inocentes".

Antes do atentado, o Major Hassan já havia realizado dezenas de pronunciamentos públicos contra os "infiéis", já havia declarado mesmo que estes "deveriam ser queimados com óleo fervente e decapitados". Ninguém disse nada; poderiam ser acusados de "racistas", afinal. E todos sabem que não há nada pior do que ser racista. Better dead than racist.

Alguns dizem que Hassan era louco e não jihadista. No entanto, ele era um psiquiatra das Forças Armadas. Se era louco, mais loucos são os que o colocaram no cargo e ignoraram todos os seus pronunciamentos. Chamem o Doutor Bacamarte.

Imaginem agora que, em vez de um mero tiroteio com doze mortos, algum muçulmano infiltrado realize um atentado com uma bomba nuclear. Será que vai colar a mesma desculpa? Será que mesmo assim o multiculturalismo vai se manter?

Há uma velha frase que afirma, "Deus protege os idiotas, os bêbados e os Estados Unidos da América." Vamos ver por quanto tempo ainda é verdade.

V

Não sei se alguém lembra da minissérie "V", que passou lá nos idos dos anos 80 no Brasil. Agora realizaram uma versão nova, que acaba de estrear. O primeiro episódio pode ser assistido online em alta definição (não tenho certeza se funciona fora do território dos EUA, no entanto). A qualidade de imagem é excelente, e mostra que a televisão praticamente acabou - hoje a Internet a substitui com vantagem.

No episódio, uma atraente morena*, líder de visitantes espaciais, chega do nada com sorriso e simpatia, é paparicada pela mídia e promete saúde pública universal gratuita aos terráqueos, que caem no conto. É claro que tudo não passa de uma pilantragem, já que não somente o plano de saúde termina custando trilhões, gerando desemprego e altos impostos, como os visitantes, por trás da máscara humana, são na verdade sádicos répteis devoradores de gente.

Fora essas pequenas coincidências, ainda é cedo para saber se a nova versão de "V" é mesmo uma crítica ao governo Obama ou só um descarado plano de marketing.

* O nome da atriz morena é mesmo Morena, e nasceu no Brasil.
Alien-in-chief.

domingo, 8 de novembro de 2009

Poema do domingo

My candle burns at both ends
It will not last the night;
But ah, my foes, and oh, my friends -
It gives a lovely light.

Edna St. Vincent-Millay (1892-1950)

sábado, 7 de novembro de 2009

Politicamente correto até morrer

Por que tanta hesitação de parte do governo e da mídia chique americana em dizer o óbvio, isto é, que o atirador que matou 13 soldados em um quartel era um muçulmano que gritava "Allahu akbar"? Nem duas horas após o atentado, a Casa Branca já saiu anunciando que "não se tratava de terrorismo". O nome do atirador só foi divulgado pelos jornais muito depois de ter sido conhecido. Por que, sempre que ocorre algum ataque muçulmano, a primeira reação dos progressistas é tentar negar que tenha sido um ataque muçulmano? Afinal, eles não são a favor dos palestinos e tais? Não deveriam estar felizes?

Em alguns casos a razão é o medo. Vejam o caso do diretor Roland Emmerich, autor das "bombas" Independence Day e Godzilla, e que agora tem um novo filme desastre na área, 2012. No filme, dezenas de símbolos arquitetônicos do cristianismo são destruídos. O próprio diretor afirma "ser contrário à religião organizada". Mas aí depois de explodir meio mundo cristão e até o Cristo do Corcovado, o diretor poupa do massacre a Qaba islâmica. Nem uma única mesquita aparece sendo destruída no filme. Por quê? A resposta do diretor é surpreendentemente honesta: tem medo de levar uma fatwa no rabo.

(Isso significa que, na prática, o multiculturalismo é uma mentira: o que vale - como sempre, aliás - é a lei do mais forte.)

Mas o medo não é uma explicação total. No caso do atirador, não havia razão nenhuma para a mídia não divulgar que se tratava de um fanático islâmico, isto é, ninguém sofreria represália por causa disso. Portanto, a razão é outra: é que tais atos negam os maiores ideais progressistas, que todas as religiões e culturas são iguais, que a imigração de estrangeiros não é um problema, e que o único jeito de acabar com a violência é com um rigoroso controle de armas.

Aliás, o mais surpreendente do atentado é o seguinte: a razão pela qual houve tantas vítimas (13 mortos e 31 feridos) é que, no quartel americano, soldado não pode andar armado. Sim, acredite. Soldados americanos - que irão em breve para a guerra se massacrar - não podem carregar armas no quartel, que é uma gun-free zone. Afinal, todos sabem que armas são muito perigosas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O inimigo interno

Prestes a serem embarcados para a guerra do Afeganistão, 12 soldados americanos foram mortos por um terrorista muçulmano em pleno quartel, no que talvez seja o primeiro atentado islâmico em solo americano desde 11/09/01.

A mídia afirma que foi apenas um mero caso isolado de gun rage, que poderia ter sido realizado por um coreano, um mexicano ou até um americano da gema. O fato é que o atirador neste caso é um psiquiatra do exército americano chamado (tchan tchan tchan tchan) Malik Hasan. Muçulmano, sim. E fanático, aparentemente. (Ainda está vivo; certamente surgirão mais detalhes a respeito).

Quem é o amigo? Quem é o inimigo? É possível para um muçulmano ser fiel à bandeira americana e lutar contra seus colegas da ummah? Sim, creio que seja possível. A questão é, como diferenciar um muçulmano amigo de um muçulmano jihadista? Pela cor dos olhos?

A resposta, claramente, é que não é possível, não de modo simples ao menos. Muito mais fácil e prático seria impedir totalmente o ingresso de muçulmanos no exército. Mas, como um terrorista muçulmano não precisa estar no exército para causar danos, deduz-se que, por extensão, deveria barrar-se completamente a entrada de muçulmanos no país. Mas até que ponto um governo tem o direito de definir qual religião cada pessoa pode praticar?

Quem é o inimigo afinal? É o Afeganistão? É o "terrorismo"? É o Islã?

Deixemos de lado essas perguntas incômodas e passemos a uma outra história, que guarda com esta outra uma secreta relação: índios da Amazônia costumam praticar infanticídio. Um recente vídeo - realizado com atores indígenas - causou polêmica ao denunciar o fato. Fabio Marton, em interessante post, parece acreditar que os índios, dentro de suas reservas, se assim o quisessem, deveriam poder seguir sua própria cultura e, por extensão, suas próprias leis.

O argumento não deixa de ser interessante - mas, então, o mesmo deveria ocorrer com as demais culturas? Se - voltando a eles - os muçulmanos querem extirpar o clitóris de suas filhas em seus guetos na Inglaterra ou na França, que de mais a mais já são áreas onde branco não entra, quem pode importar-se com isso?

Na África, certos feiticeiros tradicionais têm o costume de extirpar o pênis ou os membros de crianças ainda vivas para utilizá-los em rituais de "cura". Devem os africanos seguidores de tal prática ter permissão para realizá-la, mesmo em países ocidentais?

Por aí começam a ver-se os dilemas do multiculturalismo e da idéia que "todas as culturas são iguais". Mas - já que a globalização veio para ficar e é mais fruto das mudanças tecnológicas do que uma conspiração totalmente consciente - como sair dessa cilada?


domingo, 1 de novembro de 2009

Poema do domingo

Godiva

I waited for the train at Coventry;
I hung with grooms and porters on the bridge,
To watch the three tall spires; and there I shaped
The city's ancient legend into this:

Not only we, the latest seed of Time,
New men, that in the flying of a wheel
Cry down the past, not only we, that prate
Of rights and wrongs, have loved the people well,
And loathed to see them overtax'd; but she
Did more, and underwent, and overcame,
The woman of a thousand summers back,
Godiva, wife to that grim Earl, who ruled
In Coventry: for when he laid a tax
Upon his town, and all the mothers brought
Their children, clamoring, "If we pay, we starve!"
She sought her lord, and found him, where he strode
About the hall, among his dogs, alone,
His beard a foot before him and his hair
A yard behind. She told him of their tears,
And pray'd him, "If they pay this tax, they starve."
Whereat he stared, replying, half-amazed,
"You would not let your little finger ache
For such as these?" -- "But I would die," said she.
He laugh'd, and swore by Peter and by Paul;
Then fillip'd at the diamond in her ear;
"Oh ay, ay, ay, you talk!" -- "Alas!" she said,
"But prove me what I would not do."
And from a heart as rough as Esau's hand,
He answer'd, "Ride you naked thro' the town,
And I repeal it;" and nodding, as in scorn,
He parted, with great strides among his dogs.

So left alone, the passions of her mind,
As winds from all the compass shift and blow,
Made war upon each other for an hour,
Till pity won. She sent a herald forth,
And bade him cry, with sound of trumpet, all
The hard condition; but that she would loose
The people: therefore, as they loved her well,
From then till noon no foot should pace the street,
No eye look down, she passing; but that all
Should keep within, door shut, and window barr'd.

Then fled she to her inmost bower, and there
Unclasp'd the wedded eagles of her belt,
The grim Earl's gift; but ever at a breath
She linger'd, looking like a summer moon
Half-dipt in cloud: anon she shook her head,
And shower'd the rippled ringlets to her knee;
Unclad herself in haste; adown the stair
Stole on; and, like a creeping sunbeam, slid
From pillar unto pillar, until she reach'd
The Gateway, there she found her palfrey trapt
In purple blazon'd with armorial gold.

Then she rode forth, clothed on with chastity:
The deep air listen'd round her as she rode,
And all the low wind hardly breathed for fear.
The little wide-mouth'd heads upon the spout
Had cunning eyes to see: the barking cur
Made her cheek flame; her palfrey's foot-fall shot
Light horrors thro' her pulses; the blind walls
Were full of chinks and holes; and overhead
Fantastic gables, crowding, stared: but she
Not less thro' all bore up, till, last, she saw
The white-flower'd elder-thicket from the field,
Gleam thro' the Gothic archway in the wall.

Then she rode back, clothed on with chastity;
And one low churl, compact of thankless earth,
The fatal byword of all years to come,
Boring a little auger-hole in fear,
Peep'd -- but his eyes, before they had their will,
Were shrivel'd into darkness in his head,
And dropt before him. So the Powers, who wait
On noble deeds, cancell'd a sense misused;
And she, that knew not, pass'd: and all at once,
With twelve great shocks of sound, the shameless noon
Was clash'd and hammer'd from a hundred towers,
One after one: but even then she gain'd
Her bower; whence reissuing, robed and crown'd,
To meet her lord, she took the tax away
And built herself an everlasting name.

Alfred Lord Tennyson (1809-1892)